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A reportagem de capa da nova edição da Crusoé fala sobre o peso da política externa nesta eleição, vinculada a temas como corrupção, pobreza, meio ambiente e democracia. Leia um trecho:

"Contrariando a tradição brasileira, os temas de política externa ganharam um peso excepcional nesta eleição. Esta semana, uma frase atrapalhada do presidente Jair Bolsonaro sobre refugiadas venezuelanas levou petistas a o acusarem de pedófilo e a pedirem o não reconhecimento do presidente Juan Guaidó — o que implicaria a legitimação da ditadura de Nicolás Maduro."

"No primeiro debate televisivo do segundo turno — que corre o risco de ser o único — Lula gabou-se de que era convidado para as reuniões de cúpula do extinto G8 e do G20, segundo ele porque o Brasil 'cuidava do clima' e tinha baixos índices de desmatamento. Bolsonaro disse que Belo Horizonte não tem metrô porque o dinheiro brasileiro foi para os ditadores venezuelanos Hugo Chávez e Nicolás Maduro."

"Nos últimos sete minutos da discussão, quando falou praticamente sozinho, o presidente citou a repressão a padres e freiras pelo ditador nicaraguense Daniel Ortega e a defesa da descriminalização da maconha e da cocaína pelo presidente colombiano Gustavo Petro."

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Transcrição
00:00Cruzoé, uma ilha no jornalismo
00:09Microfone, Cruzoé, estou com o Duda Teixeira aqui do meu lado, ele fez a reportagem de
00:21capa, a reportagem de capa é sobre o peso do mundo na campanha eleitoral, vamos conversar
00:28Duda. Joia, boa noite, a ideia da capa ela vem porque nos debates televisivos e nas campanhas
00:38também apareceram muitos temas de política internacional, então a gente viu o Bolsonaro
00:46falando da repressão aos pares e as freiras na Nicarágua do ditador Daniel Ortega, o Bolsonaro
00:54fala, você Lula, que é um apaixonado por Ortega, descriminalização na Colômbia, Gustavo
01:01Pedro defendendo liberação da maconha, da cocaína, puxa aí o Lula falando que ele ia para o G8 e para o G20,
01:09todo mundo aceitava ele, recebia ele muito bem, prometendo fazer acordo para explorar a biodiversidade
01:16da Amazônia, é muito assunto, é guerra da Ucrânia, é né, e enfim...
01:23Meio ambiente, né? Meio ambiente, exato. E aí eu meio que falei, puxa, tem uma impressão aí que
01:30realmente tem um peso maior e saí aí conversando com os especialistas que entendem disso e realmente
01:38assim, eles concordam que realmente a gente tem hoje um peso maior e um cardápio mais variado, né?
01:44Em 2018 a gente tinha o Bolsonaro falando basicamente ali da questão dos mais médicos, né?
01:50Ele também jogava muito a questão do perigo da Venezuela, né? E jogava os adversários deles
01:58todos ali como próximos do Maduro e tudo mais, mas... E em 2018 isso não interferiu tanto, né?
02:06Nos votos, a gente sabe que o Bolsonaro venceu em 2018 porque era o antipetismo, a aversão à
02:13corrupção, o medo da criminalidade e tudo mais. E aí essa matéria ela tenta entender se dessa
02:19vez esse peso maior das questões internacionais também vai interferir no voto.
02:28No resultado, né?
02:29É. E o que a gente tem realmente é o Bolsonaro mesclando, atrelando esses temas de internacional
02:38em questões domésticas, né?
02:40Isso eu achei muito interessante na sua apuração, né? Conseguir encontrar um jeito de usar os
02:48temas internacionais. Normalmente ficava uma margem ali, né? Das campanhas. E achou um jeito
02:54de usar esses temas para reforçar a pauta de costumes, que é um dos pontos centrais, né?
03:01da campanha dele, né?
03:03É isso aí. A política internacional entrou dentro da agenda de costumes. E o Bolsonaro
03:10também tem essa coisa de instilar nas pessoas o medo do comunismo, né? E os petistas vão
03:20dizer, puxa, mas isso daí é meio que fantasia da cabeça dele, não tem esse risco aqui jamais
03:24no Brasil. Mas a gente realmente olha ali para o lado na Venezuela e a gente vê que realmente
03:31há 15 anos atrás, 10 anos atrás na Venezuela também não se tinha essa ideia, né? De que o país
03:39realmente ia virar uma Cuba gigantesca, né? Com 40 milhões de habitantes. Tem menos agora porque
03:45fugiram 6 milhões, né? Mas enfim, a gente não sabe se esse risco é baixo porque existe...
03:52A sociedade criou esses anticorpos, né? E a gente não vai deixar isso acontecer e essa
03:57reação agora é por isso? Ou se realmente o risco seria baixo de qualquer maneira?
04:03Mas enfim, a matéria segue, né? Dizendo um pouco como o Lula tenta usar, né? A questão
04:09também de internacional e os desafios que cada um deles, né? Se eles forem eleitos, o que
04:14que eles vão ter que enfrentar aí pela frente? Nessa área de política externa.
04:19Perfeito. A reportagem é interessante, fala de bastante coisa.
04:22como o Duda observou, né? E enfim, uma campanha diferente mesmo, a gente tentou entender
04:31o que mudou para que os temas internacionais entrassem com tanta força no debate, né?
04:38Duda, fala também desse texto, um texto que eu diria até tocante, do afegão que está
04:49lá acampado no aeroporto de Cumbica, aqui em São Paulo, né? De Guarulhos, com a família
04:57dele, enfim, narra a epopeia de fugir do Afeganistão para tentar uma vida nova, né?
05:07Como é que a gente conseguiu esse texto e tudo mais?
05:11É, a gente, bom, já há quase duas semanas que a gente tem mais de 100 afegãos aqui no
05:16aeroporto de Guarulhos, vivendo em uma situação muito difícil, tem gente ali com, a gente vê
05:22na foto com cadeira de rodas, né? E tudo mais. E tem uma equipe grande de brasileiros voluntários
05:31que estão ajudando essas pessoas. Então, eles dão comida, dão frutas, né? Dão roupa, dão cobertor.
05:41Uma parte deles já está no alojamento e uma outra parte continua no aeroporto.
05:48Eu procurei essas pessoas, né? E pedi ajuda porque a gente queria falar com algum afegão.
05:54e aí a gente precisou achar, a gente achou o Abdul Bari, o Sharif, ele é um engenheiro,
06:01e foi mais fácil falar com ele porque ele fala inglês, né? E aí a gente conseguiu, então,
06:08pegar esse artigo com ele, em que ele conta a experiência dele. A esposa dele era uma médica,
06:17é uma médica, mas além de médica, ela trabalhava como ativista, defendendo os direitos das mulheres.
06:25E aí, quando o Talibã chega em agosto e conquista Cabu, eles moravam em Cabu,
06:30todo mundo perde o emprego e ela passa a ser, enfim, correr risco, aí como todas as mulheres
06:36que tinham esse trabalho defendendo os direitos femininos e tudo mais, né?
06:42Bom, o título, de certa forma, resume o espírito da coisa, né?
06:50O Talibão destruiu os nossos sonhos, era uma sociedade que estava se transformando
06:55depois de 20 anos, né? Foram 20 anos, né?
07:00Sim, de presença americana, enfim, que permitiu que várias coisas andassem, mudassem no país.
07:08E daí, de um dia para o outro, se mostrou que era muito frágil, né?
07:13Essa sociedade nova que estava sendo construída, né?
07:16É, a guerra começa depois do atentado às Torres Gêmeas, né?
07:21Em 2001, então, vão ter duas décadas aí que os americanos estavam ali e tudo mais.
07:29E aí, realmente, imagina uma pessoa com 20 anos no Afeganistão,
07:35viveu só esse período, né? Não conhece o que existia antes, o Emirado,
07:41que o Talibã instituiu no Afeganistão.
07:46E aí, uma vez que eles entraram no país e conquistaram a cidade,
07:52várias profissões realmente ficaram sem condições de continuar existindo mesmo, né?
07:59E as mulheres, ele relata não só da repressão às mulheres,
08:02mas de que muitas mulheres estão sendo torturadas no Afeganistão, né?
08:07Ainda que eles tenham falado para os jornalistas internacionais,
08:13depois de conquistar a Cabul, de que elas seriam respeitadas,
08:16de que elas poderiam estudar e trabalhar.
08:19Mas, enfim, essa gente realmente é fanática, né?
08:23E não tem moderação com isso, né?
08:25Uma história que ele conta da esposa dele é que estava num carro
08:31indo para uma associação que ela atuava em defesa das mulheres
08:36e o carro pega uma mina terrestre.
08:39Então, ela sobrevive, mas a amiga que estava no carro acaba morrendo.
08:45Enfim, é uma situação horrível.
08:47Enfim, vale a pena, é um relato, como eu disse, tocante.
08:52E, enfim, abre uma janela para uma realidade
08:54que a gente realmente não consegue nem medir, né?
08:58É muito longe.
09:00É, e acaba chegando para a gente aqui,
09:02porque realmente, assim, esses afegãos,
09:05eles conseguiram um visto humanitário.
09:08São poucos relativamente os que vieram para cá
09:10se comparar com venezuelanos e tudo mais.
09:12Mas acho que existe aí, por parte de muitos brasileiros,
09:17uma boa vontade de acolher realmente essas pessoas, né?
09:23É, o Brasil continua sendo acolhedor, apesar de tudo, né?
09:26Para os estrangeiros, né?
09:29Bom, a gente tem um artigo também do Robson Andrade,
09:34que é o presidente da CNI, né?
09:36Da Confederação Nacional de Indústria.
09:38Ele discute os desafios da indústria
09:42para se reorganizar no Brasil
09:44e para superar esse processo de desindustrialização, na verdade, né?
09:53O número que ele dá sobre a participação da indústria no PIB
09:58nos anos 70 e nos dias de hoje está recebendo, né?
10:02Me parece que agora é 18%.
10:07Você lembra exatamente o número?
10:09Já foi metade, né?
10:10Metade, já foi 50%, né?
10:12Então, quer dizer,
10:13nossa indústria foi para o beleléu mesmo
10:17e está nos condenando a ser
10:20um país só produtor de commodities, né?
10:23De matéria-prima.
10:25Isso embute muitos riscos, né?
10:29É, e nessa campanha presidencial,
10:32a gente tem ouvido falar muito do agronegócio,
10:34agronegócio, né?
10:35E realmente a indústria gera ótimos postos de trabalho, né?
10:41Bem remunerados e que também...
10:45E até o agronegócio,
10:46uma coisa que ele coloca no texto,
10:48depende da indústria, né?
10:49Fertilizante, máquina e várias coisas.
10:52Então, é uma questão aí que o próximo presidente também tem...
10:57deveria olhar, né?
10:59Prestar atenção.
11:00É, porque é exatamente isso que o Duda falou, né?
11:02A indústria, ela costuma ser um passo importante, né?
11:06Para a ascensão social das pessoas, né?
11:09Da classe média, né?
11:11Para a criação de uma classe média mais estável,
11:15com maior poder aquisitivo e tal.
11:17Se não essas pessoas saem
11:18e vão para empregos muito frágeis também
11:23no setor de serviços, né?
11:25Enfim, é caixa de supermercado,
11:31carregador de compras, né?
11:33Então, a indústria...
11:35São empregos que pagam pouco
11:36e que empregam muita gente no Brasil.
11:37Então, a gente está, assim,
11:39preso entre o agronegócio,
11:41um setor de serviços gigante,
11:43mas que tem muito subemprego,
11:44e uma indústria que não consegue crescer de novo, né?
11:54Música
11:55Música

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