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MARATONA #1

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Transcrição
00:00:00Receberam a chamada em março de 1999.
00:00:03Restos humanos haviam sido encontrados na mata.
00:00:07Não tem como chegar aqui a pé.
00:00:10É um terreno muito acidentado.
00:00:13Nós encontramos o corpo dela bem aqui nesta área.
00:00:19Tantos anos depois, eu sou afetado ainda pelas imagens da vítima
00:00:23e pelas vozes de parentes e amigos cujas vidas foram destruídas.
00:00:26Ela estava irreconhecível. Eles a encontraram em pedaços.
00:00:30Você pensa no tormento que a vítima deve ter passado.
00:00:33Que lugar horrível para morrer.
00:00:37Eu sei o que você fez com aquela garota.
00:00:40Este é um caso que eu jamais esquecerei.
00:00:46Acredite ou não, tudo que eu precisava para solucionar esse homicídio
00:00:49estava bem aqui nesta mata.
00:00:56A cena de um crime é como um quebra-cabeça.
00:00:58Quando eu vejo todas as peças, jamais esqueço.
00:01:01Uso a minha memória para solucionar homicídios.
00:01:04Eu lembro de tudo.
00:01:07De cada pista.
00:01:08De cada vítima.
00:01:10Não sei se isso é uma bênção ou uma maldição.
00:01:13Essas cenas terríveis ficam comigo.
00:01:15Meu nome é Patty Postiglione.
00:01:17Não sou de Nashville, mas nos últimos 25 anos foi onde eu trabalhei em centenas de investigações de homicídios.
00:01:23Memórias contra o crime.
00:01:25Eu me lembro de cada um deles.
00:01:36Quarta-feira, 10 de março de 1999.
00:01:39Havia dois agrimensores numa propriedade na região de Brush Creek.
00:01:43E eles já estavam lá há algumas horas, demarcando o terreno.
00:01:47Aí eles começaram a se aproximar do riacho e notaram algo estranho.
00:01:54Eles não sabiam do que se tratava.
00:01:56Mas quando chegaram bem perto, se viram frente a frente com restos humanos.
00:02:00Em 1999, Patty Postiglione estava em seu décimo ano investigando crimes na divisão de homicídios da polícia de Nashville.
00:02:13A divisão de homicídios é uma unidade especial da polícia de Nashville.
00:02:17E ela era formada por detetives que cuidavam de casos onde não tinham suspeitos conhecidos.
00:02:23Era aí que eles mostravam seu valor na divisão de homicídios.
00:02:27Porque tinham que descobrir primeiro quem era a vítima, quem havia matado a vítima, por que a vítima tinha sido morta.
00:02:34Então era um trabalho bastante intenso.
00:02:38O Patty tinha uma ótima reputação, não só entre os colegas e oficiais que trabalhavam com ele,
00:02:43mas também com o público, os promotores, o sistema judicial, a mídia.
00:02:50E ele merecia, porque fazia um trabalho excelente no campo em que ele atuava.
00:02:59Eu lembro quando eu dirigi até lá, não tinha chovido naquele dia em particular.
00:03:04Mas tinha chovido bastante nos dias anteriores.
00:03:08E a área a que chegamos era muito distante e totalmente isolada.
00:03:13O condado de Chitran é montanhoso.
00:03:17Tem muitos riachos, vales.
00:03:21É uma região muito bonita.
00:03:24O condado de Chitran não tinha nenhuma pessoa desaparecida que se encaixasse no caso.
00:03:29Então eles pediram que nós assumíssemos a investigação.
00:03:36A cena do crime foi reconstituída cuidadosamente com base em registros policiais e na memória fotográfica de Patty.
00:03:43De onde eu estacionei meu carro até os restos mortais dava uns 200 ou 300 metros.
00:03:55Quando você chega numa cena de crime assim, num lugar tão isolado, você logicamente pensa logo em homicídio.
00:04:01Como a vítima chegou até aqui?
00:04:03Como isso aconteceu?
00:04:05A vítima foi morta aqui ou foi trazida para cá?
00:04:07A área em volta é de mata fechada, com um riacho passando em algumas partes com largura de 6 a 9 metros e bem fundo.
00:04:16Em outras áreas, ele se estreita ficando com menos de um metro de largura.
00:04:20Quando se tem um cadáver ao ar livre, é uma investigação difícil por causa dos elementos, a chuva, a neve.
00:04:27Em certos casos, as intempéries removem as coisas.
00:04:30Em outros casos, você tem uma infestação de animais que altera o estado do corpo.
00:04:39O local está parecido com o que eu encontrei em março de 1999.
00:04:43Primeiro, o PET examinou cuidadosamente os restos mortais.
00:04:49A vítima estava virada para baixo e eu não fazia ideia do sexo.
00:04:54Estava praticamente esqueletizado, exceto pelo pé dentro do tênis.
00:04:59Havia um pouco de músculo e pele.
00:05:03Eu concluí que o corpo estava aqui havia um tempo, mas o grande mistério era por que o pé estava quase intacto.
00:05:10O tênis parecia ser feminino, o tamanho parecia ser de 36 a 37.
00:05:17Eu olhei o cadáver bem de perto e vi os restos do que parecia ser um pano ao redor do pescoço.
00:05:23Talvez uma toalha.
00:05:26Quando você chega ao local, geralmente não sabe do que se trata.
00:05:29Se foi um homicídio, um suicídio, uma morte acidental.
00:05:32Mas quando você tem uma ligadura assim tão apertada que a pessoa não poderia arrancar pelo queixo,
00:05:37Isso mostra claramente que se trata de um homicídio.
00:05:41Estrangular a vítima com uma ligadura é uma morte cruel.
00:05:44Isso nos dizia que o assassino obviamente era uma pessoa violenta.
00:05:48A vítima com uma ligadura é uma morte cruel.
00:05:50Isso nos dizia que o assassino obviamente era uma pessoa violenta.
00:05:54Outra pista foi encontrada ao lado do corpo.
00:05:57Aqui havia uma blusa que também indicava o sexo da vítima.
00:06:00Eu não sabia se era dela, mas coletei.
00:06:03É melhor coletar e não precisar do que não coletar e se arrepender.
00:06:09Obviamente você tenta identificar a vítima de alguma forma.
00:06:12Se tem uma carteira, uma bolsa, algum tipo de documento.
00:06:16Nesse caso não havia absolutamente nada.
00:06:19E havia outro mistério.
00:06:21Uma coisa que sempre me desconcertou foi como essa vítima veio parar aqui.
00:06:25Como o corpo dela veio parar nesse local.
00:06:27Não existe um acesso fácil para onde a vítima se encontrava.
00:06:31E não tinha marcas de pneu, uma trilha, nada que indicasse que um veículo tinha estado nesta área
00:06:37e nem que a vítima foi arrastada para cá.
00:06:40Era possível que as chuvas tivessem apagado qualquer desses sinais,
00:06:43mas geralmente quando há marcas de alguém sendo arrastado, elas são longas, talvez dezenas de metros.
00:06:49Então não seria lógico concluir que todas essas marcas haviam sido apagadas pelas chuvas.
00:06:54Eu lembro que quando cheguei aqui no local, eu vi uma ponte.
00:06:59Uma ponte ao longe.
00:07:01E o rio corria para lá.
00:07:04Ela devia estar a uns 200 metros, então se o corpo tivesse sido jogado da ponte,
00:07:09seria impossível ele ter caído onde nós o encontramos.
00:07:13A água não tinha profundidade suficiente para ter levado a vítima.
00:07:16Então o próximo passo seria vasculhar a região e conversar com vizinhos.
00:07:20Mas nesse caso não havia vizinhos.
00:07:23Então nós tivemos que caminhar centenas de metros em todas as direções
00:07:26para ver se o suspeito tinha jogado fora ou deixado algo cair.
00:07:30Caminhando por perto do corpo, Pat encontrou mais pistas.
00:07:34Aqui nós encontramos um pé de tênis a 20 ou 30 metros de distância do corpo.
00:07:38E o tênis era idêntico ao que ainda estava no pé da vítima.
00:07:42Parecia o mesmo tênis, mesmo tamanho, mesma cor.
00:07:45Perto do tênis nós encontramos um jornal.
00:07:47Qual era a importância do jornal?
00:07:48Nós não fazíamos ideia.
00:07:50Obviamente ele poderia nos dar uma data que nos indicasse
00:07:53há quanto tempo a vítima tinha estado aqui se ele tivesse ligação com o caso.
00:07:57E encontramos um maço de cigarros vazio.
00:08:00Se ele tinha uma ligação, não fazíamos ideia.
00:08:04Eu encontrei uma garrafa.
00:08:05Será que o suspeito havia bebido nessa garrafa ou a vítima?
00:08:09Se houvesse, será que havia traços de DNA nessa garrafa?
00:08:12Só sei que se você não procurar, não acha.
00:08:14O detetive Postiglione observou cada detalhe da cena do crime,
00:08:20mas não conseguiu responder a pergunta mais importante.
00:08:23Quando nós deixamos o local do crime,
00:08:26nossa primeira tarefa é identificar a vítima.
00:08:29Eu não fazia ideia de quem era a vítima.
00:08:32O corpo da vítima foi transportado para ser examinado pelo médico legista.
00:08:41O meu trabalho como detetive era identificar a vítima,
00:08:44notificar a família e seguir com a investigação.
00:08:49Eu assumo a responsabilidade.
00:08:51E se fosse a minha irmã ou o meu irmão desaparecido?
00:08:55O legista concluiu que o esqueleto pertencia a uma mulher na faixa dos 30 anos.
00:08:59Após meses procurando nos registros de pessoas desaparecidas em todo o estado,
00:09:05Pat e sua equipe finalmente encontraram uma possível vítima.
00:09:09Eu descobri que uma mulher chamada Christine Ullmann
00:09:12havia sido dada como desaparecida pelo namorado Eric Wilkie
00:09:16no dia 4 de janeiro de 1999.
00:09:19E o corpo tinha sido encontrado no dia 10 de março,
00:09:22pouco mais de dois meses depois.
00:09:23Após a confirmação pelos registros odontológicos,
00:09:28o detetive Pat Postiglione teve a difícil tarefa de informar a família
00:09:32que a vítima encontrada era de fato Christine Ullmann, de 31 anos.
00:09:37A minha mãe me ligou.
00:09:40Era de noite.
00:09:42E eu estava fazendo uma sopa de batata.
00:09:46Eu atendi o telefone e ela estava chorando e...
00:09:48Ela disse encontraram a Cris.
00:09:54Morta.
00:09:56Aí eu derrubei a colher.
00:10:00Eu me sentei e comecei a chorar.
00:10:04Ter uma tia como a Christine era muito importante para mim.
00:10:09Desculpa.
00:10:10A gente pode parar um pouquinho?
00:10:26Eu descobri que quando a minha tia foi encontrada,
00:10:29ela estava irreconhecível.
00:10:30Eles nem pediram que um parente fosse identificá-la
00:10:33porque isso nem adiantava.
00:10:34E eu fiquei pensando, o que aconteceu com ela?
00:10:38Ela sofreu? Foi rápido?
00:10:41No que ela estava pensando?
00:10:43Foi muito duro imaginar o que ela passou.
00:10:47Eu não sabia quem era o assassino,
00:10:50só mesmo uma pessoa muito maligna para fazer algo assim.
00:10:54Christine Ullmann morava a 40 quilômetros de distância com o namorado,
00:10:58que havia dado queixa do seu desaparecimento nove semanas antes.
00:11:01A polícia de Nashville havia interrogado o namorado Eric Wilke, de 30 anos.
00:11:06No depoimento do Eric aos detetives, ele disse que estava no apartamento vendo futebol
00:11:10e cuidando do filho deles enquanto Christine lavava a roupa na lavanderia do condomínio.
00:11:15E depois ela iria a uma farmácia do bairro, num lugar próximo, para comprar aspirina.
00:11:20Quando eu soube das circunstâncias em que a Christine desapareceu, eu achei meio estranho.
00:11:27O Eric estava vendo um jogo de futebol.
00:11:30Ela estava indo e voltando com as roupas lavadas, até que chegou o momento que ela não voltou mais.
00:11:35O Eric disse que a Christine não voltou da lavanderia do condomínio, então ele foi procurá-la.
00:11:43E ela tinha sumido.
00:11:47Quando eu li o depoimento, vi que o Eric demorou muito até dar queixa do desaparecimento da namorada.
00:11:53A pergunta óbvia é, por quê?
00:11:56Por que ele esperou tanto para avisar que a Christine sumiu?
00:11:59Será que nessas várias horas ele precisou resolver algo, transportar alguma coisa e esconder?
00:12:04Eu não sabia, mas ele demorou e eu queria saber por quê.
00:12:12O corpo decomposto de Christine Newman, de 31 anos, havia sido encontrado perto de um riacho isolado nas cercanias de Nashville, no Tennessee.
00:12:21Na tentativa de completar o quebra-cabeça, os detetives vasculharam as margens do riacho,
00:12:26atrás de qualquer coisa ligada à morte de Christine Newman, de Green Hill.
00:12:30A mãe estava desaparecida há dois meses e seu corpo foi encontrado ontem em Kingston Springs.
00:12:35Ninguém sabe ainda como ela morreu.
00:12:38O detetive Pat Postiglione precisava descobrir como ela havia percorrido os 40 quilômetros de sua casa até ali.
00:12:45Eu fui informado pelo detetive de desaparecidos que a Christine morava num apartamento com o Eric e o filho de três anos.
00:12:53Na noite de 3 de janeiro de 1999, ela foi várias vezes à lavanderia do condomínio e, em determinado momento, não voltou mais para o apartamento.
00:13:07O Eric só deu queixa do desaparecimento dela várias horas depois.
00:13:16Na verdade, só fez isso na manhã do dia 4 de janeiro.
00:13:25O Eric disse que só ligou para a polícia na manhã seguinte porque o relacionamento deles estava tenso.
00:13:31E ele achou que a Christine tinha ficado com raiva dele.
00:13:33Ele pensou que ela voltaria para casa mais tarde.
00:13:37Eu achei isso um pouco suspeito.
00:13:40Ela tinha ido embora? Ela entrou num carro e foi embora?
00:13:44Era noite. Parecia um tanto improvável isso.
00:13:47Então, eu passei a suspeitar dele.
00:13:50Eric Wilkie contou aos investigadores responsáveis por casos de desaparecimento
00:13:54que não tinha nenhum envolvimento no sumiço de Christine.
00:13:57Ele aceitou ir conversar com Pat na delegacia de Nashville.
00:14:00Eu voltei literalmente ao ponto de partida.
00:14:05Tinha que entender por que ele disse aquilo e ver se iria se contradizer, se haveria alguma mudança na versão que ele tinha dado.
00:14:12Eu estou te avisando, Eric.
00:14:14Eric, se descobrirmos que você está envolvido nisso, você não conseguirá ir além disso, nem enganar, confundir ou ludibriar a polícia.
00:14:23Isso não vai acontecer.
00:14:24Tudo bem.
00:14:25Pode acontecer por um minuto, por dois minutos.
00:14:27Pode acontecer por uma semana, mas eu entendo o que está dizendo.
00:14:31Tá, eu espero que não.
00:14:33Se alguém se envolvendo por isso, eu espero que não dure bem.
00:14:35Exato.
00:14:35Eu quero que você se lembre do que está dizendo agora, porque se nós conseguirmos mostrar que você está envolvido, Eric,
00:14:42não teremos escolha, e eu sei que você entende isso, mas teremos que fazer o nosso trabalho.
00:14:47Mas nós não precisamos fazer de tal maneira que prejudique você.
00:14:53Nós podemos fazer isso trabalhando juntos e nós estaremos com você desde esse momento até o fim.
00:14:59Isso não vai mudar.
00:15:00Nós estaremos juntos.
00:15:03Sabe, eu faço isso o tempo todo.
00:15:05O David Miller faz isso o tempo todo também.
00:15:08Eu só não quero que você pense que pode blefar, que pode saber alguma coisa e não contar.
00:15:14Você entende...
00:15:15Isso não vai acontecer o blefar.
00:15:16Você entende como...
00:15:17Coloque-se no lugar de um jurado.
00:15:19Vamos pensar mais adiante.
00:15:21Coloque-se no lugar de um jurado.
00:15:23Ele vai olhar e pensar, como esse homem pôde deixar o Zachary sem mãe?
00:15:27E o jurado vai fazer uma imagem sua e tentar entender.
00:15:32Tentar achar o motivo do Eric para ele não cooperar com a polícia.
00:15:36Ao não dizer, olha, foi num momento de raiva e eu me arrependi na hora.
00:15:40Eu sinto muito o que tem acontecido.
00:15:42Eu fui responsável, mas...
00:15:44Ou seja, culpado, mas com um motivo, digamos assim.
00:15:47E você tem um motivo por causa do relacionamento conflituoso, etc.
00:15:51Sei lá.
00:15:52Seja o que for.
00:15:53Mas lembre-se, nós temos 110, 120 homicídios que investigamos por ano e muitos são semelhantes
00:15:58a este caso.
00:15:59Homicídios mesmo?
00:16:00Homicídios mesmo.
00:16:01Não, estou falando de homicídios.
00:16:03Homicídios.
00:16:04E muitos começaram exatamente assim.
00:16:06Pessoas desaparecidas.
00:16:07Aí vem a queixa.
00:16:09E a pessoa que fez a queixa acaba sendo a pessoa que cometeu o que...
00:16:12Eu imagino que seja comum.
00:16:14Nada me deu certeza quanto ao Eric estar envolvido ou não.
00:16:17Eu não fazia ideia àquela altura.
00:16:19A Cristine e o Eric se conheceram através da música, porque os dois trabalhavam com produção
00:16:27musical e estavam no mesmo ramo.
00:16:31A Cristine namorou por pouco tempo com o Eric e logo ficou grávida.
00:16:39Ela estava adorando ser mãe e teve um bebê pequenininho, batizado de Zachary.
00:16:46Ela estava no céu.
00:16:49Mas ela estava muito preocupada por causa do estilo de vida do Eric.
00:16:56O estilo de vida da música não combina bem com bebês.
00:17:00E eu não sei se ele estava pronto naquele momento para ser pai.
00:17:05Acho que nessa época ela estava com muita raiva dele.
00:17:09Porque ele não era muito presente.
00:17:12E acho que ela se sentia sozinha e provavelmente sobrecarregada.
00:17:22Eu soube que o Eric e a Cristine estavam brigando muito.
00:17:28E estavam tendo problemas.
00:17:31Mas ela tinha esperanças.
00:17:33Esperava que tudo melhorasse.
00:17:34Os vizinhos ainda não acreditam no que aconteceu.
00:17:37Já dá medo ser mulher e ser jovem, entende?
00:17:41E pensar que você nem pode ir à lavanderia sozinha e se proteger.
00:17:47É uma pena.
00:17:48Os detetives concluíram que Cristine havia deixado o condomínio no próprio carro.
00:17:53Mas ao revisarem a queixa de desaparecimento, um detalhe se destacou.
00:17:56Quando o Eric deu queixa do desaparecimento dela, ele também deu do carro.
00:18:01Nós tentamos localizar o carro.
00:18:06Então a polícia se esforçou para encontrar o carro.
00:18:12Alguns dias depois, quem encontrou o carro?
00:18:15A polícia, não.
00:18:17O Eric encontrou.
00:18:19Foi uma descoberta estranha.
00:18:21O carro não estava no local do crime, mas perto do condomínio.
00:18:24Ele encontrou o carro numa área residencial próxima, abandonado.
00:18:30O Eric levou o carro do local onde encontrou até o condomínio, sem avisar a polícia.
00:18:36Só soubemos que ele havia encontrado o carro quando ele chegou em casa.
00:18:41E aquilo era suspeito.
00:18:45Quando eu soube, fiquei bastante confusa.
00:18:48Ele devia saber.
00:18:50Não... não se mexe em evidências.
00:18:52Eu fiquei muito mais desconfiada dele, para dizer o mínimo.
00:19:05Os peritos foram chamados ao local.
00:19:08O carro foi apreendido e eles procuraram evidências físicas.
00:19:12E nada foi encontrado que ligasse o carro à cena do crime.
00:19:19Mas nós encontramos a bolsa da Christine.
00:19:23E havia dinheiro dentro dela.
00:19:26Naquele momento, nós não sabíamos se isso era relevante ou não.
00:19:29Nós só sabíamos que o namorado dela estava se enrolando no caso cada vez mais.
00:19:34Com suspeitas cada vez maiores sobre Eric,
00:19:37Pat fez uma visita a ele no apartamento que dividia com Christine.
00:19:40A minha interação com ele foi normal.
00:19:43Ele estava um pouco nervoso, mas quem não fica nervoso ao falar com a polícia?
00:19:47Podia não ter nada a ver com o caso e sim o fato de eu ser policial.
00:19:52Por outro lado, eu já vi o contrário também.
00:19:54O Eric podia agir tranquilamente e mesmo assim ser um assassino frio.
00:20:01Pat viu uma coisa que fez sua suspeita aumentar ainda mais.
00:20:04Eu notei que ele estava instalando um piso novo.
00:20:11Na verdade, eu achei aquilo bem suspeito.
00:20:15Quando algo assim acontece,
00:20:16a primeira coisa que pensamos é que o suspeito está tentando esconder ou eliminar evidências.
00:20:21Obviamente, nós pensamos, se há algo embaixo desse piso, nós queremos saber o que é.
00:20:26Eu perguntei e ele disse que o piso era ruim ou estava estragado e que eles planejavam trocá-lo havia tempo.
00:20:36Eu perguntei se ele permitiria que fizéssemos uma busca e ele concordou.
00:20:41Aí nós enviamos uma equipe de peritos.
00:20:43E eu pedi que eles olhassem tudo e que descobrisse se ele estava trocando o piso por causa de alguma coisa que estivesse por baixo.
00:20:50E queríamos encontrar evidências, talvez sangue ou qualquer coisa ligada à nossa vítima.
00:20:55A prova de que Eric havia assassinado Christine poderia estar escondida embaixo do piso, em qualquer ponto do apartamento.
00:21:03Mas nós levantamos o carpete, levantamos a manta.
00:21:08E não havia sangue, nenhum sinal de sangue.
00:21:16Determinado a não deixar passar nenhum detalhe,
00:21:18Pat pediu que seus investigadores ampliassem a busca por pistas.
00:21:22Eu solicitei toda a movimentação bancária dele, os registros telefônicos.
00:21:27Será que ele tinha ligado para alguém antes da Christine sumir e ligado novamente depois?
00:21:31Será que ele havia feito depósitos estranhos e saques incomuns na época do desaparecimento?
00:21:37Mas as buscas não deram em nada.
00:21:39Pat e sua equipe teriam que investigar mais a fundo.
00:21:42Eles bateram em todas as portas do condomínio.
00:21:47Alguns vizinhos estavam em casa, outros não.
00:21:50Mas ninguém tinha visto nada suspeito.
00:21:53Durante essa investigação, eu não tive nenhum outro suspeito.
00:21:57Nenhum nome surgiu de outro possível suspeito.
00:21:59Não houve um telefonema de alguém dizendo,
00:22:01investigue essa pessoa ou aquela.
00:22:03Nós não tivemos nada assim.
00:22:04Quando a minha tia Cris morreu,
00:22:09tanto a minha mãe quanto a irmã dela, Sandy,
00:22:11estavam convencidas de que o Eric era o assassino.
00:22:16Como o Eric era o maior suspeito, nós tínhamos que continuar de olho nele.
00:22:21Nós sabíamos que havia tensão e problemas em casa,
00:22:24e isso fazia o Eric parecer mais suspeito.
00:22:26Naquele momento, nós decidimos aplicar o teste do polígrafo.
00:22:30O polígrafo, também conhecido como detetor de mentiras,
00:22:33poderia mostrar aos detetives se Eric estava escondendo alguma coisa ou não.
00:22:38O técnico do polígrafo disse que ele havia passado em algumas perguntas,
00:22:43mas que mostrou problemas em questões importantes.
00:22:48Por fim, Eric Wilke foi reprovado no polígrafo e lhe mentiu.
00:22:52Um mês após o corpo de Christine Ullmann ter sido encontrado,
00:23:03o namorado com quem ela morava, Eric Wilke, ainda era suspeito do assassinato.
00:23:09E ele havia sido reprovado no polígrafo.
00:23:12Ele não tinha passado no polígrafo, e não foi só isso.
00:23:16O teste foi uma grande decepção,
00:23:18e isso indicava fortemente que ele havia cometido um crime.
00:23:22Eu, pessoalmente, não acredito muito no polígrafo,
00:23:26porque já vi gente inocente ser reprovada,
00:23:28e gente culpada ser aprovada.
00:23:33E quando o Pet analisava todos os detalhes,
00:23:36o corpo, a cena do crime, o polígrafo,
00:23:38algo não se encaixava.
00:23:40A maioria dos detetives achava que o Eric era culpado,
00:23:43mas o Pet achou que havia algo a mais,
00:23:46e isso nos levaria a uma direção diferente.
00:23:48Eu não conseguia acreditar que ele estivesse envolvido.
00:23:51Havia possibilidade,
00:23:52mas eu pendia mais para ele ser inocente do que ser culpado.
00:23:56Mas eu precisava saber,
00:23:57eu precisava chegar ao ponto de decidir por um lado ou por outro,
00:24:00e isso se faz com evidências.
00:24:01Esta é uma cópia da gravação
00:24:10de um telefonema que foi feito para a casa de Eric Wilke.
00:24:15Alô?
00:24:28Eric?
00:24:28Hã?
00:24:29Eric Wilke?
00:24:30Sei.
00:24:31Você não me conhece, mas eu te conheço.
00:24:33E sei o que você fez com aquela garota.
00:24:35Que garota?
00:24:36A Christine, a sua namorada, esposa, sei lá.
00:24:39Hã?
00:24:39Aquela magrela alta que estava sempre com o menino.
00:24:42Eu sei o que você fez com ela.
00:24:43Moça, você está falando merda.
00:24:46Deixa eu falar com esse cara.
00:24:47Espera um pouco.
00:24:49Ei, Eric.
00:24:50Oi.
00:24:51A minha namorada viu o que aconteceu,
00:24:53ela me contou tudo.
00:24:54E ela está pronta para entregar alguém no Disque Denúncia.
00:24:57Quem ela vai entregar?
00:24:59Você.
00:25:02O Disque Denúncia é um número para onde você liga anonimamente
00:25:05e passa informação sobre qualquer crime que testemunhou.
00:25:08e eles te dão um número em troca dessa informação
00:25:12e você pode ganhar até mil dólares.
00:25:16Eles disseram que iriam dar a informação anonimamente.
00:25:19Tudo o que a gente quer fazer é pegar a grana e sair da cidade.
00:25:22E vocês querem que eu dê dinheiro?
00:25:24Tá bom.
00:25:25Isso é ridículo, tá legal?
00:25:26Olha aqui, não me ligue de novo, não.
00:25:28Vamos se...
00:25:28Olha, eu não sei o que você acha ridículo.
00:25:31Ela me disse o que viu.
00:25:32O que o Eric não sabia é que o telefonema não era de verdade.
00:25:37Eu pedi que uma das secretárias e um dos policiais
00:25:44se passassem por dois namorados.
00:25:48E o roteiro era que eles iriam ligar para o Eric
00:25:51e tentar convencê-lo a lhe dar dinheiro
00:25:55porque eles tinham visto alguma coisa que o incriminava.
00:26:00Se o resultado fosse de um modo,
00:26:02me mostraria que o Eric era culpado.
00:26:04Se fosse de outro modo,
00:26:06mostraria provavelmente que ele era inocente.
00:26:09Olha aqui, meu senhor.
00:26:10Isso é ridículo, tá legal?
00:26:11Bom, pode ser ridículo, mas é a sua vida, não a minha.
00:26:15Eu não preciso me preocupar porque não fiz nada errado.
00:26:17Não, eu também não, porque eu não fiz nada errado.
00:26:20Eu vou fazer o seguinte.
00:26:21Eu vou te passar o nome do detetive,
00:26:23Pat Postiglione.
00:26:23Pat Postiglione.
00:26:26É com ele que você vai falar.
00:26:28Pat Postiglione é o detetive.
00:26:31Conta a ele tudo que você tiver que contar.
00:26:35Liga para ele, tá bom?
00:26:37Não me liga mais não, p***.
00:26:38Eu não sabia o que ia acontecer
00:26:42e eu não sabia qual seria o resultado.
00:26:44E ele ter dado meu nome e pedir que ele ligasse para mim
00:26:47me mostrou que ele não estava envolvido na morte da Christine.
00:26:51Eu estava no trabalho e vi uma reportagem na TV
00:27:01e ouvi o nome da Christine.
00:27:04E eu lembro que eu ouvi a palavra corpo.
00:27:09E, sabe, meus joelhos fraquejaram.
00:27:13Dizem que as suas pernas fraquejam.
00:27:16E eu literalmente caí de joelhos.
00:27:19E eu comecei a chorar e, sabe,
00:27:25foi difícil.
00:27:37Foi demais.
00:27:40Aquilo foi a coisa mais difícil que eu já passei na vida.
00:27:46Era o fim.
00:27:48Não havia a esperança dela estar em algum lugar.
00:27:54E, naquele momento, foi o fim.
00:27:58Então, foi um golpe duro.
00:28:03Descartamos o Eric Wilkey.
00:28:04E quem mais poderia ser?
00:28:06Ela não tem família.
00:28:07Não havia ninguém para dizer,
00:28:09bom, talvez esse cara ou aquele outro cara.
00:28:11Não havia ninguém além do...
00:28:13além do Eric Wilkey.
00:28:14Então, agora estávamos provavelmente lidando com um crime cometido por um estranho.
00:28:21Enquanto os meses se passavam sem nenhuma pista,
00:28:24Pat esperava que ao menos uma das pistas guardadas em sua memória o ajudasse a encontrar a verdade.
00:28:29Eu estava tentando lembrar de tudo.
00:28:35Da cena do crime.
00:28:37Do riacho.
00:28:39Da lavanderia.
00:28:40Do apartamento.
00:28:41Por que, Brushy Creek?
00:28:45Todas essas coisas passavam pela minha cabeça todos os dias.
00:28:48E até que eu solucionasse o caso,
00:28:50virou uma coisa pessoal.
00:28:52Todos os objetos que havíamos coletado na cena do crime,
00:28:57incluindo o maço de cigarros, o jornal, a garrafa,
00:29:01todos foram testados e nada os ligava à vítima.
00:29:04Não havia DNA nem impressões digitais.
00:29:07Havia a possibilidade real desse caso permanecer sem solução.
00:29:11Os detetives já haviam batido em todas as portas do condomínio de Christine,
00:29:19mas não tinha sido o suficiente.
00:29:22Pat voltou ao local.
00:29:23Eu sou a favor de conversar com as pessoas, não uma, duas, uma, se preciso, dez vezes.
00:29:28A pessoa que estava lá na noite do crime poderia não estar nas três vezes em que você foi lá antes.
00:29:33Você volta quantas vezes forem necessárias para conversar com alguém que talvez tenha visto alguma coisa.
00:29:38Eu voltei lá e conversei, e conversei, e interroguei pessoas diferentes.
00:29:44E foi aí que eu fiquei sabendo que alguém estava escondendo um grande segredo
00:29:48que poderia solucionar o caso.
00:29:55Era junho de 1999 e o assassinato de Christine Woman continuava sem solução.
00:30:01O detetive Pat Postiglione voltou ao condomínio onde ela havia morado.
00:30:05A divisão de homicídios estava trabalhando no caso via três meses.
00:30:12Todos os moradores do condomínio que conseguimos localizar foram interrogados várias vezes.
00:30:18Na verdade, vários vizinhos me contataram e me deram informações sobre uma pessoa ou outra como possíveis suspeitas.
00:30:25Eles poderiam ter visto isso ou aquilo e você precisa checar tudo.
00:30:29Muitas vezes isso dá num beco sem saída e outras você só sabe que é um beco quando chega lá.
00:30:37É preciso ser muito persistente num caso assim.
00:30:41Finalmente, a visita a um vizinho rendeu uma peça importante na montagem do quebra-cabeças.
00:30:45Eu soube que havia um indivíduo que costumava ir naquele condomínio e ia regularmente para visitar um dos moradores.
00:30:55Esse morador havia sido interrogado pela polícia e não desconfiava que o amigo pudesse ter alguma ligação com o caso.
00:31:01Nem imaginava isso.
00:31:03Ele nem pensou em mencioná-lo para a polícia.
00:31:05O amigo dele chegava bêvado e quando ele estava assim, ele não o deixava entrar no condomínio.
00:31:09Ele o mandava para o estacionamento beber, se era isso que ele queria fazer.
00:31:14Então eu pedi a esse morador, poderia me mostrar exatamente onde no estacionamento o seu amigo para o carro se estiver bebendo no carro?
00:31:23E o morador me mostrou o local onde o amigo dele estacionava o carro.
00:31:28E era bem em frente à lavanderia.
00:31:30Então a Christine Newman teria que passar por ele para ir lavar suas roupas.
00:31:35É claro que aquilo chamou a minha atenção e eu soube que o nome desse indivíduo era Tommy Jones.
00:31:45Eu queria saber mais sobre esse Tommy Jones, que tipo de pessoa era, se tinha ficha na polícia.
00:31:51Eu vi que ele tinha uma ficha criminal bem extensa.
00:31:55Ele havia sido preso inúmeras vezes.
00:31:57Ele havia violado a liberdade condicional, aí foi preso novamente.
00:32:01Ele havia cometido atos de violência, tinha um histórico de roubos.
00:32:07Ao examinar a ficha criminal, Pat descobriu algo que poderia ligar Tommy Jones ao caso.
00:32:13Eu soube que o Tommy Jones era o chamado ladrão de calcinhas.
00:32:17Ele invadia casas e quartos de mulheres para roubar calcinhas.
00:32:23Eu também descobri que ele havia roubado um carro e dentro do carro havia um cesto cheio de calcinhas de mulheres.
00:32:32Então ele fazia mesmo essas coisas.
00:32:35Poderia ser a indicação de um motivo.
00:32:38Eu procurei uma ligação com o fato da Christine estar indo e voltando à lavanderia.
00:32:43Veja, um ladrão de calcinhas pode cometer crimes mais graves.
00:32:47Ele pode começar espiando, depois cometer um estupro, cometer um homicídio.
00:32:51E talvez isso tenha ocorrido com Tommy Jones.
00:32:55Então, quando eu vi isso, fiquei muito interessado em Tommy Jones.
00:32:58Em descobrir se ele era o assassino.
00:33:01E eu comecei a me concentrar nele.
00:33:04Onde ele está? Onde ele está hoje? Onde ele estava ontem?
00:33:07E descobri que ele estava preso.
00:33:09O que foi um revés, porque se ele estava preso, ele não poderia ter matado a Christine.
00:33:17Não se ele estivesse mesmo preso no dia 3 de janeiro, quando a Christine foi sequestrada e morta.
00:33:24E o fato é que Tommy Jones não estava preso.
00:33:29Ele estava em condicional naquele dia em que a Christine foi sequestrada e morta.
00:33:34Mas como ele violou essa condicional, tinha sido preso novamente.
00:33:39Então, eu fui à prisão, na esperança de conversar com Tommy Jones.
00:33:44Eu nem sabia se ele iria falar comigo.
00:33:47Ele não era obrigado a sair da cela.
00:33:49Ele teria que concordar em sair e conversar comigo.
00:33:52E concordou.
00:33:55Eu comecei me apresentando, falando sobre os direitos dele.
00:33:59Eu fiquei analisando a reação dele.
00:34:01E então, comecei a falar sobre a Christine.
00:34:05Eu havia levado uma fotografia dela.
00:34:10Eu peguei a foto da Christine e passei para ele.
00:34:16Assim que eu passei a foto da Christine para o Tommy e perguntei,
00:34:19você conhece essa jovem?
00:34:21Ele olhou para a foto, se levantou e disse, essa conversa acabou.
00:34:24Pat Postiglione tentou falar com Tommy Jones sobre o homicídio de Christine Woman.
00:34:37Mas o suspeito não quis falar a respeito.
00:34:40Assim que eu passei a foto da Christine para o Tommy e perguntei, você conhece essa jovem?
00:34:44Ele se levantou e disse, essa conversa acabou.
00:34:47Ou seja, ele havia reconhecido o rosto dela.
00:34:49Seria normal ele dizer, quem é essa?
00:34:52Por que me mostrou a foto?
00:34:53Ele não disse nada disso, só a conversa acabou.
00:34:56Isso me mostrou que ele era o assassino de Christine Woman.
00:35:00Agora, Pat considerava Tommy Jones o seu principal suspeito.
00:35:04Mas provar que ele havia matado Christine não seria fácil.
00:35:08Até ali era um caso circunstancial.
00:35:11Não havia DNA ligando Tommy Jones à vítima.
00:35:14E os peritos não tinham encontrado nada no carro dela.
00:35:17A mente de Pat voltou ao estranho local onde o corpo de Christine estava.
00:35:24Eu creio que o que mais me incomodava era o local onde o corpo da Christine tinha sido encontrado.
00:35:31Como ele tinha chegado lá?
00:35:32Nesse caso em particular, não fazia sentido para mim o suspeito ter feito tanto esforço para levar a vítima até lá porque o local era de muito difícil acesso.
00:35:44O corpo da Christine estava em estado avançado de decomposição apesar do pouco tempo de desaparecimento.
00:35:50Minha teoria era de que o corpo havia ficado submerso naquele riacho no ponto correspondente ao da margem em que ele havia sido encontrado.
00:35:58Na época em que encontramos os restos dela, o riacho não tinha correnteza suficiente para ter carregado o corpo.
00:36:05O que obviamente me mostrou que isso não havia acontecido.
00:36:09Mas nos dois meses antes do corpo ter sido encontrado, a região tinha recebido chuvas fortes.
00:36:14Eu conversei com a Secretaria de Recursos Naturais do TNC e eles me informaram que o nível do riacho tinha subido durante várias semanas.
00:36:24O corpo poderia ter sido transportado até o local onde foi encontrado?
00:36:28Sem dúvida, poderia ter sido levado pelo aumento do nível das águas.
00:36:32Mas depois as chuvas pararam e o nível do riacho voltou a baixar.
00:36:37Mas o corpo dela não saiu mais do lugar. Ele ficou onde estava.
00:36:40A pergunta era, como o corpo tinha ido parar no riacho?
00:36:45Só podia ter sido jogado da ponte que eu tinha visto no local do crime.
00:36:50A ponte levava a uma pequena comunidade e eu fui até lá conversar com os moradores para ver se eles conheciam Tommy Jones.
00:36:57E eu descobri, conversando com parentes, com amigos, que colaboraram.
00:37:01Tommy Jones frequentava a região de Brush Creek e ele passeava por lá.
00:37:05Ficou claro que Tommy Jones conhecia bem aquela ponte.
00:37:08Eu tinha certeza de que Tommy Jones havia matado a Christine.
00:37:16Após um ano trabalhando nesse caso, analisando evidências, eu creio que sei o que aconteceu naquele 3 de janeiro.
00:37:22Sabemos que a Christine foi várias vezes à lavanderia do condomínio para lavar roupas.
00:37:30O Tommy Jones chegou ao apartamento do amigo.
00:37:34Ele estava bêbado.
00:37:35Então um amigo mandou que ele ficasse no carro se quisesse beber.
00:37:39E o carro dele ficou estacionado bem perto da lavanderia onde a Christine estava lavando roupas.
00:37:44Eu sei que o Tommy Jones tinha um fetiche doentio por roubar calcinhas femininas.
00:37:51Faz sentido que ele tivesse ficado interessado em roubar algumas calcinhas dela.
00:37:56Pat imaginava que Tommy Jones havia observado todos os movimentos de Christine de dentro de seu carro.
00:38:03Enquanto a roupa estava sendo lavada, ela decidiu ir à farmácia.
00:38:07Nós sabemos disso porque a carteira dela foi encontrada no banco da frente do carro.
00:38:18Quando ela entrou no carro, eu suspeito que o Tommy Jones a abordou.
00:38:25Ele a dominou e tomou a direção do carro.
00:38:31E então ele a levou do condomínio até Brush Creek.
00:38:35Mas a grande dúvida de Pat era onde Christine tinha sido morta.
00:38:40Muitas teorias me ocorreram.
00:38:43Será que a vítima foi morta na lavanderia?
00:38:46Não fazia sentido.
00:38:47Tinha muita gente que poderia vê-lo.
00:38:49Eu acredito que houve estupro.
00:38:51É especulação minha, mas ele tinha essa tendência.
00:38:54Eu acho que ele a levou para a região do riacho para poder estuprá-la e matá-la sem ser visto por ninguém.
00:39:00Então ele se livrou do corpo.
00:39:02A minha teoria é que o Tommy Jones parou o carro dela em cima da ponte, retirou o corpo e o jogou no riacho.
00:39:10Talvez com um peso para que ficasse submerso e não fosse encontrado.
00:39:14Depois que ele se livrou do corpo, levou o carro dela de volta ao estacionamento perto do condomínio.
00:39:25E por que fez isso?
00:39:26Porque o carro dele estava no condomínio.
00:39:28Mas ele não poderia ter dirigido até lá, correndo risco de ser visto.
00:39:32E aí ele pegou o carro dele, então o ligou e foi embora.
00:39:35Eu creio que o corpo da Christine ficou submerso no riacho nas nove semanas antes de ser encontrado.
00:39:42E por estar submerso, a decomposição foi acelerada.
00:39:47Quanto aos objetos encontrados ao lado do corpo da Christine, os tênis e a blusa, de fato pertenciam a ela.
00:39:53A garrafa, o maço de cigarros e o jornal foram trazidos pelo riacho e não tinham ligação nenhuma com ela.
00:39:59Possíveis provas que não eram nada, mas que ficaram na minha memória.
00:40:04Com base nas deduções de Pat, a promotoria fez a acusação a Tommy Jones.
00:40:10Ele decidiu se declarar culpado e foi condenado há 20 anos.
00:40:14O motivo do crime, de natureza sexual e violenta, ficou absolutamente claro quando Pat ouviu o que Jones havia contado ao outro detento.
00:40:25Eu fiquei sabendo que o Tommy Jones admitiu para outro detento que ele não só havia matado a Christine, mas que sentiu prazer nisso.
00:40:36E disse também que, quando fizesse de novo e se fizesse de novo, iria gravar em vídeo.
00:40:42É, ele disse essas palavras e essas palavras chegaram até mim.
00:40:50Então, que tipo de pessoa poderia dizer uma coisa dessas?
00:40:58Eu acho que quando chegar a minha vez de deixar esse mundo, eu a verei de novo.
00:41:04E é isso que me mantém, sabe, seguindo, é isso que não deixa tudo ser tão horrível.
00:41:12Toda noite, eu penso nas possibilidades.
00:41:19E se a gente não tivesse lavado a roupa naquela noite, isso teria acontecido?
00:41:24Será que poderíamos ter feito algo diferente?
00:41:27Eu senti uma grande culpa, isso me atormentou por muito tempo.
00:41:32Durante o primeiro ano da morte dela, as coisas foram muito difíceis às vezes.
00:41:38Eu pedi a ajuda dela, sabe, eu levantava minha mão assim.
00:41:43Parece estranho, mas eu senti a presença dela.
00:41:47Eu só contei isso pra você.
00:41:48Eu espero que ela olhe pra cá e veja que o Zachary está bem.
00:41:56As coisas melhoraram muito depois.
00:41:58Eu acho até que ela gostaria de...
00:42:02viver feliz.
00:42:03Quanto ao filho de Christine, Eric e Zachary, ele teve que crescer sem a mãe.
00:42:10Hoje, ele está com 22 anos.
00:42:15Eu tinha 3 anos e meio quando a minha mãe foi sequestrada e morta.
00:42:22Então, por causa disso, eu não tenho nenhuma lembrança da minha mãe.
00:42:26Nenhuma lembrança.
00:42:28Mas eu penso muito nela.
00:42:32As únicas imagens que eu tenho na cabeça quando eu quero pensar na minha mãe
00:42:37são as fotos que eu tenho dela.
00:42:40Ela era muito bonita e tinha um sorriso muito bonito também.
00:42:44Eu sempre ouço isso do meu pai.
00:42:46Ele sempre diz pra mim que o meu sorriso é igualzinho ao dela.
00:42:49O sorriso mais bonito do mundo.
00:42:52Quando eu resolvo um caso, eu acredito que isso é bom para a família
00:42:58porque eles dão o sentido de justiça.
00:43:02Se não fosse pelo Pet Postiglione,
00:43:06eu acho que nós não teríamos encontrado o verdadeiro assassino nesse caso.
00:43:12Parece que esse cara nasceu pra achar...
00:43:16gente má.
00:43:19Faz quase 20 anos que Christine Uma morreu.
00:43:24O local onde ela foi encontrada, à margem do riacho, está gravado na minha mente.
00:43:29Tommy Jones achou que o riacho esconderia o segredo dele,
00:43:32mas se você souber procurar, sempre acaba encontrando a verdade.
00:43:36versão brasileira, tempo filmes, São Paulo.
00:43:39Ele me esvaqueou.
00:44:00Leonardo está tentando me matar.
00:44:06Seu pior pesadelo.
00:44:23Filadélfia é a sexta maior cidade dos Estados Unidos.
00:44:32Mas, por incrível que pareça, tem um quê de cidade pequena.
00:44:36As pessoas se orgulham muito de seus bairros.
00:44:39Historicamente, a Filadélfia é um lugar com vizinhanças de família.
00:44:42O tipo de cidade em que as pessoas geralmente ficam na mesma área onde cresceram.
00:44:46e conhecem os vizinhos e tem parentes que moram perto.
00:44:49Foi numa dessas comunidades muito unidas que Karen, o idóceo de 16 anos, cresceu.
00:44:55Ei, deixa eu te ajudar.
00:44:57Não.
00:44:58Vai se atrasar pra escola.
00:44:59Vai logo.
00:45:00Vai dar tempo.
00:45:01A Karen era uma figura.
00:45:04Ela era a menina dos meus olhos, por assim dizer.
00:45:08Ela sempre me surpreendia.
00:45:10Era cheia de vida mesmo.
00:45:12Que horas vai voltar hoje?
00:45:14Ah, eu devo chegar tarde.
00:45:16Eu tenho ensaio de dança até umas sete.
00:45:18Vê se consegue uma carona com alguém, tá bom?
00:45:21São só três quarteirões.
00:45:22Eu vou ficar bem.
00:45:23Não se preocupe.
00:45:23Pode pelo menos voltar com uma das garotas.
00:45:26Você se preocupa demais.
00:45:29Eu sou a mãe.
00:45:30Faz parte.
00:45:32Minha mãe sempre foi mãe solteira desde quando eu nasci.
00:45:36Mas ela trabalhava em tempo integral.
00:45:37Ela se esforçava muito pra me dar a melhor vida possível.
00:45:41Éramos só nós.
00:45:43Éramos só nós duas mesmo.
00:45:45Até mais.
00:45:47Eu podia confiar nela.
00:45:48Era uma boa menina, tinha a cabeça no lugar.
00:45:52Mas Karen é minha filhinha e sempre vai ser minha filhinha.
00:45:56Nunca vou parar de me preocupar com ela.
00:45:58Além da escola e dos ensaios de dança,
00:46:07Karen dedicava muito tempo ao relacionamento novo e promissor
00:46:11com o estudante de ensino médio, Jeremy DeMann.
00:46:15Ah.
00:46:17E aí, gato.
00:46:18Oi, Ian.
00:46:19Ele era diferente, era muito divertido, descontraído.
00:46:22E olha, é, a gente gostava da companhia um do outro.
00:46:28Eu tava com tanta saudade.
00:46:31Mas você me viu no terceiro tempo, poxa.
00:46:34Ah, tá.
00:46:35Mas isso foi há duas horas.
00:46:38E aquela prova de história na semana que vem?
00:46:41Ah, não.
00:46:42Eu não quero nem pensar nisso.
00:46:43Eu tô muito por fora.
00:46:44É, eu também.
00:46:45E o que você acha se a gente estudasse hoje à noite?
00:46:48Não posso, tem ensaio de dança.
00:46:50Eu sei, mas ele termina às seis horas.
00:46:52E se a gente marcasse depois?
00:46:54Eu não sei.
00:46:55Minha mãe não gosta que eu fique fora até tarde durante a semana.
00:46:58Você sabe.
00:46:58Mas é pra estudar.
00:47:01Vamos.
00:47:04Tá legal, falou.
00:47:06Beleza.
00:47:06Mas a gente vai ter que estudar, então, de verdade, tá bom?
00:47:09Tá, eu prometo.
00:47:09Tá bom.
00:47:10Eu prometo.
00:47:10Eu estava muito feliz mesmo naquela época.
00:47:15Eu tinha um namorado legal, a vida estava boa.
00:47:23Mas ao mesmo tempo, eu comecei a notar umas coisas estranhas.
00:47:27Pensei que pudesse ter sido um amigo da escola com quem eu tivesse me desentendido.
00:47:43Não tinha certeza de quem poderia ser.
00:47:46Mas foi muito desagradável.
00:47:52Tá legal, eu tenho que pesquisar sobre isso.
00:47:54Espera aí.
00:47:55Mais tarde, Karen e Jeremy estavam juntos quando foram interrompidos, de repente.
00:48:03Você vai...
00:48:06Quem é o cara novo?
00:48:08Pode achar coisa melhor.
00:48:11O que é isso?
00:48:14Quem te deu isso?
00:48:18Eu não sei.
00:48:20Você não sabe?
00:48:21Não faz ideia?
00:48:22Eu não sei.
00:48:25É uma bobagem.
00:48:27Tá na cara que é bobagem.
00:48:28Eu só...
00:48:28Eu quero que você responda a pergunta.
00:48:30Quero saber quem te deu.
00:48:31Eu já disse.
00:48:32Eu não sei.
00:48:34Mas...
00:48:35Enfim, bom...
00:48:36É...
00:48:37Eu estava pensando...
00:48:39Que tal o capítulo 6?
00:48:41Você quer...
00:48:41Não, não.
00:48:41Esquece o capítulo 6.
00:48:44Eu só...
00:48:44Tem algum amigo seu chateado comigo?
00:48:47Eu...
00:48:47Sei lá, eu disse alguma coisa...
00:48:48Jeremy, sabe que todos os meus amigos te adoram.
00:48:51Tá, então.
00:48:52Quem te deu isso?
00:48:54Eu sei que você sabe.
00:48:56Quem te deu o bilhete?
00:49:00Acho...
00:49:01Que pode ter sido o Leonard.
00:49:04Leonard.
00:49:05Mas vocês não terminaram há um ano?
00:49:08Terminamos.
00:49:09Meu ex-namorado me cercava.
00:49:11Ele ficava sempre dizendo que me amava, que eu era bonita, que eu era tudo pra ele.
00:49:16Mas com o passar do tempo, eu comecei a ver um lado mais possessivo.
00:49:20Aí a mulher dele morreu.
00:49:21Ele foi parar no rádio e foi lá que ela ouviu ele.
00:49:24Foi muito fofa.
00:49:24Ai, meu Deus, é.
00:49:25Eu tô querendo assistir há um tempão.
00:49:26Já vi os trailers.
00:49:27Foram ótimos.
00:49:28Maravilha.
00:49:29Vamos nesse final de semana.
00:49:30Combinado, isso vai ser muito legal.
00:49:31Vamos sim, eu tô animada.
00:49:33É.
00:49:35Eu queria curtir a juventude, queria ter amigos, ser uma adolescente.
00:49:39Mas chegou uma hora em que eu era apenas dele.
00:49:44Eu...
00:49:44Tenho uma coisa pra você.
00:49:48Ai, meu Deus.
00:49:49Uma coisa pra você pensar em mim quando eu não estiver por perto.
00:49:55Você é muito fofo.
00:49:58Nossa, muito obrigada, viu?
00:49:59Vem cá.
00:50:02Tá legal.
00:50:03Tá na hora de eu me mandar.
00:50:04Sábado à noite, então.
00:50:06Ah, tá.
00:50:07Com certeza.
00:50:07A gente se vê.
00:50:11Ei, que cara é essa?
00:50:17Você fez planos sem mim?
00:50:19Eu não falei pra você sempre me perguntar primeiro?
00:50:22Tá falando sério?
00:50:25Ah, o que?
00:50:27Ele não queria que eu tivesse nenhum amigo.
00:50:29Eu queria ter amigos, ser uma adolescente.
00:50:31E ele não ia permitir isso de jeito nenhum.
00:50:35Fiquei farta de tudo porque eu precisava ser uma adolescente.
00:50:38Eu queria aproveitar a vida.
00:50:39Eu precisava ter os meus amigos.
00:50:42Então, no final, a gente terminou.
00:50:44Bom, eu não quero mais pensar nele.
00:50:47Ele é estranho.
00:50:48Tá bom, mas tá na cara que ele ainda pensa em você.
00:50:52E ele não saiu da escola.
00:50:54Ele não parou de estudar.
00:50:55E daí?
00:50:56Jeremy, eu não...
00:50:56Então como ele botou o bilhete na sua mochila?
00:50:58Eu não sei, Jeremy.
00:50:59Eu não sei.
00:51:00Mas o Leonardo é assim, tá?
00:51:01Ele faz esse tipo de coisa.
00:51:03Ele sabe que me chateia.
00:51:05Talvez você devesse impor limites.
00:51:10Quando eu consegui seguir minha vida
00:51:11e começar uma nova relação com o meu namorado na época,
00:51:16eu fiquei muito feliz.
00:51:18E o fato do meu ex-namorado ter voltado pra minha vida
00:51:22não tinha nenhum ressentimento.
00:51:24Mas meu namorado atual era desconfiado.
00:51:27O que você tá fazendo, Jeremy?
00:51:29Tô indo embora.
00:51:30Cansei de estudar.
00:51:32A gente se vê na aula, tá?
00:51:33Jeremy, você tá falando sério, é?
00:51:38Nossa.
00:51:41Cadê o Jeremy?
00:51:42Ele foi embora.
00:51:43Mas ele acabou de chegar.
00:51:44Tá, ele tinha uma coisa pra fazer.
00:51:46Sei lá, ele teve que ir pra casa.
00:51:58Karen fez o possível para esquecer o incidente.
00:52:01E dias depois, parecia que a vida tinha voltado ao normal.
00:52:06Tô achando que tá precisando de uma carona.
00:52:09Ainda tá zangado comigo pelo outro dia?
00:52:12Olha, eu bem que tentei, mas eu não consigo ficar zangado com você.
00:52:19Oi.
00:52:21Oi.
00:52:22Oi.
00:52:22Senti saudade.
00:52:31É?
00:52:32A gente precisa brigar mais vezes.
00:52:36Ah, mas que fofinho.
00:52:37E ele aparecia do nada, tipo de repente.
00:52:42O que que você quer, cara?
00:52:43Aí, relaxa.
00:52:45Eu me chamo Leonard, tá?
00:52:47Parecia que ele queria retomar nossa amizade.
00:52:50Ele não estava fazendo nenhuma ceninha, bancando o ciumento ou sei lá o quê.
00:52:55Leonard, o que você tá fazendo aqui?
00:52:58Eu só queria te ver antes de ir embora.
00:53:00Pra onde você vai?
00:53:03Eu vou pra Califórnia.
00:53:05Por quanto tempo?
00:53:07De vez.
00:53:07Eu...
00:53:08Eu vou me mudar.
00:53:10Eu quero recomeçar do zero, porque...
00:53:12Eu achei que ia ser bom pra mim.
00:53:14Quando ele disse que ia se mudar pra Califórnia, eu...
00:53:17Eu não acreditei nele no início, porque era uma coisa meio sem nexo.
00:53:21Porque eu acho que ele nem tinha um emprego na época.
00:53:24Mas se ele fosse mesmo, ia ser...
00:53:27Um alívio, porque ele ia seguir com a vida dele.
00:53:32Aí, mas...
00:53:33Mas que legal.
00:53:34Fiquei sabendo que tem muitas palmeiras por lá, né?
00:53:37Ah, é.
00:53:37E muita garota bonita também.
00:53:39É.
00:53:40Foi o que eu soube.
00:53:43Bom, é...
00:53:45Eu só queria dizer que você não precisa mais se preocupar de eu ficar no seu pé.
00:53:51Ok, e...
00:53:52Boa sorte por lá, viu?
00:53:54É, é, é.
00:53:55Boa sorte, cara, é.
00:53:56Eu acho que vai ser muito bom pra...
00:53:58Pra você.
00:54:01Um último abraço antes de eu ir?
00:54:03Ah, ah...
00:54:05Tá bom, claro.
00:54:11Valeu.
00:54:16A gente se vê por aí, Karen.
00:54:18Até mais.
00:54:24Ei, o que foi?
00:54:26Ei, o que foi?
00:54:31Quer saber?
00:54:31Eu acho melhor...
00:54:33Você procurar outra carona.
00:54:36A gente sempre ouve que é perigoso falar com estranhos.
00:54:39Mas nunca achamos que vai ser uma pessoa conhecida em quem confiamos.
00:54:50Depois de um ano conturbado, o ex-namorado possessivo de Karen Widoss, Leonard, se mudou para o outro lado do país, na Califórnia.
00:54:58Para Karen, é quase bom demais pra ser verdade.
00:55:09Ah, que susto, desculpa.
00:55:11Agradece a sua mãe por me emprestar.
00:55:14Tá, claro.
00:55:15Valeu.
00:55:23Oi, querida.
00:55:24Era o Ron?
00:55:25Era.
00:55:26Ele veio devolver isso.
00:55:27Ah.
00:55:27Tínhamos uma boa relação, mãe e filha, e eu saía para trabalhar, sustentava a família, e a Karen sabia que podia sempre contar comigo, podia me contar seus problemas, e eu fazia tudo para orientá-la.
00:55:50Então, de quem é essa?
00:55:52Ah, essa é...
00:55:54Ela é do Leonard.
00:55:56Meu Deus, outra?
00:55:57É, mas, sei lá, parece que tá seguindo com a vida dele, então...
00:56:02Uns meses depois dele se mudar pra Califórnia, eu recebi uma carta dele.
00:56:07Ele foi bem detalhista, dizendo que tinha conhecido uma moça na Califórnia.
00:56:12Ironicamente, o nome era Karen.
00:56:14Ele disse que pediu a mão dela na praia na Califórnia.
00:56:17Bom, é uma boa notícia.
00:56:19É.
00:56:27Com o Leonard aparentemente fora de sua vida, Karen aproveitou mais seu tempo com um novo namorado, Jeremy DeMunn.
00:56:36Olha, eu pensei que a gente podia ir pra praia no verão.
00:56:39Ah, claro.
00:56:41É.
00:56:42Eu tenho um amigo que tem uma casa em Jersey, bem perto da praia.
00:56:45Lá é lindo.
00:56:46Uhum.
00:56:46E eu pensei que a gente podia passar uns dias lá.
00:56:49Meu ex-namorado deveria estar na Califórnia, mas eu sempre senti que ele estava me cercando.
00:56:59Aí.
00:57:01Aí.
00:57:02Tudo bem?
00:57:03Oi.
00:57:04Desculpa.
00:57:04O que foi?
00:57:08Nada.
00:57:11Eu acho que eu tô vendo coisas, sei lá, eu não sei.
00:57:14Tá bom.
00:57:16Ah, mas me fala mais sobre essa casa de praia.
00:57:20É.
00:57:21Ela tem uma quadra de vôlei.
00:57:23É, não sei se você joga vôlei.
00:57:26Tem uma piscina também.
00:57:31Tem uma piscina e você não tá me ouvindo.
00:57:34Ah, desculpa.
00:57:38É.
00:57:41Foi uma loucura mesmo, eu pensei.
00:57:44Será que é ele?
00:57:46Ele tinha cabelo castanho bem escuro, quase preto.
00:57:49Ele parecia a mesma pessoa, mas ao mesmo tempo não.
00:57:53Aquilo era ridículo.
00:58:00Depois de alguns dias sem avistar ninguém,
00:58:02Karen logo relaxa e entra em sua rotina de verão.
00:58:07Até que um dia.
00:58:11Ai, peraí.
00:58:13Eu já vou.
00:58:13Surpresa.
00:58:33Ele apareceu na minha porta e o cabelo louro dele tinha sido totalmente pintado de preto.
00:58:41Ele ficou com a aparência de mal.
00:58:44Meu namorado, na época, tinha cabelo preto.
00:58:48Você gostou?
00:58:51Aquilo parecia algo saído de um livro do Stephen King.
00:58:54Ele tinha realmente se transformado pra tentar parecer o máximo possível com o novo namorado.
00:59:02O que você está fazendo aqui?
00:59:03Eu achei que estava na Califórnia.
00:59:05É, mas eu estou aqui agora.
00:59:07Eu só queria ver como era.
00:59:10Ele passou direto por mim e entrou na casa.
00:59:12Tinha alguma coisa estranha no olhar dele.
00:59:15Ele parecia ameaçador.
00:59:16Seu namorado está aqui?
00:59:19Ah, não.
00:59:21Eu acabei de acordar.
00:59:23Cadê a sua mãe?
00:59:28Ela...
00:59:29Onde é que ela está?
00:59:31Ela está no trabalho.
00:59:34Eu tinha que chegar no trabalho às sete.
00:59:36Trabalhava no centro e levava 45 minutos.
00:59:39De viagem, eu acho.
00:59:41Eu trabalhava o dia todo.
00:59:42Chegava em casa à tarde.
00:59:45Muito cansada.
00:59:46Mas, é...
00:59:47Leonard, já faz um tempão, eu...
00:59:50Aposto que ele ia adorar te ver.
00:59:52Por que não passa no trabalho dela pra dizer oi?
00:59:55Que tal?
00:59:56É, pode ser.
00:59:57Talvez...
00:59:58Mais tarde.
01:00:00Tá, mas conhece as regras.
01:00:02Nada de visitas até minha mãe chegar.
01:00:04Foi bizarro.
01:00:05Fiquei assustada.
01:00:06Eu não entendi o que ele estava fazendo ali.
01:00:08Aí eu tentei que ele fosse embora.
01:00:11A regra principal era que se minha mãe não estivesse em casa, eu não podia receber ninguém em casa.
01:00:17E não só isso.
01:00:19Eu já estava muito desconfiada porque naquela altura, eu sabia que tinha algo errado.
01:00:25Mas ela não tem que ficar sabendo, né?
01:00:28É, mas ela confia em você.
01:00:30Vai querer decepcioná-la?
01:00:33Tem razão.
01:00:38É melhor eu ir.
01:00:39É, é sim.
01:00:41Vai lá.
01:00:42Mas eu posso tomar uma água primeiro?
01:00:44Eu andei muito até aqui e tá...
01:00:47Tá calor lá fora.
01:00:50Tá...
01:00:50Tá sim.
01:00:52Que tal você...
01:00:54Ficar aqui e eu...
01:00:57Pego água pra você, tá?
01:01:00Peraí.
01:01:01Eu parei de chamar a minha mãe de mãe há muitos, muitos anos.
01:01:11Agora, ela é só a Stephanie.
01:01:14Eu não sei o que é normal.
01:01:17Eu só sei como eu cresci.
01:01:19Ela pegou aquela faca e veio direto pra cima de mim.
01:01:23Quem morreu?
01:01:24Seu pai.
01:01:24A Stephanie matou ele.
01:01:26O quê?
01:01:26Vivendo com o inimigo.
01:01:31No Investigação Discovery.
01:01:36Falar inglês no trabalho ainda é motivo de vergonha?
01:01:39Se você precisa de inglês, você precisa da...
01:01:42Aí eu liguei logo pra minha avó.
01:01:45Ah, é...
01:01:45Olha, a senhora...
01:01:47Pode dar uma passadinha aqui?
01:01:49O Leonardo apareceu de repente.
01:01:50E ele tá agindo de um modo meio estranho.
01:01:53Eu tô ficando um pouco nervosa.
01:01:54Tá legal!
01:01:58Se você quer que eu vá, eu vou.
01:02:04A minha avó já estava vindo.
01:02:06Ele não ia ficar esperando ela de jeito nenhum.
01:02:12Em poucos minutos, a avó de Karen chegou para ver como ela estava.
01:02:16Nenhum sinal dele, querida.
01:02:33A minha avó olhou em todo canto e disse que não tinha ninguém e estávamos seguras.
01:02:39Obrigada.
01:02:40Tô sendo um pouquinho infantil, mas obrigada.
01:02:42Não.
01:02:43Está sendo cuidadosa e esperta.
01:02:46Obrigada.
01:02:48Você é demais.
01:02:49Valeu mesmo.
01:02:50Se eu estivesse no trabalho e ela precisasse de...
01:02:54Alguém...
01:02:56Ou ligava pros meus pais ou ia pra lá.
01:02:58Meus pais moravam no final da rua.
01:03:02Morávamos bem perto deles.
01:03:03Por que não volta lá pra casa comigo?
01:03:07Posso fazer seu café da manhã.
01:03:09Ah, eu não tô com muita fome.
01:03:11Eu acho que eu vou dormir um pouquinho mais...
01:03:14De repente eu passo lá um pouquinho mais tarde.
01:03:16A gente joga umas cartas, vê TV.
01:03:19Bom, o seu avô disse que eu trapassei o no jogo.
01:03:21Mas na verdade ele não gosta de perder.
01:03:24Eu sei.
01:03:25Tudo bem.
01:03:26Olha, querida.
01:03:27Não deixe de trancar a porta depois que eu sair, tá?
01:03:29Pode deixar.
01:03:30Tudo bem.
01:03:30Tá.
01:03:30Até logo, meu bem.
01:03:31Tchau.
01:03:32Bye, bye.
01:03:32Ela se sentiu segura, fechou a porta e foi pra casa.
01:03:38Aí voltei pra cama.
01:03:44Mas ele ainda estava na casa.
01:03:51Depois de uma visita inesperada de seu ex-namorado possessivo, Leonard...
01:03:56Karen Widow só desejava fingir que aquilo nunca aconteceu.
01:04:00Mas não foi tão simples.
01:04:04Eu não sei por quanto tempo eu dormi, mas...
01:04:07Aí eu acordei.
01:04:11Eu abri os olhos e o meu ex-namorado ainda estava na minha casa.
01:04:15No meu quarto.
01:04:16Acariciando meus pés.
01:04:17Que isso, Leonard?
01:04:18Eu pulei e...
01:04:20E aí eu gritei.
01:04:21Por que você ainda está aqui?
01:04:23O que está fazendo?
01:04:24Por que está me tocando?
01:04:25Sai do meu quarto.
01:04:26Sai do meu quarto.
01:04:27Eu gritei.
01:04:27O que você está fazendo aqui?
01:04:29Calma aí.
01:04:29Tá legal.
01:04:30Eu só achei que ia ser engraçado.
01:04:31Olha, Karen.
01:04:32Não estou achando a menor graça.
01:04:35É, é.
01:04:36Eu estou vendo.
01:04:38Como?
01:04:40Como entrou na minha...
01:04:42Na minha casa de novo?
01:04:44Eu não saí daqui.
01:04:46Tá legal, mas eu quero que saia agora.
01:04:48Mas, Karen, eu...
01:04:51Não existe mais nada entre a gente.
01:04:53Olha, acabou, Leonard.
01:04:55Acabou.
01:04:58Se é isso que você...
01:04:59É, sim.
01:05:01Tá bem.
01:05:06Ele se virou bem calmo e aí ele foi pra porta.
01:05:14Mas antes de eu ir...
01:05:16Eu só queria te fazer uma pergunta.
01:05:19E aí, literalmente, do nada, ele olhou para Karen e perguntou.
01:05:24Eu posso te estrangular?
01:05:25Foi tudo muito rápido.
01:05:34Eu achei no início...
01:05:37Que aquilo não aconteceu.
01:05:40Me pegou...
01:05:40Me pegou pelo pescoço acima da cabeça dele.
01:05:46Meus pés saíram totalmente do chão.
01:05:48Eu não respirava, não...
01:05:50Sentia nada.
01:05:51Meu corpo ficou logo dormente.
01:05:54Eu não sentia nada nos dedos das mãos ou dos pés.
01:05:56Eu me esforcei muito pra reagir.
01:06:03Ouvi um zumbido no ouvido e aí não me mexi mais.
01:06:08E aí, no fim, tudo ficou preto.
01:06:10Cerca de meia hora depois, Karen ainda se sentia zonça.
01:06:22Mas uma coisa estava clara.
01:06:24Leonard ainda estava lá.
01:06:26Eu te amo, você sabe.
01:06:38Mas você não devia ter feito o que fez.
01:06:42Você não devia ter me deixado!
01:06:44Eu perdi a consciência e assim que eu abri os olhos, ele começou a me sogar com o punho fechado.
01:06:50Me desculpa.
01:06:51Primeiro eu vou te matar.
01:06:52Não, não, por favor.
01:06:54Depois eu vou encontrar uma ponte e aí eu vou me jogar.
01:07:03Assim nós dois vamos ficar juntos pra sempre.
01:07:07Ele me perguntou se eu acreditava em Deus.
01:07:09Porque ele queria ficar no céu comigo pra sempre.
01:07:15Fiquei totalmente chocada.
01:07:16Era como...
01:07:18Eu não entendi o que estava acontecendo.
01:07:21Com Karen completamente incapacitada, Leonard planejou seu próximo passo.
01:07:31Mais tarde, recuperei a consciência usando roupas totalmente diferentes.
01:07:35Ele me colocou num vestido que eu tinha no armário.
01:07:38Você tá linda.
01:07:49É assim que eu quero me lembrar de você.
01:07:56Por favor, não.
01:07:58Ele via a Karen como o dele.
01:08:01Ela pertencia a ele.
01:08:04Há mais ninguém na cabeça dele.
01:08:10Então, ele provavelmente estava fazendo aquelas coisas pra que ela ficasse bonita dentro do caixão.
01:08:19Leonard, por favor.
01:08:23Por favor.
01:08:24Eu queria que não tivesse que ser assim.
01:08:31Você não tem que fazer isso, por favor.
01:08:35Escuta, se você me ama, se me ama, Leonard, me escuta, tá?
01:08:40É tarde demais.
01:08:42Você teve a sua chance.
01:08:43Ele estava ajoelhado do meu lado no chão.
01:08:54E quando eu olhei pra ele, ele levantou uma faca de cozinha de 30 centímetros.
01:08:59Por favor.
01:09:01Ele enfiou ela no meu peito.
01:09:04Ele começou a torcer a faca.
01:09:06E depois arrancou e foi sangue pra todo lado.
01:09:13E aí ele enfiou mais uma vez.
01:09:21Mas aí, dessa vez, a lâmina da faca atravessou minhas costas e aí atingiu o chão.
01:09:27Era como se ele estivesse rasgando minhas costas.
01:09:30Ele torcia a faca com força.
01:09:33Mas lá fora era o meio da tarde.
01:09:37Os vizinhos estavam no trabalho.
01:09:39Não tinha ninguém por perto para ajudar a Karen.
01:09:41A mãe dela, Beth, também estava no trabalho quando sentiu uma sensação estranha.
01:09:49Eu estava me preparando para ir pra casa quando eu senti uma dor horrível no lado esquerdo do peito.
01:09:59Eu perdi todo o fôlego e não fazia ideia do que poderia ser.
01:10:11Ela estava coberta de sangue, da cabeça até os pés.
01:10:23Foi uma cena muito aterradora.
01:10:25Ela tinha perdido uma quantidade enorme de sangue.
01:10:34Aí ele me beijou uma última vez e disse que me amava.
01:10:36Ele botou um lençol em cima dela na tentativa de esconder o que tinha acontecido.
01:10:47Ele me pegou e me enfiou debaixo da cama e saiu do quarto.
01:10:53Eu tive uma sensação sufocante de morrer.
01:10:56Sabia que ia morrer.
01:10:57Eu pensei que nunca mais ia poder ver meus amigos de novo.
01:11:04E que aquele era o último dia em que eu ia viver.
01:11:07Karen, o idócio de 16 anos, sabia que precisava de ajuda e rápido.
01:11:11Ela foi violentamente asfaqueada por seu ex-namorado enlouquecido.
01:11:16Depois que ele saiu do quarto, eu tentei sair debaixo da cama.
01:11:19Eu não sabia se ele ainda estava na casa ou não.
01:11:21Sabia que estava morrendo.
01:11:24E se esperasse por mais tempo, eu não ia sobreviver.
01:11:28Meus ferimentos estavam fazendo um barulho de bombear.
01:11:33E eu achei que foi porque ele me esfaqueou no coração.
01:11:36Mas eu era mais forte que ele e eu ia vencer.
01:11:40Aí fiquei repetindo aquilo de novo, de novo, sem parar.
01:11:43Eu tirei os lençóis e com uma mão sobre os ferimentos,
01:11:48eu saí, saí debaixo da cama me arrastando.
01:12:08Sem ela saber, Leonard ainda estava na casa dela naquele momento.
01:12:13Fui me arrastando, ligar para a emergência no meu quarto.
01:12:20Pareceu uma eternidade.
01:12:22Provavelmente foram só uns segundos, mas pareceu uma eternidade.
01:12:28Eu estava morrendo no chão.
01:12:31E me lembro de pensar que era muito importante
01:12:33dizer para as pessoas quem fez aquilo.
01:12:35Eu não queria que não houvesse punição.
01:12:38Precisavam saber quem fez aquilo.
01:12:43Central, qual é a emergência?
01:12:46Me ajude, por favor.
01:12:48A pessoa atendeu e eu disse que estava sendo assassinada.
01:12:56Por favor.
01:12:57Assim que eu disse isso, ele voltou correndo para o quarto
01:13:01e arrancou o telefone da minha mão e desligou a ligação.
01:13:04Você não devia ter feito isso.
01:13:08Eu fazia pressão nos meus ferimentos e lembro dele
01:13:12arrancar minha mão do meu peito dizendo
01:13:14não, não resiste não, Karen.
01:13:16Deixa a morte chegar.
01:13:18Não resista, Karen.
01:13:21E foi isso.
01:13:22Eu nunca mais ia ver a mamãe de novo.
01:13:25Eu queria muito que minha mãe chegasse do trabalho
01:13:27e me salvasse daquilo.
01:13:28Adeus, Karen.
01:13:38Eu não queria morrer naquele chão.
01:13:40E com certeza não queria morrer nas mãos dele.
01:13:44Eu acabei conseguindo me levantar
01:13:54e aí eu caminhei, escada abaixo,
01:13:57cruzei a sala de estar,
01:13:59indo para a porta.
01:14:04Eu fiquei parada em frente à casa,
01:14:07com a mão sob os ferimentos
01:14:08e eu me lembro de olhar fixamente
01:14:10e saber que eu precisava ir para a casa dos meus avós.
01:14:13e aí eu fui em frente.
01:14:20Oh, meu Deus!
01:14:25Não sei como, mas eu passei
01:14:27por oito casas até chegar na casa dos meus avós.
01:14:31Aí eu cheguei nos degraus
01:14:32e entrei na casa.
01:14:34Com a quantidade de sangue que Karen perdia.
01:14:37Liga para a emergência.
01:14:43Meu avô era um veterano da Segunda Guerra.
01:14:48Aí ele seguiu logo o treinamento dele do exército
01:14:51e colocou pressão em cima dos ferimentos.
01:14:56Enquanto Karen se agarrava à vida no chão da cozinha,
01:14:59a notícia do terrível ataque
01:15:01chega até o oficial da polícia da Filadélfia,
01:15:04Bob Wals.
01:15:05Ligaram sobre um ferimento à faca.
01:15:08Ela tinha sido
01:15:09atingida diversas, repetidas vezes,
01:15:13no peito.
01:15:14No início, ela não estava consciente
01:15:27e queríamos levá-la para o hospital
01:15:28o mais rápido possível.
01:15:31Aquela jovem estava em estado crítico.
01:15:33Eu estava no serviço
01:15:34há quatro anos
01:15:35e nunca tinha visto
01:15:36nada
01:15:38que me afetasse tanto.
01:15:41Vamos te levar para o hospital.
01:15:42Eu tentava ao máximo
01:15:47dar uma descrição completa
01:15:50de quem fez aquilo.
01:15:51Tá bom, tá bom.
01:15:52Leonard, qual é o sobrenome do Leonard?
01:15:54Leonard.
01:15:56Eu estava determinada a contar.
01:15:59Era o meu maior objetivo.
01:16:00Era a coisa que eu mais queria.
01:16:02Eu estava decidida
01:16:03de que ele não ia sair impune daquilo.
01:16:07E mesmo que eu morresse no final,
01:16:10eu queria que todos soubessem
01:16:11quem fez aquilo.
01:16:13Nós vamos achá-lo, eu prometo.
01:16:14Faremos tudo o possível para encontrá-lo.
01:16:16Eu não achei que ela fosse resistir.
01:16:17Moça, moça, fica com os olhos abertos.
01:16:20Nos meus quatro anos de experiência
01:16:22atendendo, vi muitas pessoas
01:16:23em estado muito melhor
01:16:26que o dela morrerem.
01:16:27Karen, querida.
01:16:36Enquanto os paramédicos
01:16:38levavam Karen embora,
01:16:40o policial Walls
01:16:41voltou a atenção
01:16:42para o agressor dela.
01:16:43quando vemos uma garota pequena
01:16:46como a Karen
01:16:47ser brutalizada como ela foi.
01:16:50Cada desejo de vingança,
01:16:52cada desejo de represália
01:16:55que já sentimos
01:16:57passa pela nossa cabeça.
01:16:59Central, aqui é Walls.
01:17:01Precisamos de um alerta
01:17:02para um tal de Leonard Tilton.
01:17:04Repito, Leonard Tilton.
01:17:06Eu estava cercado
01:17:07por uma delegacia inteira
01:17:08de caras
01:17:09que eram iguais a mim.
01:17:11e quando uma coisa dessas acontecem,
01:17:14o pessoal,
01:17:16eles vasculham
01:17:17cada centímetro do terreno.
01:17:19Não tem lugar
01:17:19para se esconder.
01:17:21E nós começamos
01:17:23uma caçada e tanto
01:17:24por aquele sujeito.
01:17:27Enquanto isso,
01:17:28a mãe de Karen, Betty,
01:17:29voltava para casa
01:17:30depois de um longo dia
01:17:31de trabalho
01:17:31sem a menor ideia
01:17:32do terrível suplício da filha.
01:17:35Eu estava a poucas ruas
01:17:37da minha casa
01:17:37e uma ambulância
01:17:40do esquadrão de resgate
01:17:42virou a esquina
01:17:43em frente de um ônibus
01:17:44e eu nunca tinha visto
01:17:46uma ambulância
01:17:47correr tão rápido
01:17:48quanto aquela.
01:17:49E eu me lembro
01:17:50de pensar comigo.
01:17:52Oh, meu Deus.
01:17:53Tomara que quem estiver
01:17:54dentro dela
01:17:55fique bem e sobreviva.
01:17:57Mas quando Betty
01:17:58chegou em casa,
01:17:59ela logo percebeu
01:18:00que era sua filha
01:18:01que estava sendo transportada.
01:18:03Todos os meus vizinhos
01:18:04estavam na rua
01:18:05e eu perguntei
01:18:06o que está acontecendo.
01:18:08Uma pessoa chegou
01:18:09até mim e disse
01:18:10que um amigo
01:18:13da família
01:18:13estava lá
01:18:14e ia me levar
01:18:15para o hospital.
01:18:18No hospital,
01:18:19Betty recebeu
01:18:20um relato
01:18:20ainda mais devastador
01:18:21do que ela tinha imaginado.
01:18:22Eu queria ter notícias
01:18:27melhores para a senhora.
01:18:28Eu não conseguia acreditar.
01:18:30A cabeça...
01:18:31A gente imagina
01:18:34todo tipo de coisa, sabe?
01:18:37Não dá, não dá
01:18:38para aceitar
01:18:38esse tipo de coisa.
01:18:40Eu senti
01:18:41meus joelhos fraquejarem.
01:18:43Eu lamento.
01:18:45Eu não sei
01:18:46outro jeito
01:18:46de falar isso.
01:18:47Eu não percebi
01:18:48que eles tinham
01:18:49nos levado lá
01:18:50para nos despedirmos.
01:18:51disseram
01:18:53que ela não ia
01:18:54sobreviver.
01:18:55Eu fiquei
01:18:55apavorada
01:18:56e ainda fico.
01:19:01Eu comecei
01:19:01a rezar
01:19:02e...
01:19:03eu nunca rezei
01:19:04com tanta força
01:19:05na vida.
01:19:08Enquanto
01:19:09a família de Karen
01:19:10tentava se preparar
01:19:11para o pior,
01:19:12a polícia
01:19:13da Filadélfia
01:19:13tentava encontrar
01:19:14Leonard Tilton,
01:19:16o agressor dela.
01:19:17Eu fiz tudo
01:19:18o que podia,
01:19:19não só
01:19:20para passar
01:19:21a descrição dele
01:19:21pelo rádio
01:19:22da polícia
01:19:23e saber
01:19:24onde ele
01:19:26poderia estar.
01:19:28E...
01:19:29aí eu comecei
01:19:30a vasculhar
01:19:31a área.
01:19:32Eu tenho
01:19:32uma irmã
01:19:33e...
01:19:36se alguém
01:19:36fizesse aquilo
01:19:37com ela,
01:19:39eu iria querer
01:19:39que o policial
01:19:40passasse
01:19:41todo o tempo
01:19:42disponível dele
01:19:43rastreando
01:19:44o sujeito também.
01:19:44se a pessoa
01:19:46não se esforçar
01:19:47ao máximo,
01:19:48então está
01:19:48no ramo
01:19:49de trabalho
01:19:49errado.
01:19:51Depois de
01:19:52vasculhar
01:19:52a área,
01:19:53eu não tive
01:19:54muita sorte
01:19:55e comecei
01:19:56a achar
01:19:56que talvez
01:19:57ele tivesse
01:19:58fugido
01:19:58da vizinhança
01:19:59e não estivesse
01:20:00na área.
01:20:02Mas,
01:20:02por algum motivo,
01:20:04alguma coisa
01:20:05me fez...
01:20:06Sabe,
01:20:06se esmarque,
01:20:07ele não poderia
01:20:08ter ido muito longe.
01:20:10E como que
01:20:12confirmando,
01:20:13o policial
01:20:14Walls recebeu
01:20:14a dica
01:20:15pela qual
01:20:15estava esperando.
01:20:17Atenção
01:20:17todas as unidades.
01:20:18O suspeito
01:20:19Leonard Tilton
01:20:20foi visto
01:20:20na ponte
01:20:20Tacone-Palmária.
01:20:22Entendido.
01:20:23Aqui é o
01:20:23Walls a caminho.
01:20:24Ouvir aquele
01:20:25chamado
01:20:25me deu
01:20:27uma sensação
01:20:28incrível
01:20:28de que...
01:20:30de que
01:20:31tínhamos
01:20:32uma chance
01:20:32de pegar
01:20:33aquele cara.
01:20:34Eu sou pai
01:20:34de uma criança
01:20:35assassinada.
01:20:37Eu já levei
01:20:37mais de 1.400
01:20:38fugitivos à justiça.
01:20:40Meu nome é
01:20:45John Walsh.
01:20:46Eu estou
01:20:46bem longe
01:20:47do fim.
01:20:47Muitos
01:20:48desses fugitivos
01:20:48continuam
01:20:49soltos.
01:20:52Não faça...
01:20:52...leonard Tilton,
01:20:55que aparentemente
01:20:56fora visto
01:20:56perto da ponte
01:20:57Tacone-Palmária,
01:20:58na Filadélfia.
01:20:59Quando eu
01:21:00me aproximei
01:21:00da ponte,
01:21:01vi um homem
01:21:02caminhando
01:21:02pela pista
01:21:03para pedestres
01:21:05para o leste.
01:21:07E ele batia
01:21:07com a descrição
01:21:08do suspeito.
01:21:10imediatamente
01:21:10eu peguei
01:21:11meu rádio
01:21:11de polícia
01:21:12e disse
01:21:13que eu
01:21:13localizei
01:21:13o suspeito.
01:21:15Leonard Tilton!
01:21:18Afaste-se
01:21:19da beirada
01:21:19e coloque
01:21:19as mãos
01:21:20para cima!
01:21:22Ela morreu?
01:21:23Afaste-se!
01:21:24Deite no chão
01:21:25e coloque
01:21:25as mãos
01:21:25nas costas!
01:21:27Eu matei
01:21:28ela, não foi?
01:21:31É melhor
01:21:32você atirar
01:21:32logo em mim.
01:21:34Não!
01:21:35Não precisa
01:21:36terminar assim,
01:21:37tá bom?
01:21:38Afaste-se daí!
01:21:40Acabou!
01:21:42Aí,
01:21:43ele fez
01:21:44uma coisa
01:21:44que nenhum
01:21:45de nós
01:21:45esperava.
01:21:46Ele estava
01:21:47se preparando
01:21:48para pular.
01:21:49E eu...
01:21:50eu reagi
01:21:50no impulso.
01:21:56Eu pulei
01:21:57sobre a grade
01:21:57e me agarrei
01:21:58com ele.
01:22:04Onde pensa
01:22:05que vai?
01:22:07Está preso.
01:22:09Ele ficou
01:22:10perguntando
01:22:10ela morreu,
01:22:11ela morreu
01:22:11e eu disse
01:22:12não,
01:22:13ela está viva.
01:22:15Mas você
01:22:15vai para a cadeia.
01:22:17E ele ficou
01:22:18mesmo chateado
01:22:19por ela
01:22:19não estar morta.
01:22:20Tudo o que ele
01:22:21queria
01:22:22era que acabasse
01:22:22assim.
01:22:24Ele queria
01:22:24que ela morresse.
01:22:26E ele estava
01:22:26segurando uma foto
01:22:28da Karen
01:22:28na mão,
01:22:31toda ensanguentada.
01:22:33Eu fiquei
01:22:33chocado
01:22:34pelo sujeito
01:22:34ser tão
01:22:36psicoticamente
01:22:37obcecado
01:22:39por aquela
01:22:40moça.
01:22:42Apesar de tudo
01:22:43pelo que ela
01:22:44passou,
01:22:44a vontade da Karen
01:22:45de viver
01:22:46estava mais forte
01:22:47do que nunca.
01:22:47Depois de uma semana
01:22:48no hospital,
01:22:49ela começou
01:22:50a se recuperar.
01:22:51Ninguém
01:22:52achava
01:22:52que eu
01:22:52ia
01:22:53sobreviver.
01:22:54As facadas
01:22:55chegaram
01:22:55incrivelmente
01:22:56perto do coração.
01:22:57Eu passei
01:22:58por uma cirurgia
01:22:59exploratória
01:22:59de emergência,
01:23:00mesmo com várias
01:23:01tomografias,
01:23:02radiografias
01:23:02e ressonâncias,
01:23:03eles não
01:23:04sabiam dizer
01:23:04e aí
01:23:05precisaram
01:23:05fazer a cirurgia
01:23:07e felizmente
01:23:08meu coração
01:23:08não foi atingido.
01:23:10Foi muito perto,
01:23:11disseram que foi
01:23:11menos de 5 milímetros
01:23:13do meu coração.
01:23:15Foi quase
01:23:15como se fosse
01:23:16um ser
01:23:17e deu
01:23:17a volta
01:23:18por todo
01:23:18o meu coração.
01:23:19Foi como
01:23:19se o meu coração
01:23:21fosse intocado.
01:23:23Eu fiquei
01:23:24lá no hospital
01:23:24por 7 dias.
01:23:26Eu só pude
01:23:26mesmo ter alta
01:23:27do hospital
01:23:27no mês de novembro
01:23:29daquele mesmo ano.
01:23:30Então,
01:23:30eu passei
01:23:31vários meses
01:23:32até me darem
01:23:33alta completa.
01:23:34Enquanto
01:23:35fiquei no hospital,
01:23:36tiveram que me ensinar
01:23:37a sentar de novo,
01:23:38ficar de pé
01:23:38e andar de novo.
01:23:40Eu tive
01:23:40que passar
01:23:40por fisioterapia
01:23:41intensiva.
01:23:42Eu fiquei
01:23:43com um tubo
01:23:44por pneumotórax
01:23:45por 6 dias.
01:23:48Me disseram
01:23:48que a polícia
01:23:49ficou praticamente
01:23:50esperando pela
01:23:51hora da minha morte.
01:23:53Os médicos
01:23:54não achavam
01:23:55que eu sobreviveria,
01:23:56a polícia
01:23:56não achava também.
01:23:58Na verdade,
01:23:59é um milagre
01:23:59eu estar aqui
01:24:00falando com vocês.
01:24:04Eu agradeço
01:24:05a Deus
01:24:05todos os dias
01:24:06por poupar
01:24:07a vida dela.
01:24:09Eu acho
01:24:09que ela está
01:24:10melhorando
01:24:10cada vez mais
01:24:11porque está
01:24:12ficando
01:24:12cada dia
01:24:13mais forte.
01:24:15Quando Karen
01:24:15achou
01:24:16que o pior
01:24:16já tinha passado,
01:24:18ela recebeu
01:24:18uma notícia
01:24:19devastadora.
01:24:20Meu amor,
01:24:23nós temos
01:24:24que conversar
01:24:24sobre uma coisa.
01:24:26Tudo bem?
01:24:32No hospital,
01:24:33perguntei a ele
01:24:34se ela tinha
01:24:35sido estuprada.
01:24:38Eu achei
01:24:39que ela sabia
01:24:39o que tinha
01:24:41acontecido.
01:24:42Não me dei
01:24:43conta
01:24:43de que a Karen
01:24:44estava inconsciente
01:24:45quando o monstro
01:24:47a estuprou.
01:24:50Todos
01:24:50sabiam,
01:24:51menos eu.
01:24:51Eu fui a última
01:24:52pessoa a saber
01:24:53do estupro.
01:24:55Eu que achei
01:24:55que aquilo
01:24:56tinha sido
01:24:56um tipo de
01:24:57obsessão
01:24:58de um ex-namorado,
01:25:00mas foi
01:25:00um crime
01:25:01diferente.
01:25:02Era estuprador
01:25:03também.
01:25:04E aquilo
01:25:04deu um tom
01:25:05diferente.
01:25:06E foi
01:25:07muito
01:25:07horrível.
01:25:10Leonardo
01:25:11abriu mão
01:25:11de um julgamento
01:25:12e concordou
01:25:13em se declarar
01:25:13culpado por
01:25:14lesão corporal
01:25:15qualificada
01:25:16e estupro.
01:25:17Ele foi
01:25:17condenado
01:25:18a uma pena
01:25:18cumulativa
01:25:19de 15 a 40
01:25:20anos de
01:25:21encarceramento.
01:25:22a data máxima
01:25:25que eles podem
01:25:26mantê-lo
01:25:26na prisão
01:25:27é 5 de julho
01:25:28de 2034.
01:25:32Eu acho
01:25:33que nada
01:25:34curou ele.
01:25:35Mesmo preso,
01:25:36ele já me
01:25:36contatou
01:25:37inúmeras vezes.
01:25:40Já me escreveu
01:25:41cartas de amor,
01:25:42me dedicou
01:25:43canções de amor
01:25:44e escreveu
01:25:45um poema
01:25:45para mim também.
01:25:49Temo
01:25:49pela minha vida.
01:25:50e temo
01:25:53por,
01:25:54sei lá,
01:25:55por passar
01:25:55por isso
01:25:56de novo.
01:25:58Para piorar
01:25:59a situação,
01:26:00o contato
01:26:01da Karen
01:26:01com Leonardo
01:26:02não é só
01:26:03por cartas.
01:26:05Em 2009,
01:26:07ele teve
01:26:07a primeira
01:26:07sessão
01:26:08de condicional,
01:26:10o que eu
01:26:10não me dei
01:26:11conta na época,
01:26:12mesmo com a junta
01:26:13de condicional
01:26:13mandando que ele
01:26:14cumprisse
01:26:15a pena máxima.
01:26:16Pela lei
01:26:17atual,
01:26:18os presos
01:26:19podem solicitar
01:26:20a condicional
01:26:20por conta
01:26:21própria,
01:26:21independentemente
01:26:22do que a junta
01:26:23estabeleça
01:26:24todo santo ano.
01:26:26E isso
01:26:26só serve
01:26:26para que eu
01:26:27me torne
01:26:27vítima
01:26:28para sempre,
01:26:29várias e várias
01:26:29vezes.
01:26:30Karen está lutando
01:26:31para interromper
01:26:32esse ciclo
01:26:32sem fim
01:26:33de dar um depoimento
01:26:34como vítima
01:26:34todo ano
01:26:35diante da junta
01:26:36de condicional,
01:26:37através de um
01:26:37projeto de lei
01:26:38que ela vai
01:26:39propor ao Senado.
01:26:40O que a lei
01:26:41Karen está fazendo
01:26:41é reduzir
01:26:42a revitimização
01:26:43que as sobreviventes
01:26:44enfrentam anualmente
01:26:46quando estendem
01:26:48a espera
01:26:48de condicional
01:26:49para criminoso
01:26:50sexualmente violento.
01:26:51O que a maioria
01:26:52não sabe
01:26:53é que,
01:26:53após completar
01:26:54a sua sentença mínima,
01:26:55os inúteis
01:26:56podem solicitar
01:26:57uma parola
01:26:57de parola
01:26:58cada ano,
01:26:59regardless
01:27:00de que a
01:27:01parola
01:27:01ordena.
01:27:02E eu
01:27:03certamente
01:27:04agradeço
01:27:04que ele está
01:27:05atrás de barras.
01:27:06Deixe-me dizer
01:27:06que ele não
01:27:07endere lá.
01:27:09Conseguimos muito apoio
01:27:10para o projeto
01:27:11de lei
01:27:11e tivemos
01:27:13uma resposta
01:27:13muito boa
01:27:14até agora.
01:27:18Durante os meus
01:27:1920 e 30 anos,
01:27:20eu me concentrei
01:27:21em viver a vida
01:27:22pela qual eu lutei
01:27:23desesperadamente
01:27:24para manter.
01:27:25Eu não queria
01:27:26que esse ataque
01:27:26definisse quem eu era,
01:27:28mas depois
01:27:29que eu me dei conta
01:27:30de que esse ataque
01:27:31não define quem eu sou,
01:27:32o que eu fiz
01:27:33para lutar
01:27:34e sobreviver
01:27:34é o que define
01:27:35quem eu sou.
01:27:37E meu trabalho
01:27:37pela defesa
01:27:38dos direitos
01:27:40é quem eu sou.
01:27:41E essa paixão
01:27:42é a minha motivação
01:27:43e é o que eu tento
01:27:44fazer com a lei Karen.
01:27:46Ser verdadeira
01:27:47comigo acabou
01:27:47me levando
01:27:48à vitória.