Israel x Irã: Conselho da ONU será efetivo? Bancada analisa

Jovem Pan News

16/06/2025

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, criticou neste domingo (15) a “indiferença” do Conselho de Segurança da ONU após o ataque israelense ao país. A bancada do LINHA DE FRENTE, coordenada por Fernando Capez, com comentários de Guilherme Mendes, Manuel Furriela e Henrique Krigner, analisa os desdobramentos e possíveis reações da comunidade internacional.

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00:00Professor Manuel Furiela, eu tô vendo essa confusão que tá tendo aqui.

00:05Eu lembro que logo depois da Segunda Guerra Mundial,

00:08pra que o mundo nunca mais vivenciasse uma guerra tão destrutiva quanto aquela,

00:14que foi a Segunda Guerra Mundial,

00:16foi criada a Organização das Nações Unidas.

00:20E a ONU justamente é o local pra que as nações tentam se entender,

00:23discutam suas questões e decidam.

00:26Por que a ONU se tornou tão irrelevante, tão ineficaz,

00:31e ela se resume hoje a um mandatário obediente, subserviente,

00:36do Conselho de Segurança, que tem cinco membros?

00:40Bom, primeiro vamos falar um pouco dessa crise que a ONU vivencia

00:44e que ela teria que ser agora o caminho pra resolução do problema.

00:47Até mesmo porque a gente tava conversando um pouco aqui,

00:50o problema tá sendo apresentado pra solução pelos próprios protagonistas

00:55e com seus interesses.

00:56Então isso alimenta o conflito.

00:58Você teria que ter alguém de fora, no caso a ONU,

01:02uma organização multilateral, internacional multilateral,

01:05pra mediar e colocar as coisas em ordem numa composição

01:10e numa eventual resolução mesmo dos conflitos que você tem naquela região.

01:14Mas não é esse papel que ela tem exercido.

01:17Ela vive uma crise desde o final da Guerra Fria,

01:21quando a União Soviética se desmantelou,

01:23você teve a ascensão somente dos Estados Unidos

01:26como potência internacional onipresente.

01:30Então o mundo bipolar, o mundo dividido, se desfez naquele momento.

01:34Hoje em dia tá sendo reconstruído ao redor de vários núcleos,

01:38principalmente aí no núcleo da China.

01:40Mas naquele momento você não tinha.

01:42E a partir do momento que você não tinha a ONU com esse papel de mediar

01:45aquele grande problema, aquela grande disputa bipolar,

01:48o que a gente começou a observar?

01:51Os Estados Unidos tomando decisões por conta própria,

01:54vou dar um exemplo bem importante, que foi a invasão do Iraque,

01:58invadiu o Iraque sem autorização da ONU.

02:01Então em outros momentos teria que passar pelo Conselho de Segurança da ONU,

02:05entendendo que era o caso de uma intervenção militar,

02:08ela ser autorizada.

02:09Não foi o que aconteceu e nada aconteceu a partir de lá em diante

02:14em relação a decisões tomadas fora do âmbito da ONU.

02:19Ela foi perdendo cada vez mais o protagonismo,

02:22principalmente pelos aspectos que eu mencionei.

02:25E eu também responsabilizo a ONU em relação a essa questão do Oriente Médio

02:29por vários motivos.

02:31Quando houve a criação do Estado de Israel, acertadamente em 1948,

02:35deveria a ONU naquele momento já ter mapeado e encaminhado

02:40a resolução também da questão envolvendo os palestinos e Israel.

02:45Ter mediado esse conflito nunca se propôs a isso.

02:48E agora vivemos novamente uma situação onde a ONU não media.

02:53A ONU foi capaz de aplicar cinco sanções pelo seu Conselho de Segurança

02:58contra o Irã por conta dessas armas nucleares,

03:01até porque essa conversa não é de hoje.

03:03Esse desenvolvimento tecnológico já ocorre há quase 30 anos.

03:08Então, com esse desenvolvimento tecnológico, a ONU aplicou sanções contra o Irã

03:13e não fez mais nada até então.

03:16E agora, cada vez mais, o Irã gerando uma ameaça,

03:19cada vez mais avançando nessa tecnologia,

03:22Israel invadindo com essa apresentação de que?

03:27Colocava em risco até mesmo a sua própria segurança.

03:30A ONU está enfraquecida, mas também não exerceu.

03:33Quando deveria o seu papel?

03:35Bom, Henrique Kriegler, depois, com a observação da Priscila Silveira,

03:41como você vê exatamente essa mesma questão?

03:43Depois o Guilherme Mendes, obviamente.

03:46Como você vê essa mesma questão?

03:48Quer dizer, nós temos uma ONU impotente,

03:50ninguém chama os dois países,

03:52a ONU não chamou os dois países antes,

03:54quando teve o ataque 7 de outubro de 2023.

03:58Então, praticamente, é a lei do mais forte.

04:00Estados Unidos teria inaugurado esta fase quando invadiu o Iraque

04:05sob um falso pretexto em 2003?

04:08Ou a ONU já vinha desmoralizada há muito tempo?

04:11Eu lembro do então presidente George Bush, o filho,

04:14dizendo que a ONU é um local para conversas longas e inúteis.

04:19Como você vê o papel da ONU hoje,

04:21da Organização das Nações Unidas, hoje no mundo?

04:24Acho que no caso do Iraque, Capês,

04:26os Estados Unidos não inaugurou essa lógica do mais forte,

04:30ou talvez de passar direto.

04:31Na verdade, resgatou, porque era assim que era feito antes

04:34do fenômeno aí do otimismo em relação às organizações internacionais.

04:39Quando a ONU foi criada, estabelecida ali na década,

04:42logo depois da Segunda Guerra Mundial,

04:44tinha esse entendimento de que agora os Estados nacionais,

04:49eles estariam maduros o suficiente na sua política doméstica

04:52e na política externa para poder sentar e tomar decisões

04:55com base estritamente no direito internacional

04:57e não mais em interesses únicos, unilaterais.

05:01Essa lógica se provou contrária, na verdade, errada.

05:05Correta em alguns sentidos,

05:06se aplicou de uma maneira que trouxe diplomacia em alguns casos,

05:10mas nos casos maiores, especialmente os que envolvem

05:13maior ganho financeiro, os que envolvem questões de valor nacional,

05:17inclusive até religioso muitas vezes,

05:19é realmente um fracasso por completo.

05:22E o que a gente vê hoje nessa questão Israel-Irã

05:25é que a Assembleia Geral não consegue ter um posicionamento nesse sentido,

05:29o Conselho de Segurança, pela maneira como é dado as regras ali também,

05:33não consegue ter um posicionamento,

05:34mas as suas agências têm um papel um pouco mais importante e relevante,

05:38porque são agências técnicas.

05:40Então a gente tem, por exemplo, as agências relacionadas à energia nuclear,

05:43a armas nucleares também,

05:44que emitiram, sim, relatórios que embasaram, inclusive,

05:48a movimentação israelense.

05:49Não vamos esquecer que foi esse relatório do dia 12 de junho,

05:55lançado ali pela agência nuclear, que é também pertencente ao organismo da ONU,

06:00que disse, olha, o Irã está chegando num nível preocupante

06:04de enriquecimento de urânio muito próximo ao desenvolvimento de armas.

06:08Isso foi a justificativa técnica legal, entre aspas, que Israel usou para dizer

06:13agora é a hora do ataque, não amanhã, nem depois, nem daqui a um mês,

06:17tem que ser agora, porque senão isso aqui vai chegar num nível talvez irreversível,

06:21sabendo que o Irã já tinha declarado que um dos objetivos do regime

06:25é a eliminação do Estado de Israel.

06:27Então vamos esperar o nosso inimigo ser armado o suficiente para nos destruir

06:31ou vamos impedir que isso aconteça?

06:33Então, essas agências, elas acabam assumindo um papel um pouco mais técnico

06:37e aí contribuem um pouco mais para o debate.

06:39Mas em termos de conter um conflito como esse, Capês, eu acho quase impossível.

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