A boxeadora argelina Imane Khelif precisou de apenas 46 segundos para derrotar a italiana Angela Carini em sua estreia nas Olimpíadas de Paris. Mas não houve um nocaute. Carini decidiu abandonar a luta após sofrer golpes muito duros, acima da força média daqueles desferidos pelas mulheres que está acostumada a enfrentar. - Ser Antagonista é fiscalizar o poder. Apoie o jornalismo Vigilante:
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00:00Rodolfo, coloca na tela, por gentileza, esse artigo que eu coloquei pra você aqui no nosso grupo, que o Rodolfo esmiuçou com calma aquela polêmica sobre a luta entre a argelina e a italiana, intersexo, transexo, enfim, essas denominações que a gente, essas coisas novas que a gente tem que lidar com esse mundo de cultura Vogue.
00:20Ô Rodolfo, e aí nesse artigo você fala justamente, toca num ponto vital dessa história, que é a questão do equilíbrio, eu acho que a sociedade está tão complexa que o Comitê Olímpico Internacional vai precisar lidar com essas complexidades do mundo, independentemente se a pessoa é intersexo, se é trans, etc, mas o que não pode no esporte é você ter dois atletas em condições totalmente diferentes de disputa,
00:50porque aí você mina, você mata o espírito olímpico.
00:54É, o esporte, né, Wilson, nessa análise que eu fiz aí, assim, eu levo pro ponto que eu acho que é o ponto central dessa história específica, né, porque tem um debate sobre essa questão de gênero, que ele é mais amplo, e aí ele envolve essa questão de transição, de mudança de gênero, né, no caso específico aí, eu puxei pra análise esportiva, né, assim, tem, isso tá em debate desde ontem,
01:19tem gente falando, ah, mas o Michael Phelps tem uma característica que permite que ele nage mais rápido, né, usa o embolto também, tem o caso desse jogador de basquete francês, né, o Wemba Nyama, que joga na NBA e que é muito maior do que os outros,
01:37você fala assim, ah, é normal isso, não é essa questão, essa questão de hormônio, ela é tratada nos esportes olímpicos há muito tempo, não é de hoje, não,
01:50inclusive eu chamei atenção
01:54nesse artigo, que tinha publicado um texto sobre isso
01:59no ano passado, porque essa questão já tá sendo tratada há muito tempo, né, tem casos
02:03históricos de atletas, que agora a gente, né, todo mundo
02:07passou a conhecer como intersexo, né, esse termo, por conta
02:11desse caso da Argelina, Kelly, vai virar agora uma questão
02:15de, digamos, domínio público, né, as pessoas
02:17vão dominar essa terminologia
02:19com mais propriedade agora,
02:21né, do ponto de vista
02:23esportivo, como eu destaquei nessa
02:24análise, dá na mesma, você pode
02:27falar, dá na mesma, intersexo ou transexual,
02:30de fato, dá na mesma, mas as
02:31condições são muito diferentes e a forma
02:33como essas questões são tratadas também é diferente,
02:36a gente publicou uma série de análises,
02:37né, o Alexandre Bois, inclusive, que tava aí
02:39quase agora no ar,
02:40publicou uma especialista de Harvard
02:43sobre o assunto, né, até já separei esse livro
02:45de uma T, né, que fala sobre a influência
02:49da testosterona nos esportes, quem quiser ir lá
02:52no site, dá uma olhada agora,
02:54antagonista.com.br, tá em destaque ainda lá,
02:57ela fazendo uma alerta sobre o que é
03:00considerado homem biológico em esporte
03:03feminino, aí aquela coisa, ah, mas ela não é
03:05homem, de fato ela não é, a Argelina, ela é
03:07mulher, mas ela tem uma condição específica
03:10que mistura a fisiologia dela, e ela desenvolveu o corpo
03:15com características masculinas, portanto,
03:18principalmente num esporte de contato e de conflito,
03:21como é o boxe, ela pode causar ferimentos
03:25para as adversárias muito graves, muito mais graves
03:28do que duas adversárias nas mesmas condições,
03:31não poderiam causar uma outra.
03:33então, assim, é uma questão que, obviamente, é uma questão
03:37delicada, ela não é uma questão também de se tratar
03:40de forma vulgar, xingando, ofendendo, né,
03:43mas tem uma diferença grande aí, e que pode ter
03:46consequências graves.
03:48Então, assim, agora todo mundo vai prestar atenção nisso,
03:52todo mundo vai estudar melhor, é o que a gente espera, né,
03:55a gente também está estudando aqui,
03:56uma questão nova, eu tinha, por acaso, né,
04:02tratado disso, porque eu tenho lá a minha coluna esportiva
04:05na Cruzoé, e esse assunto já está se desenvolvendo
04:08há muito tempo, porque chegou-se a cogitar, né,
04:10e eu imagino que em algum momento isso vai voltar
04:12a ser cogitado, que atletas, mulheres trans,
04:16possam disputar os Jogos Olímpicos
04:19na categoria de mulheres, isso hoje não existe,
04:22isso não pode, né, depende da...
04:25na maioria das categorias, né, depende de cada confederação,
04:29na natação, por exemplo, não pode.
04:31A Leah Thomas é o caso clássico aí,
04:33que é um homem que fez a transição, virou mulher,
04:39Leah Thomas competiu em algumas disputas universitárias
04:44nos Estados Unidos e, assim, massacrou no tempo de prova
04:49as adversárias, né, ela não conseguiu autorização da FIA,
04:53da Federação de Natação, para competir nas Olimpíadas.
05:00Esse assunto vai continuar existindo, né.
05:01Agora, a questão do intersexo, ela existe há muito mais tempo,
05:05ela existe desde a década de 30, né, como eu mencionei
05:07nos artigos que eu escrevi, quando as mulheres passaram
05:11a competir de forma mais organizada e em mais categorias.
05:17Aí percebeu-se que, olha, algumas mulheres tinham uma diferença
05:22muito grande em relação às outras, de velocidade e de força.
05:25E aí foram estudar e viram, olha, não, aqui tem um nível de testosterona,
05:30ele faz muita diferença e, portanto, nós precisamos controlar isso aqui
05:33para que a disputa seja equilibrada e o resultado seja enxergado
05:38não só pelas competidoras, mas por quem está assistindo também como justo.