O presidente Donald Trump iniciou uma guerra comercial global com novas tarifas. O economista Rodrigo Rodil analisa como a medida afeta o Brasil e quais os principais impactos e riscos para a nossa economia.
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00:00A nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros imposta por Donald Trump gerou repercussão imediata em ambos os países.
00:07Eu recebo aqui o economista Rodrigo Rodil, que se junta a nós no Jornal da Manhã para analisar mais sobre toda essa situação.
00:14Rodil, seja muito bem-vindo. É um prazer recebê-lo. Obrigado por nos atender neste domingo.
00:18Eu quero começar perguntando sobre o movimento anterior à possibilidade de início das taxas no dia 1º de agosto,
00:24porque a gente acompanhou uma debandada de investidores estrangeiros aqui no país por conta de toda essa situação envolvendo questões políticas e econômicas entre Brasil e Estados Unidos nos últimos dias.
00:35Como é que você avalia o que muitos economistas estão chamando de insegurança para investimentos nesse momento?
00:43Bom dia, obrigado pelo espaço.
00:46Bom, vamos tentar desatar esse nó. Na realidade, o primeiro alerta que eu daria é o seguinte.
00:54Com a imprevisibilidade das ações de Trump, ninguém garante que no dia 1º de agosto essas tarifas estarão em pé.
01:04Mas, por enquanto, é o que temos pela frente.
01:09É evidente que o Brasil vai ser mais prejudicado. Por quê?
01:16Porque o Brasil representa 2% do comércio internacional dos Estados Unidos.
01:21Mas os Estados Unidos representam 12% do nosso comércio.
01:25Então, é óbvio que qualquer tipo de tarifa de um lado para o outro, o maior prejudicado sempre vai ser o Brasil.
01:32Agora, Rodil, há quem diga que os Estados Unidos estariam comprando, vai, uma tempestade ao adotar essa série de tarifas.
01:43E o risco que ela pudesse, inclusive, se reverter contra a própria força da economia americana.
01:50O senhor vê essa possibilidade?
01:51Tem a menor dúvida.
01:56Veja bem.
01:57O propósito declarado, tirando as partes políticas que tem na carta do Trump,
02:04o propósito declarado dele foi sempre reconstruir a indústria americana.
02:09Vamos a dois exemplos simples.
02:11Para ele voltar, uma cadeia que está espalhada no mundo para fabricar um automóvel 100% americano,
02:19ele levaria até 10 anos.
02:23Para construir um avião totalmente americano, ele levaria 20.
02:28Quer dizer, não é uma coisa crível como política.
02:31Portanto, os elementos aí, na minha visão, são muito mais elementos de negociação,
02:39que é bem o estilo Trump.
02:41Quer dizer, primeiro encurrala o adversário nas cordas e depois começa a ver como vamos negociar.
02:49Mas o prejuízo estaria aí.
02:52Mas não se sabe se vai ser realmente implementado ou não.
02:56Rodil, os nossos comentaristas participam também.
02:59Gesualdo Almeida pode mandar sua pergunta.
03:01Bom dia, bom dia.
03:03Quando estamos negociando com alguém como o Trump,
03:05que parece que faz as coisas de improviso, de supetão,
03:08basta ver que ele já taxou ilhas, que tem apenas pinguim.
03:11Ele traz a tarifa para um patamar, depois ele retrocede logo na sequência.
03:16Me parece que não existe um estudo prévio, um estudo planejado.
03:20É coisa meio de improviso.
03:22Como que a gente consegue negociar com uma pessoa dessa, tão instável,
03:26com uma macroeconomia que gira em torno de dois países,
03:28como o Brasil e os Estados Unidos?
03:30E principalmente, existe uma conversa de bastidores, e isso ganhou as ruas,
03:36de que empresas americanas poderiam também trazer sanções ao Brasil.
03:41Como, por exemplo, a retirada do uso do GPS,
03:44a Microsoft vai embora e leva todo o seu software travando o país.
03:49Vamos acalmar a população.
03:50O senhor vê que isso realmente é possível?
03:51Eu não acho que seja um movimento muito simples.
03:58Quer dizer, o investidor de Bolsa, tudo bem, ele tira o dinheiro em 24 horas, certo?
04:04Agora, o investidor que tem fábrica, que tem estabelecimento,
04:09que tem atividades dentro do Brasil, não fecha da noite para o dia.
04:13Então, essa é uma coisa que pode sim, se realmente continuar nesse pé
04:19e escalando do jeito que está a toda guerra comercial,
04:23pode sim afugentar investidores, mas são os futuros investidores.
04:28Os atuais investidores que têm investimentos produtivos no país
04:34teriam muito maior dificuldade para fazer um movimento desse tipo.
04:41Rodil, tem... Ah, desculpa, Soraya.
04:43Pode ir, pode ir.
04:45Vamos lá, a pergunta agora é de Diego Tavares.
04:51Prazer conversar com você aqui no Jornal da Manhã.
04:53Considerando esse contexto de escalada que você trouxe na resposta
04:57ao questionamento do Jesualdo,
04:59existe uma possibilidade muito grande que essa tarifa, de fato,
05:02seja implementada agora em agosto, como ninguém senta na mesa para negociar.
05:07Nesse contexto, existe a possibilidade de que setores específicos
05:10sejam excluídos dessa tarifa?
05:15Olha, isso depende hoje muito mais do lado racional que temos hoje em campo,
05:21que é, digamos, o vice-presidente e a equipe que ele está montando
05:25para efetivamente negociar,
05:27do que das bravatas do presidente que está basicamente dedicado
05:33a ganhar, digamos, dividendos políticos em cima disso.
05:37Em termos de negociação, acho sim que tem possibilidades grandes
05:41de avançar nessa linha e de realmente salvar setores que estão mais a perigo
05:50nesse momento, como é o aeroespacial, como é o concentrado cítrico,
05:56como é o agronegócio, assim, de modo geral, proteína animal.
06:01Rodrigo Rodil, economista, obrigado por conversar conosco neste domingo.