- anteontem
O ASSASSINO DE POUGHKEEPSIE DOCUMENTÁRIO DUBLADO
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TVTranscrição
00:00Seis mulheres estão desaparecidas. Não há cenas de crime nem pistas.
00:05Estamos nos preparando para o pior. Não sabemos o que está por vir.
00:08Eu achei que ela estivesse presa em algum lugar. Que ela estivesse viva.
00:13E isso me dava mais medo do que se ela estivesse morta.
00:16É.
00:20Esse homem é a própria encarnação do mal.
00:24Não era difícil imaginar o que ele fez com essas mulheres e a dor que ele causou.
00:30No inverno de 1996, a pacata cidade de Poughkeepsie, em Nova York, conheceu um dos capítulos mais sombrios da sua história.
01:00A cidade de Poughkeepsie fica a cerca de 110 quilômetros da cidade de Nova York, na margem leste do rio Hudson.
01:07Sua população é de 30 mil pessoas, típica de uma cidade pequena americana.
01:13Mas essa cidade também tem um lado sórdido.
01:16Em 9 de dezembro, uma segunda-feira, Patrícia Barone comunicou o desaparecimento de Dina, sua filha de 28 anos.
01:23Uma conhecida prostituta e usuária de drogas.
01:26No começo de dezembro, Dina estava com o namorado Richie e às duas ou três da manhã eles tiveram uma briga.
01:36Ela o mandou embora.
01:38E ele foi.
01:43Quando ele voltou, ela não estava mais lá.
01:46Então, cerca de uma semana depois, ele foi até a minha casa.
01:53Eu não o conhecia.
01:55E ele bateu na porta e disse, não consigo encontrar a Dina.
01:59E eu disse, como assim não consegue? A Dina sempre está por aí.
02:02Sempre. Ela não vai para nenhum lugar.
02:04E ele disse, eu não a vejo há dias.
02:06Então, eu disse para minha irmã, precisamos ir à polícia, comunicar o desaparecimento, porque a Dina nunca, nunca desaparece.
02:14Ela está sempre à vista.
02:20Para Dina e sua mãe, a vida em Poccipsi sempre foi uma longa e dura batalha.
02:26Quando fiquei grávida em 1967, o pai da Dina não quis saber dela e simplesmente foi embora.
02:33Ela era adorável e não dava nenhum trabalho.
02:36Em 1978, Dina e eu nos mudamos para Poccipsi.
02:40Achei que seria um lugar melhor para criá-la.
02:43Aluguei um apartamento pequeno.
02:45Ela ia para a escola e eu ia trabalhar.
02:48Dina tinha uns 10 anos na época.
02:50Era uma menina muito tímida.
02:53Muito boazinha.
02:56Quando tinha 15 anos,
02:59ela começou a andar com a turma errada e...
03:01foi quando ela começou a se drogar.
03:03Aos 16 anos e meio, ela já tinha parado de estudar.
03:08E me causava tantos problemas...
03:13que eu não conseguia mais lidar com ela.
03:16Era demais para mim, demais.
03:18Ela estava afundando num buraco e não conseguia mais sair.
03:24Logo, Patrícia descobriu que a filha estava se prostituindo.
03:28Quando a Dina tinha 21 anos,
03:31eu disse que não podia mais viver daquele jeito.
03:34Que ia alugar um apartamento para mim.
03:36E ela disse que tudo bem,
03:37porque tinha para onde ir.
03:39Ela ia morar com o namorado.
03:41Mas não deu certo.
03:42E dos 21 aos 24 anos,
03:44ela morou em vários lugares diferentes.
03:48Talvez 10 ou 12 lugares,
03:50com 10 ou 12 famílias,
03:52pessoas, seja o que for.
03:53Aos 26 anos,
03:57Dina teve uma filha chamada Nicole,
03:59que Patrícia está criando.
04:02A Dina amava muito a filha.
04:04Mas não podia cuidar dela.
04:07Por causa das drogas e do álcool,
04:09ela não era capaz de criar a Nicole.
04:11Agora, mais de dois anos depois,
04:16a perturbada jovem havia desaparecido
04:18sem deixar vestígios.
04:20E coube ao detetive Karskip Manem
04:23a missão de encontrá-la.
04:24Na época, eu trabalhava na divisão de narcóticos.
04:27Eu era o detetive mais novo e jovem
04:29da unidade na época.
04:31Dois meses depois de ser designado
04:33para a divisão de detetives,
04:35Dina Barone,
04:36uma mulher da cidade,
04:37desapareceu.
04:38O primeiro suspeito dos detetives
04:41era o namorado de Dina,
04:43Richie.
04:44Ele cresceu em Pine Plains,
04:45em Nova York,
04:46a cerca de 45 quilômetros
04:48da cidade de Poughkeepsie.
04:49Nós sabíamos que ele era um marginal.
04:52Estava envolvido com drogas
04:53e era violento.
04:56Ele era um marginal.
04:57Cometia roubos e crimes menores.
05:00Ele tinha ficha policial.
05:01Era apenas um viciado
05:02e sabe,
05:03até que era um cara decente
05:05quando estava sóbrio.
05:06Mas quando não estava,
05:08era como qualquer outro drogado.
05:10Mas depois de interrográ-lo,
05:11os detetives concluíram
05:13que ele não era responsável
05:14pelo desaparecimento de Dina.
05:17Após as festas de fim de ano,
05:20ainda não havia sinal
05:21da jovem desaparecida.
05:23O detetive Manei disse
05:24ela pode ter viajado
05:25e eu disse não.
05:27A Dina desapareceu
05:28porque a minha Dina
05:29nunca saiu da cidade.
05:31Nunca.
05:32Quase um mês após
05:33o desaparecimento de Dina,
05:35a polícia de Poughkeepsie
05:36recebeu um novo detetive-chefe
05:38chamado Bill Segrist.
05:41Em 3 de janeiro de 1997,
05:44eu fui transferido
05:44da divisão de patrulhamento
05:46para o cargo
05:46de tenente-detetive.
05:48Falei com o detetive
05:49Skip Menem,
05:50que me informou
05:51sobre o desaparecimento
05:53de Dina Barone.
05:55Mas não era o único
05:57desaparecimento
05:58que a polícia
05:58estava investigando.
05:59Na verdade,
06:01em outubro,
06:02dois meses antes
06:03da Dina desaparecer,
06:04outra mulher
06:05também havia sumido.
06:06Ela morava
06:06do outro lado do rio,
06:07mas trabalhava
06:08em Poughkeepsie regularmente
06:09e seu nome era
06:10Wendy Myers.
06:11Tal como Dina,
06:13Wendy era prostituta.
06:15Eu conhecia
06:16a Wendy Myers
06:17e a Dina Barone.
06:18Fui patrulheiro
06:19na cidade de Poughkeepsie
06:20por mais de 12 anos
06:21e patrulhei
06:22cada metro da cidade
06:24durante a minha carreira
06:25e eu conheci
06:26algumas dessas mulheres
06:27desde que eram pequenas.
06:28Em 24 de outubro,
06:30Wendy Myers saiu
06:31de seu apartamento
06:32do outro lado do rio
06:33e seu namorado
06:33não a viu mais.
06:34Dois dias depois,
06:35ele comunicou
06:36seu desaparecimento
06:36à polícia.
06:38A prostituição
06:39é um trabalho perigoso
06:40e eu sempre
06:41tenho isso em mente.
06:42Primeiro,
06:43a Wendy desapareceu
06:44e depois,
06:45quando a Dina
06:46também sumiu,
06:46eu disse,
06:47opa,
06:47o que está acontecendo aqui?
06:51Então eu disse,
06:52chefe,
06:52essas mulheres
06:53não estão numa clínica
06:54de desintoxicação
06:55nem encontraram
06:56o Coroa Rico.
06:57Nós as conhecemos.
06:58Suas amigas
06:59continuam nas ruas,
07:00mas elas não estão.
07:02Algo muito errado
07:03está acontecendo.
07:05Mas os detetives
07:06sofriam pressão
07:07para não gastar recursos
07:08num caso envolvendo
07:09prostitutas.
07:11Durante o começo
07:12da investigação,
07:13as pessoas questionavam
07:15o que estávamos fazendo.
07:16Na maioria dos casos,
07:18se você for à delegacia
07:19e disser que sua filha
07:20é prostituta
07:20e desapareceu,
07:22a polícia
07:23não dará importância
07:23porque prostitutas
07:25são vistas
07:25como cidadãs
07:26de segunda classe.
07:27Eu liguei para o jornal
07:28de Paul Kipsy
07:29e pedi que escrevessem
07:30uma matéria
07:31sobre as meninas desaparecidas
07:33e eles disseram
07:34que não estavam inteirados
07:35e que não escreveriam
07:36a matéria.
07:37E eu disse,
07:37se fosse uma aluna
07:38do Vassar College,
07:40aposto que escreveriam.
07:41Apesar de tudo,
07:45os detetives
07:46continuaram investigando.
07:49Mas antes
07:50que descobrissem algo,
07:51mais uma mulher
07:52desapareceu.
07:56Em 15 de janeiro
07:58de 1997,
07:59o desaparecimento
08:00de Kathleen Hurley
08:01foi comunicado
08:02à polícia
08:03de Paul Kipsy.
08:04Era uma mulher branca
08:05de cerca de 45 anos
08:07e frequentava
08:07as mesmas áreas
08:08que a Wendy Myers
08:09e a Gina Barone.
08:11Três mulheres desaparecidas
08:13sem deixar vestígios
08:14em questão de semanas.
08:16O medo ainda não chegar
08:17aos cidadãos comuns
08:19de Paul Kipsy.
08:20Mas as prostitutas
08:21estavam apavoradas.
08:23No entanto,
08:24a polícia
08:24não tinha um único suspeito.
08:26O pânico
08:27e o nervosismo
08:28reinavam nas ruas.
08:29As garotas
08:29suspeitavam de todos
08:30e com razão.
08:32Nós não sabíamos
08:32onde aquelas mulheres
08:33estavam
08:34e o que tinha acontecido.
08:36Os investigadores
08:38estavam convencidos
08:39de que havia
08:39um predador à solta
08:41atacando as prostitutas
08:42da cidade.
08:43Mas até então
08:44estava fora
08:45do radar da polícia.
08:46Quantas mulheres
08:47ainda teriam
08:48de desaparecer
08:49antes que os policiais
08:50encontrassem uma pista?
08:53Janeiro de 1997.
08:56Três mulheres
08:56haviam desaparecido
08:57das ruas de Poughkeepsie
08:58em Nova York
08:59e os detetives
09:00ainda não tinham
09:01a menor pista.
09:03Só havia
09:03as três mulheres
09:04desaparecidas,
09:05três prostitutas.
09:07Não havia
09:07cena do crime,
09:08não havia suspeito,
09:09não havia nada
09:11e a polícia
09:11não sabia
09:12o que fazer.
09:13Estavam envolvidas
09:14com prostituição
09:15e drogas
09:16e desapareceram.
09:18A polícia
09:18foi para as ruas
09:19em busca
09:20de qualquer pista.
09:21Todos que saíam
09:22com prostitutas
09:23em Poughkeepsie
09:24se tornaram suspeitos
09:25e começamos
09:26a investigar clientes.
09:28Mas era
09:29procurar uma agulha
09:30num palheiro.
09:32Numa cidade
09:33como Poughkeepsie
09:34sabemos que há
09:34uma região interna
09:35da cidade
09:36tomada pelo crime
09:37com muita prostituição
09:38e que é frequentada
09:39por clientes
09:40da cidade
09:40e de fora
09:41da cidade.
09:42Eles são
09:42de todas
09:43as classes sociais.
09:44Eles vêm
09:44de perto
09:45ou de longe
09:4650,
09:4760 quilômetros.
09:49E isso
09:49tornava
09:50a nossa base
09:50de suspeitos
09:51imensa.
09:54Então
09:54nós criamos
09:55um questionário
09:56e começamos
09:57a interrogar
09:58as mulheres
09:58envolvidas
09:59com prostituição.
10:01Perguntamos
10:02se elas sabiam
10:02algo sobre
10:03as mulheres
10:04desaparecidas
10:05e também
10:05perguntamos
10:06se elas
10:07tinham tido
10:07contato
10:08com alguém
10:08violento.
10:09A investigação
10:10deu frutos.
10:12Várias mulheres
10:12mencionaram
10:13o mesmo homem.
10:14Kendall
10:15Francois
10:16de 26 anos.
10:19Kendall
10:20Francois
10:20era um cara
10:21grandão
10:21devia ter
10:221,90
10:23e pesar
10:23180 quilos.
10:25Seu odor
10:26corporal
10:26era horrível
10:27ele não tinha
10:27higiene.
10:29E muitas
10:29mulheres
10:30depois que
10:30começamos a
10:31investigar
10:31e a ouvir
10:32o nome
10:32de Francois
10:33reclamaram
10:34que muitas
10:34vezes
10:35ele era
10:35agressivo
10:36com elas.
10:38As mulheres
10:39disseram
10:39que Francois
10:40chegou a
10:40ameaçar
10:41uma garota
10:41com uma
10:42faca
10:42mas que
10:43ela não
10:43quis dar
10:43queixa
10:44à polícia.
10:48Nós
10:48decidimos
10:49vigiar
10:50Kendall
10:50Francois
10:51e sua
10:51casa
10:52e ver
10:52o que
10:53descobrimos
10:53sobre ele.
10:55O que
10:55eles
10:56descobriram
10:56foi
10:57perturbador.
10:59Ele
10:59morava
10:59com a
11:00mãe e o
11:00pai
11:01trabalhava
11:01no
11:01colégio
11:02e saía
11:03à noite
11:03para pegar
11:04prostitutas.
11:06Ele
11:06saiu
11:06de casa
11:07e nós
11:07o seguimos.
11:08Ele
11:08circulou
11:09por diferentes
11:09bairros.
11:10Com o
11:11passar do
11:11tempo,
11:11uma hora,
11:12uma hora e
11:13meia,
11:14ele seguiu
11:14para a
11:14área de
11:15prostituição
11:16e se
11:17tornou
11:17quase uma
11:18compulsão
11:19física.
11:20Ele
11:20não prestou
11:21mais atenção
11:22aos sinais
11:22de trânsito,
11:24passou por
11:24sinais
11:24vermelhos
11:25e de
11:25par
11:25e tentando
11:26encontrar
11:26uma
11:27prostituta.
11:28E
11:28naquela
11:28noite
11:29ele não
11:29encontrou
11:30nenhuma.
11:30por um
11:32período
11:32de sete
11:32dias,
11:33instalamos
11:34uma câmera
11:34de vídeo
11:35na casa
11:35do
11:35Kendall
11:36para ver
11:36o que ele
11:37fazia
11:37quando chegava
11:38e saía.
11:39Depois de
11:40vigiar
11:41e seguir
11:41o Kendall,
11:42não conseguimos
11:43nenhum motivo
11:44para pedir
11:45um mandado
11:45de busca.
11:48Três meses
11:48depois do
11:49desaparecimento
11:50de Gina
11:50Barone,
11:51a investigação
11:52estava num beco
11:52sem saída
11:53e cada vez
11:54mais complicada.
11:55e em
11:56sete
11:56de
11:57março
11:57de
11:571997
11:58a mãe
11:59de
11:59Catherine
12:00Marsh
12:00comunicou
12:01o desaparecimento
12:01da filha
12:02à polícia.
12:04Catherine
12:04Marsh
12:04era como
12:05as outras
12:05mulheres
12:05que tinham
12:06desaparecido.
12:07Miúda,
12:08morena,
12:09olhos azuis,
12:10uma prostituta
12:11que trabalhava
12:11nas ruas
12:12de Poughkeepsie.
12:13Acontece
12:13que Catherine
12:14Marsh
12:14tinha sido
12:15vista
12:15pela última
12:16vez
12:16em 12
12:16de novembro
12:17de 1996,
12:19quatro meses
12:20antes,
12:20e as pistas
12:21já tinham
12:21esfriado.
12:22Agora eram
12:24quatro mulheres
12:24desaparecidas
12:25em quatro meses
12:26de outubro
12:26a janeiro
12:27e compreendemos
12:27que era um
12:28grande problema.
12:29Na época
12:30não tínhamos
12:30nenhuma pista
12:31sólida,
12:31estávamos nos
12:32preparando para o pior,
12:33não sabíamos
12:34o que estava
12:34por vir.
12:36Àquela altura,
12:37eles concluíram
12:38que não estavam
12:39procurando
12:39mulheres
12:40desaparecidas,
12:41mas corpos
12:42ou covas
12:42frescas.
12:44Eu queria
12:44que o helicóptero
12:45da polícia
12:46estadual
12:46viesse a
12:47Poughkeepsie
12:47para sobrevoar
12:48as áreas
12:49para onde
12:49as prostitutas
12:50levavam os
12:51clientes.
12:52e eu queria
12:55que viesse
12:56logo antes
12:56que a vegetação
12:57começasse a crescer
12:58para que pudesse
12:59enxergar o chão.
13:02Checamos
13:02a margem
13:03do rio Hudson,
13:04as ferrovias,
13:05as áreas
13:06florestais
13:06em torno
13:07da cidade
13:08e todas
13:08as áreas
13:09onde as
13:09prostitutas
13:10levam os
13:10clientes
13:11e não
13:11encontramos
13:12nada,
13:12zero.
13:13Meses
13:14se passaram
13:14sem novidades
13:15no caso.
13:16Então,
13:17no outono,
13:18mais duas
13:18prostitutas
13:19desapareceram.
13:20tínhamos
13:21então
13:21seis
13:22mulheres
13:22desaparecidas.
13:24Não
13:24havia
13:24nenhuma
13:25cena
13:25do crime
13:26e nenhum
13:26indício
13:27de que
13:27algum
13:27crime
13:28ocorreram.
13:30Mas agora
13:31a polícia
13:31tinha a imprensa
13:32a seu lado.
13:34Em dezembro
13:34de 1997,
13:36o Poughkeepsie Journal
13:37finalmente publicou
13:38uma matéria
13:39sobre o caso.
13:40A manchete
13:41era uma
13:41pergunta arrepiante.
13:43Há um assassino
13:44em série
13:44à solta?
13:45Quando
13:46o Poughkeepsie Journal
13:47finalmente publicou
13:48a matéria,
13:49fazia aproximadamente
13:50um ano
13:51que a Dina
13:51estava desaparecida.
13:52Mas eu nunca,
13:53nunca parei
13:54de pensar
13:55onde está
13:56a Dina?
13:57Onde está
13:58ela?
13:58Sabe?
13:59E a pior
14:00parte era
14:01que eu achava
14:01que ela estivesse
14:02presa em algum
14:03lugar.
14:04Que
14:04ela estivesse
14:05viva.
14:06E isso me
14:07dava mais medo
14:08do que se
14:08ela estivesse
14:09morta.
14:10Então a história
14:11saiu no
14:12jornal de
14:13Poughkeepsie,
14:14mas não ajudou
14:14a polícia.
14:16Porque ninguém
14:17apareceu com
14:17nenhuma informação.
14:19A polícia
14:19continuou sem
14:20nenhuma pista.
14:21Não havia
14:22cena do crime,
14:22não havia nada,
14:23fora várias
14:24prostitutas
14:24desaparecidas.
14:25Não podíamos
14:26ficar parados
14:27esperando que
14:28alguém nos
14:29desse informações.
14:30Se não havia
14:31informações disponíveis,
14:32então tínhamos
14:33que sair e
14:34falar com as
14:34pessoas e
14:35continuar a
14:36acabar mais fundo.
14:38O tenente
14:38Sigrist bolou um
14:39plano ousado e
14:40não ortodoxo.
14:42Pressionar o único
14:43suspeito que tinham,
14:44Kendall
14:45François.
14:47Em 18 de
14:48janeiro de
14:481998,
14:50Kendall
14:50François e
14:51sua mãe saíram
14:52de casa pouco
14:53antes das
14:53sete da manhã.
14:55Os
14:55investigadores
14:55o seguiram
14:56em carros
14:57comuns.
14:58Esperamos o
14:59Kendall
14:59deixar sua
15:00mãe no
15:00trabalho.
15:01Depois nós
15:02o seguimos e
15:03finalmente nós
15:04o paramos e
15:05pedimos que
15:06fosse até a
15:07delegacia para
15:08falar conosco.
15:09E ele olhou
15:10para mim e disse
15:11tudo bem
15:11tenente, eu
15:12sigo vocês.
15:12A sala de
15:17interrogatório
15:17estava toda
15:18preparada.
15:19Colocamos um
15:20mapa na
15:20parede,
15:21circulamos a
15:22casa de
15:22Kendall
15:22François,
15:23fizemos um
15:24desenho da
15:24casa de
15:25Kendall no
15:25mapa,
15:26para que
15:27quando
15:27chegasse,
15:28ele soubesse
15:29que era um
15:29suspeito e
15:30tivesse algo em
15:31que pensar.
15:31Espalhamos pela
15:32sala fotos das
15:33prostitutas
15:34desaparecidas e
15:35dele, para
15:36colocá-lo numa
15:37situação em que
15:38se ele fosse o
15:40responsável, nós
15:41perceberíamos e o
15:42pegaríamos, embora
15:43não soubéssemos.
15:44Se François ficou
15:45abalado, não
15:46demonstrou.
15:48Ao contrário,
15:49manteve uma
15:49atitude calma e
15:50respondeu todas as
15:51perguntas dos
15:52investigadores de
15:53modo respeitoso.
15:55Até concordou em
15:57passar por um
15:57detector de mentiras.
15:59Durante o
16:00interrogatório, eu
16:01não parei de falar do
16:02suposto crime em que
16:03ele teria estuprado uma
16:04garota, ameaçando-a
16:05com uma faca e que
16:07ela tinha acusado ele.
16:08Eu continuei
16:09perguntando e ele
16:10continuou negando,
16:11dizendo que ele nunca
16:11tinha feito isso, que
16:12nunca tinha ameaçado
16:13nenhuma prostituta com
16:14uma faca.
16:15Eu continuei
16:16pressionando Kendall,
16:17perguntando e ele
16:18finalmente disse, olha,
16:19não era uma faca, era
16:20uma lixa de metal.
16:21Eu disse, bom, então me
16:22leve até sua casa e me
16:23mostre essa lixa e
16:24podemos resolver isso.
16:25E ele concordou.
16:28Sem pistas para pedir um
16:29mandado de busca, a
16:31polícia agarrou a chance de
16:32entrar na casa do
16:33suspeito.
16:34mas François permitiu que
16:38apenas um detetive o
16:39acompanhasse.
16:46Fomos até a casa do
16:47Kendall e entramos por uma
16:49porta lateral.
16:50Eu fiquei chocado com o
16:51estado da casa.
16:55Era inacreditável, os
16:56armários não tinham portas,
16:57tudo estava uma bagunça
16:58dentro deles.
17:00Tinha comida apodrecendo
17:01sobre os balcões, a pia
17:03estava cheia de louça suja
17:04e tinha baratas por toda
17:06parte, camadas de larvas
17:07vivas e larvas mortas.
17:09Era uma total desordem.
17:11É inacreditável ver uma
17:12casa nesse estado.
17:15No entanto, não havia
17:16sinal de nenhum crime.
17:20Enquanto andávamos pela
17:21casa, ele não deixou que eu
17:22entrasse em nenhum cômodo ou
17:24abrisse nenhuma porta fora
17:26do seu quarto.
17:26E o quarto era pior do que o
17:29resto da casa, com comida
17:30podre, lixo empilhado por
17:32toda parte e roupas jogadas
17:34pelo quarto todo.
17:37Enquanto ele procurava lixa de
17:38unha, eu olhava ao redor
17:39tentando encontrar qualquer
17:40coisa que eu ligasse às
17:41mulheres desaparecidas.
17:43François disse que não
17:45encontrava a lixa e, de
17:46repente, pareceu nervoso.
17:49Ele me disse, parecendo em
17:50pânico, precisamos sair daqui,
17:52precisamos sair da casa, não
17:53podemos ficar aqui, meus pais
17:54não querem ninguém em casa.
17:57Então nós saímos do quarto
17:58dele e começamos a descer a
18:00escada de volta para o carro.
18:01Eu passei na frente dele
18:02porque achei que era uma boa
18:04chance de tentar descer até
18:05o porão e ver se eu
18:06encontrava alguma evidência
18:07lá.
18:08Avancei alguns passos na
18:09frente dele e comecei a
18:10descer a escada do porão.
18:12Então ele agarrou a minha
18:13gola, quase me derrubou
18:14para trás e disse, a saída
18:16não é por aí.
18:18O detetive ficou ainda mais
18:21convencido de que François
18:22estava escondendo algo.
18:23Não é uma reação normal
18:25quando alguém apenas errou
18:27o caminho na sua casa ao
18:28sair, mas ele ficou muito
18:29irritado comigo por causa
18:30disso.
18:31Chegou a erguer a voz e me
18:33disse, você precisa ir
18:34embora agora e me levou
18:35até a porta.
18:41Depois, Kendall François
18:42foi levado à delegacia da
18:44polícia estadual e fez o
18:46teste do polígrafo.
18:47Ele respondeu as perguntas
18:49e passou no teste.
18:50nós lhe agradecemos, nós o
18:53deixamos em sua casa e voltamos
18:54a estar casero.
18:57Os investigadores estavam
18:59perdidos, mas quando parecia
19:01que o caso nunca seria
19:03resolvido, eles descobriram
19:05outro suspeito, cujo passado
19:07era sinistro.
19:09Eu já era policial, havia 30 anos
19:14naquela época e já tinha visto
19:16muita gente e lidado com muita
19:17gente e quando eu o vi, notei que
19:20ele era um cara brutal, que era um
19:21cara durão e que era um cara
19:23perigoso.
19:23janeiro de 1998.
19:29Seis prostitutas haviam desaparecido
19:31em Poughkeepsie, Nova York e os
19:33detetives ainda não tinham nenhum
19:34suspeito.
19:36Mas eles continuaram a investigar e
19:38chegaram a um cliente de
19:40prostitutas chamado Roy Chandler.
19:42No começo, ele era apenas mais um
19:47cara, mais um suspeito numa série
19:49de clientes suspeitos de
19:50prostitutas.
19:52Mas nós o investigamos um pouco
19:53mais, pesquisamos seu passado e seu
19:55histórico e descobrimos que ele
19:57tinha extensa ficha criminal.
20:04Seu passado criminal consistia de
20:06agressões e, no sul, um estupro e
20:09o envolvimento com uma mulher que
20:12foi assassinada.
20:16Ligamos para o departamento de
20:18polícia da Carolina do Sul, de
20:20onde ele era.
20:22Falamos com alguns policiais de lá e
20:24eles nos disseram que se mulheres
20:26haviam desaparecido aqui, ele podia
20:28ser um forte suspeito.
20:31A polícia queria interrogar Chandler,
20:33mas ele estava preso na cadeia de
20:35Poughkeepsie.
20:35Soubemos que ele tinha sido preso por
20:42contratar uma prostituta e que foi
20:44mandado para a prisão do condado,
20:46onde cumpriu uma sentença curta pelo
20:48crime.
20:49E soubemos naquele dia que ele seria
20:50solto da cadeia à meia-noite.
20:52Então, eu e os outros detetives fomos
21:00até lá para encontrá-lo.
21:03E à meia-noite ele saiu e lá
21:05estávamos nós.
21:06Dissemos que queríamos falar com ele e
21:09vimos imediatamente que aquele cara
21:11era, sabe, um criminoso profissional,
21:13um cara grandão que não gostava da
21:16polícia, isso era óbvio.
21:17Ele chegava a dar arrepios.
21:21É, ele era um criminoso de carreira,
21:23certamente não tinha medo de ser
21:25interrogado por alguns policiais e,
21:28obviamente, seria um osso duro de roer.
21:31Chandler negou veementemente qualquer
21:33envolvimento com as mulheres desaparecidas,
21:36mas a polícia estava longe de convencida.
21:38E aí, meu irmão?
21:39E aí, cara?
21:39Beleza, como é que você está?
21:41Nós o levamos até a casa do irmão,
21:43conhecemos o irmão dele, conversamos
21:44com os dois e descobrimos que ele não
21:47estava morando na casa do irmão,
21:49que era uma estranha casinha decrépita
21:51no bairro.
21:53Ele morava na floresta, na periferia
21:55de Pouquipse, e era um tipo de cigano,
21:58um cara que viajava pela floresta
22:00e vivia da natureza.
22:03Não encontramos nada na casa do irmão,
22:06mas precisávamos revistar a área
22:08florestal onde ele estiver acampado.
22:12Pouquipse fica no meio de uma enorme
22:14área rural.
22:14Além de ser banhada por um dos maiores
22:17rios do mundo, então, o que não falta
22:20é onde desovar corpos.
22:22E ninguém sabia onde procurar.
22:24Então pedimos que ele nos levasse
22:26a alguns locais onde ele havia acampado.
22:28E, sabe, era no campo,
22:30uma área muito grande, com várias propriedades.
22:33E estávamos lá procurando por...
22:36Bom, seria ótimo se encontrássemos
22:38uma das mulheres lá.
22:39Mas procurávamos evidências de algum tipo
22:41de cena do crime, ou de que ele tinha levado
22:44alguém para lá, ou de que era o cara
22:46que tinha levado as mulheres desaparecidas
22:48para lá e as prendido na floresta
22:49em algum lugar.
22:51Depois de uma busca rigorosa,
22:53nenhuma evidência foi encontrada
22:54nos campos ao redor de Pouquipse.
22:58Mais uma vez, sem provas suficientes,
23:01a polícia foi obrigada a liberar
23:03outro suspeito.
23:04Foi quando decidimos que íamos precisar
23:13de mais ajuda além do nosso departamento.
23:15O chefe recorreu à procuradoria
23:17e eles decidiram criar uma força-tarefa
23:19com vários membros de diferentes agências.
23:22Em 27 de agosto de 1998,
23:25os membros da recém-formada
23:27força-tarefa se reuniram com nervosismo
23:29para uma entrevista coletiva.
23:31O público exigia respostas
23:34que a polícia simplesmente não tinha.
23:37E durante a entrevista coletiva,
23:38nossos celulares começaram a tocar.
23:41Todos estavam sendo contatados
23:42por suas delegacias.
23:44Fomos avisados que outra mulher
23:46havia desaparecido, uma prostituta.
23:48Agora, após seis meses de calmaria,
23:50tínhamos mais um caso.
23:53Katina Neumastler
23:55era uma menina de Pouquipse.
23:57Cresceu na cidade.
23:58Eu a conhecia desde que era pequena
24:00e ela tinha ajudado a polícia no passado.
24:03Apenas dois dias antes,
24:04os investigadores haviam falado com ela nas ruas.
24:08Dissemos para ela,
24:09tome cuidado com os clientes com quem você sai,
24:11com os caras que você não conhece,
24:12porque ainda não temos nenhuma pista.
24:15E a Katina, com o jeito dela, disse,
24:17não, eu sou esperta demais para cair nessa.
24:19Não se preocupem comigo,
24:20eu sei o que eu faço.
24:22E quem diria, dois dias depois,
24:23foi Katina quem desapareceu.
24:24Tudo isso acontecia debaixo do nariz da força-tarefa
24:30e a polícia estava desmoralizada,
24:32porque pessoas eram raptadas na rua principal,
24:36desapareciam e a polícia parecia incapaz
24:39de fazer alguma coisa.
24:41Mais uma vez,
24:42o tenente Sigrist pediu ajuda.
24:44Eu liguei para o agente especial
24:46com quem eu estava em contato
24:48e disse que agora eram oito mulheres desaparecidas.
24:52E eu disse que as últimas duas sumiram
24:54na mesma área em plena luz do dia.
24:58Oi, tudo bem?
25:03O agente especial sugeriu que nós fizéssemos bloqueios
25:07nas ruas dos bairros onde as mulheres sumiram.
25:11Os bloqueios foram feitos durante o dia
25:12para literalmente arrancar algo da comunidade.
25:16Era algo muito lógico a fazer.
25:18Fomos com carros oficiais da polícia,
25:20pedi para a minha secretária fazer cartazes
25:23e começamos a bloquear as ruas às nove da manhã.
25:27Manem seguiu para um bloqueio aquela manhã
25:30com o detetive Bob McCready.
25:32Paramos no sinal vermelho,
25:34olhamos para a direita e eu disse para o Bob,
25:36olha quem está sentado naquele carro.
25:39Após dois anos de frustração,
25:41o detetive estava a um momento da pista
25:43que finalmente revelaria a brutal verdade.
25:50Poughkeepsie, Nova York.
25:52Primeiro de setembro de 1998.
25:55Ainda procurando pistas no caso das prostitutas desaparecidas,
25:59os detetives Skip Manem e Bob McCready
26:01planejavam passar a manhã falando com motoristas
26:04num bloqueio de rua.
26:05Quando eles pararam no cruzamento da Main Street e da Grand Avenue,
26:10o cruzamento onde organizamos o bloqueio,
26:13eles viram Kendall François parado em seu carro no semáforo.
26:17Eu olhei e disse para o Bob,
26:19ei, olha quem está naquele carro.
26:21E era Kendall, um dos nossos principais suspeitos.
26:25E fazia tempo que não o investigávamos,
26:28porque nenhuma mulher havia desaparecido ultimamente.
26:30Paramos no estacionamento
26:33e quando Bob e eu saímos do carro,
26:36um cidadão que nos conhece começou a gritar nosso nome
26:38e veio correndo até nós.
26:41O cara chegou e gritou,
26:42Skip, ei Skip, tem uma garota aqui que disse que foi estuprada.
26:46E o Skip e o McCready correram para o posto.
26:51Lá, eles encontraram a prostituta Christine Seller,
26:55nervosa, com hematomas recentes no pescoço.
26:58Encontramos uma menina parada naquele lugar,
27:02obviamente muito nervosa, chorando, agitada, desesperada.
27:07E quase dava para ver as digitais no pescoço dela,
27:10devido ao sufocamento.
27:13No começo, ela não quis falar com a polícia,
27:16porque pensou que ia ser presa,
27:17que eles tinham mandado de prisão.
27:19Mas finalmente o Skip e o McCready a convenceram
27:22a contar o que tinha acontecido.
27:24Ela gritava e chorava histericamente.
27:26e eu perguntava, quem fez isso?
27:28Quem fez isso?
27:29E ela gritou,
27:30aquele maldito Kendall tentou me matar.
27:38Segundo Christine,
27:40Kendall François a pegou naquela manhã
27:42e a levou à casa dele.
27:45Ela também nos informou
27:46que tinha saído com o Kendall várias outras vezes
27:48e que não teve problemas com ele antes.
27:50Eles fizeram sexo no quarto dele,
27:53mas quando chegou a hora de pagar,
27:55Kendall se tornou violento e agarrou o pescoço dela.
27:59Quanto mais ela se debatia,
28:01mais forte ele apertava.
28:03Depois que o Kendall quase a estrangulou
28:05e ela quase desmaiou,
28:06ela começou a implorar que ele a levasse para comprar cigarros.
28:09Ela estava muito nervosa e chorando,
28:11e implorando que ele a levasse para comprar cigarros,
28:14porque tudo o que ela queria era sair daquela casa.
28:17E, inacreditavelmente,
28:19ela conseguiu convencê-lo a levá-la de carro
28:22até o posto para comprar cigarros.
28:25No carro, Christine se esforçou
28:27para disfarçar o medo do homem que quase a matara.
28:31Assim que chegaram ao posto,
28:34ela escapou.
28:41Quando saiu do carro para comprar cigarros,
28:43ela não saiu mais do posto de gasolina,
28:45e foi quando nós chegamos.
28:51Nós a levamos para a delegacia
28:53e falamos por rádio e telefone
28:55com outros membros da força-tarefa.
28:58Eles entenderam que essa vítima
28:59podia ser a peça-chave que esperávamos
29:02para resolver o caso.
29:05Naquela tarde,
29:06a polícia emitiu um mandado de prisão
29:08para Kendall Francois.
29:09Nós decidimos que íamos levar o Kendall
29:14para a delegacia
29:15para que membros da força-tarefa
29:17o interrogassem.
29:19Nós o buscamos e levamos até a delegacia
29:22e o interrogamos
29:23sobre o que tinha acontecido naquele dia.
29:26Mais uma vez,
29:27Francois não pediu um advogado.
29:30Admitiu a agressão contra Christine,
29:32explicando que se enfureceu,
29:35mas depois se acalmou.
29:37Estava lhe dando uma carona
29:38de volta ao centro
29:39quando ela fugiu.
29:42Mas quando os investigadores
29:44disseram que iam pedir um mandado
29:46de busca para a casa dele,
29:47algo mudou.
29:49E Kendall
29:49deu um giro de 180 graus.
29:52Foi quando eu disse
29:53que nós íamos fazer uma busca
29:54na casa do Kendall,
29:56que ele entregou os pontos
29:57e disse,
29:57me deem as fotos
29:58das prostitutas desaparecidas
30:00e me tragam o promotor
30:01e eu direi o que aconteceu.
30:03O que se seguiu
30:04foi uma bizarra confissão.
30:07Eu peguei a pilha de fotos
30:08e coloquei na frente dele.
30:09Ele começou a olhar
30:10uma por uma,
30:11assim como nós olhamos
30:11fotos de família.
30:13Ele olhou algumas,
30:14então separou uma
30:15e disse,
30:16eu a matei.
30:17Olhou mais algumas,
30:18separou outra
30:19e disse,
30:19eu a matei.
30:20Foi inacreditável.
30:22Estávamos investigando
30:24havia dois anos
30:24todas aquelas mulheres
30:25desaparecidas
30:26sem um fio de evidência.
30:28E ele passou
30:28pelo teste de polígrafo,
30:30foi vigiado
30:30e de repente
30:31estava confessando
30:32ter matado as oito mulheres.
30:34Os investigadores
30:35estavam atônitos
30:37com a atitude fria
30:38de François.
30:39Eu estava observando
30:40pelo vidro fosco
30:41e ele olhava as fotos
30:43e explicava
30:44como tinha matado
30:45as mulheres,
30:46como tinha acontecido.
30:47Ele falava
30:48de modo natural,
30:49essa eu matei,
30:50essa eu não matei.
30:52Eu estava em casa,
30:53o telefone tocou
30:54e o Skip disse,
30:56Bill,
30:56venha para cá
30:57agora mesmo,
30:57o Kendall
30:58está confessando tudo,
31:00começou a dizer
31:00onde os corpos estão.
31:03Então,
31:03olhei para minha mulher
31:04e disse,
31:05preciso ir.
31:05Eu estava assistindo
31:06a confissão
31:07numa outra sala,
31:08eu estava de terno
31:09e percebi
31:10que os corpos
31:11estavam enterrados
31:12pela cidade toda,
31:13pelo condado
31:14ou pelo estado.
31:15Eu liguei
31:16para minha namorada
31:17em casa
31:17e pedi que ela
31:18me levasse roupas,
31:19sabe,
31:20botas de trabalho,
31:21jeans e blusões,
31:22para eu me preparar
31:23para cavar
31:24e procurar
31:24as vítimas
31:25que ele matou.
31:29Não importava
31:30onde estivessem os corpos,
31:31era um alívio
31:32por ter acabado.
31:33Depois de 22 meses,
31:35estávamos desgastados.
31:37Mas o pesadelo
31:38estava longe
31:39de ter acabado.
31:40O que Kendall François
31:42revelou em seguida,
31:44levou os policiais
31:44de Poquipse
31:45a um dos locais
31:46mais sinistros
31:47e horripilantes
31:48que já tinham visto.
31:51Ela foi levada
31:52a um local
31:53tão apavorante
31:54que só a ideia
31:56da casa ainda estar de pé
31:57me dá arrepios.
32:06Depois de quase
32:07dois anos
32:08em que mulheres
32:09desapareciam das ruas,
32:11a polícia de Poquipse
32:12finalmente prendeu
32:13um suspeito.
32:16Na tarde
32:17de 1º de setembro
32:18de 1998,
32:20Kendall François
32:21confessou ter matado
32:22as oito mulheres
32:23desaparecidas.
32:25E agora,
32:26os detetives
32:26queriam saber
32:27onde estavam
32:28os corpos.
32:30A polícia
32:31achava que encontraria
32:32os corpos
32:33na floresta,
32:33mas não foi
32:34o que aconteceu.
32:35Kendall lhes disse
32:36que os corpos
32:37estavam no sótão
32:38da casa
32:39onde ele morava
32:40com a mãe,
32:41o pai
32:42e a irmã.
32:44Durante todo o tempo
32:45em que o Kendall
32:46foi um suspeito,
32:48nós nunca pensamos
32:49nem por um minuto
32:49que ele
32:50guardasse todos
32:52os corpos
32:52na casa dele,
32:53enquanto sua mãe,
32:54seu pai e sua irmã
32:55moravam lá com ele.
32:57Com François preso,
32:58a polícia
32:59cercou sua casa.
33:00Havia um exército
33:06de agentes
33:07da polícia
33:07do estado
33:08de Nova York
33:08e da polícia
33:09da cidade
33:10de Poughkeepsie.
33:11Eles cercaram
33:12a casa do Kendall,
33:13isolaram a área
33:14e então os policiais
33:15e detetives
33:16bateram na porta
33:17com o mandado
33:18de busca.
33:19O pai de Kendall
33:21atendeu,
33:22chocado,
33:22ao saber
33:23o que estava acontecendo.
33:24Ele,
33:25sua mulher e filha
33:26foram levados
33:27à delegacia
33:27para serem interrogados
33:29enquanto os peritos
33:30entravam
33:30na imunda casa
33:32para revistá-la.
33:34A casa estava
33:34uma bagunça completa.
33:36O mau cheiro
33:37vinha de várias
33:38coisas podres.
33:39Então,
33:40por isso,
33:40ninguém
33:41supostamente
33:43sentiu nenhum cheiro
33:44que fosse incomum
33:45relacionado a cadáveres.
33:47Eles entraram
33:48lenta e metodicamente
33:49na casa
33:49e demoraram
33:50bastante lá dentro.
33:52Eles entraram
33:53no sótão
33:54e encontraram
33:55evidências
33:55de restos humanos.
33:57Quando chegaram
34:00ao sótão,
34:01eles olharam
34:02e viram corpos.
34:03Muito claramente,
34:05corpos em decomposição.
34:06Eram algumas
34:07das vítimas
34:08de Kendall François.
34:10Eles tiraram
34:11fotos
34:11e foram embora.
34:12Não queriam examinar
34:13a cena do crime
34:14tão tarde da noite.
34:15A casa foi vigiada.
34:17Mas algumas coisas
34:18não podiam esperar
34:19até a manhã seguinte.
34:22No meio da noite,
34:23a campainha tocou
34:24e eu fui atender
34:25e era o esquipe.
34:26E eu soube.
34:27naquele instante
34:28que ele tinha algo
34:29muito importante
34:30para me dizer.
34:32Quando entrou,
34:34ele disse
34:34eu acho
34:36que encontramos
34:36Dina
34:37e as mulheres
34:39que desapareceram
34:41com ela.
34:42Mas não podemos
34:42dar certeza
34:43até amanhã
34:44quando fizermos
34:45uma identificação
34:46definitiva.
34:48E eu caí
34:49no sofá
34:49atordoada.
34:51os detalhes
34:55da morte
34:55de sua filha
34:56atormentariam
34:57Patrícia
34:57pelo resto
34:58da vida.
35:00Depois de brigar
35:02com o namorado
35:02naquela noite
35:03fatídica,
35:04Dina começou
35:05a procurar clientes.
35:06Ela queria
35:07dinheiro
35:07para se drogar.
35:08Eram cerca
35:10de duas
35:10ou três
35:11da manhã
35:11e Dina
35:12estava sozinha
35:13na rua
35:13Church.
35:14E Kendall
35:14François
35:15apareceu
35:16e Dina
35:16confiou nele.
35:17Ela o conhecia
35:18então confiou nele
35:20assim como as outras
35:21meninas conheciam
35:22e confiavam nele.
35:24Ela e Kendall
35:25combinaram um preço
35:26e ele a levou
35:27a um estacionamento
35:28afastado.
35:30Segundo a confissão
35:31dele,
35:31Dina
35:32estava de mau humor
35:33e começou a dizer
35:34coisas que o irritaram.
35:35ele agarrou
35:37Dina
35:38pelo pescoço
35:39e fizeram sexo
35:40enquanto ela
35:40perdia a consciência.
35:44Quando ela
35:45voltou a si,
35:46ele a sufocou
35:47de novo
35:48por vários
35:48e longos minutos
35:49até que finalmente
35:51Dina
35:51não se mexeu mais.
35:57Depois que matou
35:58Gina Barone,
35:59Kendall a levou
36:00para a casa dele.
36:01Escondeu-a
36:02sob um colchão,
36:03deixou-a lá
36:03por três meses
36:04e finalmente
36:05levou-a ao sótão
36:06onde já estava
36:07outro corpo,
36:08o de Wendy Myers,
36:09sua primeira vítima.
36:10Quando a polícia
36:11me disse
36:11que ela foi morta
36:13e que só depois
36:14seu corpo
36:14foi levado
36:15para casa,
36:17eu fiquei
36:17aliviada
36:18porque
36:18seu espírito
36:19nunca tinha
36:20entrado
36:21naquele lugar
36:22horrível
36:22para onde
36:23ele tinha
36:24levado
36:24as outras
36:24mulheres.
36:27Na manhã
36:28seguinte,
36:28a polícia
36:29voltou para a casa
36:30às oito horas
36:31pronta para analisar
36:32a cena do crime.
36:35E a análise
36:36da cena
36:36do crime
36:37demorou
36:37vinte e nove
36:38dias.
36:39Vãs da imprensa
36:40e centenas
36:41de moradores
36:41se dirigiram
36:42para a rua
36:43residencial.
36:44Um ou dois dias
36:45depois eu fui
36:46até a casa,
36:47fui com a minha
36:47irmã.
36:48Eu estava
36:49curiosa,
36:50queria ver a casa,
36:51eu não senti
36:52nada especial,
36:54mas talvez eu
36:56só quisesse ver
36:57onde a minha
36:57dina tinha
36:58passado aquele tempo.
37:00Os peritos
37:01investigaram cada
37:02centímetro quadrado
37:03da propriedade.
37:05Uma equipe
37:06trabalhava no
37:07perímetro externo
37:08da casa
37:08varrendo cuidadosamente
37:09em busca de fragmentos
37:10de ossos
37:11ou outros indícios
37:12que pudesse ligar
37:13François aos crimes.
37:15Dentro da casa,
37:16uma equipe
37:17forense
37:17investigava o sótão
37:18em particular,
37:19mas a casa
37:20era tão suja
37:21que se você
37:22encostasse numa
37:23parede,
37:24você ficava
37:25com uma camada
37:26fina de sujeira
37:27grudada
37:28na sua roupa
37:29e não era capaz
37:30de tirar,
37:31sem falar
37:31do cheiro
37:32da casa.
37:33Havia infestações
37:34por toda parte
37:35e grandes volumes
37:36de excrementos
37:37animais,
37:38mas isso não era
37:38nada comparado
37:39ao show de horrores
37:40no sótão.
37:42No sótão
37:42eles encontraram
37:43os restos
37:44de cinco mulheres
37:45em vários estágios
37:46de decomposição
37:47e foi uma visão
37:48macabra.
37:49Três dos corpos
37:50estavam juntos
37:51embrulhados em plástico,
37:52parecia que ele já
37:53tinha começado
37:54a desmembrar
37:54pelo menos um deles.
37:56O quarto corpo
37:57estava se decompondo
37:58numa piscina infantil,
37:59o quinto corpo
38:00estava numa lata
38:01de lixo
38:02e estava
38:03tão decomposto
38:04que parecia
38:05um quadrado
38:06e tão repugnante
38:07que um dos peritos
38:09não suportou
38:10e precisou
38:10ser dispensado.
38:22Os três corpos
38:23mais recentes
38:24foram encontrados
38:26no espaço
38:26debaixo da casa.
38:27demorou três dias
38:33só para remover
38:35os corpos
38:35e transportá-los
38:36para o necrotério.
38:38Enquanto a investigação
38:39da casa continuava,
38:41os legistas
38:41se apressavam
38:42para identificar
38:43os restos
38:44em decomposição.
38:47Dina foi
38:47declarada morta
38:49em 13 de setembro
38:50de 1998.
38:51Eles usaram
38:52sua arcada dentária
38:53para identificá-la.
38:54A polícia
38:55esperava encontrar
38:56a prostituta
38:57desaparecida
38:58Michelle Eason
38:59entre os oito
39:00corpos.
39:01Mas para a surpresa
39:02deles, não só ela
39:03não estava na casa
39:04como a oitava vítima
39:05era uma completa
39:06desconhecida.
39:07Audrey Puglisi
39:09era uma mulher
39:10de 34 anos
39:11que havia se mudado
39:12para Poukips
39:13apenas seis meses antes.
39:15Ela era
39:16a prostituta
39:16e seu desaparecimento
39:18nunca havia sido comunicado.
39:19Foi muito triste
39:20quando disseram
39:21os nomes
39:22de todas as meninas
39:24e uma delas
39:25Audrey Puglisi
39:25nem fora dada
39:26como a desaparecida
39:27por ninguém.
39:29Era tão triste
39:30pensar
39:30que alguém
39:31podia desaparecer
39:32e
39:33ninguém
39:35sentir sua falta.
39:37Até hoje
39:39Michelle Eason
39:40é considerada
39:41desaparecida.
39:43Depois de concluída
39:44a análise
39:44da cena do crime
39:45quase um mês
39:46depois
39:46a casa abandonada
39:48foi coberta
39:49com pichações
39:49cheias de ódio.
39:51A família
39:52de Kendall François
39:53que ignorava
39:53a presença
39:54dos corpos
39:55na casa
39:55se mudou
39:56para outro estado.
39:59Em 13 de outubro
40:00de 1998
40:02Kendall François
40:03entrou de algemas
40:04num tribunal
40:05lotado.
40:07Diante de amigos
40:10e parentes
40:10das vítimas
40:11ele foi formalmente
40:13acusado
40:13de oito homicídios
40:14dolosos
40:15oito homicídios
40:17culposos
40:17e de agressão
40:19por seu ataque
40:20a Christine Seller.
40:22Já fui a vários
40:23tribunais
40:23já vi vários
40:24assassinos
40:25mas com certeza
40:26o que mais me assustou
40:27foi Kendall François
40:28esse homem
40:30é a própria
40:31encarnação
40:31do mal.
40:32não era difícil
40:40imaginar
40:41o que ele fez
40:41com essas mulheres
40:42e a dor
40:43que ele causou.
40:44A promotoria
40:45pedia a pena
40:46de morte
40:46mas aceitou
40:47uma confissão
40:48de culpa
40:48em troca
40:49de prisão
40:49perpétua
40:50sem direito
40:51a condicional.
40:53A promotoria
40:54decidiu
40:55não julgar
40:56François
40:56mas fazer um acordo
40:57e o acordo
40:58foi basicamente
40:59esse.
40:59Ele se confessava
41:00culpado por todos
41:01os crimes
41:01pegava prisão
41:02perpétua
41:02que é o máximo
41:03que podia pegar
41:04em Nova York.
41:05Poupava as famílias
41:06da dor
41:07de um julgamento
41:08e poupava o Estado
41:09do custo
41:10de um julgamento.
41:11Kendall já tinha dito
41:12que confessaria
41:13todos os seus crimes
41:14e assim
41:16ele pouparia
41:16as famílias
41:17e os parentes
41:18das mulheres
41:19desaparecidas
41:19do sofrimento
41:20causado por um
41:21longo julgamento
41:22e aceitaria
41:23as oito
41:24prisões perpétuas
41:25mais 25 anos
41:26pela agressão sexual.
41:28Eu queria
41:28que ele
41:29desaparecesse
41:30e eu não queria
41:31vê-lo nunca mais
41:32e o promotor
41:34público
41:34disse que
41:35se houvesse
41:35um julgamento
41:36e ele fosse
41:37condenado
41:38haveria apelações
41:40e aquilo
41:41continuaria
41:42por muitos anos.
41:45Então acho
41:45que assim
41:46foi melhor.
41:47Ele desapareceu.
41:48É como se estivesse
41:49morto.
41:52Enquanto a cidade
41:53de Poughkeepsie
41:53continua a superar
41:54o trauma
41:55Kendall François
41:56está preso
41:57em Ática
41:57o presídio
41:58de segurança
41:59máxima
41:59de Nova York.
42:01Graças
42:02a dedicação
42:02das autoridades
42:04locais
42:04ele continuará
42:05lá
42:05como prisioneiro
42:06número A
42:074160
42:08pelo resto
42:09de sua vida.
42:10Temos fotos
42:22da Dina
42:22pela casa
42:23porque a Nick
42:24não se lembra
42:25da mãe.
42:26Ela era muito
42:27nova
42:28mas
42:28nós contamos
42:29como a Dina
42:30era
42:31e sempre dizemos
42:32que ela a amava
42:33muito.
42:35Eu sinto um pouco
42:36de paz
42:37sabendo que ela
42:37está num lugar
42:39melhor.
42:42Música
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