Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • hoje
Neste sexto episódio do podcast “Não É Invenção”, a médica Adriana Lucena, presidente do comitê de Ginecologia Oncológica e Patologia do Trato Genital Inferior da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas (Sogimig), alerta sobre aumento de infecções sexualmente transmissíveis entre jovens, a importância do diagnóstico precoce e o uso de preservativos.

O “Não É Invenção” é um podcast do Estado de Minas e Portal Uai para quem busca um ombro pra chorar ou tentar entender aquela situação que você não para de pensar e até te faz sentir culpa.

As jornalistas Larissa Kümpel, Layane Costa e Mannu Meg estão dispostas a te ouvir e te convencer que você não está sozinha. Afinal, nenhuma experiência é individual.

Leia as reportagens de cada episódio em https://www.em.com.br/saude

#ists #ginecologia #saudedamulher

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de um milhão de pessoas contraem uma IST por dia no mundo.
00:08Já no Brasil, nos últimos dez anos, houve um aumento de 168% de casos de HIV entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde.
00:19A Pesquisa Nacional de Saúde, de 2023, aponta que cerca de 59% dos brasileiros não usaram preservativo em nenhuma das relações sexuais que tiveram no período de um ano.
00:40Este é o Não é Invenção, um podcast sobre relações e comportamento.
00:45Eu sou Mano Meg, eu sou Laiane Costa e eu sou Larissa Kimpel.
00:49Estamos aqui com a Adriana Lucena, ela é médica e presidente do Comitê de Ginecologia Oncológica e PTGI da SOGIMIG.
00:59Tudo bem? Seja bem-vinda, Adriana.
01:01Obrigada pela oportunidade de estar aqui com vocês, conversando sobre um tema tão importante.
01:07Adriana, você pode falar um pouco pra gente sobre essa sua experiência, como você pode ajudar a gente a entender esse assunto?
01:12Bom, sou ginecologista há mais ou menos uns anos, não vou falar quanto.
01:20E, inclusive, eu fiz meu mestrado na UFMG, foi exatamente sobre abordando HPV e HIV, a relação entre esses dois vírus.
01:31E pude trabalhar muito tempo com pacientes soropositivas, infectadas pelo HIV, doentes, algumas doentes já, com AIDS.
01:44E me lido no dia a dia, sou preceptora da Santa Casa, lá eu atendo o ambulatório de patologia do trato genital inferior,
01:54de colposcopia, onde eu atendo pacientes infectados pelo HPV, que é o vírus relacionado ao câncer de colo uterino.
01:59Então, realmente, isso é o meu dia a dia, o dia a dia do ginecologista.
02:06E esse comportamento, como vocês acabaram de falar, é o que a gente vê no dia a dia.
02:11Dos serviços públicos, dos serviços particulares, do não uso do preservativo,
02:16e realmente as pessoas fingindo que não existem essas doenças sexualmente transmissíveis.
02:24Caro demais, né, gente?
02:27Às vezes é uma escapada, né?
02:30Pode acontecer, mudar a sua vida toda.
02:33Mas, conta pra gente, assim, como é que transmite isso aí?
02:38Vamos falar, assim, né?
02:40Do beabá, de uma forma bem...
02:43O que é ISP?
02:45Exatamente.
02:46Infecção sexualmente transmissível, né?
02:48São as infecções por bactéria, por vírus ou por parasitas que são transmitidas principalmente por via sexual.
02:56Então, nós temos várias, né?
02:57Vou citar o próprio HPV, né?
03:00Que é o papiloma vírus humanos, que a gente tem vacina e tá tão falado ultimamente.
03:04O HIV, o herpes genital, a clamídia, sífilis, que é uma doença antiga, né?
03:14De séculos passados e que está em alta, entre outros.
03:19Parasitas como tricomonas, enfim.
03:21Qualquer vírus ou bactérias ou qualquer doença que seja causada por um desses que são transmitidas por via sexual
03:28é uma ISP, é uma infecção sexualmente transmissível, né?
03:32E todas são incuráveis, são tratáveis? Como é que funciona?
03:36Bom, não. A que é incurável, né? Nós temos duas.
03:40É o HIV, né? O vírus...
03:43O HIV, a partir do momento que a pessoa se infecta com ele, ela não vai ter cura do vírus.
03:49Hoje é uma doença bem controlada, né?
03:53A AIDS, que é a doença causada pelo HIV, a gente já tem aí um sucesso danado no tratamento, né?
04:00As pessoas hoje convivem com o vírus 10, 20, 30 anos e muitas vezes vão morrer por outras causas.
04:07Mas, sim, nunca mais a vida da pessoa vai ser a mesma, né?
04:10Ela vai depender de uso de coquetéis, de controles contínuos, né?
04:16Nos ambulatórios. Então, assim, é um percurso pesado.
04:21Muito estigma, muito em relação ao vírus.
04:24E o herpes, o herpes simples, o herpes genital também, a partir do momento que se adquire o vírus, ele também não tem...
04:30Ele não sai mais do corpo, vamos dizer assim, não tem cura.
04:34Mas é uma infecção mais tranquila e muitas vezes a pessoa pega o vírus, mas ela vai usar antibióticos, antivirais,
04:42que vai controlar os surtos, mas também não é... não tem cura.
04:46Os outros, não. O HPV, ele, a partir do momento que a pessoa se infecta o HPV, ela pode se livrar dele,
04:52o próprio sistema imunológico pode controlar, a sífilis é completamente tratável por penicilina, né?
04:59E as outras infecções também.
05:01O problema de cada infecção, realmente, são as características, né?
05:04E as consequências que cada uma delas pode levar.
05:07Uma clamídia, por exemplo, não sei se vocês já ouviram falar.
05:09Que é uma bactéria extremamente frequente, bem assintomática, mas está relacionada, muitas vezes, à infertilidade.
05:19Então, as mulheres, quando lá na frente tentam engravidar, não conseguem, vão descobrir que as trompas estão obstruídas,
05:25vai saber lá atrás sobre uma infecção por clamídia que ela nem sonhou que teve.
05:29Sim.
05:30Então, a infecção em si, né, é banal, mas a consequência é que é para sempre.
05:36Entendi. A mulher, ela fica infértil mesmo.
05:40Não é, é, uma das consequências é infértil, é infértil, é quando ocorre uma obstrução,
05:46porque a clamídia, ela penetra ali na uretra do homem e na uretra da mulher também, e no útero,
05:54e ela vai causar um processo inflamatório para dentro do útero, para dentro das trompas.
05:58Sim.
05:59E isso, muitas vezes, é assintomático, a paciente não tem.
06:01Ela tem, às vezes, uma dor, uma dor pélvica um dia que é na vida que teve, passou, passou batido e tal,
06:07e aí essas trompas inflamam e obstruem.
06:10E isso também não é visto em exame facilmente.
06:13Isso só vai ser desconfiado se a paciente vier a tentar engravidar e não conseguir.
06:17Aí, na pesquisa, por que ela não está conseguindo engravidar,
06:21acaba-se, às vezes, descobrindo uma obstrução de trompas.
06:23Ela vai conseguir engravidar? Sim, mas é por fertilização in vitro.
06:27Aí ela tem que fazer tratamento para engravidar.
06:30Então, é como eu estou falando, se tem infecções, sífilis.
06:33Sífilis é muito preocupante, porque a sífilis também, ela pode passar assintomática por 10, 20, 30 anos.
06:40A pessoa pode pegar uma bactéria, o sintoma inicial dela é bem discreto,
06:45a bactéria se entra em latência,
06:47e depois a pessoa pode ter uma neuro sífilis, né, uma doença cerebral,
06:51pode ter uma lesão cardíaca séria por uma bactéria que ela pegou lá atrás.
06:59A sífilis, por exemplo, é uma doença que, historicamente, ela já causou muitos problemas, assim, né?
07:05Sim, ela é de outro século, vamos dizer assim, exatamente.
07:09É isso que eu me pensaria.
07:10A história que a gente veio falar sífilis, é, exatamente.
07:13Aí depois, com a era da penicilina, quando a penicilina foi o primeiro antibiótico e salvou vidas, né?
07:20A penicilina trata hoje quantas doenças, né?
07:24E a bactéria, simplesmente, com três semanas de tratamento com a bezetacil, a doença está erradicada.
07:31O problema é o não diagnóstico da doença, sim.
07:34Que é difícil, né? Os sintomas são comuns e parecidos?
07:38Tem. O sintoma inicial é um nódulozinho. A mulher, às vezes, um nódulo indolor dentro da vagina, que ela não vai nem desconfiar.
07:45Não.
07:45Entendeu? Aí depois ela pode ter, ela ou ele, né, o homem, manchas no corpo.
07:50Por isso que, às vezes, um dermatologista pede tanto exame de sífilis.
07:53Porque queda de cabelo pode ser sífilis, manchas no corpo pode ser sífilis, entendeu?
07:58Manchas, que, às vezes, a pessoa acha que está com uma alergia pode ser sífilis.
08:01São alguns sintomas, assim, que podem ser relacionados com qualquer outra coisa.
08:05Totalmente inespecíficos, né?
08:07Uma dúvida que eu tenho, que você falou sobre essas doenças que elas, essas infecções, né?
08:13Que elas acabam sendo silenciosas, né?
08:16Tem alguns tipos de exames que as pessoas podem fazer, assim, recorrentemente pra poder ficar de olho nisso?
08:22E essa é a recomendação, né?
08:24Hoje, se a mulher, né? Vamos falar da mulher.
08:26Uma mulher chegou no ginecologista ou no posto de saúde ou engravidou, ela vai fazer esses exames.
08:32Pelo menos o HIV e o de sífilis, que é o VDRL.
08:36Então, a testagem periódica é recomendada a todo mundo.
08:41E os homens também, né?
08:43A gente tem muito mais homens não diagnosticados ou homens que são diagnosticados através da mulher.
08:49A mulher descobre, aí o homem descobre o que tem, porque o homem vai menos ao médico, o homem faz menos check-ups.
08:54As mulheres, elas são mais cuidadosas, a mulher vai regularmente ao ginecologista desde a adolescência, né?
09:00Então, nós, paciente chegou, vamos fazer?
09:04Muitas vezes a paciente não quer, né?
09:07E a gente tem que pedir essa autorização.
09:09A gente não pode pedir sem pedir autorização do HIV, principalmente do HIV.
09:13Então, tem pacientes que às vezes falam, ah, não quero, tem medo de fazer.
09:16Mas a testagem é a única forma.
09:17Por isso, na gravidez, é obrigatório.
09:20A mulher, aí ela não tem que deixar, ela tem que fazer.
09:23Porque, senão, ela pode passar pro feto.
09:25Então, sífilis, HIV e hepatite B, né?
09:28Esqueci da hepatite B, que é uma infecção tão esquecida.
09:32Qual que é a consequência da hepatite B?
09:35Nem é a hepatite.
09:36A hepatite B é uma inflamação do fígado pelo vírus da hepatite B.
09:40Só que essa, a hepatite A, ela é muito mais sintomática.
09:44Aquela pessoa que fica amarela e tal, descobre.
09:46A hepatite B, ela é assintomática.
09:48E aí, depois, vai ter uma cirrose, um câncer hepático por conta do vírus da hepatite B.
09:53Só que a hepatite B tá um pouco melhor, porque ela já, a vacinação, já entra no cartão de vacina da criança, do recém-nascido.
10:01Então, nasceu, já tomo.
10:02Então, hoje, a gente tem muito menos problema com a hepatite B, né?
10:06Mas a gente ainda pega muitos adultos, né?
10:08Que não tinha esse cartão de vacina tão completo como hoje tem, que ainda não vacinaram.
10:13Eu fiquei curiosa que você falou da herpes.
10:17A herpes é muito comum.
10:19E também tem a herpes de nervoso, né?
10:21Que falam.
10:22Qual seria a diferença?
10:24A herpes genital?
10:27Genital, ou então, dessa de nervoso, é tudo mesmo?
10:30É uma mesma.
10:31É o herpes, ele é causado pelo vírus herpes simples.
10:36O nervoso, que você tá querendo dizer, é porque quando o nervoso, o estresse, leva a baixa de imunidade.
10:43E aí, o vírus, que às vezes já tá até incubado.
10:45Às vezes, a pessoa não pega...
10:46O herpes é uma infecção que você não consegue falar pra pessoa, olha, quanto que você pegou.
10:51Porque o herpes, ele pode ficar silencioso por anos.
10:54E aí, a paciente tem um nervoso, uma baixa imunidade, e ela manifesta.
10:59As vesículas.
11:02Então, o herpes simples, que é o herpes genital, são vesículas, são as bolinhas bem doloridas, né?
11:08Na mulher, principalmente ali na vulva e tal.
11:10No homem, às vezes no pênis.
11:11Mas pode dar no bumbum.
11:13Na região ali genital.
11:16E aí, dá as bolinhas.
11:18As bolinhas estouram, ficam umas feridinhas.
11:20Boca é o mesmo vírus, tá?
11:22Estamos falando do herpes genital, que também é aquele da boca.
11:25Que tantas pessoas têm.
11:26Sim.
11:26É o mesmo vírus.
11:27É o herpes simples.
11:29Tipo 1 e tipo 2.
11:30Só que o tipo 1 é mais comum na boca.
11:32O tipo 2 manifesta mais na região genital.
11:34Mas pode ter também invertido.
11:36Então, hoje, com sexo oral, com troca de maquiagem, é fácil pra eu pegar um herpes.
11:41Bom.
11:42É.
11:42Troca de maquiagem.
11:43Troca de maquiagem.
11:44Maquiagem é uma coisa que não se deve trocar, emprestar.
11:48É.
11:48Me treme tudo.
11:52Troca a maquiagem.
11:53Ainda menos.
11:55Exatamente.
11:56Por quê?
11:56Porque o herpes, ele transmite antes de aparecer as bolinhas.
12:00Sim.
12:01No pródromo, que a gente chama.
12:03Às vezes, a pessoa tem um ardidinho naquele local.
12:05É onde ela mais transmite o vírus.
12:07Aí, no dia seguinte, ela acorda com a ferida.
12:09Aí, claro.
12:09Você não vai pegar o batom emprestado de alguém que tá com a ferida na boca naquele momento.
12:12Sim.
12:13Mas ela transmitiu antes.
12:14Mas, assim, onde que ela tá no pródromo?
12:17Da onde for aparecer.
12:19Ah, entendi.
12:20Se a pessoa for ter na boca.
12:20Eu achei que era um lugar específico.
12:22Se for na boca, ela vai sentir aquela irritação na boca.
12:25Se for genital, a pessoa sente uma dor naquele ponto ali.
12:29Uma coisa.
12:30E aí, quando...
12:31Na hora que ela vê, tem umas vesículazinhas, estouram.
12:35Entendi.
12:35Então, esse é o herpes simples.
12:36Eu pensei que o pródromo era um lugar.
12:38Aí, eu falei, gente, que parte do corpo é?
12:41Eu não sabia o que eu tinha.
12:42Mas mostra o seu pródromo antes.
12:43O pródromo esquerdo e o pródromo direto.
12:46O pródromo que a gente fala é sintomas prévios.
12:47É o sintoma prévio.
12:49Antes da manifestação da doença.
12:51E tem o herpes zóster, né?
12:52Também não confundo.
12:53O herpes simples é o que é transmitido sexualmente.
12:56O herpes zóster, não.
12:57O herpes zóster, que hoje tanto se fala da vacina após 50 anos.
13:01O herpes zóster é do vírus da catapora, da varicela.
13:03É a mesma família herpes.
13:05A família é grandona.
13:06Mas é lá pra baixo aí separam.
13:09O herpes zóster não é sexualmente transmitido.
13:11O herpes zóster também, por baixo de imunidade, ele manifesta.
13:15Só que aí ele vai manifestar, dá igual um cobreiro.
13:17Se você tem, às vezes, na reda da costela, no rosto.
13:20Leva pra benzer.
13:21É.
13:22Leva pra benzer, chama o cobreiro.
13:24É o herpes zóster.
13:25Esse é o herpes da catapora.
13:27Então, quem já teve catapora, né?
13:29E quem não teve também, tem mais chance de ter.
13:30Mas é o herpes zóster, normalmente, nos pacientes acima de 50.
13:34Apesar que tá começando a aparecer em pacientes mais novos.
13:38Pacientes mais jovens.
13:38Mas ele também é...
13:40Mas ele não é IST.
13:41Ah, tá.
13:42É porque eu quis falar.
13:43HEPs, né?
13:44É.
13:45Só pelo nosso...
13:46É.
13:46O vírus HEPs, seja qual deles, do HEP simples ou do HEP zóster,
13:49qual que é o problema desse vírus?
13:51Ele fica...
13:52Ele se aloja em algum nervo sensitivo da pessoa.
13:56Ele fica ali guardado o resto da vida.
13:58Por isso que vai dar...
14:00Aí ele vai manifestar com a lesão, com as vesículas, no caso do HEP simples ou da boca,
14:05no caminho daquele nervo que ele tá alojado.
14:07Ah, por isso que dói.
14:08Então, ele dá sempre no mesmo local.
14:10Por isso que dói tanto.
14:11Porque é no nervo.
14:13Entendeu?
14:14E essa relação de imunidade baixa e a doença reage, acontece com outras infecções?
14:22Todas é.
14:23O HPV, né?
14:24Que é o vírus, né?
14:25O HPV, às vezes...
14:28A gente tem alguns HPVs que estão relacionados ao câncer de colo uterino.
14:32O HPV, ele também pode ficar em latência na mulher e no homem por anos.
14:37Em algum momento que ele tem uma queda de imunidade, a idade conta como queda de imunidade.
14:42As pessoas vão, depois dos 30, pra frente, 40, 50 anos, a imunidade vai ficando cada vez mais baixa.
14:47Então, às vezes, um vírus que já tá ali em latência há um tempo, ele pode manifestar.
14:52Então, o herpes tem muito a ver com a baixa de imunidade, o HPV.
14:57Principalmente esses dois, em relação às ISTs.
15:00É principalmente em infecções virais.
15:03Por causa disso, o vírus, ele tem essa capacidade de ficar incubado.
15:06A infecção bacteriana, por bactéria, não.
15:09Minto, a sífilis também, ela entra em latência, né?
15:11A bactéria da sífilis.
15:14Qualquer doença, na verdade, a baixa de imunidade, hein?
15:17Já.
15:18Qualquer doença, ela pode ter mais facilidade pra manifestar.
15:21Uma pneumonia, qualquer doença.
15:23Não há doença.
15:24Uma dúvida que eu tenho, que você falou até sobre o HPV,
15:28é que a campanha vacinal, geralmente, ela é muito voltada pro público mais novo, né?
15:34Principalmente pras meninas.
15:35Sim, sim.
15:36Por que que tem essa necessidade, assim, de ter essa atenção desde quando é mais novinha?
15:41E por que, geralmente, é mais voltada pras mulheres?
15:43E por que que a gente não pode tomar vacina?
15:45Também sempre fiquei perguntando.
15:47Porque é até 13, né?
15:4914, eu acho, alguma coisa assim.
15:50Não, vocês perguntaram.
15:51Na verdade, não é mais.
15:53Ah, é?
15:54A vacina, quando entrou no Brasil, em 2014, a quadrivalente, que cobriam 4 vírus,
15:59hoje a gente já tem a nona valente.
16:01Os estudos, até então, mostravam que,
16:05entendia-se dos estudos que valia a pena tomar quem ainda não teve contato com o vírus.
16:11Porque depois que tiver contato com o vírus, não vai ser necessário,
16:14porque já vai ter a própria imunidade da doença natural.
16:18Então, por isso que eles focaram em adolescentes, meninos e meninas, não só meninas.
16:22É porque o foco, fala-se em meninas, com o câncer de colo de útero.
16:25Ah, sim.
16:26Esquece-se do câncer de pênis.
16:28E agora, hoje sabemos, câncer de boca, câncer anal, tudo é causado pelo HPV.
16:32Sim.
16:32Então, falava-se mais das meninas, porque pensando no colo de útero,
16:36em câncer de colo de útero.
16:38Mas, enfim, então focaram, o foco era adolescência, porque eles teriam que tomar vacina
16:43antes de começar a ter relação sexual.
16:45Porque na hora que ele entrasse em contato com o vírus, ele já teria imunidade.
16:48Seja menino ou menina.
16:49Então, entrou no Brasil, só que no Brasil que o foco era só ter de 9 a 14 anos.
16:55Na verdade, isso foi a escolha da idade pelo Ministério da Saúde.
16:58Eles focaram no...
16:59Não dá pra dar pra todo mundo, é uma vacina cara, então qual vai ser o melhor público?
17:04Ah, então o público dos meninos que não tem vida sexual ativa ainda.
17:07Porque em bula, a vacina já falava em até 26 anos.
17:11A primeira bula da quadrivalente.
17:13Era até de 9 a 26 anos.
17:16Mas é isso.
17:16Como entrou pelo Ministério da Saúde de 9 a 14, todo mundo entendeu que só criança
17:20que tem que tomar, adulto não precisa tomar.
17:23Eu lembro que eu, quando começou a ter essa campanha, há um bom tempo atrás, né?
17:28Eu já tava fora dessa faixa etária, mas passou um tempo, eu acho que por baixa adesão
17:33das pessoas, os postos de saúde estavam liberados.
17:36Aí eu fui, eu saí, eu falo com vacina.
17:39Aconteceu um ano só isso, que sobrou vacina, aí eles abriram até 18, 17 anos.
17:44Sim, eu tava mais ou menos nessa idade.
17:46Ah, é, uma só que foi feita nisso.
17:47Eu já tinha passado há muito tempo.
17:48Então, tem sorte.
17:49Agora, inclusive, informação importante, acabou de, o Ministério da Saúde liberou
17:53de 9 a 19 anos, uma dose única.
17:57Justamente pra pegar aquela, aqueles meninos que ainda não tomaram, que perderam, até
18:0119 anos, está se tomando no posto.
18:03É liberado pra todo mundo.
18:05De 9 a 19, mas aí eles passaram pra uma dose única.
18:07Porque, na verdade, até 15 anos são duas doses.
18:11Acima de 15 anos são três doses.
18:13Aí o governo estabeleceu essa meta aí, que é uma meta da Organização Mundial de Saúde,
18:18que até 2030, 90% da população seja vacinada.
18:22Então, ampliou-se aí, tá?
18:25Mas, enfim, aí entrou a nova vacina.
18:27A nova vacina, que é a nona valente, que cobre nove vírus, né?
18:31A quadri, cobre quatro.
18:33A nona, cobre nove.
18:35Desses nove, os quatro vírus que já estão na quadrivalente, mais cinco vírus.
18:39Essa vacina já está na rede particular e agora a bula vai de nove a quarenta e cinco
18:44anos.
18:45Sendo que, só que no Brasil que existe esse limite de idade, de quarenta e cinco anos,
18:49porque a Anvisa exige limite.
18:51Porque lá fora, a vacina é acima de nove anos.
18:53Ou seja, toda mulher, todo homem, que acha que pode entrar em contato com um novo vírus,
18:58que, principalmente, aqueles que ainda não têm parceiro fixo, na verdade, todo mundo
19:02deveria tomar.
19:03Mas, principalmente, quem não tem que...
19:05Porque a cada exposição nova, com um novo parceiro, aumenta 30% o risco de entrar em
19:10contato com um novo vírus.
19:12Porque nós temos N vírus, tem relacionados ao câncer de código, pelo menos uns 30 tipos
19:17de HPV.
19:18Nossa.
19:19Entendeu?
19:20Então, qualquer pessoa, a gente brinca, qualquer pessoa que esteja na pista, era bom que tomasse
19:24a vacina.
19:25Ficou solteira.
19:26A vida do solteiro, ela não é fácil.
19:28Mas é só solteiras, casados também, né?
19:31Que pode ter visita extra.
19:32Depois de ter uma surpresa, desagradável.
19:34A gente não sabe.
19:35Então, aí, a gente tem falado muito isso agora nos consultórios e tal, assim.
19:40Agora, não vai entrar pelo Ministério da Saúde.
19:42Ah, já.
19:42Essa nova vacina.
19:44E ela é muito cara?
19:45É uma vacina cara.
19:47As três doses, né?
19:48Então, de dois mil e quinhentos reais.
19:50É, mas é dois mil e quinhentos reais protegendo sua vida, né?
19:53E a gente mudou muito a população, né?
19:58Hoje, exatamente isso.
19:59Hoje, são muitos divórcios acontecendo a partir dos 30 anos, as pessoas voltando
20:04pra pista.
20:06Então, assim, adquirir imunidade pra esses vírus que são tão agressivos, né?
20:13O câncer de colo de útero, ele ainda é a câncer que mais mata a mulher no Brasil, né?
20:19E a vacina é a prevenção primária, ou seja, a pessoa tomou a vacina, o vírus, entrou
20:24em contato com o vírus, ó, tchau.
20:26Aqui você não entra.
20:27Sim.
20:27Tem anticorpo a impedir.
20:29Porque tem outra forma de evitar o câncer de colo de útero?
20:31Claro que tem.
20:32É só ir ao ginecologista e fazer o exame de prevenção.
20:34O exame citológico, como é feito.
20:36E ele vai detectar, a citologia, as alterações que já estão instaladas pelo vírus.
20:42E aí vai se tratar aquela lesão pra não virar câncer.
20:45Então, por isso que chama prevenção de câncer de colo de útero.
20:47Esse preventivo, todo mundo faz.
20:50A gente chama de prevenção secundária.
20:52Por quê?
20:52Porque a gente já pega a infecção que já foi instalada.
20:54E a infecção pela vacina, a prevenção, é a prevenção primária, ou seja, pra nem
21:00deixar o vírus incubar e progredir ali, né?
21:03E não é só a mulher.
21:05Então, homens, câncer de pênis, câncer de língua, câncer de anal.
21:11Mulheres, câncer de colo, de útero e vagina, câncer de boca, câncer anal.
21:16Então, ou seja, todo mundo deve tomar a vacina, quem puder.
21:20Além desse preventivo, tem tipo assim, eu sei que pro HIV você tem aqueles testes rápidos.
21:26Sim.
21:27No HPV não tem não?
21:28Então, o HPV, acabou de acontecer a aprovação do Ministério da Saúde, que agora a prevenção
21:37vai ser feita pelo detecção, pelo exame que detecta o vírus.
21:42Ah, tá.
21:42Que a gente tem.
21:43Não.
21:44O exame é coletado ali no colo do útero, na vagina.
21:46Ah, tá.
21:47No homem, no pênis.
21:48E aí vai fazer o exame, é o teste molecular, é o teste PCR.
21:54Igual o PCR que faz o de COVID.
21:56Ah, sim.
21:56Sim.
21:56De COVID não tem que colher ele no nariz?
21:58Aham.
21:58Mesma coisa, colhe o material e manda.
22:00Então, o método de rastreamento do câncer de colo de útero no Brasil foi aprovado
22:06ano passado pelo Ministério da Saúde, que seja não pela citologia, vai ser pelo teste
22:09HPV, como já é feito lá fora.
22:11Na verdade, isso também tá se implantando em vários outros países.
22:15Então, pra que vai servir isso?
22:16A pessoa vai lá no consultório, colhe o material e testa o HPV.
22:21Quem não tiver HPV, negativo para os tipos mais importantes, ela pode ficar até 5 anos
22:27sem colher nova, fazer novo teste.
22:31Entendeu?
22:31Porque se ela não tem o vírus, ela não vai ter câncer, não vai ter lesão de colo
22:35pelos próximos 5 anos, pelo menos.
22:37O preventivo, desculpa te interromper, o preventivo ele é todo ano, né?
22:43Indicado.
22:43Então, pelo Ministério da Saúde, depois de 2 exames anuais normais, pode passar pra 3
22:47em 3 anos.
22:47Ah, sim.
22:48Mas acaba que assim, a rotina acaba sendo anual nos consultórios, na rede público,
22:53na rede particular, porque a pessoa vai no médico pra ver outras coisas, a gente acaba
22:57colhendo a citologia.
22:58Mas ela já poderia ser feita de 3 em 3 anos.
23:01Os protocolos do Ministério da Saúde, mesmo nos outros países, os protocolos de saúde
23:07pública, é de 3 em 3 anos.
23:09E aí o teste HPV vai poder ampliar pra 5 anos.
23:12Pra que isso?
23:13Exatamente pra desafogar os serviços.
23:15Fez o teste, deu tudo negativo?
23:17Pra que fazer a citologia dela?
23:19Pra que ocupar o consultório, o horário do médico pra colher a citologia?
23:23Mas aí a gente fez o teste e já podia dar a vacina, né?
23:26Também, né?
23:27De graça.
23:28Ah, é.
23:30E inclusive uma pergunta que as pessoas fazem, ah, pra tomar a vacina eu tenho que fazer
23:33o teste primeiro?
23:33Pra saber se eu tenho?
23:34Não.
23:35Independente do teste.
23:36Porque se deu tudo negativo, vai tomar, porque aí é ótimo.
23:40Se entrar em contato, eu tô vacinada.
23:41Se der positivo, tomar a vacina também é benéfico, porque a imunidade que vem pela
23:47vacina, ela é mais eficaz pra bloquear o vírus do que a imunidade natural pela infecção
23:52que a pessoa tem pelo vírus que ela já tem ali.
23:54Sim.
23:55Entendi.
23:55Entendeu?
23:56Então até a própria pessoa que já tá com uma lesão, uma NIC, a gente chama de NIC,
24:00as alterações do colo, que são lesões pré-câncer, que vão ter que fazer uma cirurgia
24:04do colo, essas pessoas são orientadas hoje a tomar a vacina, porque ela vai tirar a lesão
24:08e a vacina vai o quê?
24:10Vai lá bloquear o vírus que já tá ali.
24:13Entendeu?
24:13Ou seja, libera a vacina pra todo mundo.
24:15É, libera a vacina.
24:17Quem sabe se consegue, né?
24:19Sim.
24:20Uma coisa que eu fico curiosa, igual você falou agora há pouco em uma pergunta que a
24:25gente fez, sobre pessoas que, mulheres também, né, principalmente, que vão no consultório,
24:32vão em busca de uma ajuda, um auxílio, assim, e acabam não querendo fazer os exames pra
24:39detecção de IST.
24:42Eu entendo que aí não tem como, né, você, por exemplo, que é médica, agir nesse caso
24:47porque precisa da autorização da pessoa.
24:49Mas eu fico pensando, o que que passa na cabeça da pessoa de não tentar nem descobrir
24:54se tem algo de errado, porque o tempo nessas doenças é muito importante, né, o diagnóstico
24:59rápido.
25:00Sim, total.
25:01Na verdade, quando a gente explica, as pacientes acabam, né, cedendo, né, porque é o que
25:08a gente fala.
25:09Às vezes as pessoas falam, sabe, eu não quero fazer não, porque se eu tiver já tô perdida
25:12mesmo.
25:13Falo, não, se você tiver um HIV, você vai fazer, vai iniciar o coquetel e você não
25:20vai ter a doença.
25:21Agora, se não descobre, na hora que você vai descobrir, você já tá doente, aí não
25:24tem mais jeito.
25:25Mesmo assim, tem jeito, né, mas assim, a sífilis, mesma coisa.
25:29Eu falo, basta tomar um antibiótico, você tá curado.
25:32Então, assim, não tem porquê não fazer o exame.
25:34Sim.
25:34Mas as pessoas têm medo, né, é realmente fácil fazer um exame ali que as pessoas pensam
25:41que é a pena de morte dela.
25:43A gente tem que explicar que não é a pena de morte, né, que é exatamente pra que ela
25:47tenha a chance de se curar.
25:48mas qualquer IST, o estigma, né, as pessoas têm muita vergonha, né, de falar que tá com
25:56alguma doença, porque elas já pensam que por trás disso já vão falar que ela é promíscua,
26:01né, e a gente sempre explica, ninguém precisa ser promíscuo a pegar nenhuma dessas, basta
26:06uma relação sexual pra se pegar uma.
26:08Então, ninguém, não é promíscuo que vai pegar isso, né, vai pegar qualquer infecção.
26:12Então, mas o HIV, o estigma é muito grande.
26:16Em geral, o paciente HIV, quase ninguém da família sabe, em geral, assim, mal, mal,
26:24se é casada, o marido sabe, a esposa sabe, muitas mulheres, os filhos não sabem, a mãe
26:31não sabe, né, por causa disso, existe muito essa questão que as pessoas acham que vai pegar
26:36depois se usar o mesmo banheiro daquela pessoa, se sentar na mesma cadeira, se sentar,
26:40então, se pegar na mão, se der um beijo, né, então o estigma é grande, e mais com
26:47HIV, por causa disso, porque realmente, queira ou não, é o vírus mais temido, ainda é,
26:52porque é o único que não tem cura, não tem vacina até hoje.
26:56É, mas ele fica negativado, fala, como é que fala?
26:59Sim, exatamente, quando esse negativo, a pessoa, a pessoa positiva, ela começa o uso do álcool,
27:05na verdade, muitas vezes, ela não precisa nem fazer o uso do coquetel de imediato, né,
27:09vai fazer a dosagem do CD4 e tal, nem todas começam o coquetel assim, que descobre que tem um HIV,
27:15mas ela fica sob vigilância, porque antes que possa baixar o CD4, ela vai iniciar o...
27:20E quando, praticamente, se negativa, ela nem vai transmitir pra outra pessoa.
27:27Mesmo se existir um contato com o sangue da pessoa?
27:30A pessoa estando com a carga viral quase negativa, ela transmite, ela não transmite fácil, não.
27:38É claro que até hoje, sim, quem é doador de sangue, não se doa.
27:43Por isso que, muitas vezes, existem muitas restrições pro doador de sangue, né?
27:48Não sei como está hoje, posso estar falando babagem, mas, assim, quem tinha tatuagem não podia fazer no doador,
27:54acho que no primeiro ano, por um tempo, por causa disso.
27:58Primeiro, que pode ser uma pessoa que está com a carga viral muito baixa, a carga viral, né?
28:02A carga viral mesmo, a carga viral muito baixa, não detectável, e ele ser um soro positivo, né?
28:08Pode estar na janela sorológica, que é quando a pessoa se infecta, e, às vezes, ela demora três meses pra produzir o anticorpo contra aquele...
28:17Então, a doença vai demorar três meses pra ser diagnosticada.
28:19O vírus vai demorar três meses pra ser detectado no exame.
28:23Essa janela sorológica, ela é importante, entendeu?
28:28Mas já pode tomar o PEP, né?
28:31O PEP é até 72 horas, né?
28:33Ah, tá. Entendi.
28:33Então, assim, se teve relação com uma pessoa suspeita, sim, nas primeiras 72 horas, viram serviço no hospital pra fazer o PEP.
28:42Entendi.
28:43O que que uma pessoa suspeita, né?
28:45O que que é o PEP?
28:46É, vamos falar o que que é o PEP também, porque a gente tem essa conversa extremamente.
28:49É, a proteção pós-exposição, né?
28:52Que aí vai usar os medicamentos mesmo.
28:55É uma combinação das medicações pro vírus, né?
28:58Pro HIV.
28:58Ela toma uma dose ali pra, o quê?
29:02Eliminar aquele vírus que tiver penetrado, que tiver já correndo no sangue dela, né?
29:07Mas é isso mesmo.
29:08O que que é uma relação suspeita?
29:10É.
29:11É qualquer um, né?
29:11É.
29:12O estupro é o que a gente já sabe que, né?
29:15A pessoa vai procurar um serviço, um pós-estupro.
29:18Ou isso, né?
29:19Ah, tem várias situações.
29:20De repente, a pessoa fica com fulano.
29:22No outro dia, ela fica, sabe que o fulano tem esse registro?
29:24Isso acontece.
29:25Doutora Adriana, a gente tem um quadro que chama Não é Invenção Mesmo, onde você
29:31conta pra gente uma história, um relato sobre algum paciente, claro, né?
29:36Se você puder contar.
29:37Ou alguma situação que exemplifique a nossa história de hoje.
29:45Eu tenho uma paciente, até você me falou de uma história, ela é soropositiva.
29:51Ela namorou, acho que três anos com uma pessoa, terminou o namoro, beleza.
29:57Tá vivendo a vida dela.
29:59Acho que depois de um ou dois anos, ela encontrou com um parente no ônibus, tendo um ônibus.
30:06E essa pessoa veio atrás dela.
30:08Você tá bem?
30:08Tá tudo tranquilo e tal?
30:10Tô.
30:11Aí ficou rodeando.
30:12Você não tá sabendo?
30:13Você não tá sabendo do fulano?
30:14Ele morreu.
30:15Ele era soropositivo, ele tinha HIV e tal.
30:20Você não sabia?
30:22Aí ela, não e tal.
30:23Aí quando ela foi fazer o exame, ela soropositiva.
30:26Isso também é uma coisa que...
30:27Então ela descobriu por acaso, né?
30:30Socorro, Jesus!
30:32É uma coisa que o estigma atrapalha muito, né?
30:35Da pessoa.
30:36E na verdade, a história é que durante todo o namoro ele já tinha.
30:39Nossa!
30:40E ele já sabia?
30:42Não, se ele morreu pode ser que ele não tava tratando.
30:45Pode ser que ele não sabia.
30:46Eu pensava muito pras pacientes e é isso.
30:48Pras minhas pacientes.
30:50Deixa eu te falar.
30:50Os homens, muitas vezes, eles não sabem o que eles têm.
30:52Eles não vão no médico, né?
30:53Eles não vão no médico.
30:54Eles não vão no ginecologista que vão brigar e ele fazer o exame, igual a gente faz com vocês.
30:58Sim.
30:59Então, às vezes nem é por maldade.
31:01Alguns sim.
31:01Sabem que são e querem passar pra frente.
31:05Infelizmente.
31:05Tem pessoas assim.
31:06Mas a maioria é porque não sabe mesmo.
31:08Sim.
31:09Eles só descobrem quando tá lá na beira da morte, né?
31:12É.
31:12Eu sempre falo, gente.
31:14A gente tem que fazer exame adivinucional.
31:17Igual faz a empresa.
31:19Exame adivinucional.
31:20Vamos começar a ver o relacionamento.
31:23Entra no rinco.
31:25Gente, vai dar uma.
31:26Exame de exame.
31:27Isso é totalmente enviado.
31:30Eu tenho uma amiga que ela faz isso.
31:33Eu acho ela perfeita.
31:34Ela impecável.
31:35Ela fala, então, tem que fazer xxx exame.
31:38Vamos começar nosso relacionamento a partir disso.
31:42A maioria, eu falo, usa preservativo um tempo.
31:46Vamos tirar o preservativo?
31:48Então, vamos fazer o exame primeiro.
31:49Vocês fazem, eu faço.
31:51Depois de ver o exame, a gente tira o preservativo.
31:53Tem que ser assim, gente.
31:54Tem.
31:54Tem que ser assim.
31:55E eu acho que é importante também você comentar, já a importância do preservativo em si.
32:03É fatal.
32:06100%.
32:06Porque, assim, as pessoas, elas ficam, ah, não.
32:09Tem ainda esse discurso, né?
32:11E acham que é uma banalidade.
32:13É uma coisa mais pra evitar gravidez.
32:16Ou então, uma vezinha não vai dar nada.
32:19Só que, quanto é?
32:21Qual é o limite?
32:22A linha tênue?
32:22Uma vezinha é o suficiente pra pegar uma doença, não é?
32:26É o suficiente.
32:27Total.
32:28Uma sífilis, uma, basta uma relação sexual.
32:30E o HIV, às vezes, basta uma relação.
32:32Pode acontecer, ainda mais que hoje, tem muito comum relação anal, entendeu?
32:37E, às vezes, numa primeira relação, já vai pra relação anal.
32:40A relação anal, a gente sempre fala, tem que ser com preservativo.
32:43A relação anal, ela é muito mais perigosa do que a relação vaginal.
32:47Então, eu falo muito com meus pacientes.
32:50Não usa na vaginal, mas se for ter a relação anal, naquele momento, tem que colocar o preservativo.
32:55Tanto pra pessoa, o ativo e pro passivo?
32:58O passivo, principalmente.
33:00O maior problema é pro passivo.
33:02Porque ele é que vai machucar a pele e o esperma vai nele.
33:08Então, é o passivo.
33:09É a mulher, é o homossexual passivo.
33:13O maior problema é, principalmente, mas o ativo também, sim.
33:15Sim, o que eu queria te perguntar, assim, as mulheres lésbicas, né, que tem relação...
33:19Só terminando, então, o preservativo é 100%.
33:23Na verdade, a gente fala que o preservativo é 100%, tanto pra gravidez...
33:26Nada é 100%, né, lógico.
33:28Pode ser 9,99.
33:30É eficácia pra evitar a gravidez.
33:31É altíssimo, é muito boa o preservativo.
33:33E a eficácia pra evitar, ele só não é, não protege muito pro HPV.
33:40Porque o HPV é de contato, ele não é um vírus de esperma.
33:44Mas é pra sífilis, hepatite B, HIV, clamídia, esses outros todos, o método de barreira é que evita.
33:54Então, o HPV, independente do...
33:57O HPV, mesmo se usar preservativo, porque ele é um vírus de pele, ele não tá na corrente sanguínea, ele não tá no esperma.
34:05Entendi.
34:05E é muito comum, né, às vezes, numa relação, brinco, brinco, brinco, e depois é que coloca o preservativo.
34:09É.
34:10Então, naquele contato ali, a transmissão já pode acontecer.
34:13Pois é, isso que eu queria saber, porque as mulheres lésbicas, geralmente, não usam nada, né?
34:17Sim, e o maior, o público hoje, que é o maior problema, em termos de infecções de ISTs, é ações lésbicas.
34:29Porque não existe um método de barreira eficaz pra elas.
34:32É, e que seja bom também, né, que seja...
34:35Prazeroso, que funcione melhor.
34:38Por exemplo, a camisinha feminina, ela também funciona da mesma maneira que a camisinha masculina, nessa questão de ser um método de barreira, né?
34:44Sim, sim. Mas a camisinha feminina é pra penetração, né?
34:48Então, é, justamente. Então, ela já não facilita...
34:50Agora, é claro, a gente fala que é o maior problema, mas assim, até infecção, por exemplo, o Gaginerela, que não é IST, né?
34:58Mas é aquela bactéria que dá um odor na vagina.
35:00É altíssima entre elas, porque a saliva, né, a saliva, o sexo oral é muito praticado, praticado em qualquer público, mas assim, elas muito.
35:13E outra, usam muitos brinquedinhos sem proteção, brinquedinhos que às vezes não estão limpinhos.
35:18E eles transmitem muito essas bactérias, né?
35:21Isso também é uma coisa importante, né? Usar até os brinquedinhos com camisinha.
35:25Agora, é claro, se uma paciente é soropositiva e a outra não, pra HIV, lógico que a chance de transmissão entre elas vai ser menor.
35:33Aí é maior entre hétero ou homo masculino.
35:38Porque elas, né, tá no sangue, então assim, o contato de esperma, não existe esperma, e o contato de sangue ali não vai acontecer, né?
35:47Então, quando eu falei, só corrigindo, que é o maior problema, é pra essas outras coisas, entendeu?
35:52Cândida, né, elas que nunca se resolvem, pacientes estão sempre no consultório, vaginoses, que a gente fala.
35:57Sim.
36:00Cândida, né, e cuidado que elas têm que ter com esses brinquedos.
36:07Sim. E candidice, pode pegar na boca também?
36:09A cândida, ela pode, né, em qualquer parte do corpo, até um pouco do estômago.
36:13Que isso!
36:14Nossa!
36:14É, pacientes soropositivos, homens e mulheres HIV, aidéticos, eles têm cândida de esôfago, cândida de estômago.
36:23O fungo, ele implanta em qualquer mucosa.
36:28Sim.
36:28Aí ele tá extremamente relacionado com a imunidade.
36:31Então, quem tem imunidade, bebês, bebês têm às vezes sapinho, que a gente chama de sapinho.
36:35Sim.
36:36É cândida na boca.
36:37Ai, não sabia isso.
36:38Agora, nas mulheres, a maior frequência maior é a vaginal mesmo.
36:42Por quê?
36:43Porque a vagina tem um ambiente adequado pro fungo, né?
36:45Que é mais molhadinho, quentinho, abafado.
36:48O fungo gosta de lugar úmido e abafado.
36:51Sim.
36:51Homem, quase não tem cândida no pênis, porque não é um ambiente muito favorável pra cândida.
36:56Entendi.
36:57Agora, eu queria saber o seguinte, tem o PrEP, né, que é aquele, não sei se é um remédio que toma antes de ter contato com o vírus.
37:07É só pra HIV?
37:09Só pra HIV.
37:10Não existe um PrEP pra outras doenças?
37:14Não, porque, na verdade, se você usar um antibiótico que pra outras, sífilis, clamídia, gonorreia, né, que são as três que a gente trata, que se previne, por exemplo, na PEP, faz tratamento pra essas três, pós-estupro e tal.
37:31Mas se você usar um antibiótico antes de ter exposição, aí é demais.
37:36Puxa uma coisa, pelo amor de Deus.
37:38Você vai criar resistência.
37:40Resistência.
37:40Aí quando ela realmente tiver contato com aquele, com aquela, não vai tratar.
37:44Já não vai tratar, já é.
37:45Então, é só pra HIV.
37:46Mas usar muito o PrEP pra HIV também não é um problema?
37:52É um problema.
37:52É, né?
37:53Sim.
37:53Então, assim, é melhor que...
37:55Preservativos.
37:57É.
37:57Isento de risco.
37:58Custa.
37:59Custa.
38:00E hoje tem tantos preservativos, né, preservativos fininhos, preservativos que não tiram o tato.
38:07O atrito.
38:08É.
38:08Preservativos cheirosinhos, com gosto.
38:11Tem milhões de preservativos.
38:12As pessoas têm que entender que salva vidas.
38:16Sim.
38:17Esse é o mercado da indústria, assim, farmacêutica que a gente tem que comentar.
38:20E as mulheres têm que largar de ser machista, porque eu falo que quem é machista é a mulher.
38:24Elas têm que carregar o preservativo.
38:26Sim.
38:26Não é esperar que o homem tenha o preservativo na hora gale, não.
38:30Ela tem.
38:31Mesmo que se depender do homem, ele sempre...
38:32Não vai ter.
38:33Tem o discurso, né?
38:35Total.
38:35Que, ah, não, é mais confortável.
38:37Então, pra ele, ele sempre vai preferir isso aí.
38:39Sempre.
38:40Eu falo, mas não é assim.
38:41Quando ela fala, ah, doutora, mas ele é confiável.
38:43Deixa eu te falar.
38:44Ele quis usar o preservativo com você?
38:45Não.
38:46Você é a única do mundo?
38:47Não.
38:48Então, se ele não quis usar com você, ele não usa com nenhuma outra.
38:50Então, ele não é confiável.
38:51Concorda?
38:52Sim.
38:52Nossa.
38:53Faz todo sentido.
38:54Quantas vezes?
38:56Eu já caí, né?
38:59Todas, querida.
38:59Não, não, não, não preocupe.
39:02Todas.
39:02Eu sempre falo, acorda, arrebenta pro lado mais fraco.
39:05É.
39:05Nesse sentido, vai arrebentar pro lado da mulher.
39:08Ela é que vai ter o maior risco de pegar qualquer coisa, além da gravidez.
39:12Sim.
39:13Né?
39:13Não, mas...
39:14Pelo que a gente entendeu aqui, a gravidez é super nova.
39:18É o mínimo.
39:18É o menor desses problemas.
39:20Gente, às vezes eu tenho que aconselhar pacientes minhas.
39:23Às vezes eu falo que usam pílula, eu falo, deixa eu te falar, não conta que você toma
39:27pílula.
39:28Porque se o parceiro souber que você usa pílula, acabou.
39:30Acabou.
39:31Mas se ele achar que você não usa, muitos têm pavor e eles têm pavor e a gravidez.
39:36Ah, sei.
39:37Não uso nada.
39:38Porque tem lei, né?
39:38É.
39:40Porque tem o negócio da pensão.
39:42É.
39:42Não conte que você usa deal.
39:45Ah, boa ideia.
39:46Não uso nada, querido.
39:48Caramba.
39:49É.
39:49Ou é isso, ou então a pensão vai, ó.
39:52É.
39:52Daqui a pouco vai, né?
39:53Eles só têm medo de gravidez.
39:55A mulher tem medo de doença.
39:56O homem só não tem medo da gravidez.
39:58Eu queria perguntar pra gente saber, assim, também.
40:00Quando a pessoa é diagnosticada, quais são os primeiros passos, assim, dependente de qual
40:05IST?
40:06Normalmente, se ela fizer os exames, isso é um médico que pediu.
40:09Né?
40:09A maioria das vezes, no caso das mulheres, muitas vezes somos nós que pedimos, né?
40:13Porque dificilmente uma pessoa vai consultar com um infectologista.
40:17Então, em geral, a gente é que vai ver aqueles exames que a paciente fez.
40:22E aí depende.
40:22Se for um caso do HIV, né?
40:24Paciente HIV positivo, a gente encameia-la imediatamente pra infectologia.
40:29Então, se for serviço pelo SUS, existe os serviços pra atender essas pacientes.
40:33Orestes, NIS, lá no HC, enfim.
40:35Roberto Cavalcante, a gente já tem os centros especializados em ISTs, entendeu?
40:40E ela vai se tratar, daí pra frente, com infectologista.
40:43Se é uma sífilis, uma clamídia, uma gonorreia, nós mesmos é que tratamos o paciente.
40:50E aí a gente sempre pede, se existe um parceiro atual, né, fixo, a gente pede pra que ele procure
40:56o médico.
40:57Porque nós somos, pelo CRM, pelo código de, né, do nosso conselho, a gente não pode
41:05a gente fazer isso antes.
41:07Prescrever pro parceiro.
41:08Nós somos proibidos prescrever pra um paciente que não é médico, paciente nosso.
41:12Entendeu?
41:12Então, a gente tem que recomendar.
41:15Às vezes é muito comum, quando é um tratamento mais simples, da gente passar pra paciente e
41:20falar, ó, essa aqui é pro seu parceiro.
41:22Porque a gente sabe que às vezes vai acontecer do parceiro não tratar.
41:25Então, HIV, infectologista.
41:28As demais infecções, na maioria das vezes, somos nós, ginecologistas, que tratamos mesmo.
41:33E aí sempre a gente pergunta isso.
41:34Tem um parceiro, ele precisa tratar, ele precisa fazer o exame e tal, né?
41:39Tem que comunicar.
41:43Como comunicar?
41:44É isso.
41:45Tem que chegar e falar.
41:47Não tem outra.
41:48Não explica muito pra elas.
41:50Olha, tira essa ideia de que se você tem alguma coisa, você é promíscuo.
41:53Não tem nada disso.
41:55Todo mundo que tem vida sexual ativo tem chance de ter uma infecção em algum momento
42:01da vida.
42:02Isso não é vergonha, isso não é promiscuidade.
42:05Então, e é importante que avise.
42:08Tem determinadas coisas que, às vezes, você não quer falar pra mãe, pro pai, ok.
42:11Mas o parceiro tem que ser sempre comunicado.
42:13Ou a parceira, né?
42:15Só em relação ao HPV, que muitas vezes a gente deixa a paciente à vontade.
42:21Porque, tipo assim, muitas perguntam, ó, doutora, eu tenho esse HPV aqui no exame?
42:24Às vezes ela não tá com nada.
42:25Ela não tem verruga, ela só deu positivo no exame.
42:28Eu tenho que falar com o meu parceiro, né?
42:29E a gente sabe que isso, às vezes, cria um problema conjugal.
42:34Porque, muitas vezes, eles vão ao médico deles, que é o urologista.
42:37E o urologista é frequente, é o que a gente mais vê.
42:40E, infelizmente, eles viram pra mim e falam, não, você não tem nada, não.
42:42É ela que tem.
42:44Criou-se o problema, e tem.
42:45Mas é porque o HPV não é tão fácil de detectar.
42:48Concorda?
42:49A paciente a gente detecta porque a gente examina o colo do outro,
42:51a gente vai ver a manchinha lá, ou porque ela faz a citologia.
42:54O homem não faz esse tipo de exame.
42:55É um exame clínico.
42:56E, clinicamente, só olhando o órgão genital do homem, você pode não ver nada.
43:01E aí, cria-se esse impasse.
43:03E como os estudos mostram pra gente hoje, que se a paciente fizer o tratamento dela,
43:07ele tratar ou não, não vai fazer diferença?
43:09Porque, assim, na verdade, ela vai se tratar já.
43:12Se é uma lesão já instalada, ela vai tratar aquela lesão.
43:15Então, a gente deixa o paciente muito à vontade.
43:16Se não quiser falar com o parceiro, não quiser, aí a gente deixa que ela fale.
43:21Agora, se é uma sífilis, uma gonorréia, não, tem que falar.
43:23Porque, senão, ele vai continuar transmitindo e ele não vai se tratar, né?
43:26Sim, porque aí, com certeza, pode ser que ele tenha.
43:29Sim, sim, sim.
43:31Muito obrigada, doutora.
43:32É importante também, né, que a gente tem nosso perfil, a gente tem nosso Instagram.
43:37Então, pedir pra que...
43:38Se quiserem marcar no Instagram, é ótimo.
43:40Não, ótimo.
43:41Se quiserem pegar...
43:42Mas pedir pra que sigam a gente.
43:44E quem quiser contar a história, ou trazer alguma informação, compartilhar com a gente alguma coisa,
43:49o arroba no Instagram é nãoainvenção.
43:51nãoainvenção, sem o Cedilha e o tio.
43:55Ah, tá.
43:55E o e-mail é nãoainvenção, arroba gmail.com, ponto com, né?
44:01Não tem o nome, é ponto com.
44:03Ah, beleza.
44:04É diretão, não é invenção, sem nada, sem nenhum acento, né, Cedilha.
44:08Isso.
44:08E qual que é o seu perfil no Instagram?
44:10Então, porque eu tenho dois, mas eu gosto do Dimética.
44:12É doutora, underline, Adriana, underline, Lucena.
44:15Então, tá bom.
44:16Muito obrigada, gente.
44:17É isso.
44:18Obrigada, gente.

Recomendado