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Transcrição
00:00Olá, muito bem-vindos ao Ilha de Cultura, o programa cultural da revista Cruzoé.
00:09Nesta edição do programa, a gente vai conversar com o escritor e roteirista Rafael Montes.
00:14Rafael, como você está?
00:17Olá, tudo bem?
00:19Tudo bem.
00:19Obrigado pelo convite, um prazer estar aqui batendo papo.
00:22Obrigado você por ter topado fazer o programa com a gente.
00:25O Rafael é um dos mais bem-sucedidos autores de uma leva que está desbravando uma literatura policial,
00:38às vezes faz umas incursões no terror também, e você também já migrou, Rafael, da literatura pura para o vídeo.
00:50Você é um dos coautores da série Bom Dia, Verônica, e agora você está lançando um livro que já virou filme também.
01:05É um tie-in simultâneo, imediato, que é o livro que você está lançando agora no comecinho de março,
01:18Uma Família Feliz.
01:20O filme é estrelado pela Grazia Massaferra e pelo Reinaldo Janequini.
01:29Então, Rafael, eu me lembro que muitos anos atrás, o Zé Paulo Paes, um tradutor superimportante,
01:40já morreu, mas foi um tradutor muito importante, um ensaísta também muito importante no Brasil,
01:45ele reclamava que o Brasil nunca tinha criado uma literatura de entretenimento ou uma literatura de gêneros.
01:54E ele falava que isso era muito ruim, porque esses dois tipos de literatura,
02:00além de terem a sua qualidade intrínseca, eram eles que ajudavam as pessoas a gostar de ler,
02:08a se acostumar a manter o hábito da leitura.
02:13Você já começou nessa trilha.
02:22Você, em algum momento, porque eu sou de uma geração um pouco mais velha que você,
02:26eu tinha vintão quando você nasceu, você tem 33, eu tenho 53.
02:31E eu me lembro que, na minha época, realmente não existia literatura policial,
02:36não existia literatura de gênero quase no Brasil,
02:40e tinha um ambiente meio opressivo, assim,
02:43em relação à seriedade da literatura.
02:47Você se sentiu pressionado?
02:49Você se sentiu incomodado em algum momento,
02:52quando você estava começando,
02:54pelo fato de estar começando justamente pelo policial,
02:56ao invés de tentar escrever o grande romance brasileiro pós Guimarães Rosa?
03:02É uma ótima pergunta.
03:05E, na verdade, são questões,
03:08tudo isso que você levantou são questões sobre as quais eu reflito
03:12e comento com alguma frequência.
03:15E, por um tempo, escrevi coluna no Jornal Globo
03:18e tratei desse assunto.
03:20porque a chamada, digamos, a academia, os críticos literários
03:26criticam e comentam a literatura dita, a alta literatura.
03:33Então, você teria uma literatura de entretenimento
03:35que seria descartável e que, por isso, não merece atenção.
03:40O que é essa literatura de entretenimento?
03:42Em geral, são livros que bebem de gêneros claros,
03:46então, policial, terror, ficção científica.
03:48E também são livros que, além do próprio texto,
03:59têm uma força na história, na narrativa.
04:02Ou seja, você tem viradas, tem surpresas,
04:05ou seja, você tem elementos que talvez sejam mais próprios
04:08e comuns de se falar no cinema ou na televisão.
04:12Por mais que eu entenda essa eventual distinção
04:16e eu acho que menosprezar e desprezar a literatura dita de entretenimento
04:24é um pouco burro.
04:26Porque, sim, sem dúvida, por exemplo,
04:29vou falar da literatura policial.
04:31A literatura policial, quando ela começa,
04:33ela é, sim, uma espécie de livro-jogo.
04:36Os livros são impressos em um papel mais de qualidade inferior,
04:41porque são livros descartáveis.
04:44Ou seja, são livros que você vai ler,
04:45vai viver a experiência de ler esse livro de suspense
04:47e logo depois você descarta o livro.
04:53Mas, com o tempo,
04:55a meu ver, os bons autores,
04:57os autores de que eu gosto,
04:58que fazem literatura policial e de suspense,
05:01de terror e tudo mais,
05:02foram entendendo que o gênero,
05:09ou seja, os mecanismos do gênero,
05:12ou vamos dizer, as estruturas básicas do gênero,
05:15servem a discutir alguns assuntos.
05:17Então, na medida em que você fala de teatro policial
05:20feita no Brasil,
05:21você está falando de polícia,
05:23você está falando de o que é crime num país,
05:26de como uma sociedade julga um crime.
05:28Então, você consegue,
05:31através da chave do gênero,
05:34discutir elementos sociais,
05:36você consegue fazer política,
05:38você consegue provocar o leitor
05:43em pensamentos econômicos
05:49ou de diferenças sociais,
05:51e você consegue também explorar a mente humana,
05:55que, a meu ver, é uma das grandes delícias da boa literatura.
06:00E aí, quando eu digo literatura,
06:01literatura é literatura,
06:02sem ser de entretenimento ou não de entretenimento.
06:06Então, o policial, por exemplo, permite isso,
06:09o terror permite isso,
06:11o terror, na medida em que trata dos medos humanos,
06:16também permite que você entre para esse caminho.
06:19Então, a meu ver, o que existe hoje,
06:21existe sim uma literatura de entretenimento descartável,
06:23que se propõe só a contar uma boa história,
06:27mas existe a boa literatura de gênero,
06:32e que, para mim, se equipara à dita alta literatura,
06:36que é a literatura de entretenimento,
06:39que, através de uma boa história,
06:41através de um bom personagem
06:42e através de um gênero muito claro,
06:46faz...
06:47Primeiro, por ser literatura,
06:48tem um cuidado com a linguagem,
06:49com o texto,
06:50com o narrador,
06:52faz experimentações de linguagem,
06:54e, além disso,
06:55na própria abordagem da história
06:58de gênero que ela conta,
07:01através do gênero,
07:03discute aspectos que interessam ao escritor,
07:06seja questões sociais,
07:08questões políticas,
07:09questões humanas, enfim.
07:12Então, a meu ver,
07:13essa literatura seria
07:14alta literatura de entretenimento.
07:16E, ao mesmo tempo,
07:18a dita alta literatura,
07:20aí, falando por mim como leitor,
07:23eu, como leitor,
07:24gosto da dita alta literatura
07:26que também se aproxima, digamos,
07:27desse meio do caminho e entretém.
07:30Ou seja, eu tenho dificuldade
07:31de enxergar Machado de Assis,
07:35por exemplo,
07:35como alta literatura pura,
07:37porque ele, Machado de Assis,
07:38é um grande contador de histórias,
07:40é um grande criador de personagens.
07:42Sim, além de ter todo um estilo
07:44que faz ser uma grande literatura,
07:46uma literatura muito bem escrita,
07:48tem um trabalho...
07:50Então, eu vejo, às vezes,
07:52livros ditos de alta literatura
07:54com grandes jogos de linguagem,
07:56fluxos de pensamento,
07:58e que, se você olhar,
07:59são uma chatice sem tamanho.
08:00E esses livros, eu confesso
08:01que eu não gosto também.
08:03São pura masturbação mental do autor.
08:06Então, eu confesso
08:07que eu evito os extremos,
08:09seja literatura de entretenimento
08:10que não tem qualquer qualidade literária,
08:13seja grande e alta literatura,
08:15que não tem qualquer narrativa,
08:16é mais uma experiência,
08:18um experimento do próprio escritor
08:20escrevendo sozinho ali
08:21para si mesmo,
08:22para o próprio umbigo.
08:23O Zé Paulo Paes,
08:24que era um cara muito...
08:25Ele não era ligado à faculdade,
08:27universidade, nem nada disso,
08:28mas era um cara muito refinado,
08:29traduzia do alemão,
08:30traduzia do grego antigo,
08:31traduzia do tudo.
08:32E ele estava reclamando justamente isso.
08:35Ele sentia falta
08:36dessa literatura no Brasil.
08:38ele dizia que um mercado literário
08:43não sobrevive se não tiver
08:45essa literatura que as pessoas
08:47gostam, curtem,
08:49se apaixonam pela leitura,
08:52e a própria literatura
08:53não vai para frente,
08:54porque ela acaba ficando
08:56emparedada, estagnada,
08:58às vezes por causa da chatice mesmo.
09:01Mas, bom,
09:02esse aqui é um programa
09:04de recomendações,
09:05a gente vai misturando as coisas.
09:08Cada pessoa que topa
09:10fazer o programa
09:11tem cinco recomendações,
09:14em geral,
09:15unificadas por um tema.
09:18E o tema que você
09:19se propôs a comentar
09:21é o da...
09:22Eu vou chamar assim,
09:23vida de escritor.
09:25Porque o Rafael também
09:27tem um curso
09:28para aspirantes a escritor,
09:31ele ajuda você a escrever
09:33o seu livro,
09:33se você quiser,
09:34a entender como é que você
09:35vai conseguir contar
09:37a sua boa história.
09:39E ele diz que
09:40uma das perguntas
09:42mais comuns para ele,
09:43ou um conjunto
09:45de perguntas super comum
09:46para ele,
09:47tem a ver com a...
09:50a prática da escrita mesmo.
09:53Como é que você sai
09:54da ideia para o papel?
09:55Então,
09:57você selecionou
09:59cinco obras,
10:01livros,
10:02séries,
10:03filmes.
10:06A gente pode começar
10:07por qualquer ordem.
10:10Vamos começar aqui
10:11por onde você começou mesmo.
10:12Você disse que você viu
10:12o filme ontem,
10:13não é isso?
10:14Exatamente.
10:15Na verdade,
10:16justamente veio o pedido
10:18de escolher cinco
10:19coisas,
10:21cinco filmes,
10:22séries,
10:23livros,
10:23teatro,
10:24mas ligados todos
10:26ao mesmo universo.
10:26Eu confesso que tive
10:27algumas ideias
10:28que eu não estava
10:29gostando muito
10:30de reunir.
10:34E aí,
10:36ontem à noite,
10:36eu assisti a um filme
10:37que eu não tinha assistido ainda,
10:39que é o Ficção Americana,
10:40é o filme que está concorrendo
10:41ao Oscar.
10:43Ele é dirigido
10:44por um autor
10:47acostumado a escrever televisão
10:49que eu não conhecia,
10:49que se chama
10:50Cord Jefferson.
10:51Ele é o autor
10:51e diretor
10:52baseado num romance
10:53desse livro.
10:57Ele escreveu
10:58baseado num livro
10:59que não é dele.
11:00Enfim,
11:01e o filme está disponível
11:02no Amazon Prime Video,
11:04eu assisti ontem à noite.
11:06E aí,
11:06assistindo ao filme,
11:07o filme conta a história
11:08de um escritor negro
11:10que quer escrever
11:13a sua literatura
11:14do seu jeito,
11:15escrever o que ele está afim
11:15de escrever,
11:16e o mercado só quer dele
11:17histórias de negros.
11:19E aí,
11:19ele brinca
11:20que só querem negros
11:22sofrendo,
11:23negros escravos,
11:24negros matando,
11:25negros morrendo.
11:26E ele quer escrever
11:27sobre brancos,
11:27ele quer escrever
11:28sobre outras coisas,
11:29ele não quer escrever
11:30o que se espera dele,
11:32vamos dizer.
11:33E, ao mesmo tempo,
11:33tem uma escritora negra
11:34fazendo muito sucesso,
11:36falando todos esses clichês
11:38que a gente tem visto,
11:39que corresponde ao real mesmo,
11:45de escritores que estão indo
11:48em uma espécie de onda
11:50em que a qualidade literária
11:52não é tão importante
11:53quanto a sua vivência,
11:54a experiência,
11:56e o lugar de fala e tal.
11:58Então,
11:59o filme,
12:00de uma maneira muito interessante,
12:02provocativa,
12:03discute
12:03alguns desses aspectos.
12:06E aí,
12:07tendo visto esse filme,
12:08eu falei,
12:08vou falar então
12:09de histórias que tratam
12:10do universo do escritor,
12:12porque existe toda uma mística,
12:14Carlos,
12:14do universo do escritor.
12:16Ou seja,
12:17aproxima-se muito o escritor
12:18de quase um ser divino
12:21que espera a inspiração chegar
12:23e tal,
12:24e eu busco desmistificar isso.
12:27Para mim,
12:27o trabalho do escritor
12:27é um trabalho
12:28como qualquer outro trabalho,
12:29como é o trabalho
12:30de um jornalista,
12:30de um médico,
12:31de um advogado.
12:33E até,
12:34aproveitando que você mencionou
12:35o curso,
12:36eu tenho esse curso
12:36Escrevo o Seu Romance,
12:37e é um curso
12:38em que eu falo muito isso.
12:39Eu não ensino ninguém
12:40a escrever um livro,
12:41porque é impossível
12:42você ensinar alguém
12:42a escrever um livro,
12:44mas o ofício do escritor,
12:45o escritor tem à sua disposição,
12:47assim como um cirurgião
12:49tem ferramentas
12:50e tem instrumentos cirúrgicos
12:53para fazer uma cirurgia,
12:54assim como o advogado
12:55tem os códigos
12:56e as leis
12:58para trabalhar,
13:00o escritor tem à sua disposição
13:01ferramentas
13:02para contar uma história.
13:04seja um elo narrador,
13:07o ponto de vista,
13:09a própria estrutura
13:12de frases,
13:13parágrafos,
13:14etc.
13:14E aí,
13:15esse curso,
13:16a meu ver,
13:16a minha função
13:17é mais apresentar,
13:18você tem isso aqui
13:19à sua disposição,
13:20use como quiser.
13:21E eu acho importante
13:22que o escritor conheça
13:23essas ferramentas
13:24para usá-las ou não
13:26e para romper ou não.
13:28Mas eu não acredito
13:28nesse escritor
13:29que escreve,
13:30dá inspiração
13:30e não precisa aprender nada,
13:31eu já nasci sabendo tudo e tal.
13:33nunca acreditei.
13:36Enfim,
13:37então,
13:37por isso eu selecionei
13:38algumas histórias
13:39que tratam do universo
13:40do escritor,
13:41sejam coisas,
13:42e a meu ver,
13:43cada uma delas
13:43de algum modo
13:43aborda um aspecto
13:45interessante
13:45do processo de escrita.
13:47E esse Ficção Americana,
13:48eu achei um filme
13:49muito potente,
13:50eu realmente achei muito bom,
13:51indico que assistam,
13:52porque é um filme
13:54que,
13:55assim,
13:55sem dúvida,
13:56de maneira nenhuma,
13:57eu ou o filme
13:58queremos desmerecer
14:00questões que,
14:01felizmente,
14:01hoje em dia
14:02são importantes,
14:03de sim,
14:03lugar de fala,
14:05e de sim,
14:06que novas vozes
14:07tenham oportunidade
14:08de contar suas histórias,
14:09isso é essencial,
14:11e nem eu,
14:12e nem o filme
14:12pretendem ser contra isso,
14:15mas,
14:15sem dúvida,
14:17eu tenho a impressão,
14:18e o filme,
14:19eu acho que também
14:19trata um pouco daí,
14:21como passa a ter uma coisa assim,
14:23o que se espera
14:24que você faça.
14:24então,
14:25se você é um autor gay,
14:26espera-se que você escreva
14:27romances gays,
14:28e você pode não querer,
14:29a literatura ainda é o espaço,
14:32e eu espero que continue a ser,
14:34da liberdade absoluta,
14:35em que você pode contar
14:36o que você quiser,
14:37como você quiser,
14:38e vestindo o personagem
14:39que você quiser.
14:40Até nesse sentido,
14:47Uma Família Feliz,
14:48que é esse livro
14:49que eu estou lançando,
14:50ele é escrito
14:51por uma protagonista,
14:52ele é em primeira pessoa
14:53de uma protagonista mulher,
14:55então,
14:55sou eu escrevendo
14:56como uma mulher grávida,
14:58isso me traz responsabilidade,
15:01eu tive que pesquisar,
15:02eu fiz muita consultoria,
15:04conversei com muitas amigas,
15:05pedi que muitas mulheres lessem,
15:07e tal,
15:07ou seja,
15:08sem dúvida,
15:08o escritor,
15:09hoje,
15:09tem uma responsabilidade
15:10pelo que ele escreve,
15:11você não pode achar que sabe,
15:13porque você não sabe,
15:14eu como homem,
15:14jamais vou ter a experiência
15:15de uma mulher,
15:16mas isso não me impede
15:17de escrever,
15:18essa que é a questão,
15:19e eu acho que esse ficção americana
15:21toca de uma maneira
15:23muito interessante,
15:24inteligente,
15:24nesse lugar,
15:26de quem pode escrever o quê,
15:28e a resposta é
15:29todo mundo pode escrever tudo.
15:31Você não engravidou
15:32para escrever o livro,
15:33não é?
15:34Exatamente,
15:34eu não engravidei
15:35para escrever o livro,
15:36mas eu acredito sim
15:39que o escritor pode,
15:40ele tem a liberdade
15:43de vestir corpos e mentes
15:44que não são os seus,
15:45assim como eu também escrevi
15:46sobre um psicopata
15:47e eu quero crer
15:47que eu não sou um psicopata.
15:50Então,
15:51o que que escrever
15:53sobre personagens
15:54que não sou eu
15:55me faz?
15:56Faz com que eu tenha
15:57que pesquisar,
15:58com que eu tenha
15:58uma responsabilidade
15:59de conversar com as pessoas,
16:01de checar as informações,
16:04então sim,
16:05sem dúvida,
16:05essa responsabilidade existe,
16:07e cabe ao escritor
16:08se armar
16:09para que ele não
16:10escreva besteira,
16:12mas é burra
16:14a ideia
16:15de que temos
16:16que escrever
16:16sobre nós mesmos,
16:17não temos.
16:19A história
16:20do ficção americana
16:21é desse escritor negro
16:22que quer escrever
16:23sobre outros assuntos,
16:24e o mercado
16:25só quer que ele escreva
16:25sobre,
16:26o mercado vale dizer,
16:27branco,
16:28então até uma hora
16:29ele fala,
16:29eu tenho que escrever
16:30livro de personagens negros
16:31para brancos
16:32para eles se sentirem
16:33confortáveis,
16:37darem check,
16:37assim,
16:37eu sou atento
16:39à questão negra,
16:40ao racismo,
16:41check,
16:41li esse romance,
16:43pronto,
16:44mas não querem
16:45ver,
16:46e posso dizer,
16:47por exemplo,
16:47eu como homem gay,
16:49eu não quero ver
16:50histórias
16:51de gays
16:52saindo do armário,
16:53eu não estou
16:54em mais saco
16:54para isso,
16:55eu quero ver
16:55histórias de gays
16:56roubando banco.
16:57Mas você já sentiu
17:00em algum momento
17:01pressão
17:02para escrever
17:04de um determinado
17:05ponto de vista
17:06ou encarnando
17:07um certo personagem
17:09político,
17:10vamos dizer assim?
17:11Sem dúvida,
17:12eu não tenho a menor dúvida
17:13de que causa
17:16certo incômodo,
17:19ainda mais nos dias de hoje,
17:20é isso,
17:21por exemplo,
17:21é um livro escrito
17:22por um homem
17:23de uma protagonista mulher
17:25da cabeça dessa mulher,
17:27não tenho dúvida
17:29de que é uma questão
17:30para muita gente,
17:32e honestamente faço
17:33porque acho
17:34que é importante fazer
17:35e acho que tem a liberdade
17:36para fazer
17:37e quem não acha
17:38que venha discutir.
17:41Muito bom,
17:41então vamos lá,
17:43American Fiction
17:44está disponível
17:45na Prime Video,
17:46certo?
17:47Certo.
17:47Eu estava verificando,
17:48também é um romance
17:49que foi muito elogiado
17:51de um autor chamado
17:52Paul Everett,
17:53chama Erasure,
17:54Eu acredito que não está
17:57disponível ainda
17:57em tradução no Brasil,
17:59mas se alguém aí
18:00que está assistindo
18:00puder ler em inglês,
18:03pode ficar a dica também.
18:05Exatamente.
18:06Vamos passar, então,
18:07para a sua segunda
18:08recomendação,
18:10aí é uma obra
18:11mais clássica,
18:12vamos dizer assim,
18:12mais conhecida,
18:13que já teve adaptação
18:14e também está
18:15numa peça de teatro
18:16no palco agora,
18:19que é o Misery,
18:23que é o nome em inglês
18:24do livro do Stephen King.
18:26A adaptação cinematográfica
18:28se chama Louca Obsessão
18:29e a peça também de teatro
18:31se chama Misery
18:32e é um livro clássico
18:34do Stephen King,
18:35que é um dos mestres do terror,
18:37que quis colocar essa história
18:39porque além de ser
18:40do Stephen King,
18:40que é um autor
18:41que eu gosto muito,
18:42é um livro,
18:44é uma história
18:45que brinca com essa ideia
18:47de para quem
18:47o escritor escreve.
18:49Ou seja,
18:49o escritor escreve
18:50para si mesmo
18:50ou escreve
18:51para os leitores.
18:53Na história,
18:54uma fã,
18:54que se diz a fã
18:55número um desse escritor,
18:56sequestra o escritor
18:57para que ele altere
18:59a história
18:59e faça exatamente
19:00do jeito que ela quer.
19:03Então,
19:03essa ideia
19:04do...
19:07A meu ver,
19:07é um livro
19:08que em algum aspecto
19:09traz esse lado
19:10de para quem se escreve.
19:12Se escreve para si mesmo,
19:13se escreve para o outro
19:14e que outro é esse.
19:18Enfim,
19:18por isso eu gosto
19:19muito dessa história,
19:20é uma das minhas
19:21histórias favoritas,
19:22sem dúvida.
19:23E o Misery,
19:25falando do meu processo,
19:27o meu trabalho,
19:27eu escrevo muito...
19:29Eu não acredito
19:29que eu saiba
19:30o que o público quer.
19:32Na verdade,
19:32eu sequer acho
19:33que o público
19:33sabe o que ele quer.
19:35Então,
19:35eu não acho
19:37que você tem que escrever
19:37pensando no que vai dar certo,
19:39pensando no que vai funcionar.
19:40O que eu acho
19:41que eu acredito
19:42é que o escritor
19:43tem uma espécie de antena
19:44e percebe assuntos.
19:47Por exemplo,
19:47Uma Família Feliz
19:48é um livro
19:48que trata muito
19:49de maternidade,
19:50é um livro
19:51que trata de depressão
19:52pós-parto,
19:53é um livro
19:53que trata de um...
19:55Se chama
19:55Uma Família Feliz,
19:56ou seja,
19:56trata desse mundo
19:57de aparências,
19:58dessa ideia de perfeição,
19:59de família perfeita.
20:01E a vontade
20:02de escrever essa história
20:03veio muito
20:04de conversas
20:05que eu tive com amigas
20:06que estão aí na faixa...
20:08Eu tenho 33,
20:09que estão na faixa dos 38
20:10e que estão sendo pressionadas
20:13a serem mães,
20:13que me confessam
20:16que as pessoas perguntam,
20:17pessoas da própria família,
20:18ah, você vai ficar
20:19para a titia
20:20e você não quer ser mãe,
20:21já está na idade.
20:23Então, essa pressão
20:23de largar a carreira
20:24para se dedicar à maternidade.
20:26Outras amigas
20:27que largaram as carreiras
20:28ou diminuíram
20:29o ritmo da carreira
20:30para se dedicar à maternidade
20:32e não viveram esse paraíso.
20:35Uma amiga minha
20:35me contou, por exemplo,
20:36que ela falou,
20:36Rafael,
20:37você imagina a pressão
20:37que é você ir
20:38para uma sala de parto
20:39e você sabe que todo mundo,
20:41a sua mãe,
20:41as suas tias,
20:42as suas amigas,
20:43todo mundo diz,
20:44ah, a sala de parto
20:44é o grande momento
20:45da sua vida,
20:45você vai ficar emocionada,
20:46a sua conexão
20:47vai ser imediata,
20:48quando você olhar
20:49aquela criaturazinha,
20:50a sua vida vai mudar
20:51e ela foi para a sala de parto
20:53com essa pressão
20:54e quando olhou o bebê,
20:55a primeira coisa
20:56que ela teve vontade
20:56de fazer foi vomitar.
20:58Então,
20:59e isso está no livro,
21:01entrou essa sensação.
21:03Então,
21:03é um livro muito
21:05sobre essas várias pressões
21:06e eu escrevi
21:07porque eu senti
21:08que era um assunto
21:09que estava no ar
21:10e que me interessava.
21:12Claro que,
21:13como a gente já diz aqui,
21:14eu não sou mulher,
21:15não engravidei,
21:16mas há outros aspectos
21:19dos quais eu também participo,
21:21eu também estou nessa sociedade,
21:22eu também,
21:22de algum modo,
21:24participo do julgamento,
21:25escuto as pessoas julgando,
21:27então,
21:28me interessa
21:30e me afeta
21:31e por isso
21:31eu quis escrever o livro.
21:33E aí,
21:33então,
21:33acho que o Misery
21:34traz esse aspecto
21:35de que para quem você escreve,
21:36eu,
21:36quando escrevo,
21:37escrevo para o leitor chato
21:39que eu mesmo sou.
21:41E o Misery
21:43é um livro
21:43sobre um rapto,
21:44o escritor está lá
21:46forçado a conviver,
21:48a perna quebrada
21:49pela enfermeira,
21:50doido e tal.
21:52E você também
21:54tem uma história de rapto,
21:55não é?
21:55Sim,
21:56Dias Perfeitos.
21:57Dias Perfeitos,
21:58Dias Perfeitos,
21:59no plural.
22:03De alguma maneira,
22:05a leitura do Misery
22:06interferiu
22:08ou ajudou
22:09na escrita do seu livro
22:10ou não teve nada a ver?
22:11Na verdade,
22:12eu li Misery nessa época.
22:13Quando eu fui escrever
22:14essa história,
22:15que é uma história
22:15de um sujeito
22:16que se apaixona
22:17por uma menina
22:18e decide sequestrá-la,
22:19eu decidi ler
22:20e assistir
22:21a todas as histórias
22:22de sequestro
22:23que existiam,
22:24as principais,
22:25claro.
22:26E aí,
22:26eu assisti ao filme
22:27Louca Obsessão,
22:28li o livro Misery,
22:29assisti ao filme
22:30Atami do Almodóvar,
22:31li o Colecionador
22:33do John Falls,
22:33enfim,
22:34fui lendo tudo
22:34que havia
22:35sobre histórias
22:36de Rápido,
22:36até para entender
22:37se eu tinha algo
22:38a dizer
22:38que não tinha sido
22:39dito ainda.
22:42E quando encontrei
22:43o que eu acredito
22:45que Dias Perfeitos
22:46tem de único,
22:47que é diferente
22:47de todos esses,
22:48foi aí que eu escrevi
22:49o livro.
22:50Muito bom.
22:51Vamos passar
22:52para a sua terceira
22:52recomendação,
22:54que é um escritor
22:55que todo mundo conhece
22:57sem conhecer,
22:58né?
22:58Exatamente.
22:59que é o Ira Levin,
23:01ele é o cara
23:02que fez
23:03O Bebê de Rosemary,
23:05ele é o cara
23:05que fez
23:06As Esposas de Stabford,
23:08ele é o cara
23:08que fez
23:09Os Meninos do Brasil,
23:11algum desses filmes...
23:13Vale dizer,
23:13todos esses livros
23:14são livraços,
23:16todos,
23:16sem exceção,
23:17são ótimos.
23:18Exatamente.
23:21Agora,
23:21você recomenda
23:22uma peça dele,
23:24uma peça que fez
23:25um sucesso gigante
23:26na época que foi lançada,
23:28é um...
23:29Tem a tentação
23:30cinematográfica também.
23:31Ah, é?
23:32Eu não sabia.
23:33É, tem sim
23:34com aquele ator,
23:35quer ver?
23:35Aliás, tem mais de uma,
23:37mas deixa eu achar aqui.
23:38É com o Michael Caine.
23:41Ah,
23:41que é o mesmo cara
23:42do Misery.
23:44É o escritor do Misery.
23:46Não é?
23:46Não, não, não.
23:47O do Misery,
23:48o escritor é parecido,
23:50mas não é,
23:50quer ver?
23:51É Caine também,
23:52não é?
23:53É,
23:53o do Misery
23:55é o James Caan.
23:56Ah, pronto.
23:57E o outro é o Michael Caine,
23:59que é do...
24:00O filme se chama
24:00Armadilha Mortal,
24:02o filme.
24:02O filme não é tão bom, não,
24:03mas o texto da peça
24:04é realmente muito interessante.
24:05É um filme do Sidney Lumet,
24:07com Michael Caine
24:08e Christopher Reeve.
24:09Perfeito.
24:10Chama-se,
24:11em inglês,
24:12Death Trap,
24:14né?
24:15Exatamente.
24:16E que há um embate maluco
24:17ali entre dois escritores
24:20que chega um certo momento,
24:23você descobre
24:24que não é exatamente
24:25um embate,
24:27mas depois talvez
24:28vire um embate de novo.
24:30Começa como um jogo
24:31entre dois escritores,
24:32um mais velho
24:33e um mais novo.
24:34O mais velho
24:35convida o mais novo
24:36à casa dele,
24:37são dois escritores
24:38de mistério,
24:38de suspense,
24:39e ele propõe um jogo
24:40ao longo da noite,
24:42e a coisa vai ficando
24:42um pouco mais violenta,
24:43você depois descobre
24:44que um deles teve caso
24:45com a esposa do outro,
24:46e a coisa vai crescendo aí.
24:47E eu acho,
24:50eu quis trazer essa dica,
24:53primeiro,
24:53que é uma história
24:53que eu gosto muito,
24:54o filme é divertido,
24:55mas não é ótimo,
24:57mas é bom,
24:58o texto é muito bom,
24:59é feito para o teatro,
25:00enfim,
25:01é uma coisa que realmente
25:01funciona melhor no teatro.
25:03Mas o que é interessante
25:03é mostrar esse aspecto
25:05do que se acredita,
25:07que o escritor de policial
25:08vive a vida pensando em crimes.
25:10As pessoas muito me perguntavam
25:11como é que é a sua cabeça,
25:13você só escreve histórias
25:13assustadoras,
25:15e com crimes e violência,
25:17e como é que é para você e tal.
25:19E aí,
25:20e esse livro,
25:21e essa história
25:22brinca um pouco com esse clichê,
25:23então,
25:24o escritor,
25:25para se vingar do outro,
25:26bola todo um plano
25:27absolutamente mirabolante,
25:28típico de um escritor policial.
25:30Então,
25:30a meu ver,
25:30é uma coisa que brinca mais
25:31com esse clichê
25:32do que, na verdade,
25:33corresponde à realidade,
25:35porque a cabeça do escritor,
25:35na verdade,
25:36não é assim,
25:37ou seja,
25:38eu, pelo menos,
25:39não sou uma pessoa
25:40que penso o tempo inteiro
25:41em crimes e violência.
25:43Uma vez,
25:44muitos anos atrás,
25:45também.
25:46Eu estou naquela fase da vida
25:48que tudo parece que faz
25:49muitos anos atrás.
25:50É um horror isso.
25:51Mas,
25:52enfim,
25:52eu entrevistei o Martin Ames,
25:54escritor super bacana,
25:57também tem um filme
25:58baseado no livro dele,
26:00que está concorrendo ao Oscar agora,
26:03é o Zona de Interesse,
26:05né?
26:05O Zona de Interesse,
26:06do Glazer,
26:07é.
26:07Isso.
26:09E,
26:09enfim,
26:10eu fiz essa entrevista
26:10com o Martin Ames
26:11muito tempo atrás,
26:12e eu falei,
26:14olha,
26:14você mora em Londres,
26:15né?
26:16Tem uma geração toda
26:17de escritores
26:18e todo mundo sabe
26:19que vocês são amigos,
26:20você,
26:21o Ian McEwan,
26:23o Julian Barnes,
26:26né?
26:27Vocês convivem aí,
26:28sobre o que vocês conversam.
26:30Eu falei,
26:30sobre dinheiro.
26:33Pois é.
26:34essa história,
26:36né?
26:36O escritor não é só...
26:38É,
26:39não fica o tempo inteiro
26:39falando,
26:40ah,
26:40esse narrador,
26:41ah,
26:41não é assim,
26:43claro que não é.
26:45Outro dia,
26:46é engraçado você falar isso,
26:47porque outro dia eu estava
26:47reunido também com alguns
26:49amigos escritores,
26:51e o nosso assunto foi,
26:54ah,
26:54como é que é o contrato
26:55da venda para o cinema,
26:56como é que é o contrato
26:57do não sei o que,
26:57e a gente não tinha até então
26:59falado de história,
27:00de ideias,
27:00de coisa,
27:02então,
27:02é natural,
27:04enfim,
27:05ou seja,
27:05o escritor é um
27:06trabalhador brasileiro
27:07como qualquer outro,
27:08assim.
27:09Agora,
27:10é incomum,
27:11né?
27:12Recomendar como leitura
27:14peça.
27:15Aham.
27:16As pessoas não têm muito
27:17hábito,
27:18né?
27:18De ler peças.
27:21Você gosta de ler
27:23esse formato?
27:25Gosto de ler peças de teatro,
27:26sim.
27:27Me ajuda bastante.
27:28Gosto de ler peça,
27:29gosto de ler roteiro de cinema,
27:31tudo bem que eu escrevo roteiros,
27:32né?
27:32Então,
27:33talvez por isso
27:34faça sentido,
27:36mas eu gosto bastante
27:37de ler peças de teatro,
27:38gosto de ler Nelson Rodrigues,
27:39por exemplo,
27:40foi o mais recente
27:42que eu li várias peças dele.
27:45Gosto de ler peças policiais,
27:47existem algumas muito boas,
27:49Gaslight é uma delas,
27:50e que,
27:52a meu ver,
27:53vale a pena ler
27:53peças de teatro,
27:54sim.
27:55Pílopo é uma recente também,
27:57que é ótimo.
27:58E o que é que você aprende
27:59lendo peça?
28:00Sobretudo diálogo
28:01ou tem alguma outra coisa?
28:03Eu acho que tem diálogo
28:04e tem...
28:05Eu nunca escrevi teatro,
28:06eu tenho vontade.
28:07E o que é interessante,
28:09que é a grande diferença
28:10de escrever peças de teatro,
28:11que eu percebo,
28:12em relação a escrever
28:13roteiro de cinema,
28:14é que tudo se dá
28:15naquela mesma arena,
28:16né?
28:16Ou seja,
28:17que é o palco.
28:18Mas você tem a liberdade
28:19absoluta de,
28:20na mesma arena,
28:21mudar,
28:22mudar,
28:23trazer um biombo para cá
28:24e tal,
28:24e vira outra coisa.
28:26Essa liberdade
28:27de imaginação,
28:29eu confesso
28:29que eu ainda não tenho tanto
28:30de pensar num espaço físico
28:32que se transforma tanto.
28:34Eu estou acostumado
28:35no roteiro,
28:35eu abro outra cena,
28:36outro lugar,
28:37corta para lá
28:38e tudo bem.
28:38Aí assim vai.
28:39Então pensar nesse desenho,
28:42nesse balé mesmo
28:43dos atores,
28:44do palco,
28:45é uma coisa
28:45que é específica
28:46do teatro
28:46e que para mim
28:47ainda é um desafio.
28:48E eu achei curioso
28:49você trazer o Ira Levin
28:51porque ele tem esse livro,
28:52Step 4 Wives,
28:53que também fala
28:55de uma vida
28:56de subúrbio
28:57muito enfeitadinha,
29:00muito bonitinha.
29:02É uma história interessante.
29:04Step 4 Wives,
29:05sem dúvida,
29:06é uma grande referência
29:07para uma família feliz.
29:08Isso.
29:09Uma família feliz.
29:11Vem um pouco
29:12dessa ideia
29:12do condomínio perfeito
29:14em que todos
29:15têm vidas perfeitas,
29:16são esposas perfeitas
29:17com maridos perfeitos
29:18e tal.
29:19E conforme a história
29:20entra,
29:20você entra na história,
29:22você percebe que
29:23por debaixo dos panos
29:25a coisa é um pouco
29:27mais complexa.
29:28Total.
29:30Eu gosto de ficar
29:30trazendo essas referências
29:32assim à tona
29:33porque é legal
29:34as pessoas saberem também
29:35que tem uma conversa
29:36quando você escreve.
29:38O escritor está sempre
29:39conversando
29:40com coisas que ele gosta,
29:42com coisas que o preocupam.
29:44Total.
29:45É um trabalho também
29:47que é solitário,
29:48mas nem tanto,
29:49nesse sentido.
29:50Total.
29:51E foi legal você falar
29:53das obras do Ira Levin
29:54porque o Ira Levin
29:55realmente é um dos meus
29:56autores favoritos
29:57e ele é pouco conhecido.
29:59A única coisa que faz
30:00ele não ser tão conhecido,
30:01a meu ver,
30:02é que ele tem poucos,
30:03poucos livros.
30:04Ele, se contar,
30:06acho que ele deve ter
30:07uns seis livros.
30:09Um é Continuação
30:10do Bebê de Rosemary,
30:11então ele tem livros
30:12que são meio,
30:13que não são tão bons,
30:14mas ele realmente escreveu
30:15Meninos do Brasil,
30:16Stepford Wives
30:17e Bebê de Rosemary,
30:19que são três obras
30:20maravilhosas.
30:21E ele tem um outro
30:22chamado Beijo da Morte,
30:24salvo engano,
30:25acho que a tradução
30:26é o Beijo da Morte,
30:27deixa eu confirmar,
30:28mas que é maravilhoso também.
30:32Ao contrário de você,
30:33né, Rafael?
30:34Você já tem uns 46 livros,
30:36mais ou menos.
30:38Eu estou no,
30:39acho que o oitavo livro
30:40que eu estou lançando,
30:41que é Uma Família Feliz,
30:42e eu me filio
30:44aos escritores
30:45que produzem mais,
30:47eu gosto dos escritores
30:48que produzem mais,
30:49que colocam as ideias
30:50para fora,
30:51e eventualmente acertam,
30:53às vezes erram também,
30:54e a vida é assim,
30:55mas eu prefiro ser
30:57esse escritor,
30:57já que tenho muitas ideias,
30:59do que ser aquele escritor
31:00que publica a cada dez anos
31:01um livro,
31:01no final tem cinco livros
31:02publicados.
31:04Mas é questão
31:05de gosto mesmo,
31:07não tem nada contra,
31:08só não sou assim.
31:09Agora, você tem,
31:11me conheço se eu estiver errado,
31:12você tem um livro
31:13que é uma coletânea
31:16de contos de terror,
31:17não é isso?
31:18Que é o Vilarejo.
31:19É o único livro.
31:20Ele é o único livro,
31:22e na verdade ele não é
31:22uma coletânea de contos,
31:23eles são sete histórias avulsas
31:25que parecem contos,
31:27mas na verdade
31:27todas as sete histórias
31:28se relacionam entre si
31:29e formam uma espécie
31:30de romance.
31:31Então, eu vejo,
31:32ele na verdade
31:33é só um romance diferente.
31:35E aí entra a questão
31:36de ser entretenimento
31:37e ser literatura.
31:38Ele na verdade
31:38é uma experimentação
31:39em que cada capítulo,
31:41vamos dizer,
31:41é uma história em separado,
31:43então você pode ler
31:44os capítulos na ordem
31:45que você quiser,
31:45porque cada uma
31:46é uma história,
31:47só que todos se passam
31:48no mesmo vilarejo
31:49e cada uma das histórias
31:50o protagonista é um.
31:51Então, na primeira história
31:52o protagonista
31:52é a Senhora Elga,
31:56vamos supor.
31:57Na segunda história
31:58você lê a história
31:59do Anatoly
32:00que mora no mesmo vilarejo
32:01e a Senhora Elga
32:01da primeira história aparece,
32:03mas ela não é a protagonista.
32:04Então, é só isso que muda.
32:05E quando você lê
32:06as sete histórias
32:07você entende uma outra coisa
32:08que você não tinha entendido
32:09até então.
32:09Então, ao meu ver,
32:10é um romance.
32:10Eu não digo
32:11que ela é um livro de contos, não.
32:13Tá bom.
32:14E algum plano
32:15para seguir de novo
32:16nessa trilha aí
32:17do terror?
32:20Eu sou mais apaixonado
32:23por literatura policial,
32:24eu sou mais apaixonado
32:25pelo crime.
32:26Meus livros, em geral,
32:27não têm aspecto sobrenatural,
32:28é muito raro.
32:29O vilarejo
32:30é o único que flerta
32:31com o sobrenatural.
32:32A mim,
32:33o que interessa
32:34são as doenças humanas
32:35e não as sobrenaturais.
32:37Então, o que me interessa
32:39são histórias de psicopatia,
32:42histórias de depressão pós-parto,
32:44histórias de obsessão,
32:46de fetiche,
32:48das coisas humanas,
32:50não das sobrenaturais.
32:52sobrenaturais.
32:53Muito bem.
32:55Vamos lá.
32:56Agora,
32:57a sua quarta recomendação,
33:01que é uma série também,
33:03a segunda temporada
33:05dessas séries de antologia,
33:08como se chama hoje em dia,
33:09que tem um guarda-chuva,
33:11mas a história muda bastante
33:12de uma temporada para a outra,
33:14que é o...
33:15Eu não sei como é que fala isso
33:16em inglês.
33:16Filled?
33:17É Filled.
33:18É Filled.
33:19É Filled.
33:19E a segunda temporada...
33:21A primeira temporada é brilhante,
33:22conta a história dos bastidores
33:24da feitura do filme
33:25e o que terá acontecido
33:26a Baby Jane.
33:28Então,
33:28da briga da Bette Davis
33:29com a John Crawford
33:30dos bastidores.
33:31É muito boa
33:32a primeira temporada.
33:33E agora,
33:33a segunda temporada começou,
33:35eu ainda não assisti
33:35a temporada inteira,
33:37mas ela conta a história...
33:39Filled é conflito,
33:41né?
33:41Então,
33:42é o que conta
33:42o conflito
33:43entre o Truman Capote
33:45e as amigas dele
33:47da sociedade
33:48nova-iorquina
33:50e socialites
33:50norte-americanas,
33:52que eles chamam
33:52de The Swans.
33:53Então,
33:54é o Capote
33:55verso essas mulheres.
33:56E isso porque
33:57ele era muito amigo delas,
33:59sabia...
34:00Ele era
34:01o autor gay
34:02e amigo das mulheres,
34:03então ele frequentava
34:04os chás,
34:05os jantares e tal,
34:07e ele era sempre
34:07o que divertia todo mundo
34:09e tudo mais.
34:10E um belo dia,
34:11ele decide escrever
34:12um livro sobre elas,
34:13contando todos os
34:15segredos delas,
34:16da amante,
34:16das traições e tal,
34:18e elas passam,
34:19então,
34:19a odiá-lo.
34:20Deu ruim, né?
34:21Ele deixa de ser
34:23o bibelô delas
34:24e passa a ser
34:25o párea
34:27dessa sociedade
34:28norte-americana,
34:29dessa high society
34:30norte-americana.
34:31Eu achei muito legal
34:33a série,
34:34o que eu vi até agora,
34:35não acabei de ver,
34:35como já disse,
34:37mas para mim,
34:37porque traz esse lugar
34:38do que o escritor
34:39pega da vida,
34:40da vida real.
34:42com frequência
34:44eu conheço pessoas
34:45e as pessoas
34:46me contam histórias
34:47que eu tenho vontade
34:47de usar,
34:48e eu confesso
34:49que já me deparei
34:50com algumas histórias
34:50que eu falei assim,
34:51se eu usar isso,
34:53mesmo que eu não vá usar
34:53o nome,
34:53se eu fazer uma história
34:54de ficção,
34:55eu vou acabar
34:56essa amizade,
34:57fazer uma grande
34:58história nas mãos,
34:59ai meu Deus,
34:59o que eu faço?
35:00Eu confesso que,
35:01por enquanto,
35:01eu escolhi não contar
35:02as histórias,
35:03mas o Capote
35:06foi lá
35:07e contou
35:08e a carreira dele
35:11ruiu,
35:11pelo menos
35:12as amizades.
35:12O Truman Capote,
35:15para quem não estiver
35:16associando o nome
35:17à pessoa,
35:18ele, enfim,
35:19é escritor
35:20e jornalista
35:22americano,
35:23que tem duas
35:24grandes obras
35:25mais célebres.
35:29Uma é
35:29o Bonequinha de Luxo,
35:31o filme
35:31teve origem
35:34num livro dele,
35:36que é o
35:36Breakfast at Tiffany's,
35:38e o outro
35:40é o A Sangue Frio,
35:42que é uma
35:43grande narrativa
35:44sobre um crime
35:45real,
35:46ele, enfim,
35:47foi lá,
35:47entrevistou
35:48por várias vezes,
35:50praticamente ficou amigo
35:51do assassino.
35:52Os assassinos, né?
35:54Exato.
35:55Assassino
35:55e socialagem,
35:57tem alguma coisa a ver?
35:58São parentes ou não?
36:00Talvez.
36:00eu já tratei um pouco
36:02disso num romance
36:03chamado
36:03Jantar Secreto,
36:05em que a
36:05High Society
36:06carioca
36:06faz jantares
36:08secretos
36:08de carne humana,
36:10porque para
36:10determinada
36:11classe social
36:13não faz mais sentido
36:14comer
36:15carnes exóticas
36:16e raras
36:17da Amazônia.
36:18Há que se comer
36:19pobre, né?
36:20Então,
36:21é uma história de rico
36:22comendo pobre,
36:23literalmente.
36:24Essa ideia
36:25do High Society,
36:27você acha que ainda
36:27existe aí no Rio de Janeiro?
36:31Nesse sentido
36:32que existia
36:33claramente
36:33no meio
36:34do século passado,
36:36tanto nos Estados Unidos
36:37como no próprio Rio,
36:38em São Paulo?
36:38Ah, sim,
36:39ainda existe uma corte
36:41em São Paulo,
36:41no Rio de Janeiro.
36:42O Rio de Janeiro
36:42ainda é uma corte
36:43até um pouco cafona,
36:45porque em algum lugar
36:47é uma alta sociedade
36:49pouco falida
36:50de sobrenomes,
36:51né?
36:54Posso dizer
36:54porque conheço
36:55algumas dessas pessoas
36:56que são meus amigos
36:57e que conversam
36:58sobre a cafonice
36:58disso tudo.
37:00Então,
37:01sim,
37:02existe,
37:03sem dúvida.
37:04Tá bom.
37:06Levem para casa.
37:08Existe uma conexão
37:09entre assassinos
37:10e alta sociedade.
37:13Não se esqueçam disso.
37:17E, finalmente,
37:18o seu último livro,
37:19que daí
37:20é a sua última recomendação,
37:22que daí é uma obra mais...
37:24É uma obra um pouco
37:25sobre literatura também,
37:27né?
37:27É diferente das outras coisas
37:28que você sugeriu,
37:29que é a louca da casa
37:30da Rosa Monteiro, né?
37:32É porque esse livro...
37:33Eu decidi recomendar
37:34esse livro porque
37:35esse livro,
37:36primeiro,
37:36eu acho que é um livro
37:36que agrada
37:37a não escritores.
37:40Ou seja,
37:40é um livro que eu recomendo
37:42bastante a amigos e tal,
37:43e todo mundo que lê gosta.
37:46E, a meu ver,
37:47é o livro que melhor
37:48explica
37:50o mistério
37:51que é o processo criativo.
37:53Ou seja,
37:53ela, ao longo dos capítulos,
37:55contando episódios
37:56de publicação
37:57de livros específicos
37:58ou de histórias
37:58que ela enfrentou
37:59e de como a vida dela
38:00se mistura
38:00à literatura dela e tal.
38:03Ela,
38:03que é uma grande
38:03autora espanhola,
38:05a meu ver,
38:06consegue,
38:07em alguns momentos,
38:08chegar perto de...
38:10é o único livro
38:12que eu li
38:13que, em alguns momentos,
38:14eu li e falo assim,
38:15caraca,
38:15é assim que acontece
38:16comigo também.
38:17Mas justamente
38:18porque ela não tenta
38:19definir,
38:20ela justamente reconhece
38:22o mistério
38:22que é tudo isso.
38:25E são capítulos deliciosos,
38:27são meio capítulos avulsos,
38:28são quase crônicas
38:29cada capítulo.
38:30E é muito bom,
38:31realmente vale a pena
38:32ler A Louca da Casa,
38:33é um livraço.
38:33E também tem esse aspecto
38:35de que desmitifica
38:37um pouco os escritores,
38:39ela mostra o lado,
38:42a revista,
38:44o lado malandro,
38:45o lado de carinha
38:46de escritores,
38:47que são pessoas, né?
38:49Claro,
38:49acima de tudo,
38:50antes de tudo,
38:51pessoas, né?
38:53Então,
38:53é um livro que eu realmente
38:54acho muito interessante,
38:56assim.
38:57Porque é isso,
38:58o processo criado,
39:00cada um dos meus livros,
39:02eu escrevi de um jeito,
39:03então,
39:04eu posso aqui chegar
39:04dando regras,
39:05falando,
39:05ah, não,
39:06eu preciso ter o título,
39:07quando eu tenho o título
39:07eu escrevo a história.
39:09Tá bom,
39:09mas teve livro que eu escrevi
39:10com o título,
39:10quando chegou no final
39:11eu mudei o título,
39:12então,
39:12acontece.
39:13Ou então eu posso dizer,
39:14ah, não,
39:14eu sempre estruturo
39:15toda a minha história
39:16para escrever,
39:17porque é verdade,
39:18eu sempre estruturo
39:18toda a minha história
39:19para escrever,
39:19mas aí tem vezes
39:20que eu também estou escrevendo
39:22e aí muda toda a estrutura,
39:23então,
39:24não tem verdade,
39:26tem tentativa
39:27de racionalizar o processo,
39:30mas é meio impossível
39:31racionalizar o processo,
39:32porque ele é,
39:33vivo, né?
39:34Muito bem.
39:35E me diz uma coisa,
39:36a literatura vai te perder,
39:38você agora virou
39:39assistente de direção
39:41no...
39:44No filme,
39:45que vai sair
39:45quatro de abril nos cinemas.
39:47Exatamente.
39:48E você já tem
39:49uma carreira
39:50que está aí
39:50há algum tempo
39:51como roteirista,
39:53muito ligado
39:56à produção
39:57das três temporadas
39:59do Bom Dia Verônica.
40:00do Bom Dia Verônica.
40:02Então,
40:02você acha que você vai
40:03estar se encaminhando
40:06para ser absorvido
40:08por essa produção
40:09mais audiovisual
40:10ou não?
40:12Eu acho que não.
40:13A literatura ainda é
40:14o que eu mais gosto de fazer,
40:15então,
40:16eu acredito
40:17que eu vou
40:18continuar escrevendo livros,
40:20tanto que estou publicando
40:21um livro
40:21esse ano,
40:22agora, né?
40:23Então,
40:24eu confesso
40:25que eu sempre busco
40:25abrir o espaço
40:27da literatura
40:28que, para mim,
40:29ocupa um lugar
40:30muito especial
40:31na minha carreira,
40:32sem dúvida,
40:32o que eu mais gosto
40:33de fazer,
40:33o que eu mais gosto
40:34de escrever é livro,
40:34mais do que televisão,
40:35mais do que cinema.
40:38Então, sim,
40:38eu sou um contador
40:40de histórias
40:40meio inquieto,
40:41que gosto
40:42de experimentar formatos,
40:43quero, então,
40:43escrever uma peça de teatro,
40:45quero dirigir um filme,
40:46quero experimentar
40:47essas maneiras
40:48de contar histórias,
40:49isso me interessa,
40:50mas não acredito
40:52que eu vá deixar
40:52a literatura
40:53de lado,
40:55acho que é mais provável
40:55que eu,
40:56eventualmente,
40:57encontre coisas
40:57que eu não gosto tanto
40:58no audiovisual
40:59e pare de fazer
41:00essas coisas,
41:01mas a literatura
41:02em que não tem
41:04questão de orçamento,
41:05não tem trabalho
41:06em equipe,
41:07sou eu sozinho
41:07no meu canto
41:08escrevendo as minhas histórias,
41:09é sem dúvida
41:10que eu mais gosto de fazer,
41:11então,
41:11eu vou continuar fazendo.
41:13Ótimo,
41:14boa notícia.
41:16Então, bom,
41:17eu sei que você está aí
41:18com compromisso,
41:19te agradeço muito
41:20por ter topado
41:21fazer o programa,
41:22foi uma conversão
41:22muito legal,
41:23muito divertida,
41:23acho que as pessoas
41:24também vão tirar
41:25bastante coisa,
41:26não só as recomendações,
41:27mas coisas para pensar dela.
41:31Me fala de novo
41:32as datas, por favor,
41:33da chegada do livro
41:35e do filme.
41:3512 de março
41:36nas livrarias,
41:37o livro
41:37Uma Família Feliz,
41:38esse aqui está lindo,
41:40ficou super bonito,
41:41pela Companhia das Letras,
41:4412 de março
41:44nas livrarias,
41:46e 4 de abril
41:47nos cinemas
41:48o filme Uma Família Feliz
41:49com a Graça e Massa Fera,
41:50o Reinaldo Janekini.
41:51Quem quiser informações
41:52de coisas de autógrafo,
41:54a gente vai fazer
41:54algumas sessões especiais
41:55do filme com livros,
41:56juntas e bate-papo
41:57e tal,
41:58em São Paulo,
41:58Rio,
41:59e também vou fazer
42:01bienais e feiras literárias
42:03pelo país todo,
42:04é só me seguir
42:05nas redes sociais,
42:06rafael.ph
42:06underline montes,
42:07eu lá coloco
42:08todas as informações.
42:10Ah, e você tem
42:10um bom site também,
42:12tem todas as informações
42:14sobre a sua carreira
42:15lá e tal.
42:16Tem tudo lá,
42:17e então eu acho
42:18que também é um bom lugar,
42:19mas o que eu atualizo
42:20diariamente,
42:21também com dicas
42:22de histórias,
42:23de filmes,
42:23de séries,
42:24de tudo que eu vou
42:24assistindo,
42:25lendo,
42:26eu coloco tudo
42:27bastante no Instagram,
42:28então convido vocês
42:29a me procurarem por lá
42:30caso usem Instagram
42:32com frequência.
42:33Muito bom,
42:34super obrigado,
42:35Rafael,
42:36boa sorte aí,
42:37um abraço.
42:37Tchau, tchau.
42:38Muito bem,
42:40o Will é de Cultura
42:41dessa semana,
42:41então conversou
42:42com o escritor e roteirista
42:43Rafael Montes,
42:45que já tem obras
42:46bem conhecidas
42:47aqui no Brasil,
42:48é um escritor jovem,
42:50um escritor jovem,
42:51mas que tem um sucesso
42:52bem grande
42:53na nossa cena brasileira,
42:55inclusive já teve
42:56várias das suas coisas
42:57traduzidas fora do Brasil.
42:59Ele é um dos coautores
43:01da série
43:03Bom Dia, Verônica,
43:04que já está na terceira temporada
43:06no Netflix,
43:07e agora
43:08tem um novo livro
43:10e um novo filme
43:11saindo quase
43:12simultaneamente,
43:14que são
43:14Uma Família Feliz,
43:16o livro pela Companhia das Letras
43:18e o filme
43:19que vai estar
43:20nos cinemas
43:21no comecinho de abril.
43:23Até a próxima,
43:25a gente agradece
43:25a que acompanhou
43:26o Ilha de Cultura.
43:28Um abraço.
43:38e aí

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