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  • 16/06/2025
O lutador internacionalista Thiago Ávila fala de sua recente experiência com a Flotilha da Paz, que tentava furar o bloqueio imposto ao povo de Gaza pela regime genocida do sionista Estado de Israel. É uma valiosa demonstração de como a força da solidariedade se enfrenta contra as forças das trevas, do racismo e do genocídio.
Transcrição
00:00Olha, eu acho que essas boas-vidas aqui representam o sentimento geral
00:04de todo mundo que está te assistindo nesse momento.
00:06Thiago, muito bom ver você, firme e forte.
00:09Obrigado, Léo. Um prazer estar contigo, um prazer estar com a comunidade 247.
00:13Fiquei pensando muito no momento que eu poderia estar de volta conversando com vocês.
00:17E a gente ficou angustiado, Thiago, porque eu me lembro de trocar mensagens com você
00:22pouco antes do sequestro que vocês sofreram.
00:25Você estava mandando mensagens, não me lembro exatamente que dia que foi,
00:30mas a gente vinha se comunicando até bem pouco antes de tudo acontecer.
00:34Então eu queria que você relatasse em detalhes para a gente,
00:36quer dizer, como é que foi esse sequestro, para onde você foi levado,
00:40se você teve, na verdade, se você foi constrangido a assinar um documento
00:46que você não assinou, por que você foi preso e por quanto tempo?
00:49Conta tudo aí para a gente, por favor.
00:51Obrigado, Léo. Só trazer esse contexto antes.
00:54Nós navegamos por oito dias na missão humanitária não violenta da Flotilha da Liberdade,
01:00que levava alimentos, medicamentos, filtros de água, próteses para crianças amputadas,
01:05muletas, para romper o cerco ilegal de Gaza e criar, sobretudo,
01:09a quantidade de alimentos que a gente levava era pequena, porque o barco era pequeno,
01:13mas a gente, sobretudo, buscava criar um corredor humanitário dos povos,
01:16para que aí sim países, organizações internacionais pudessem levar toda a ajuda
01:20que o povo palestino precisa depois de oito décadas de genocídio,
01:24dezoito anos de cerco ilegal, um ano, na verdade, vinte e um meses já de escalada desse genocídio
01:30e quase três meses, mais de três meses sem praticamente entrar nada de ajuda humanitária em Gaza.
01:36A sua nossa missão estava seguindo já no oitavo dia de navegação,
01:39preparando tudo para a chegada em Gaza,
01:41mas ainda sem milhas náuticas de Gaza, Léo.
01:45E quando a gente recebeu já, desde dois dias anteriores,
01:49a gente já vinha recebendo as notícias de que o ministro da Defesa de Israel,
01:53Israel Katz, ele tinha anunciado que ia interceptar a flotilha,
01:57e aí que ia designar a unidade de operações especiais S-13 de Israel,
02:03que foi responsável, 15 anos atrás, por assassinar 10 dos nossos participantes
02:06no barco Mave Marmar.
02:08Então, tentando fazer tanto terror psicológico,
02:11como já fabricar um consenso ali de que aquela ação deveria acontecer.
02:14Acusava a nossa flotilha de não levar alimento, de levar armas,
02:18e não levar pessoas e agentes de solidariedade ao povo palestino,
02:21mas sim levar insurgentes e guerrilheiros.
02:25Eles falaram isso sobre todas as flotilhas ao longo dos 17 anos,
02:28e falaram novamente.
02:30Quando chega no dia 11 à noite,
02:35a gente começa a ouvir, ver as primeiras mensagens da imprensa israelense
02:39de que as tropas especiais já tinham deixado o porto de Ashdod, em Israel,
02:43para nos atacar.
02:44E aí a gente não tinha confirmação, muitas vezes essas coisas são boatos,
02:48e a gente não tem como confirmar.
02:51Mas a gente ficou em alerta.
02:53Quando deu mais ou menos meia-noite e 20, ali já do dia 11 para o dia 12,
02:58passaram as duas primeiras embarcações com sirenes azuis bem na frente do nosso barco,
03:03cruzando e indo para trás do nosso barco,
03:05e outros três grandes embarcações cercando o nosso barco à distância.
03:10Era uma noite, uma noite escura, então difícil de identificar esses barcos.
03:13Quando eles apagam as luzes, a gente simplesmente não vê eles.
03:16E aí a gente soltou o primeiro alerta, falando, nós já estamos cercados,
03:21já fizeram a primeira passagem aqui, só que depois eles pararam de vir.
03:25Na certa, estavam se posicionando, preparando o melhor momento,
03:27vendo a nossa capacidade de resposta.
03:30Já tinham muitos drones em cima de nós.
03:31E aí a gente soltou esse alerta, ficou quase 40 minutos,
03:37sem ter grandes mudanças nesse quadro.
03:42E aí começaram a vir os drones.
03:44Era no dia 12 agora de junho, começaram a chegar drones,
03:48aí já perto de uma hora da manhã.
03:50Começaram a vir drones em cima da gente, no barco mesmo.
03:53E jogando luz, fazendo sons, jogando elementos químicos,
03:57que até hoje a gente não conseguiu identificar.
03:59E a gente pegando proteção.
04:01Eu era responsável por treinar toda a nossa equipe
04:04nas situações de segurança, tanto de uma interceptação quanto de um ataque.
04:07Então, se é uma interceptação, se os soldados estão vindo tomar o barco,
04:11a gente é uma ação não violenta, não tem vitória militar numa ação como essa.
04:14A gente não tem o que fazer se eles querem tomar o nosso barco.
04:17O que a gente tem que fazer é preservar a vida dos nossos ativistas,
04:20preservar a integridade física deles, a liberdade deles.
04:23Então, em caso de interceptação, todo mundo tinha que ficar sentado
04:26nas posições que a gente já tinha definido.
04:28Cada um ficava na sua posição exata.
04:30E eu faria a negociação com eles, em caso de precisar interceder alguma coisa,
04:34tentar parar algum tipo de violência contra algum dos nossos ativistas.
04:37E o caso de ataque era diferente.
04:39O caso de ataque, se eles estivessem atirando,
04:40os mesmos drones, quadricópteros, que estavam ali sobre nós,
04:43eles podem ter esse reservatório de tinta,
04:46desses elementos químicos, podem ter também bombas,
04:48e podem ter armas adaptadas,
04:50que usam inteligência artificial,
04:52com uma tecnologia chamada de smart shooting,
04:53que eles clicam na parte do corpo da pessoa que eles querem que atinja.
04:57O drone calcula, mas ele não dispara imediatamente.
04:59Ele calcula as condições do vento, deslocamento,
05:02e só atira quando estão as condições perfeitas para acertar o alvo.
05:05Então, naquele momento, a gente falava para todo mundo,
05:07olha, pega a cobertura,
05:09inclusive Greta e as demais pessoas,
05:10gente, se cubram, porque pode ser um ataque ainda.
05:13Até que a gente entendeu que não era um ataque
05:15quando as lanchas chegaram,
05:17e as lanchas chegaram para tomar o barco.
05:19Quando chegaram para tomar o barco,
05:20todo mundo assumiu a posição de interceptação,
05:23ficamos de forma não violenta ali,
05:24tentando desescalar aquela situação,
05:26e eles chegaram, tomaram o barco.
05:28Essa foi a parte que a gente perdeu a comunicação.
05:31A gente tem a questão da comunicação,
05:33a gente leva aparelhos eletrônicos,
05:35mas a gente sabe que eles roubam tudo em ações assim.
05:38E não só roubam os aparelhos,
05:39mas eles roubam os dados,
05:40para fazer mal depois ao movimento de solidariedade.
05:42Então, quando eles chegam,
05:45a gente já tem isso combinado,
05:46todo mundo joga os telefones no mar,
05:48porque eles vão roubar os aparelhos.
05:50Então, os aparelhos não são salvos de forma alguma.
05:52A única diferença que a gente tem,
05:53a única escolha que a gente tem,
05:54é não entregar dados que vão ser usados
05:56para fazer mal às pessoas.
05:58Então, por isso, a gente joga os telefones no mar.
06:00E aí, quando eles chegaram,
06:02interceptaram,
06:03sob a mira dos fuzis,
06:05tentaram fazer toda uma manobra publicitária
06:07de dizer que estavam nos tratando bem,
06:10de filmar oferecendo água,
06:11oferecendo comida,
06:12essas coisas,
06:13mas, na verdade,
06:14atrás da câmera,
06:15de onde ele filmava oferecendo coisa,
06:17estavam os fuzis apontados para nós.
06:19E aí, eles pediram primeiro para...
06:21Me chamaram para eu sair do grupo
06:23e ir sozinho lá para a frente do barco
06:25sobre a mira dos fuzis.
06:27Naquela hora,
06:28a conversa entre todos os 12 participantes
06:30era que estão indo executar o Tiago.
06:32E aí, me levaram lá para a frente do barco,
06:34me deixaram ali um tempo
06:35e depois começaram a chamar
06:36todas as demais pessoas
06:38para ir também para a frente do barco.
06:39Ô, Tiago, você teve receio de ser executado nesse momento?
06:42Quer dizer, como se fosse uma lição para os outros 11?
06:45Infelizmente, 15 anos atrás,
06:47eles executaram pessoas assim.
06:48Então, eu fui caminhando,
06:49naquele momento eu não tinha o que fazer,
06:51senão eu seguia aquela ordem militar deles.
06:54e eu, sinceramente, não sabia
06:56se havia um tiro nas minhas costas,
06:58se havia algum tipo de agressão,
07:01alguma coisa,
07:01eu só caminhei.
07:02E foi a hora que eu segurei
07:04a girafinha da Tereza,
07:05que estava no meu bolso o tempo todo,
07:07que eu ganhei de presente
07:08para levar em casa pessoalmente.
07:10E, de fato, pensei na minha família,
07:11pensei na minha filha.
07:13Fiquei muito preocupado, Léo.
07:14Mas,
07:15depois que eles não me executaram
07:18e que levaram todas as demais pessoas
07:19para a frente do barco,
07:21eu entendi que ia ser uma interceptação
07:22que eles estavam muito mais focados
07:23na manobra publicitária.
07:25Apesar de ser um sequestro
07:26em águas internacionais
07:27a 100 milhas náuticas,
07:29muito distante das 12 milhas náuticas
07:31de Israel que eles reivindicam.
07:33E mesmo que a gente estivesse
07:34no território marítimo de Gaza,
07:35é território palestino
07:36pelo direito internacional.
07:37Não é jurisdição deles.
07:39Então, é, sem dúvida nenhuma,
07:40um crime de guerra,
07:41uma violação da Lei dos Mares
07:43e uma violação da Corte Internacional de Justiça
07:45que proíbe Israel
07:46de deter ajuda humanitária
07:47no caso aberto pela África do Sul
07:49contra Israel
07:49pelo crime de genocídio.
07:51Então, nós estávamos lá,
07:52naquele momento ficamos oito horas
07:54na frente do barco,
07:55na proa do barco,
07:57sem poder tirar as mãos do joelho,
07:59que era o comando militar deles ali,
08:01filmando de forma muito bonita,
08:03entregando água e comida,
08:04mas com a mira dos fuzis
08:05logo ali atrás.
08:06Depois de oito horas,
08:08a gente pôde mudar de posição
08:10e aí as pessoas começaram
08:11a se encostar,
08:12se ajeitar,
08:12muito cansadas também.
08:14Já vinham dias com os drones
08:15na madrugada,
08:16dificultando muito o descanso.
08:18E oito dias também no mar, né?
08:19Depois disso,
08:20eles nos mandaram
08:21pra dentro do barco,
08:22pros quartos
08:24e pra região ali
08:25da cozinha
08:26e da mesa central.
08:27E aí a gente ficou lá
08:28por mais doze horas
08:29até que a gente chegasse
08:30no porto de Ashdod.
08:31Foi mais ou menos vinte horas
08:32sob o poder deles
08:34dentro do nosso barco,
08:35sob a mira dos fuzis.
08:36Que na hora deles filmarem
08:38e fazerem a manobra publicitária
08:40parecia uma coisa inofensiva,
08:42mas os fuzis estavam lá.
08:43E os mesmos soldados
08:44que assassinaram
08:4510 pessoas 15 anos atrás
08:46tinham dessa vez
08:47um comando diferente
08:48de não nos assassinar,
08:50mas usar isso
08:50pra tentar fazer
08:51uma manobra de marketing
08:52de Israel.
08:53Tiago,
08:53e por que a Greta
08:54voltou logo
08:55e você foi detido?
08:56Qual foi a diferença
08:57de tratamento?
08:59Quando a gente chegou,
08:59Léo,
09:00no porto de Ashdod,
09:01tinha todo um aparato
09:02militar gigantesco.
09:03Eles expulsaram toda a imprensa,
09:04não queriam que ninguém filmasse,
09:05inclusive ficaram fazendo
09:06zigue-zague
09:06pra gente chegar mais tarde.
09:08Chegamos à noite já,
09:09sem nenhuma luz do sol.
09:10E aí quando a gente chegou
09:11tinha esse aparato todo
09:12e o que eles perguntaram,
09:13eles separaram.
09:14Eu, Greta,
09:15a eurodeputada
09:16Arima Hassan
09:17e a Yasmin,
09:17que é outra coordenadora
09:18da missão junto comigo.
09:20E as mesmas violações,
09:22as 12 pessoas
09:23estavam sujeitas,
09:23mas nós quatro
09:24estávamos sujeitos
09:25mais à questão das câmeras
09:26e da manobra publicitária.
09:28Então eles primeiro
09:29tentaram levar a gente
09:30onde um ex-porta-voz
09:31da Força de Ocupação de Israel
09:32tentou obrigar a gente
09:34a assistir um vídeo
09:35do 7 de outubro,
09:36aquele vídeo que eles usam
09:37pra justificar o assassinato
09:38de crianças e o genocídio.
09:40Eles tentam mentir
09:41pra imprensa do mundo inteiro.
09:43Nesse vídeo tem a história
09:44dos bebês queimados,
09:46aquela coisa?
09:47É, aquela...
09:48Isso é uma fake news também,
09:49inclusive.
09:50Exatamente.
09:51Aquela mesma narrativa
09:52que eles tentaram
09:53impor ao mundo
09:54pra justificar o genocídio
09:56e a limpeza étnica, né, Léo?
09:57Então a gente se recusou
09:58a assistir isso.
09:59E aí eles perguntavam
10:00pra todas as 12 pessoas,
10:02vocês querem ir pra casa?
10:03E quem respondia que sim,
10:05a pessoa falava assim,
10:06a única forma de você ir pra casa
10:07agora é você assinar
10:08esse documento.
10:09Esse documento dizia assim,
10:10Léo,
10:10que a gente reconhecia
10:12que a gente tentou
10:13entrar em Israel
10:14ilegalmente
10:16e por isso
10:16estávamos reconhecendo
10:17que estávamos sendo
10:18deportados
10:19pro nosso país de origem.
10:20E o que eu disse
10:21e o que todas as demais
10:22pessoas disseram
10:23foi que nós não tínhamos
10:25nenhuma intenção
10:25de entrar em Israel,
10:26que nós fomos sequestrados
10:27em águas internacionais
10:29de uma prisão ilegal,
10:30de uma missão
10:31não violenta
10:32de ajuda humanitária
10:33que ia em direção
10:34a Gaza,
10:34que é território marítimo
10:35palestino,
10:36mas mesmo antes
10:37de estar em território
10:38marítimo palestino
10:39ou israelense,
10:39a gente estava
10:40a 100 milhas náuticas,
10:41quase cinco vezes
10:42a distância necessária
10:43para entrar
10:44em território marítimo
10:45de qualquer país.
10:46Então a gente falou,
10:47nós não vamos assinar
10:48um crime que a gente
10:48não cometeu
10:49e a única coisa
10:50que a gente assinaria
10:50era vocês reconhecendo
10:51o crime de sequestro
10:52e a violação
10:54da Corte Internacional
10:54de Justiça
10:55por deter
10:55uma missão humanitária.
10:56Eles ficaram muito zangados
10:59com a nossa rejeição
11:00a assinar um documento
11:01de um crime
11:01que a gente não cometeu
11:02e disseram que a gente
11:04então iria
11:04para uma agência
11:06de imigração
11:06onde eles iam avaliar
11:07a nossa deportação,
11:09a nossa prisão
11:10e a nossa custódia
11:10por até 96 horas.
11:12Quando eles levaram
11:13para essa oficina
11:14de imigração
11:15com um aparato policial
11:16imenso,
11:17com viaturas
11:18extremamente fechadas,
11:19sem circulação de ar,
11:21no escuro,
11:21as pessoas amontoadas,
11:22foi uma violação
11:23muito grande.
11:24E quando a gente
11:25chegou lá,
11:26a gente tomou a decisão
11:27de que quatro pessoas
11:28iriam sair primeiro
11:30para contar a história.
11:32Então, Greta...
11:33Eu ia te perguntar isso,
11:34quer dizer,
11:34então não houve uma divisão,
11:35isso foi acertado
11:37entre vocês,
11:37quer dizer,
11:38a decisão da volta
11:38da Greta antes,
11:39então, por exemplo.
11:40Exatamente.
11:41Léo, a Greta é uma das pessoas
11:42mais incríveis e corajosas
11:43que eu já conheci nessa vida,
11:45uma jovem extraordinária.
11:46E ela falou,
11:47eu gostaria de ficar
11:48até o final
11:49porque eu sei
11:49que a minha presença
11:50nessa prisão com vocês
11:51protege todo mundo,
11:53mas eu vou fazer
11:54o que vocês acreditarem
11:54que é melhor.
11:55E eu falei para a Greta,
11:56falei, Greta,
11:57nesse momento,
11:58eles vão ter por dias,
11:59se a gente ficar em custódia,
12:01eles vão ter por dias
12:01o domínio da narrativa
12:02para todas as mentiras
12:03e as fotos
12:04dessa manobra publicitária deles.
12:06É melhor que você vá,
12:07porque você é uma voz
12:08muito potente,
12:09você consegue
12:09contrapor a narrativa deles.
12:11Então,
12:11ela não assinou
12:12exatamente aquele documento.
12:14Ela falou que aquele documento
12:15de assumir o crime,
12:16ela não ia assumir,
12:17mas que ela reconhecia
12:18que estava sendo deportada.
12:19E aí,
12:19ela e outras três pessoas
12:21assinaram esse documento,
12:23voltaram e levaram
12:24a nossa história adiante
12:25do que realmente aconteceu.
12:26E a Greta tem uma declaração
12:27muito interessante
12:28quando ela desembarcou,
12:29Tiago,
12:29perguntaram para ela,
12:31por que você acha
12:32que o mundo fecha os olhos
12:33diante do genocídio?
12:35Ela falou racismo.
12:36Você acha que é o racismo
12:37que explica o comportamento
12:39da mídia,
12:40dos meios de comunicação,
12:41dos países ocidentais?
12:43Como é que você viu
12:44essa declaração dela
12:46também ao chegar?
12:48Sem dúvida nenhuma,
12:49Léo.
12:50O processo que a Palestina vive
12:51são oito décadas
12:52de genocídio,
12:53limpeza étnica,
12:54um estado de colonização,
12:55de apartheid,
12:56dessa ideologia racista
12:57e supremacista
12:58que é o sionismo.
12:59O colonialismo
13:00não sobrevive
13:01sem o racismo,
13:02sem você dizer
13:02que um povo é superior
13:03ao outro,
13:04é mais civilizado
13:05que o outro.
13:06Então,
13:06isso fica bem evidente,
13:07tanto na invisibilização
13:09e desumanização
13:09do povo palestino,
13:10dos povos árabes
13:11e persas da região,
13:12como vocês estavam falando
13:13sobre o ataque ao Irã,
13:15como também na própria
13:16diferença de visibilidade
13:17que a nossa missão,
13:19que tinha quase todo mundo,
13:20tinha 11 pessoas europeias
13:22e uma única pessoa brasileira
13:24nesse barco,
13:26em comparação
13:26ao que todo o povo palestino
13:28está tentando.
13:28Os mesmos gritos
13:29de que o palestino
13:30merece ser livre,
13:31merece ter direito
13:31de não ter crianças
13:32sendo assassinadas por fome,
13:34hospitais bombardeados,
13:35escolas e creches
13:36e bairros residenciais,
13:38as mesmas coisas
13:38que a gente fala,
13:39o povo palestino também fala.
13:40E por que que escutaram
13:41a nossa missão
13:42de 12 pessoas,
13:43majoritariamente europeias,
13:45por conta do racismo?
13:46A Greta tem toda a razão.
13:48Aí você foi preso
13:49depois disso, né, Thiago?
13:50Quer dizer,
13:51ela saiu,
13:51você foi preso,
13:52como é que foram
13:53as condições da prisão?
13:54Léo, quando a gente foi preso,
13:58a gente inclusive tinha combinado
13:59que a gente não ia focar
14:01no que a gente passou
14:02na prisão,
14:02a gente só passou a falar
14:03sobre o que a gente passou
14:04na prisão
14:04quando três dos nossos irmãos,
14:06que é o Marco,
14:07o Yannis e o Pascal,
14:09ficaram para trás.
14:10E aí a gente passou
14:11a ver a necessidade de falar
14:12porque eles estão passando
14:13ainda por violações.
14:14Tudo indica que eles vão
14:15para casa hoje,
14:16mas o que aconteceu
14:17é que quando a gente foi levado
14:19para uma unidade de Givon,
14:20por uma prisão
14:21chamada Givon
14:22perto, nos arredores de Tel Aviv,
14:25essa prisão é uma unidade prisional
14:27também conhecida
14:27por violações de direitos humanos,
14:29mas que onde a gente foi colocado
14:31era um lugar,
14:32uma cela isolada
14:33para seis homens
14:34e Yasmin e Rima
14:35foram levadas para outra cela.
14:37E a ideia era que
14:38as pessoas ficassem lá
14:39ao longo de todos os dias
14:40até a deportação.
14:42Lá era um ambiente insalubre,
14:44onde a água tinha
14:45uma coloração estranha,
14:48um odor estranho.
14:49Eu não bebia água,
14:49mas as pessoas que beberam
14:50disseram que tinham
14:51um gosto estranho.
14:52As pessoas estavam sendo atacadas
14:54por percevejos,
14:55por insetos.
14:56Era um ambiente que
14:57a toda hora vinham policiais
14:58e agentes carcerários
15:00gritando, falando
15:01para as pessoas levantarem,
15:02tentando privá-las de sono.
15:04As pessoas tinham acesso
15:05a uma hora de banho de sol
15:06por dia somente
15:08e não tinham acesso
15:09a ligação,
15:09não podiam ligar
15:10para os seus advogados,
15:11para os seus agentes consulares,
15:12para as missões diplomáticas
15:13dos seus países.
15:14Isso era só quando eles queriam.
15:16E a gente teve logo
15:17no primeiro dia
15:17a audiência de custódia,
15:18onde eu fui o primeiro
15:19a ser ouvido
15:20e falei
15:21tanto para o nosso
15:21coletivo de advogados
15:22voluntárias,
15:24palestinas,
15:25com cidadania israelense
15:26que estavam lá
15:27acompanhando a gente,
15:28como para o representante
15:29diplomático da embaixada
15:30também,
15:30que prestou um bom
15:31acompanhamento
15:31e eu sou muito grato a eles.
15:33Eu disse para a juíza
15:34que tudo o que a gente fala
15:36sobre a causa palestina,
15:37que é um Estado colonial,
15:38racista, supremacista,
15:40que executa
15:40a genocídia e limpeza étnica,
15:42que o sequestrou
15:43em águas internacionais,
15:44que cometeu um crime de guerra
15:45entre tantos
15:46e que Gaza vive
15:47sobre cerca e legal
15:48há 18 anos.
15:49Fiz toda uma defesa
15:50política disso,
15:51para mostrar
15:52que o sistema judiciário
15:54daquela ditadura
15:55cruel e terrível
15:55de Israel
15:56não pode ser validado
15:57e chancelado,
15:58porque aquilo ali
15:58é falso,
15:59é para manter
15:59um processo de limpeza étnica.
16:01E ela ficou muito zangada
16:02ao ter ouvido
16:03aquilo diretamente.
16:04O grupo de advogados
16:05ficou na verdade
16:06muito feliz e aliviado,
16:07porque por sendo palestinas
16:08com cidadania israelense,
16:09elas não podem dizer
16:10isso livremente,
16:11senão são penalizadas
16:12de várias formas.
16:13E a juíza perguntou
16:15sobre a minha recusa
16:16em me alimentar
16:17e em beber água.
16:19Eu disse que eu não tinha
16:19interesse em beber a água
16:21e a comida oferecida a mim,
16:22sendo que mais de 10 mil
16:24presos palestinos,
16:25entre eles mais de 400 crianças,
16:26são submetidas
16:27a todo tipo de violação,
16:28a fome,
16:29torturas
16:29e todo tipo de coisas
16:31terríveis nas masmorras de Israel.
16:33Assim como,
16:34nesse momento,
16:34crianças estavam sendo assassinadas
16:36pela fome em Gaza
16:37e também me recusei
16:39a comer e beber água
16:40como pressão
16:41para que devolvessem
16:42o nosso barco
16:43para a gente continuar
16:44a nossa missão
16:44e como pressão
16:45para que as pessoas
16:46que estavam na nossa missão
16:47fossem todas levadas para casa
16:48e depois que elas fossem
16:49levadas para casa
16:50e eu saísse
16:50daquele controle
16:52da entidade colonial de Israel,
16:53eu comeria e beberia
16:55fora daquele lugar de violação.
16:57Então,
16:58ela ficou também
16:59muito contrariada
17:00com a questão,
17:01a decisão de fazer
17:01uma greve de fome e de sede.
17:03Essa é uma tática
17:03que os palestinos usam muito
17:05nas cadeias,
17:05porque só o que eles têm
17:06é o corpo deles.
17:07Então,
17:08também usei isso
17:09enquanto aliado.
17:11E aí,
17:11ela falou,
17:12você vai ser levado
17:13para uma solitária,
17:14nesse caso,
17:14você é o organizador daqui,
17:15você não vai saber
17:16quando seus amigos
17:17forem embora,
17:18você está pedindo
17:19para ser o último
17:19a ser levado embora,
17:20mas você não vai saber,
17:21porque se você não comer
17:22e não beber,
17:23você vai ser levado
17:24com penalização
17:25para a solitária.
17:26E eu não cedi.
17:28Parei,
17:28tanto não vou assinar
17:29um documento de um crime
17:30que eu não cometi,
17:30como eu não aceito
17:31a benevolência de vocês,
17:33sendo que vocês estão
17:34matando crianças de fome.
17:35Porque eles estavam
17:36fazendo isso
17:37como manobra publicitária.
17:38Se nós fôssemos palestinos,
17:39nós estaremos sendo torturados
17:40como os palestinos estão sendo.
17:42Então,
17:43logo depois disso,
17:44me levaram
17:45para o isolamento solitário.
17:46E aí,
17:46no isolamento solitário,
17:47já era uma outra
17:48unidade prisional,
17:50de Ayalon,
17:51e aí a violação
17:51era muito maior.
17:52Aí era muito mais violento,
17:54os guardas,
17:55e aí já
17:55as algemas
17:57nas mãos e nos pés
17:58já eram
17:58para cortar a circulação,
18:00o deslocamento
18:00já era feito
18:01a empurrões
18:01e pontapés.
18:02toda hora
18:03quando me jogavam
18:04na parede
18:05falavam
18:05bem-vindo a Israel
18:06para entender o ambiente
18:07de violação,
18:08numa tentativa
18:08de intimidação.
18:10A unidade,
18:11a cela
18:12onde eu estava
18:12em isolamento
18:13era um corredor
18:14com oito celas,
18:15a minha cela era a última
18:16do final do corredor,
18:17onde tinham ratos,
18:18baratas,
18:18insetos,
18:19onde não entrava
18:21a luz do sol,
18:21onde a gente
18:22não sabia exatamente
18:23quando era dia,
18:24quando era noite,
18:25onde eles vinham
18:25também constantemente
18:26fazer barulho,
18:27o barulho
18:28das outras celas
18:29de agressão,
18:30de violência,
18:31era sempre,
18:31era constante.
18:33Então,
18:33passei dois dias
18:34nesse isolamento
18:35solitário
18:36e eles vinham
18:38frequentemente
18:38me ameaçar,
18:39falando,
18:39olha,
18:39você vai ficar
18:40por sete dias
18:40aqui sem contato
18:41com o mundo,
18:41sem contato
18:42com o advogado,
18:42sem contato
18:43com ninguém
18:43e a gente ainda
18:45pode te levar
18:45para outras unidades.
18:46E eles citaram
18:47diretamente
18:48esse DETREMAM,
18:49que é um centro
18:49de tortura,
18:50onde eles estão
18:50torturando os médicos
18:51que são capturados
18:52nos hospitais em Gaza.
18:53Ainda citaram depois
18:54que poderiam me levar
18:55para Gaza.
18:56E aí,
18:57de uma hora para outra
18:58resolveram me tirar
18:59da cela,
18:59sem dizer para onde
19:00eu estava indo
19:01e me levaram
19:01para ver minha advogada.
19:02Porque a minha advogada,
19:03palestina,
19:04defensora de direitos humanos,
19:05tinha ido na outra prisão
19:06me visitar
19:07e falaram que eu não
19:08estava mais lá,
19:09que eu estava na solitária
19:10em outra unidade prisional.
19:12Ela foi correndo,
19:13insistiu, insistiu,
19:13não queriam deixá-la
19:14me visitar,
19:15ela insistiu,
19:15falou que era na
19:16Corte Suprema
19:16até que deixaram
19:17ela me visitar.
19:18Nessa visita,
19:19ela não podia falar
19:21com a família,
19:22eu passei todos esses dias
19:22sem poder falar
19:23com a minha esposa,
19:23com a minha filha,
19:25com ninguém.
19:26E ela falou,
19:26eu não posso nem
19:27gravar um áudio seu,
19:28eu não posso tirar
19:29uma foto sua aqui,
19:30senão vão interromper
19:31essa visita
19:31e você vai ficar
19:32sem contato.
19:33Aí ela falou,
19:34eu vou fingir
19:34que estou te dando
19:35orientações jurídicas
19:36aqui,
19:36escrevendo num papel
19:37e você me dita
19:39o que você quer
19:39que eu fale
19:40para a sua família.
19:41E era o aniversário
19:42de um ano e cinco meses
19:43da minha filha Tereza.
19:44Então,
19:45eu decidi escrever
19:46uma carta para ela
19:47naquele momento.
19:47E ela redigiu a carta,
19:49mas os policiais
19:49estavam expulsando ela dali.
19:51Deu tempo de redigir
19:52um pouquinho
19:53e ela levou
19:54essa mensagem embora.
19:55No outro dia,
19:56Léo,
19:56no quarto dia,
19:58eu já estava
19:58sem saber de nada,
19:59como estavam
19:59nossos irmãos e irmãs.
20:01Eles já estavam
20:02dizendo que eu
20:03ia me levar
20:03para outra unidade
20:04prisional mais violenta
20:05e mais violadora também.
20:07E aí eles me pegaram,
20:09me levaram
20:09e quando me deixaram
20:11na primeira unidade
20:12prisional de Givon,
20:14onde eu encontrei
20:14as outras pessoas
20:15e eles disseram,
20:15vocês estão indo
20:16para casa.
20:17E eu falei,
20:17eu só vou para casa
20:18quando a última pessoa
20:20da nossa missão
20:20foi embora também.
20:22E aí eles me mostraram
20:22as passagens.
20:23E aí,
20:24de fato,
20:24todo mundo tinha
20:24as passagens para voltar.
20:26E o meu voo
20:26não era o último,
20:27era o quarto,
20:28o último a ir.
20:30Os outros três voos
20:31saíam depois,
20:32mas eles chegavam antes,
20:33porque eu estava
20:33indo para o outro lado
20:33do mundo,
20:34estava voltando
20:34para o Brasil.
20:35Então,
20:35seria o último
20:36a chegar em casa.
20:37E aí,
20:37nessas condições,
20:38eu aceitei voltar.
20:39E aí,
20:40quando voltei,
20:41teve uma recepção
20:42linda no Brasil.
20:43O processo de volta
20:44foi muito violador.
20:45Eu não tinha acesso
20:46a nada,
20:46telefone,
20:47passaporte,
20:48eu não tinha um papel
20:49no meu bolso.
20:50Aliás,
20:50eu nem tinha bolso,
20:51porque esses uniformes
20:52prisionais não têm bolso.
20:53E eu fui de policial
20:54em policial
20:55até chegar no Brasil,
20:57acessar de novo
20:58a minha mochila,
20:59o que restou
21:00da minha mochila,
21:01dos meus itens pessoais,
21:02essas coisas.
21:03E tinha uma recepção
21:04muito bonita
21:04da imprensa,
21:05de militantes
21:06do Brasil inteiro
21:07que estavam lá
21:08me recebendo.
21:09Só que quando eu cheguei,
21:09eu tive duas notícias
21:10que me quebraram o coração,
21:12de que Israel tinha invadido o Irã,
21:14bombardeado o Irã,
21:16e ao bombardear o Irã,
21:17fechou o aeroporto
21:18e cancelaram o voo
21:19justamente dos três irmãos
21:20que estavam voltando.
21:21Então,
21:21foi um momento,
21:22uma mistura de alegria
21:23e de tristeza
21:24que,
21:24sinceramente,
21:25eu até agora
21:26não superei.
21:27E estamos nesse momento.
21:28Os três devem voltar hoje
21:30e aí sim,
21:31finalmente,
21:32a gente vai poder
21:32celebrar que essa missão
21:34não cumpriu o que deveria
21:35de abrir o corredor humanitário
21:37e de entregar os alimentos,
21:38mas pelo menos
21:38cumpriu o papel
21:39de conscientização,
21:40mas Israel segue escalando
21:42a guerra na região
21:44para virar uma guerra mundial
21:46para manter os seus objetivos
21:47de poder.
21:48Então,
21:48essa situação
21:49que a gente está agora.
21:51Eu queria te fazer
21:52algumas perguntas,
21:53mas eu vou começar
21:53por essa aqui
21:54da Denise.
21:56De onde vem tanta coragem?
21:57Quer dizer,
21:58por que você teve
21:58essa coragem
21:59de se expor
21:59a tanto risco?
22:01Nós somos militantes.
22:03A gente sonha
22:04com uma sociedade nova,
22:05livre da exploração,
22:06das opressões,
22:06da destruição da natureza.
22:08A gente olha
22:08ao longo da história
22:09todo mundo que sonhou
22:10com uma sociedade como essa
22:11e levou a prática concreta
22:14do seu dia a dia,
22:15essa ação revolucionária,
22:17sofreu com repressão.
22:18A história do Brasil,
22:19pouquíssimas gerações
22:21que pensam uma sociedade
22:23como a que a gente pensa,
22:24uma sociedade nova,
22:25bela,
22:25justa socialmente,
22:27viveram sem enfrentar
22:28a clandestinidade,
22:29a tortura,
22:30a prisão,
22:31até o assassinato.
22:31Então,
22:32a nossa geração
22:33não é diferente.
22:34Pessoas que querem
22:34transformar o mundo
22:35na nossa geração
22:36vão enfrentar repressão.
22:37E a gente vai ter que ter coragem
22:38para lidar com isso
22:39com dignidade.
22:40Eu sempre me lembrava
22:41da história.
22:42Toda vez que eu estava lá
22:42com os uniformes,
22:43eu pensava,
22:43cara,
22:44esse uniforme aqui
22:44é igual
22:45ao que a parlamentar
22:46da Frente Popular
22:47de libertação da Palestina,
22:48Halida Jarar,
22:50usou quando ficou
22:50seis meses na solitária.
22:52Eu fiquei dois dias,
22:53ela ficou seis meses lá.
22:54Então,
22:55eu falei,
22:55eu não posso hesitar.
22:58O povo palestino
22:58é um exemplo
22:59de luta e de resistência.
23:00Lembrava de Mandela,
23:01ficou 27 anos preso.
23:03Sabe,
23:03perto disso,
23:04o que é a violação
23:04que uma ação de solidariedade
23:05como a nossa passa?
23:06Então,
23:07as violações que a gente passou
23:08foram consideráveis.
23:09Não é pouca coisa,
23:10eu vou ter que ir no médico hoje,
23:12porque,
23:12de fato,
23:13as coisas na pele,
23:13as marcas na pele
23:14não estão passando,
23:15na verdade,
23:15estão piorando um pouco.
23:16Então,
23:17tem marcas,
23:19mas nada se compara
23:20com o povo palestino passa.
23:21É em nome deles.
23:23400 crianças,
23:24Léo,
23:24estão nessas mesmas masmorras.
23:27E você,
23:28como é que você avaliou
23:29o comportamento
23:30do Itamaraty,
23:31do governo brasileiro,
23:32no seu caso,
23:32Thiago?
23:33O Brasil agiu bem
23:34em relação a você?
23:36Eu não tenho
23:37nada negativo a dizer,
23:39Léo,
23:39sobre a missão diplomática
23:41do Brasil
23:41em Israel,
23:43em Tel Aviv,
23:43porque eles tiveram presentes
23:45em todos os momentos
23:46que os agentes carcerários
23:49e que o Estado colonial
23:50permitiu que eles estivessem presentes.
23:52Na agência de imigração,
23:53a gente estava
23:54o maior representante
23:55da missão diplomática brasileira
23:57em Israel,
23:58que é o Glauco,
23:59que o Brasil não tem
24:01um embaixador
24:02do Brasil em Israel.
24:02Ainda bem,
24:03deveria ter rompido relações,
24:04na verdade,
24:05mas tem um representante
24:06de negócios,
24:07um cônsul,
24:08e ele estava lá presente
24:09junto com um assessor jurídico
24:10também na embaixada,
24:11que era o doutor Matheus.
24:13E o doutor Matheus
24:13foi permitido estar
24:14comigo mais uma única vez.
24:16Então,
24:16não foi por responsabilidade deles,
24:18eles estiveram presentes
24:19em todos os momentos
24:20que eles puderam.
24:21E eles respeitaram
24:22a minha decisão
24:23de não assinar um documento
24:24de um crime
24:24que eu não cometi.
24:25Para eles,
24:26eles falavam,
24:26Tiago,
24:27a gente quer te ver bem,
24:28a gente quer te ver em casa,
24:29a gente quer ver você
24:29com a sua família,
24:31a gente sabe o papel importante
24:32que você cumpre,
24:33mas a gente vai respeitar
24:34a sua decisão.
24:35E eles se respeitaram,
24:36então eu sou muito grato a eles.
24:37Agora,
24:38tudo que eu queria
24:39era quando chegasse,
24:41descobrir que o Brasil,
24:42por conta dessa violação
24:43à missão humanitária,
24:44esse levante que está acontecendo
24:45no mundo
24:46em solidariedade da Palestina,
24:47rompeu relações com Israel,
24:49que Lula se manifestou
24:50em apoio à flotilha
24:51e tudo mais,
24:52essas coisas não aconteceram
24:53e quebraram meu coração também,
24:55Léo.
24:55Mas eu tenho certeza
24:56que o povo brasileiro
24:57está caminhando nessa direção.
24:59Os atos massivos de ontem
25:00e tudo o que a gente tem feito
25:02é para, de fato,
25:04impulsionar a vontade popular
25:05e trazer para o governo
25:06a importância de romper com Israel.
25:08É muito importante
25:09essa ruptura de relações.
25:11Você acha que a flotilha,
25:13então,
25:13antes de fazer essa pergunta,
25:15eu quero te fazer outra.
25:16Quando você estava lá,
25:17foi uma surpresa
25:18para você ser libertado
25:19e voltar?
25:20Você achava que poderia ficar
25:21por muito tempo?
25:22É, eu estava numa situação
25:25de que eu já estava
25:26quatro dias sem água
25:28nem comida
25:29e isso gera o efeito
25:31no corpo,
25:31embora eu não estivesse
25:32sentindo muito intensamente.
25:34Então,
25:35eu desejava voltar para casa,
25:36mas eu não desejava voltar
25:38antes dos nossos companheiros
25:39de missão.
25:40E, por ser coordenador
25:41da missão,
25:42é a minha responsabilidade
25:42garantir que aquelas pessoas
25:43voltem para casa vivas,
25:44com integridade física
25:45e em liberdade.
25:46E, se isso não acontece,
25:48isso é uma missão
25:49que, na minha responsabilidade,
25:51não foi cumprida totalmente.
25:52Então,
25:53tinha um efeito muito ruim
25:54para mim.
25:54E eles diziam
25:55que eu ia para outros
25:56centros de detenção
25:57ou de tortura
25:57e falava até sobre
25:58ir para casa e tudo mais.
25:59Então, eu não tinha
26:00a menor ideia
26:00para onde eu estava indo
26:01e, quando eu vi
26:03as passagens,
26:04eu fiquei aliviado
26:05de que aquele pesadelo
26:06para aquelas oito pessoas
26:07que permaneceram
26:08nos dias de detenção
26:09estava prestes a acabar.
26:11Então, eu fiquei, sim,
26:12surpreso.
26:13E também fiquei surpreso
26:15quando eles me levaram
26:16para ver a minha advogada
26:17também na solitária
26:19porque eles tinham dito
26:19que eu não ia conversar
26:20com ninguém
26:21a hora nenhuma.
26:22Então, eu via
26:22que essa questão
26:23da greve de fome,
26:24de sede, Léo,
26:25essa questão de manter
26:26a dignidade,
26:26de não demonstrar medo
26:28diante deles,
26:29tem um efeito.
26:30Eles também ficam
26:31um pouco sem saber
26:32o que fazer
26:32quando as pessoas
26:33não cedem.
26:34E as oito pessoas
26:34foram extremamente corajosas.
26:36E as quatro que aceitaram
26:37a missão de levar
26:38a mensagem adiante
26:39também foram extremamente
26:39corajosas
26:40e tiveram uma conduta
26:41exemplar durante todos
26:42os oito dias da flotilha
26:43e durante a interceptação.
26:45também.
26:45Então, eu tenho muito orgulho
26:46da equipe que a gente construiu,
26:48da missão que a gente fez
26:49e eu acredito que
26:50todo mundo saiu bem,
26:52manteve a dignidade,
26:52manteve a coragem
26:53diante de uma situação
26:54muito tensa
26:56e muito violadora.
26:57Você acha que a flotilha
26:58então atingiu
26:59o seu objetivo
27:00mesmo sem conseguir
27:01entregar ajuda humanitária?
27:03Se a pergunta é sim ou não,
27:05eu sempre vou dizer que não
27:06porque crianças ainda morrem
27:07de fome e engasam.
27:08Porque o cerco de dezoito anos
27:11ainda existe,
27:11o genocídio de oito décadas
27:12ainda existe.
27:13Agora, se a gente puder
27:14trazer uma nuance
27:15de que uma missão
27:16não é totalmente
27:17vitoriosa
27:18ou totalmente derrotada,
27:20a gente pode dizer
27:21que foi uma derrota
27:23parcial
27:24porque a gente não conseguiu
27:26cumprir o objetivo
27:27de criar o corredor humanitário
27:28para que a fome
27:29acabe em Gaza,
27:31mas essa derrota
27:32foi parcial
27:32porque milhões,
27:34talvez bilhões de pessoas
27:35já ficaram sabendo disso.
27:36E agora sabem
27:37que existe um cerco ilegal
27:38de Israel sobre Gaza
27:39e entendem que Israel
27:40não tem escrúpulo nenhum,
27:42que esse exército
27:42de ocupação
27:43que se pretende
27:44ser um país,
27:45eles tratam, na verdade,
27:47ajuda humanitária
27:48como inimigos
27:48e tentam...
27:49O pouco de comida
27:50que eles dizem distribuir lá
27:51na verdade é de um posto
27:52militar que assassina
27:53e prende pessoas.
27:55Então, a gente conseguiu,
27:57nesse sentido,
27:58trazer toda uma onda
27:59de solidariedade
28:00junto com as outras nações
28:01que estão agora no caro
28:02na Marcha Global
28:03sobre Gaza,
28:04o Comboi e o Sumud,
28:05pessoas produzindo
28:06informação livre,
28:06vocês também rompendo
28:08um bloqueio
28:09de uma mídia sionista
28:10que insistiu,
28:10Léo, por 21 meses
28:12em relativizar,
28:13em tratar cada hospital,
28:14de perguntar
28:15será que não tinha túneis
28:16embaixo,
28:17será que não tinha armas
28:18embaixo?
28:18E vocês,
28:19da comunidade 247,
28:21de outros veículos
28:21também muito honrados,
28:23desde o início
28:23estavam dizendo
28:24que o óbvio
28:25que um genocídio
28:25é um genocídio,
28:26que matar crianças
28:27de fome é errado,
28:28que bombardear hospitais,
28:29escolas,
28:30creches,
28:30bairros residenciais
28:31é errado,
28:31não pode ser aceito.
28:33Então,
28:33a Flotilha
28:34serviu como um catalisador
28:35de um processo
28:36como esse.
28:37Por isso,
28:37eu sou grato,
28:38acredito que nós
28:39devemos manter
28:40essas ações
28:41e a gente vai manter
28:42as novas missões
28:43da Flotilha,
28:43porque elas cumprem
28:44um papel,
28:45mas enquanto a gente
28:45não acabar com o genocídio
28:47e abrir um corredor
28:48humanitário
28:48e as crianças
28:49pararem de morrer
28:50de fome em Gaza,
28:51a missão é incompleta.
28:53Tiago,
28:53como é que vai ser
28:54a sua militância
28:54daqui para frente
28:55depois de ter passado
28:56por uma experiência
28:57limite,
28:57vamos dizer assim?
28:59Eu tenho 38 anos,
29:01e tem 20 anos
29:02que eu dedico
29:03minha vida a fazer isso,
29:04faço isso há mais tempo
29:05do que eu não faço
29:06desde o início
29:07da minha vida.
29:08E eu vou seguir fazendo
29:09exatamente a mesma coisa
29:10que eu sempre fiz,
29:11que é dedicar toda a energia
29:12que eu tenho,
29:12ser uma formiguinha
29:14nessa luta contra a exploração,
29:15as opressões,
29:16a destruição da natureza,
29:17que é esse sistema horrível
29:19que a gente vive,
29:20que faz isso
29:20de forma sistêmica,
29:21comete essas violações
29:22de forma sistêmica,
29:23e que eu tento fazer isso
29:24de uma forma local,
29:26mas também internacionalista.
29:27Então,
29:28a gente vai continuar
29:28com as nossas missões
29:29de solidariedade
29:30com o povo palestino,
29:31vamos continuar
29:32com as nossas missões,
29:33a gente vai,
29:34mês que vem,
29:34vai para Cuba novamente,
29:35uma missão de solidariedade,
29:36a gente segue na cidade,
29:38no campo e nas florestas,
29:39na luta do campo,
29:39dos povos indígenas,
29:41na luta contra as explorações,
29:42as violações
29:42nas cidades do Brasil.
29:44Eu vou continuar fazendo
29:44exatamente a mesma coisa
29:45que eu fazia,
29:46e em relação ao povo palestino,
29:48a gente vai intensificar
29:48nosso trabalho.
29:49A flotilha segue
29:50porque o cerco segue,
29:51o genocídio segue,
29:52e a fome segue em Gaza.
29:53Então,
29:54muito em breve,
29:54nós teremos uma nova missão.
29:56Ontem a gente teve
29:56uma reunião internacional
29:57onde a gente está ajustando.
29:59Tudo indica que,
30:00no meio de julho,
30:01a gente deve ter
30:01uma nova missão da flotilha,
30:03maior do que a anterior,
30:04e a gente vai sem medo,
30:06porque a gente sabe
30:07que a caminhada,
30:07o destino de todos os povos
30:08do mundo é serem livres,
30:10e o destino de toda a nação
30:11colonizada é alcançar
30:12sua liberdade eventualmente,
30:14sobretudo se não para de lutar,
30:15e sobretudo se encontra
30:16o apoio de aliados internacionais.
30:19Nós queremos ser esses aliados
30:20para o povo palestino,
30:21bons aliados,
30:22que colocam seus corpos também,
30:24quando necessário,
30:25para deter essa violação.
30:26Então,
30:27muito em breve,
30:28iremos novamente a flotilha
30:29e romper o cerco de Gaza.
30:30Bom,
30:31vou ler aqui alguns comentários,
30:32Tiago.
30:32Ricardo fala assim,
30:33camarada Tiago,
30:34venceremos,
30:34Manuel te apoia também,
30:35a Cláudia Travassos.
30:36Gratidão por sua coragem
30:37e solidariedade ao povo palestino.
30:39Rita fala que,
30:40Tiago,
30:40você é a voz dos prisioneiros
30:42das masmorras israelenses.
30:44Miriam,
30:45o rosto do Tiago é pura bondade,
30:46parabéns, Viviana.
30:47Tiago,
30:48coragem na simplicidade
30:49de gritar justiça ao mundo.
30:51Ney Gomes,
30:51mais Tiagos no mundo,
30:52parabéns.
30:53Deise,
30:54você sorriu quando falou da filha,
30:55linda carta.
30:57Miguel critica aqui,
30:57o presidente Lula insiste
30:59em manter relações com Israel.
31:01Cláudio pergunta
31:01se você levou os socos
31:02ou pontapés.
31:04Isabel também nos apoiando.
31:05E Edson dizendo assim,
31:06Israel faz o que faz
31:07porque sabem que o Estado é ilegal.
31:09Ali é a Palestina,
31:10o Irã nunca os reconheceu
31:11como país.
31:12Deise,
31:13Tiago,
31:13obrigado pela coragem,
31:14militância,
31:14seu semblante está triste,
31:16estamos com você e sua causa.
31:17E Dé Guzmão está dizendo,
31:19o mundo fechou os olhos
31:21para o genocídio em Gaza,
31:22sem tanques,
31:23sem mísseis,
31:23sem defesa.
31:24Com o Irã,
31:24a coisa é bem diferente.
31:25Infelizmente,
31:25inocentes morrem.
31:27Eletra fala,
31:28viva a flotilha da liberdade.
31:30E o Edson está dizendo,
31:31bom dia,
31:31gostei do puxão de orelha
31:32que você deu na imprensa corporativa
31:33assim que chegou ao Brasil,
31:34dizendo que ela não divulga
31:35a verdade do conflito.
31:38Tiago,
31:38inclusive,
31:39muitos veículos de comunicação
31:40declararam apoio
31:42à agressão ao Irã,
31:44dizendo que é o direito de defesa.
31:46Esse direito de defesa,
31:47só para a gente fechar
31:48com uma pergunta sobre o Irã,
31:50é aquilo que garante
31:52uma impunidade eterna a Israel.
31:54Israel pode fazer
31:55o que quiser sempre,
31:56porque está sempre
31:57se defendendo de alguma coisa.
31:58quer dizer,
31:59aí a gente se pergunta,
32:00bom,
32:00mas e o direito de defesa
32:02dos palestinos,
32:04dos outros povos?
32:05Israel também coloca o seguinte,
32:07o Irã é uma ameaça existencial.
32:08E o que Israel é
32:09para os outros povos da região?
32:11Então,
32:11eu te passo para refletir
32:12sobre a questão iraniana
32:13antes da gente fechar.
32:15Muito orgulho de você,
32:16diz aqui a Leila,
32:16eu acho que é o sentimento geral.
32:18Diga, Tiago.
32:18Muito obrigado, Leão.
32:19Muito obrigado
32:20a toda a comunidade 247.
32:22Sobre o ataque de Israel ao Irã,
32:24é muito importante que a gente diga
32:25que Israel utiliza como instrumento
32:27a escalada das agressões
32:29como forma de manter
32:31o seu controle interno
32:33da situação política do país
32:34e deter a sangria
32:35na perda diplomática,
32:37de custo de imagem,
32:38de todas as violações
32:39que ele comete
32:40contra o povo palestino.
32:41Então,
32:41toda vez que Israel se vê
32:42sem saída,
32:43no sentido diplomático,
32:45de propaganda,
32:46no sentido militar,
32:46inclusive,
32:47ele tenta escalar.
32:48Porque ao ele escalar,
32:50ele traz novos sujeitos,
32:51ele traz de volta
32:52setores que estão se afastando
32:54dele gradativamente.
32:55setores da comunidade
32:56do norte global europeu,
32:57por exemplo,
32:58setores do Estado,
33:00estadunidense também,
33:02que gradativamente
33:03vão se afastando do genocídio
33:04por entender que Israel
33:05é muito mais um problema
33:06do que uma solução.
33:08Foi muito benéfico
33:09e ainda é muito benéfico
33:10ao imperialismo.
33:11Mas gradativamente
33:12as posturas intransigentes
33:14de Netanyahu,
33:14da extrema direita israelense,
33:16vão colocando,
33:16inclusive,
33:17o imperialismo estadunidense
33:18em uma situação difícil.
33:19E aí eles utilizam a escalada
33:20como uma forma
33:21de manter esses setores
33:22presos a eles.
33:24porque eles atacam o Irã
33:26de uma forma,
33:27já fizeram isso diversas vezes
33:28nesses últimos dois anos,
33:29de uma forma extremamente agressiva
33:31e quando o Irã retalha,
33:33eles tratam como se esse fosse
33:34o ataque original.
33:35E aí sim,
33:36eles estão sendo ameaçados
33:37e tudo mais.
33:38Aí eles tentam trazer de volta
33:39essa ideia,
33:40que é pautada na islamofobia,
33:41que é pautada no racismo,
33:42que é pautada
33:43numa ideia anti-oriente,
33:46uma forma orientalista,
33:47inclusive,
33:48de tratar.
33:48Então Israel provoca
33:50porque sabe que
33:51ele tenta há anos
33:53trazer os Estados Unidos
33:54para atacar o Irã.
33:55Israel quer essa guerra
33:56contra o Irã há muitos anos,
33:57só que ele não quer iniciar
33:58essa guerra.
33:59Ele queria que os Estados Unidos
34:00fizessem essa guerra
34:01contra o Irã,
34:02porque sabe que ele não tem
34:03condições sozinho
34:03de derrotar o Irã.
34:05Então tentou,
34:06tentou,
34:06tentou há anos,
34:07não conseguiu nem com Biden,
34:09não estava conseguindo
34:10com Trump
34:11e agora resolveu atacar
34:13diretamente mesmo,
34:14assumir a autoria
34:16do próprio ataque da guerra
34:17que ele tenta há anos cavar.
34:19E agora o Irã
34:20está diante dessa situação.
34:22Se tiver paciência estratégica
34:24e não for responder
34:25com toda a força
34:26essa declaração de guerra,
34:27Israel vai continuar
34:28atacando mais e mais e mais
34:30e a gente viu o efeito
34:31nisso no Líbano,
34:31por exemplo,
34:32de manobras de decapitação
34:33que assassinaram
34:34lideranças do Hezbollah,
34:35assassinaram lideranças
34:36de diversos movimentos
34:37de resistência
34:37e no Irã também,
34:39assassinaram
34:39Cassian Soleimani,
34:40assassinaram lideranças
34:41importantes
34:42do governo iraniano
34:43e das Forças Armadas
34:44e da Guarda Revolucionária
34:45iraniana.
34:46Então,
34:47eles vão continuar escalando
34:48para tentar esconder
34:50as derrotas
34:51que acontecem,
34:52o colapso
34:52da sociedade israelense
34:54que está acontecendo
34:54nesse momento,
34:55a perda de credibilidade
34:57e de reputação
34:58que Israel sofre no mundo.
35:00Eles têm a guerra,
35:01Léo.
35:02Eu tenho insistido
35:02muito nisso.
35:03Tudo que Israel tem
35:05são as armas,
35:06as bombas,
35:07o ódio e a violência.
35:09E nós temos
35:09todo o resto,
35:10o mundo inteiro
35:11tem a solidariedade,
35:14tem a necessidade histórica
35:15de ver o mundo livre
35:16da colonização,
35:17do imperialismo.
35:18Então,
35:19nós temos os instrumentos
35:20para enfrentar
35:21essa batalha.
35:22O problema é que
35:22é a custo de muitas
35:23e muitas e muitas vidas.
35:25Então,
35:25eles vão continuar
35:26provocando a República
35:26Islâmica do Irã.
35:28Toda vez que a gente
35:29se perguntar
35:29quem que é Israel
35:30e quem que é o Irã,
35:32um país comete
35:33genocídio contra um povo
35:34há oito décadas.
35:35o Irã nunca atacou
35:37um vizinho sequer.
35:38Um país
35:39criou um programa
35:40nuclear
35:40ilegal
35:41e que nunca
35:43prestou contas dele,
35:44onde se estima
35:46que tem entre
35:4680 e 400
35:47ogivas nucleares
35:48em Israel.
35:49O país mais agressivo
35:50do mundo hoje,
35:51que mais assassinou
35:52trabalhadores da ONU
35:53na história,
35:54que mais assassinou
35:54jornalistas
35:55do que qualquer outro
35:56tipo de enfrentamento
35:57militar na história
35:57da humanidade,
35:58que mais assassinou
35:59médicos e trabalhadores
36:00médicos,
36:01que mais assassinou
36:01crianças proporcionalmente
36:03que qualquer outro
36:04tipo de enfrentamento
36:05seja a que a gente
36:06pode chamar
36:06o genocídio
36:07de enfrentamento.
36:08Esse país
36:09tem de 80 a 400
36:10ogivas nucleares,
36:11o Irã não tem
36:11nenhuma.
36:13Esse país,
36:13Israel,
36:14nunca permitiu
36:15um processo de auditoria
36:16e assinar o acordo
36:18de não proliferação
36:19de armas atômicas.
36:20O Irã sempre aceitou
36:21nesses processos
36:22de negociações
36:22que são extremamente
36:23danosas ao país,
36:25que tentam impedir
36:25inclusive o desenvolvimento
36:26de energia nuclear
36:27para o Irã
36:28para fins pacíficos
36:30e civis.
36:31Então,
36:31Israel é uma ameaça
36:33à paz mundial,
36:34Netanyahu é o inimigo
36:35número um da humanidade,
36:36mas a imprensa
36:37imperialista,
36:39sionista,
36:39ainda tenta tratar
36:40o Irã como ameaça.
36:41O povo da República
36:42Islâmica do Irã
36:43só quer viver em paz.
36:44O Irã vive intervenções
36:45dos Estados Unidos
36:46e golpes
36:47desde 1953,
36:49quando promoveram
36:50um golpe contra
36:51Mossadegh,
36:53que era o primeiro-ministro
36:53que estava nacionalizando
36:54o petróleo
36:55para não ser
36:55tão colonizado
36:57e tão espoliado
36:58pelas potências
36:59do norte global.
37:00E desde então
37:01viveu uma ditadura
37:02do chá
37:02e só passou
37:04a voltar a ter
37:05soberania
37:06quando veio a Revolução
37:07Islâmica.
37:08E desde então
37:08vive sob sanções,
37:09ataques,
37:10assassinatos de engenheiros
37:11do programa nuclear,
37:12todo tipo de guerra
37:14híbrida
37:14contra esse país.
37:16É um povo que,
37:16como todos os povos,
37:17merece ter o direito
37:18de viver em paz.
37:18É como o povo cubano,
37:20é como o povo libanês,
37:21é como o povo palestino.
37:22Israel e imperialismo
37:23que são os inimigos
37:24da humanidade.
37:25É muito importante
37:25que a gente diga isso.
37:26Tiago,
37:27muito obrigado.
37:28Quero te agradecer
37:29pela oportunidade
37:31de falar conosco
37:31aqui agora tão cedo,
37:32sete horas.
37:33Desfruta bem
37:33aí da sua família.
37:35E, assim,
37:35eu acho que o sentimento
37:36aqui é de orgulho
37:37e gratidão
37:38pela sua atitude.
37:39Obrigado,
37:40espero que a gente
37:40volte a falar
37:41muito brevemente
37:41para continuar
37:43falando daqui,
37:44antes de novas missões
37:45sobre a conjuntura
37:46internacional.
37:47Muito obrigado,
37:48Léo.
37:48Nós estamos juntos.
37:49Queria agradecer muito
37:50toda a comunidade 247.
37:52Gente,
37:52quando a situação aperta
37:54e quando a gente está
37:55sob a mira dos fuzis,
37:57a gente lembra
37:57dos nossos espaços seguros.
37:59E toda a missão
38:00que a gente fez
38:00da Flotilha,
38:01o 247 foi um lugar
38:02seguro para mim,
38:03onde a gente pôde
38:04conversar sobre isso.
38:05Eu me sinto mais
38:06protegido com vocês.
38:07O Léo é um irmão,
38:09uma pessoa que está
38:10sempre cuidando também.
38:12E isso,
38:12a visibilidade traz proteção
38:14em uma missão como essa.
38:14Então,
38:15sou muito grato.
38:16Literalmente,
38:16eu devo minha vida a vocês.
38:18Valeu, Thiago.
38:19Obrigado.
38:20Valeu.
38:23Sim.
38:25Seguindo aqui, né,
38:25Daiane, Aquiles,
38:26que história, hein, cara?
38:28Que coragem.

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