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  • 08/07/2025
Bruno Pascon, sócio-fundador e diretor da CBIE Advisory, analisa o potencial energético do Brasil e esclarece a situação do país quanto à geração de energia limpa.

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Transcrição
00:00Bruno, vamos começar pela questão fundamental.
00:03O Brasil tem uma das matrizes de energia mais limpa do mundo.
00:06Isso é um ativo.
00:07Mas essa falta de planejamento estratégico do setor
00:10vem comprometendo a capacidade de transformar esse ativo
00:13num grande alavancador da retomada do crescimento
00:17e da segurança energética do Brasil, não é?
00:19Exatamente.
00:20Eu sempre costumo dizer que sem segurança energética
00:23não tem crescimento econômico.
00:25E sem segurança energética e segurança alimentar
00:28você não tem bem-estar social.
00:31Então, o Brasil hoje, em termos de matriz,
00:33ele tem cerca de 50% da matriz energética
00:37é composta por fontes renováveis,
00:39enquanto que o mundo tem só 17%.
00:41Então, o Brasil é três vezes mais renovável
00:44do que o resto do mundo.
00:46E na matriz elétrica, a gente já alcançou
00:4888% de percentual de matriz renovável,
00:53enquanto o mundo ainda tem por volta de 38%, 40%.
00:57Então, somos uma referência global nesse sentido.
01:01Agora, não quer dizer que isso nos traz
01:03uma responsabilidade menor de planejamento.
01:07Quando a gente fala de planejamento do setor no Brasil,
01:11desde 2009 para cá,
01:13a gente concentrou muito a expansão
01:15da matriz elétrica brasileira
01:17em fontes renováveis e intermitentes,
01:20como é a eólica e a solar.
01:21São muito importantes para o país,
01:24são renováveis,
01:25mas elas não trazem segurança energética.
01:28Então, para trazer segurança energética,
01:30não tem jeito.
01:30Tem que ser uma fonte capaz de ser estocável.
01:34Água ou algum tipo de combustível,
01:36seja ele o nuclear ou combustível termoelétrico,
01:39como tem o gás natural ou o próprio biometano.
01:43Então, o Brasil abriu um monte de construir
01:45e garantir essa segurança energética,
01:46focando mais de 90% da expansão da matriz elétrica
01:52nessas fontes intermitentes,
01:54enquanto não esteja o mesmo tipo de preocupação
01:58com as fontes que a gente chama de despacháveis,
02:00do inglês, a base load.
02:03Sem essas fontes despacháveis,
02:04eu não tenho como prover segurança energética.
02:07Então, isso é fundamental
02:08que a gente retome um planejamento
02:10do setor energético brasileiro,
02:13que não olhe só o atributo do preço,
02:15mas olhe assim,
02:17qual que é o custo que cada fonte traz
02:19para o sistema como um todo
02:21para garantir que eu vou ter energia elétrica
02:2324 horas por dia, 7 horas, 7 dias da semana?
02:28Então, isso é importante explicar.
02:30Quando você diz que nós investimos muito
02:32em energia eólica e solar,
02:34significa que elas têm um pico de produção
02:37e que depois de alguma hora do dia não produzem.
02:39A energia solar, porque evidentemente
02:40na noite não se tem energia solar,
02:43e a energia eólica também.
02:44para o vento em alguma época do ano ou do dia,
02:48e aquilo não gera tanta energia.
02:50Então, o que você está dizendo
02:51é que nós precisamos das termoelétricas
02:54para garantir que nós tenhamos energia
02:56sendo provida ao público todo o tempo,
02:59e não só depender do sol ou do vento.
03:02Ou seja, precisa ser uma fonte de energia confiável.
03:05E isso são as termoelétricas.
03:06Exatamente.
03:07Ou as hidrelétricas,
03:08mas o grande potencial hidrelétrico brasileiro,
03:10a gente esgotou da década de 40 até 80.
03:14Então, o potencial remanescente,
03:16ele é muito concentrado na região amazônica,
03:19que é uma região de planície.
03:20Então, se você construir hidrelétricas
03:22com grandes reservatórios,
03:24você teria que inundar uma área muito grande.
03:26Então, as usinas que foram construídas hidrelétricas
03:29de 2010 para cá,
03:31são todas usinas fio d'água,
03:33ou seja, que ela também depende
03:34da variável natureza para gerar energia.
03:37Ela não estoca uma quantidade.
03:40Então, de fato, termoelétrica ou nuclear
03:41são as fontes que conseguem trazer
03:44essa segurança energética.
03:46E tem ocorrido, assim, no mundo,
03:47um aumento significativo dessas fontes,
03:50se a gente for olhar nos últimos anos,
03:52exatamente fruto dessa revolução industrial 4.0
03:57que a gente está vivendo.
03:58Quando a gente fala de solar e eólica,
04:00só para ter uma ideia de grandeza,
04:02para cada unidade que eu tenho de potência
04:06de uma usina solar,
04:08ela só vai gerar entre 20% a 25%
04:10dessa unidade de potência.
04:13No caso da energia eólica,
04:14para cada unidade de potência,
04:17a geração, de fato, é só 30% ou 40%.
04:20Só que para eu conseguir atender e gerar essa energia,
04:24eu preciso ter capacidade de transmissão,
04:27que é o que conecta a geração de energia
04:29com o consumo,
04:30para a potência,
04:31para 100% da potência,
04:33mesmo que eu vá alcançar aquela potência
04:35durante algumas horas do dia.
04:38Então, isso também traz um desafio enorme para o Brasil,
04:40é que a velocidade de construção de linhas de transmissão
04:44no Brasil e no mundo também,
04:46que leva entre 4 ou 5 anos,
04:48é uma velocidade muito menor
04:50do que a construção de usinas eólicas e solares.
04:54Eu construo uma usina solar
04:56entre 6 a 12 meses,
04:58eu construo uma usina eólica
04:59entre 2 anos, 2 anos e meio.
05:01Essa diferença da velocidade
05:03da expansão de geração
05:05nessas fontes que não garantem
05:08a confiabilidade do sistema elétrico
05:10com uma velocidade menor
05:13das linhas de transmissão
05:14traz um custo para o país enorme
05:17que hoje está sendo pago
05:18predominantemente pelo consumidor
05:20de classe média,
05:22a dona Maria, o seu José,
05:24que são os consumidores do mercado regulado
05:26do Brasil.
05:27Então, nós temos dois problemas aí.
05:30Primeiro, uma ausência de investimento
05:32em linha de transmissão.
05:33Não adianta investir só em geração
05:35se você não tem as linhas de transmissão
05:37para que essa energia chegue às pessoas.
05:40E segundo, é a capacidade
05:42dessa linha
05:43aguentar a transmissão,
05:46vamos dizer, capacidade total
05:48o tempo todo.
05:49E se nós só tivermos
05:50essas fontes intermitentes,
05:52nós sempre vamos estar
05:53subutilizando.
05:55E aí, provavelmente,
05:56não justifica o investimento.
05:57Então, isso é que precisa
05:58do planejamento que você vem
06:00dizendo com muita ênfase aqui, né?
06:03Exatamente.
06:04Quando eu falo
06:04se as principais fontes
06:06que a gente construiu
06:07de 2009 para cá
06:08foram solar e eólica,
06:10que o fator dela de geração
06:12em média é 33%,
06:14se eu colocar as duas,
06:16quer dizer que eu estou construindo
06:17três vezes mais linhas de transmissão
06:19do que o sistema precisaria.
06:22Ou seja, eu não estou sendo eficiente.
06:24Mas se eu não construir,
06:26se eu tiver, por exemplo,
06:27o evento que aconteceu
06:28em agosto de 2023,
06:30uma falha de uma linha de transmissão
06:32causou um apagão
06:34em vários estados do Brasil.
06:36Se eu não tiver essa linha de transmissão,
06:38um minuto que tem uma queda
06:40de uma linha,
06:41eu posso derrubar o sistema inteiro.
06:43Isso, obviamente,
06:43traz uma situação muito negativa
06:46para o consumo de energia.
06:48Então, tem uma questão
06:49da eficiência que é pequena,
06:50porque se eu só construo fontes
06:52que são fontes de baixo fator
06:54de capacidade de geração,
06:56que é eólica e solar,
06:58eu sempre vou ter que investir
06:59uma quantidade de linha de transmissão
07:00muito maior
07:01do que um cenário, por exemplo,
07:03que eu construí uma usina nuclear,
07:05que para cada unidade de potência
07:06ela gera 92%,
07:09e uma termoelétrica,
07:11por exemplo,
07:11a gás natural
07:12ou o próprio biogás,
07:14que eu consigo,
07:14para cada unidade de potência
07:16que eu trouxer para o sistema,
07:18gerar entre 75% e 85%.
07:21Então, são fontes bem mais eficientes.
07:23E trazem também o lado positivo
07:25de você conseguir gerar 24 horas por dia,
07:28porque o consumo de energia,
07:29ele se dá 24 horas por dia.
07:31Ninguém deixa,
07:33desliga uma geladeira
07:34ou desliga o equipamento
07:35no hospital durante a noite.
07:37Então, eu preciso garantir
07:38a segurança energética
07:40durante as 24 horas,
07:41senão isso vai trazer
07:42um custo mal-estar
07:44para a população enorme.
07:46Agora,
07:46quando a gente fala
07:47de termoelétrica,
07:49existem
07:50dois mal-estares.
07:52A primeira é com a nuclear.
07:53Na nuclear,
07:54o Brasil tem Angra 3,
07:55que nunca conseguiu sair do papel,
07:57um fracasso,
07:57investiu um monte de dinheiro,
07:59e o que fazer com o resíduo
08:01da nuclear?
08:02Esse é o primeiro ponto.
08:03E com a termoelétrica,
08:04no Brasil,
08:04nós temos muito a imagem
08:06que vai poluir a matriz,
08:09ou seja,
08:09que é o óleo diesel,
08:11ou o gás que é melhorzinho,
08:13mas nós também temos biomassa,
08:15temos outras fontes de termoelétrica.
08:16Então,
08:17explica um pouco
08:18esses dois mitos,
08:19que a termoelétrica
08:20pode sujar
08:22a matriz energética brasileira
08:24por causa de muita dependência
08:25de combustíveis fósseis,
08:28e a nuclear,
08:28os riscos
08:30e os problemas
08:32que nós não conseguimos
08:33fazer uma usina nuclear
08:34no Brasil até hoje.
08:35Vamos lá.
08:36Começando pela nuclear,
08:38a gente pode,
08:39de fato,
08:40se a gente for olhar o Brasil
08:41ao longo dos últimos 60 anos,
08:44a gente tem mais de 16 anos
08:47que a gente pretende concluir
08:48a obra de Angra 3
08:50e não conseguiu.
08:51Países desenvolvidos
08:52constroem usinas nucleares
08:53em 4 ou 6 anos.
08:55São projetos mais de Estado,
08:57não projetos de governo,
08:58se a gente considerar
08:59o nosso país
09:00com mandato de 4 anos,
09:02então é um projeto
09:03que requer
09:04um planejamento
09:06muito bem feito,
09:07mas hoje
09:07a usina nuclear
09:09era considerada limpa,
09:11e assim,
09:11nós tivemos ao longo
09:12da história
09:13só 3 incidentes,
09:15na Staten Island,
09:16nos Estados Unidos,
09:17tivemos Chernobyl
09:18e Fukushima,
09:20e na realidade,
09:20assim,
09:21de lá pra cá,
09:22houve um aumento
09:23muito grande
09:23da parte de segurança,
09:26tanto no tratamento
09:27do resíduo,
09:27quanto
09:28as exigências
09:29que as seguradoras
09:30trouxeram
09:31para investir
09:32em nuclear,
09:33a ponto de aumentar
09:34o custo de construção
09:35em quase 50%
09:36de 1980
09:38pra cá.
09:39Então,
09:39é uma fonte
09:40que era considerada limpa,
09:41inclusive,
09:42do ponto de vista
09:42de financiamento,
09:44a Europa coloca
09:45a usina nuclear,
09:46e a maioria dos países
09:48estão retomando
09:49os programas nucleares,
09:50eu dou o exemplo
09:50de Alemanha,
09:51Estados Unidos,
09:53China,
09:53a gente tem hoje
09:54atualmente
09:5462 reatores nucleares
09:58em construção
09:59em 15 países diferentes
10:01que vão agregar
10:0270 gigas de capacidade
10:04nos próximos anos.
10:05Então,
10:06essa demonização
10:07da fonte nuclear,
10:09assim,
10:09claramente está ficando
10:10para trás,
10:11até porque
10:12a gente aumentou
10:13muito a segurança dela
10:14e ela é fundamental
10:16para essa indústria 4.0,
10:18que a gente vai tratar
10:19aqui bastante,
10:21porque é uma fonte
10:22que eu consigo gerar
10:23100% do tempo,
10:26uma fonte eficiente,
10:27considerada limpa,
10:28assim como as fontes
10:29da biomassa,
10:30que são o substituto
10:31perfeito do gás natural.

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