- 14/06/2025
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Câmara WebTranscrição
00:00O que foi, Budijão?
00:30Comigo?
00:31Não, não, nada.
00:33Como nada?
00:34Você tem alguma coisa entre os seus olhos.
00:37Sim, o nariz.
00:39Não seja palhaço, Budijão.
00:41Estou falando sério.
00:42Claro que sim, mas como?
00:44Mas como você queria que eu falasse?
00:46Como nas novelas que assiste?
00:48Sim, meu amor.
00:50Temo em confessar que te trago algo dentro de mim.
00:54Não, mas para ter esse volume necessariamente tem que ter algo dentro de você.
00:58Eu estou falando de outra coisa, Budijão.
01:00Não tem nada oprimindo o seu peito.
01:03Sim.
01:04A camisa.
01:05Eu disse para comprar um número maior.
01:07Olha, Budijão, para com essa palhaçada.
01:09Eu vou repetir repetidamente que eu estou falando sério.
01:12E quando eu digo o que foi, eu estou falando do aspecto pensativo.
01:16Do aspecto o quê?
01:17Pensativo.
01:19Ou seja, do pensamento.
01:21Em outras palavras, o que eu estou perguntando é o que você está pensando, Budijão.
01:26Ah, pois é o que me dá pena.
01:29Não, Budijão.
01:31Precisa ter pena.
01:32Por que não abre seu coração?
01:34Porque eu vou me esvair em sangue.
01:38E continua com as suas palhaçadas.
01:40Ai, meu amor.
01:41É que você sempre me dá uma mão.
01:43Pois eu vou continuar dando, mas com a mão fechada e na boca do estômago.
01:46Ai, meu amor.
01:47Leva numa boa.
01:48Tá bom.
01:49Então, o que que é?
01:50É que eu fico com muita pena de falar.
01:53Não me diga que você arranjou outra, Budijão, porque eu sou capaz de...
01:56Não, Timotrúfia!
01:58Juro que nunca arranjei e nem vou voltar a arranjar.
02:01Então, nem vai arranjar...
02:03Então, o que que é, Budijão?
02:07É que me dá muita pena confessar.
02:10Ah, Budijão, quem tem pena é galinha.
02:13Diga de uma vez, sem vergonha.
02:15Não me chame de sem vergonha, meu amor.
02:18Deixei de ser desde o dia que abandonei a estúpida atividade de ladrão.
02:22Não, não, não, Budijão.
02:24É claro que eu não estou te xingando.
02:25O que eu quero dizer é que fale sem a vergonha de ter que contar.
02:32Está bem.
02:33Vou juntar coragem.
02:34Isso mesmo.
02:36Timotrúfia, meu amor.
02:38Você acaba de me oferecer esta esplêndida comida, não é isso?
02:42Por que que eu vou dizer que não sei assim?
02:45E de onde saiu todo o dinheiro para pagar esta comida?
02:49A hora do que me pagam pelo meu trabalho lá no hospital.
02:52Uhum.
02:53E agora eu pergunto, qual foi a minha participação nesta comida?
03:00Ah, você comeu.
03:03Quero dizer, qual foi a minha participação econômica para comprar estes alimentos?
03:08Ah, nenhuma, Budijão. Mas é que você ainda não conseguiu arranjar um emprego.
03:14Disse muito bem. Disse muito bem, Timotrúfia.
03:17E por acaso, não acha que é motivo suficiente para que eu me sinta mal?
03:23Talvez mente, Budijão. Mas deixa eu te explicar uma coisa.
03:26Olha, Timotrúfia. Seja como for, está ferida a minha dignidade.
03:31Por que que eu vou dizer que não se é assim, Budijão? Mas olha...
03:34Pois é. E enquanto isso, o que faço com a minha dignidade?
03:37Manda ela tirar a férias.
03:40O quê?
03:42Claro, Budijão. E eu sei que nem sempre, mas de vez em quando...
03:47Isso é, dependendo do tamanho da pedrada, deve ser o sapo.
03:51Em outras palavras, às vezes a gente tem que fazer das tripas o coração, Budijão.
03:57E você tem tripas para fazer todos os corações de dois baralhos.
04:01E vai me perdoar bastante, Budijão. Mas você sabe muito bem que quando eu digo uma coisa, eu digo outra.
04:05Porque assim é tudo mais. Tem coisas que eu nem sei, eu tenho ou não tenho razão.
04:09Talvez. Mas não é motivo suficiente para não ter vergonha e ainda...
04:15E ainda tenho o pior.
04:18Tem alguma coisa pior?
04:19Tem, tem sim.
04:20Mas o que é, Budijão?
04:25O que acontece quando a mulher sustenta o marido?
04:29Não sei. O que acontece?
04:32Então, acontece que a mulher toma as rédeas do lar.
04:35Ah, mas o que acontece com todo mundo?
04:41Por que vou dizer que não sei assim, não é?
04:43Pois é. E?
04:45Chimotrúfia, continuam me sentindo mal.
04:48Olha, você dobrou o lombo trabalhando para que te pagassem.
04:52E para conseguir esse dinheiro, trabalhou demais e com esse dinheiro comprou comida.
04:56E só o que eu fiz foi comer essa comida, não é mesmo?
05:00Por que que eu vou dizer que não sei assim?
05:03Chimotrúfia, posso te fazer mais uma pergunta?
05:06Pode, Budijão, qual?
05:08Posso comer mais um pouco de feijão?
05:09Não.
05:10Não.
05:15Pelos dentes eram toda a minha ilusão.
05:20Este bachinho rechonchado roubou meu coração.
05:27Ai, filha, como você canta bonito.
05:30Eu nem sei o que é que a televisão ainda está esperando para te contratar para os programas deles.
05:34Oh, pois é o que eu também acho, mamãe.
05:36Além do mais, eu herdei de você também a dança, quer ver?
05:38E nos amávamos e nos beijávamos.
05:41Nos abraçávamos e nos gostávamos e como brigávamos.
05:45E nos beijávamos, nos contemplávamos.
05:48E nós brigávamos e nos beijávamos.
05:51E nos amávamos e nos beijávamos.
05:53Já chega, já chega!
05:56Não conseguem ficar juntas sem fazer esse escândalo, caramba!
06:01Tá certo, não se preocupe.
06:03Afinal, eu só vim perguntar para minha filha como foi o seu novo emprego lá no hospital.
06:08Não, tudo bem, tô indo bem, mamãezinha.
06:11Vamos levando, né?
06:12Fazer o quê?
06:13Ah, mas que bom, filhinha!
06:15Porque com um marido que não trabalha, quem sabe o que é que vocês estão passando, né?
06:22Ai, porém contudo, você não sabe como eu te invejo de estar trabalhando sob as ordens de um médico.
06:29De que médico?
06:31Do doutor Manuel Arenas, ou o cheque lá do hospital.
06:36Ah, sim! O doutor Manuel Arenas é uma excelente pessoa!
06:40Ai, é muito bonito!
06:42Como é que é?
06:44Que o doutor Arenas é muito bonito!
06:47Ai, ele é bonito mesmo!
06:51Você acha, é?
06:52Por que é que eu vou dizer que não, se é assim?
06:55E depois, ele tem um sorriso desses que parece que tá fazendo propaganda de pasta dentifírica.
07:01Não será dentifrício!
07:05Será o sereno!
07:07Mas é o que parece!
07:10Pois é, mamãezinha, eu não vou negar que doutor Arenas é muito simpático, mas ele é muito velho, não é?
07:17Ai, não! Que velho que nada!
07:19Eu até diria que ele é bem jovem!
07:23Não, e comparado à senhora, é uma criancinha!
07:26Posso saber o que é que o senhor tá pretendendo tratar de querer insinuar?
07:32Que eu conheço esse tal de doutor Arenas e tem o cabelo totalmente branco!
07:37Mas pelo menos ele tem cabelo!
07:39Não é como alguém que eu conheço, que eu não vou dizer quem, mas que tô olhando pra ele agora!
07:44As múmias dos faraós também tem cabelos e nem por isso deixam de ser velhas!
07:49Putzão, chega, chega! Mesmo porque a minha mamãezinha não tem culpa de ser parecida com as múmias dos faraós!
07:57Olha aqui, Putzão, você tem que respeitar os mais velhos!
08:00Olha, filha!
08:01Pode parar, não preciso me defender!
08:04Tá bom, mamãe, tá bom!
08:06Mas voltando ao assunto...
08:08Mamãe, você acha mesmo que o doutor Arenas assim muito bonito?
08:11Até que eu vou dizer que não se é assim, mas olha bem pra ele da próxima vez!
08:16Observa bem ele!
08:26Quer perguntar alguma coisa?
08:28Ah...
08:29Eu, não!
08:32Como não se parou na minha frente?
08:34Ah, mas muitas vezes eu parei em frente ao Menusmento da Revolução e nem por isso eu queria perguntar alguma coisa ao Menusmento!
08:41Não, mas quando parou em frente ao Menusmento foi para observá-lo, não foi?
08:45Ah, assim, é o que estou fazendo agora!
08:48Está me observando?
08:50Aham!
08:51Aham!
08:53E pode me dizer com que objetivo está me observando?
08:55Com os olhos!
08:56Não, não, não!
08:57É verdade!
08:58Eu quero dizer qual o motivo!
09:01Ah!
09:02Pois é!
09:03Pelo que disse a minha mamãezinha!
09:05E sabe por quê?
09:07Eu diria que talvez mente...
09:10Mas...
09:11Quer dizer, não agora, mas um pouco antes!
09:15Bem antes!
09:16Bem antes!
09:17É bem antes!
09:20Desculpe, mas...
09:22Não entendo o que está falando!
09:24Do senhor!
09:26De mim?
09:27Sim!
09:28E o que quer saber de mim?
09:29Nada!
09:30Eu já olhei!
09:32Pois eu...
09:34Eu continuo sem entender uma só palavra!
09:36Qual?
09:37Qual o quê?
09:38Qual é a palavra que continua sem entender?
09:40Porque...
09:41Bem, porque existe o dicionário, né?
09:42Não, não, não!
09:43Eu quero dizer que não entendo nada de nada!
09:46Ah!
09:47Bom!
09:48Então nem com o dicionário!
09:49Porque nem pensar que eu vou procurar palavra por palavra agora!
09:52Espere!
09:53Espere!
09:54Espere!
09:55Espere um pouquinho!
09:56Por que não começamos de novo?
09:57Do começo!
09:58Do princípio!
09:59É!
10:00Tá bom!
10:01Vamos lá!
10:02Sim!
10:03Certo!
10:04Eu estava dizendo que estava me observando por causa do que disse a sua mamãezinha!
10:06Está certo?
10:07É!
10:08Muito bem!
10:09Muito bem!
10:10Parabéns!
10:11Obrigado!
10:12E agora pode me dizer o que foi que disse sua mamãezinha?
10:16Que o senhor é muito bonito!
10:18Eu?
10:19Pois é!
10:20O que faz é a imaginação de uma mulher, não é?
10:25É sim!
10:26Não é que tem uma ótima imaginação?
10:28Mas eu...
10:29Eu até diria que...
10:30Minha mamãezinha está certa em pensar assim!
10:33Muito obrigado!
10:34E tem mais!
10:35Eu acho que também é muito justo que o senhor goste de minha mamãezinha!
10:40Ah...
10:41Mais uma vez, muito obrigado!
10:43Vê que ela também é assim, bem velhinha!
10:46Esse baixinho rechonchudo, deixou de me querer!
10:54Eu tinha esperança que fosse o meu homem!
11:01E nos abraçávamos e nos gostávamos!
11:04E nos bençávamos e como gritávamos e nos contemplávamos!
11:07E nos trocavamos e nos beijávamos e nos amávamos e nos beijávamos e nos chocaváváos!
11:14e nos chocávamos, e nos beijávamos, e nos abraçávamos.
11:21O quê?
11:22Não sabe que aqui tem muitos doentes.
11:25Eu sei sim, é claro, porque se isso é um hospital, olha essa.
11:29Então, por que está fazendo tanto escândalo?
11:32Mas que escândalo?
11:34Parece pouco ficar cantando desse jeito, tão alto assim.
11:38Escuta aqui.
11:39Olha, se tem uma coisa que eu sei fazer muito bem,
11:42e precisamente é cantar.
11:44Pois a senhora disse.
11:46Mas, por favor, reserve seus dotes artísticos para as dependências da sua casa.
11:50Num hospital é imprecedível o silêncio e a tranquilidade.
11:54Tá bom, agora chega.
11:58Tem mais uma coisa.
11:59O que é?
12:00Não deixe o sabão jogado por aí em qualquer lugar.
12:04Por quê?
12:05Não vê que alguém pode pisar.
12:07Ah, mas isso não importa, tem muito lá no almoço de fardo.
12:09Ah, mas alguém pode pisar e sofrer um acidente de sérias consequências.
12:14Ah, meu Deus, mas teria que ser muito idiota.
12:17Olha, eu estou mandando que...
12:19Tá bom, tá bom, contanto que paro de falar.
12:21Agora mesmo eu vou tirar daí, tá bom?
12:22Mais alguma coisinha, hein?
12:23Ah, não.
12:25Ah.
12:27Obrigado.
12:27Ah, meu Deus, agora aqui os médicos são mais delicados que os doentes.
12:41Nossa.
12:42O que aconteceu?
12:46Com licença, por favor.
12:47Com licença, Fahio, por favor.
12:52Como se sente?
12:54Ai, como um bode, depois de levar uma chifrada.
12:58Acho que a minha cabeça dói.
13:00Você bateu a cabeça na parede.
13:02Você jura?
13:03Claro.
13:05Mas é que...
13:06Onde eu estou?
13:06Aqui, no hospital.
13:07Ah, meu Deus, mas por uma simples dor de cabeça me trouxeram para o hospital.
13:13Não precisávamos exagerar.
13:14O que é isso?
13:15Sai da frente, sai da frente.
13:17Não, não, não.
13:17Sai, onde vai?
13:18Como para onde eu vou?
13:20Deixa eu lhe explicar.
13:21Os hospitais são para os doentes que precisam mesmo.
13:24Não para uma dorzinha de cabeça à toa.
13:26Ah, mas pode ter consequências mais graves.
13:29Ah, nada disso.
13:29Eu já falei que é só isso.
13:31Quem disse?
13:32Pois eu estou dizendo.
13:35Mas quem sou eu?
13:36Como disse?
13:37Eu não me lembro quem sou eu.
13:40Agora sim, quero ver.
13:42Isso é pouquinho.
13:43Vou avisar o doutor.
13:48Doutor?
13:54Tem uma moça aí que bateu a cabeça na parede.
13:57E parece que não está bem.
13:58Será que isso podia dar uma olhada?
13:59Onde está?
13:59Aqui mesmo, no corredor.
14:01Que não se mexa.
14:03Eu já estou indo vê-la.
14:04Sim, doutor.
14:07Eu não sei.
14:12Eu não sei.
14:14Eu não sei.
14:17Eu não sei.
14:17Dizem que saiu do hospital.
14:19Como saí?
14:20Onde foi?
14:20É, eu não sei.
14:45Você poderia me fazer um favor?
14:48Sim, pois não, Dini.
14:49Poderia me dizer quem sou eu?
14:52Poderia repetir?
14:54Sim, sabe quem sou eu?
14:58Não entendi.
15:00Eu gostaria de saber quem sou eu.
15:04Continuo sem entender.
15:06Não, não, eu suponho que a doente aqui sou eu.
15:09Do que está falando?
15:11Confirmado.
15:13Desculpe o incômodo, mas poderiam me dizer quem sou eu?
15:16É, do que está falando?
15:17O que diz?
15:18Se vocês sabem o meu nome.
15:19Viu só o que eu só disse?
15:21Não, pelo visto tem epidemia de alienação aqui.
15:24Parece louco.
15:25Meu Deus, mas o que eu vou fazer?
15:27A senhora está passando mal?
15:29Mas é claro, é lógico que eu estou sim.
15:31Você não está vendo.
15:33Sim, mas o que tem?
15:34Pois é isso, é que eu não sei quem eu sou.
15:38Você me conhece?
15:40Bem, sim, algumas vezes vi a senhora por aí, mas não posso dizer que eu conheço.
15:45Certo, mas alguma coisa assim como, como que por exemplo, para mim a tua carinha me parece
15:50muito conhecida.
15:51Por, por minha casualidade, você não é a moça que trabalha aqui nessa loja.
15:55Claro.
15:57Ah, mas estamos, estamos indo muito bem, muito bem.
16:04Estamos.
16:06Não, não, eu já fiz a minha parte.
16:08Agora você tem que falar alguma coisa sobre mim.
16:11Por quê?
16:11Ah, mas como, como eu me chamo, onde eu moro, enfim, em outras palavras, quem sou eu?
16:18Certo, a verdade é que nunca sabe seu verdadeiro nome e também nunca soube onde mora.
16:23Não, mas se você disse que me vê frequentemente, com frequência por aqui.
16:27Sim, por exemplo, tive algumas vezes conversando com o Chomperas.
16:32O quê?
16:34Chomperas.
16:36Ah, eu não sei qual é o nome verdadeiro dele, mas todos chamam assim Chomperas.
16:40Essa palavrinha me soa conhecida.
16:43Que palavrinha?
16:43Essa aí, Chachara.
16:45Chomperas.
16:46É isso mesmo.
16:47Por acaso isso não é um prato típico da região?
16:50Não, ele é amigo do botijão.
16:54Essa palavrinha também me parece conhecida.
16:58Claro, é ele que vem sempre aqui com a senhora.
17:02Vem comigo?
17:03Sim, o gordinho.
17:07Eu com o gordinho?
17:08Não, e seria a última coisa que eu faria na minha vida.
17:11Era só o que me faltava.
17:13Tá, tá, tá, botijão, por favor.
17:36Tenho certeza que não vai demorar a chegar.
17:38Mas é que a Chimotrúfia nunca chegou tão tarde em casa.
17:42Bem, sempre tem a primeira vez, não é?
17:45O que quer dizer?
17:47Pode ser que na saída do serviço, a Chimotrúfia foi tomar um café com alguém.
17:54Que tipo de alguém?
17:57Um homem?
17:59Acaso está insinuando que a Chimotrúfia anda com outro?
18:02Botijão, eu nunca diria que a Chimotrúfia anda com outro.
18:05E então?
18:06Com o mesmo.
18:06Digo, com o mesmo convencimento, com que eu disse que não demora em chegar, com esse
18:15mesmo convencimento, afirmo que não há quem se atreva a sair com a Chimotrúfia.
18:22Bom.
18:23Escute.
18:27Acaso está insinuando que a Chimotrúfia não é suficientemente jovem e linda para que os homens se sintam atraídos por ela?
18:36Nunca disse isso, Botijão.
18:38Então?
18:39Olha, talvez pode ter acontecido outra coisa.
18:42Que apareceu uma emergência no hospital e por isso teve que ficar por lá a Chimotrúfia.
18:47Por que não vai procurar um telefone, fala e pergunta?
18:52Sim, eu já fiz isso.
18:54E só souberam me dizer que a Chimotrúfia saiu de lá há mais de três horas.
19:00Sou acompanhada.
19:02Ninguém sabe.
19:05Quem tem mais?
19:06Não tem outro remédio a não ser ir denunciar na delegacia o seu desaparecimento.
19:10Vamos, vamos, vamos, vamos, vamos.
19:12Vamos, sim, tá bom.
19:13Ah, mas vocês acham que pode ter acontecido algo, é?
19:21Não.
19:22Sim.
19:23Sim.
19:25Calma, Botijão, calma.
19:26Afinal, o pior que pode ter acontecido a Chimotrúfia é que tenha sido vítima de um assalto.
19:34Um assalto?
19:36É claro, tá vendo?
19:37E você se preocupando tanto.
19:39Quer dizer, então, que eu não tenho mais com o que me preocupar.
19:43Bem, bem, talvez, sim, talvez, não, mas sim.
19:49Respeitando a memória da tua mulher, porque eu digo, não é a mesma coisa levar flores à sepultura de uma que te abandonou,
19:57que levar à sepultura de uma que soube morrer antes de baixar sua honra e a honra da sua família.
20:02Chão, Pirates, que bonito isso que você disse.
20:07Obrigado.
20:07Pois eu não vi nada de bonito nisso tudo.
20:10Como pode ser bonito encontrar-se com o embrulho dos restos esquartejados de uma infeliz mulher?
20:20Sabem, eu prefiro...
20:22Eu prefiro que ela tenha ido embora com outro.
20:26Sargento.
20:27Sim, delegado.
20:28Dê uma volta pelo bairro e vê se descobre alguma coisa.
20:31Agora mesmo, delegado.
20:32Você disse que prefere que a ximotrópia tenha ido com outro antes que...
20:45Sim, antes de pensar que alguém tenha lhe causado algum mal.
20:50Afinal, se se foi com outro é porque... é porque encontrou alguém melhor que eu.
20:58Não, Boti, isso não.
21:09Você sabe que sim, Chão, Pirates.
21:10Ah, não.
21:10Porque... já disse.
21:12É...
21:13Prefiro que tenha ido com outro antes de pensar que...
21:18De que tenha sido vítima de um assalto.
21:20Isso é verdade.
21:21Nesse caso, o melhor temer...
21:25Escuta, Botijão.
21:27E se enquanto a gente estava aqui, a sua mulher voltou pra casa, ah?
21:35O senhor acha?
21:36Ah, tudo é possível.
21:39De qualquer maneira, não perde nada de ir até lá dar um olhar.
21:45Claro.
21:45João Pirates, você não tinha um encontro com a senhora da farmácia?
21:53É verdade.
21:55Que horas são o senhor delegado?
21:57Quase nove horas.
21:58Eu vou e volto logo.
22:05Não, não, não.
22:05Eu me lembrei que o encontro era pra outro dia.
22:10Não seja mentiroso, João Pirates.
22:12Sim, sim, sim.
22:13É verdade.
22:14E a...
22:15Além do mais, não me interessa.
22:17Vou com você.
22:23Eu vou com você até a sua casa.
22:27Obrigado, João Pirates.
22:34Tem certeza que esteve aqui?
22:36É claro.
22:38E depois?
22:39Foi embora.
22:40E não disse onde ia?
22:41Não.
22:43Mas por que não perguntou?
22:44Ah, por que a gente não pode ficar perguntando essas coisas aos clientes?
22:48Hum.
22:50Por que não a reteve?
22:51Se nem pergunto onde vão, muito menos vou retê-los.
22:55Mas a senhora mesmo disse que estava se comportando de forma muito estranha.
22:59Bem, isso sim.
23:00Bem, isso sim.
23:01Fiz muitas perguntas sem sentido.
23:04Não, então não estava esquisita.
23:07Ao contrário, acho que estava perfeitamente normal.
23:09O que quer dizer?
23:11Que a chimotrúfia passa os dias fazendo perguntas que não fazem nenhum sentido.
23:15O senhor acha?
23:16Claro.
23:16De qualquer forma, obrigado.
23:20Obrigado pela ajuda.
23:21Não tem de que, sargento.
23:22Olha, será que ela não voltou para o hospital?
23:43Por que?
23:45Eu sei.
23:46Pode...
23:47Pode ter esquecido de algo.
23:50Não, Tio Ampiras.
23:51Se uma coisa caracteriza a chimotrúfia, é que ela tem uma ótima memória.
23:55Mas eu perdi.
24:00O que?
24:01A memória.
24:03Eu já não falei que eu não sei quem eu sou, nem de onde venho, nem para onde vou.
24:09Por isso estava preocupado o sargento.
24:13Que sargento?
24:15O sargento refúgio.
24:16E quem é ele?
24:18Não sabe quem é o sargento refúgio.
24:20O que acontece com a minha conta?
24:21É um momento.
24:23Espera um instante, sim?
24:25Obrigada.
24:41Mas a garçonete tem certeza que aquela mulher era a chimotrúfia?
24:46Claro, delegado.
24:47Ela mesmo falou para mim.
24:49Ah, mas sargento, como você não pensou em primeiro ir lá, é?
24:54Ah, sabe o que foi?
24:56É que eu pensei, pensei, então achei que era melhor primeiro verificar as ruas perto do hospital.
25:00Mas se o senhor sabia que a chimotrúfia costumava passar por esse lugar, por que diabos não passou lá, hein?
25:06Pode-se saber, que diabos a senhora está fazendo aqui?
25:21Esperando que chegue alguém.
25:23Porque eu suponho que isso aqui seja uma delegacia, não?
25:26É claro.
25:26Bom, quando eu cheguei aqui, não havia ninguém para atender o povão.
25:31E vai me perdoar bastante, porque quando eu digo uma coisa, eu digo outra.
25:35Pois assim é tudo.
25:36Tem coisas que eu nem sei.
25:37Eu tenho ou não tenho razão?
25:39Ah, me diga uma coisa.
25:42Sabia que estamos há várias horas tentando localizá-la?
25:47A mim?
25:48Claro.
25:49Nossa, jura?
25:50Naturalmente.
25:52Acho que não é este o momento apropriado para piadas, chimotrúfia.
25:56O que você falou?
25:57Que não é o momento apropriado para piadas.
26:01Sim, sim.
26:01Mas antesmente disse outra palavrinha que mais parecia um palavrão.
26:05Ou seja, mais parecia uma grosseria.
26:08Eu só disse chimotrúfia.
26:09É, senhor!
26:11Bem, então você já não gosta mais que a chame assim?
26:13Que me chamem como?
26:15Chimotrúfia.
26:16Agora sim.
26:16Agora sim.
26:17Eu vou quebrar a minha.
26:18Eu vou quebrar a minha.
26:19Se me lembro bem, a senhora uma vez disse que gostava que a chamassem assim.
26:28O senhor jura?
26:29Ah, claro.
26:32Ou seja, se isso quer dizer que o senhor sabe quem eu sou?
26:35Ah, é claro que eu sei.
26:37Ah, eu sei quem eu sou, quem eu sou.
26:40Perguntando dessa maneira, até parece que ela não sabe mesmo quem é.
26:45É.
26:45O senhor disse bem.
26:47Chega, por favor.
26:48Chega.
26:49Olha, por que você não vai pra sua casa pra ver o seu querido marido, hein?
26:54Não pensou que o coitado está desesperado?
26:56Ah, mas o senhor quer dizer que eu tenho um marido?
27:02Marido que vale por dois.
27:04Ah, por quê?
27:05Por quê?
27:06Ele é assim bonito?
27:07Não, ele é muito gordo.
27:09Eu tenho um marido que eu tenho um marido que é gordo?
27:12Bom, como um botijão, poucos.
27:14Você está louco?
27:16Se acaso eu tiver marido, tem que ser artista de cinema ou algo parecido.
27:21Ah, sim, ouviu só o delegado daqui a pouco ou ela vai dizer também que é uma artista.
27:26Espere, espere, sargento.
27:28Eu estou notando algo muito estranho nessa mulher.
27:33Ah, do que está falando?
27:35Das suas atitudes.
27:37Com licença.
27:38Ah, o que foi, hein?
27:44Ah, há pouco a senhora disse que eu sabia quem era a senhora.
27:52É, sim, por quê?
27:54Por que por isso eu vim aqui, por que a polícia sempre sabe quem a gente é.
27:58Ah, isso quer dizer que nem a senhora mesma sabe quem a senhora é.
28:03É.
28:06Sargento.
28:08Você deve saber que tem pessoas que perdem a memória, não é mesmo?
28:13Bem, sim.
28:15Uma vez eu vi um filme que tratava disso.
28:19Mas não vai me dizer que a chimotrufa está nesse caso.
28:22Não.
28:23Responderia melhor a essa pergunta um médico.
28:26Escuta, não pode ser que a chimotrufa...
28:38Não, John Birans, não.
28:44Ah, talvez...
28:45Acordem, hoje não circula.
28:47Isso.
28:51Ah, olhe, então...
28:52Espera-se o mês que entra.
28:54É verdade.
28:59Sim, logo eu...
29:00Sim, esse sim.
29:02O quê?
29:02O que ia dizer?
29:04Eu ia dizer que ia ao banheiro.
29:06Não, aguenta aí.
29:08Ah, que bom, que bom.
29:22O que aconteceu?
29:23E já encontraram ela.
29:25E já encontraram a minha filha.
29:27Ela está no hospital onde ela trabalha.
29:31Ela está viva?
29:32Não, não, não.
29:33Não, eu não vou ao banheiro.
29:35Não vou ao banheiro, nada.
29:35Mas eu preciso...
29:37Não se lembra de nada?
29:48Nem de um pequeno detalhe?
29:51Sim, me lembro de uma coisa.
29:53Do quê?
29:53Do que se lembra?
29:54Que o céu é azul e o pássio é verde.
29:57Ah, também me lembro que as vacas têm quatro e as mulheres duas.
30:02Do que está falando?
30:04Pernas!
30:05Ah, e as mesas também têm quatro.
30:09Só que aí as pernas se chamam patas.
30:14Não, não, não.
30:15Estou dizendo...
30:16Não se lembra de nada da senhora, do seu passado.
30:21Do meu passado?
30:22É.
30:23Ai, meu Deus, não terei tido um passado tenebroso.
30:27Não, eu não acredito.
30:32Sim, sim.
30:33Sim.
30:34Com certeza.
30:35Eu já fui uma dessas artistas de cinema e televisão.
30:39Dessas que fazem muitos escândalos.
30:42Dessas que são devoradoras de homens.
30:44Não que eu esteja me lembrando, não.
30:46Eu digo pelo aspecto físico.
30:49Ou seja, pelo tipo de símbolo sexual.
30:51Não, a senhora trabalhava aqui comigo no hospital.
30:59Você jura?
30:59Sim, sim, senhora.
31:02Ah, sim, sim.
31:04Já lembrei.
31:05Ele estava trabalhando aqui no hospital, claro.
31:08Só com um pequeno detalhe que eu não me lembro, colega.
31:11Era delicada a última cirurgia que fizemos.
31:17Esfregando?
31:19Esfregando o chão?
31:21Aham.
31:23O senhor jura?
31:24Sim.
31:25E seu verdadeiro nome é...
31:27Maria, expropriação, petronina, lascuriana e torquemada de botijão.
31:34Eu me chamo assim?
31:37Sim.
31:38Pelo menos esse é o nome com que está registrado no departamento pessoal.
31:41E é o mesmo que está registrado na delegacia.
31:45Mas todo mundo conhece como Chimotrúfia.
31:52Poderia repetir de novo o meu nome?
31:55Sim.
31:56Maria, expropriação, petronila, lascuriana e torquemada de botijão.
32:03Este último quer dizer que eu sou casada.
32:06Claro.
32:08A propósito, sargento.
32:10Já mandaram avisar o botijão?
32:12Sim, delegado.
32:13Ele já vem vindo com Dona Spota Verderona.
32:16Dona o quê?
32:17Dona Spota Verderona é o nome da mãe dela.
32:21Como é que se atreve a pôr apelido na minha mamãezinha?
32:24Não, não, não, apelido.
32:25Ela se chama assim, Spota Verderona.
32:26Espera, espera, espera, espera, espera, Chimotrúfia.
32:35Não é por aí, é neste quarto.
32:39Diga a minha verdade, sogra.
32:40O que aconteceu?
32:42Ah, mas eu já te falei que não é nada de grave.
32:46Acontece que ela só perdeu a memória.
32:48Ah, sogra, por Deus.
32:50Isso só acontece nos filmes.
32:52Não é verdade, Chimotrúfia?
32:53Verdade o quê?
32:54Que as pessoas só perdem a memória.
32:57Ou você conhece alguém que já perdeu a memória?
33:00Ah, claro que sim.
33:03Conhece alguém que perdeu a memória?
33:05Sim, sim, sim.
33:06Quem?
33:06Não me lembro.
33:09Ah, espera, espera, espera.
33:10Sim, sim, sim, sim.
33:11Já lembrei.
33:11Fui eu.
33:12Fui eu.
33:13Você já perdeu a memória?
33:15Acontece com muita frequência.
33:16Ah, não me diga.
33:17É verdade, tem mais.
33:18Sem ir muito longe.
33:20Hoje de manhã você lembrou de alguma coisa que era muito importante.
33:24E eu?
33:25Eu já esqueci tudo.
33:27O que eu te lembrei esta manhã é que ainda não me pagou o dinheiro que eu te emprestei faz quatro meses.
33:33Você me emprestou dinheiro?
33:35Sim, pois eu não me lembro.
33:38Tá vendo como pode acontecer com qualquer um, botijão?
33:41Olha aqui, Tio Piras, o que vai...
33:42Ah, já chega.
33:43Já chega.
33:44Chega de falar tanta bobagem e entra pra ver a tua mulher.
33:48Quem sabe você pode ajudar ela a recuperar a memória.
33:51Sabe de uma coisa?
33:52Hã?
33:53Eu já pensei muito e...
33:55E decidi que não vou entrar aí.
33:58Por que não, botijão?
34:01Porque as pessoas esquecem o que não querem lembrar.
34:05E se a ximotrófia não quer lembrar de todo...
34:07Todo o tempo que passou comigo é...
34:09E por que não lhe interessa mais?
34:12Tudo bem, mas e por que que você acha que ela ia querer uma coisa dessa?
34:16A deixa a senhora deu hoje de manhã.
34:19Eu?
34:20Quando?
34:22Quando disse que neste hospital tinha um médico muito bonito.
34:25E muito bem apessoado.
34:31Lá batida na cabeça?
34:33Sim.
34:35Pelo que me disseram, a senhora pisou numa barra de sabão, escorregou e bateu com a cabeça.
34:40Você jura?
34:43Sim.
34:44E batidas na cabeça costumam provocar perda de memória.
34:48Mas a senhora é ximotrófia.
34:51Eu, seu marido, é o botijão.
34:56E escuta aqui, quem são esses dois caras de pau?
34:59Não, senhora, não são caras de pau.
35:01São seus amigos.
35:05Eu estava assim tão mal?
35:08Ouviu isso, seu delegado?
35:10É, eu ouvi.
35:11E a propósito, já que mencionou a batida, eu gostaria de dar uma olhada na ferida.
35:15Deixa eu ver.
35:19Por favor, botijão, vai ver a sua mulher.
35:23Por favor, botija.
35:24Sogra, sogra, sogra, por favor, me solte, não me amarrote.
35:26Está bem, eu vou entrar neste quarto.
35:29Só para que não digam que não fiz o...
35:31incontável para salvar a sacrosanta harmonia do meu sacrosanto matrimônio.
35:35Com licença.
35:36Vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai.
35:40Já chegou.
35:46Ainda vai sem tempo.
35:49O que dizia?
35:50Que chegou o marido da senhora.
35:52É, e mal entrou, também já saiu.
35:55Que barbaridade, não deixe que vá embora.
35:57Chame ele, que vem aí mesmo.
35:58Agora mesmo, doutor.
35:59Cai, quieto, botijão, não dá mais.
36:01Sai, não, sai.
36:02O que houve?
36:03Vai, lá vai, botijão.
36:03Sai da minha frente.
36:04Se você não sabe, o doutorzinho que está lá dentro está abraçando a minha mulher.
36:08Quem falou que ele estava abraçando?
36:10Estava só checando.
36:12Sim, sim, claro.
36:13Como quem checa uma mercadoria antes de comprá-la, não é?
36:16Sai.
36:16Botijão tem assistido muitas novelas.
36:18Olha aqui, cala essa boca antes que eu arrebente a sua cara também.
36:21Peraí, peraí, peraí.
36:22Que negócio é esse de também?
36:23Quer dizer que você já arrebentou mais alguém?
36:25A minha toda hora.
36:27E você calado?
36:28Quero dizer que o senhor é o próximo que eu vou quebrar a cara.
36:31Porque o primeiro vai ser esse doutorzinho aí.
36:34Não, não, não.
36:34Peraí, peraí, peraí.
36:36Não, peraí.
36:36Não, peraí.
36:37Não, peraí.
36:37Não, peraí.
36:37Não, peraí.
36:38Não, peraí.
36:39Ah, ah, ah, ah, ah, ah, ah, ah, ah, ah, ah, ah, ah, ah, ah, ah, ah.
36:42Pode me dizer o que é todo esse escândalo lá fora?
36:50Não é nada comparado com o que vai acontecer aqui dentro.
36:53O que que eu digo?
36:54Cala essa boca.
36:55Eu?
36:56Isso.
36:57Você, além do mais, não sei por que te acham tão bonito.
37:01Quem?
37:02Cala essa boca.
37:03Olha que quem vai calar a boca aqui é o senhor, tá legal?
37:08Timotrúfia, do que está falando?
37:11Como do quê? E não me trate de você, tá bom?
37:15Porque o senhor e eu não somos iguais.
37:20Olha, ximotrófia, eu acho que daqui a única que merece uma surra é você.
37:26Oh, Deus! Posso saber o que está pretendendo tratar de querer insinuar?
37:32Olha, ximotrófia, não tem outro remédio a não ser lhe aplicar um pequeno corretivo.
37:37Oh, não! Oh, senhora, e quem mais?
37:43Ximotrófia, meu amor, meu anjo, minha vida como está? Não se machucou? Fala comigo, fala, ximotrófia.
37:49Ai, meu Deus.
37:50Oh, tizão!
37:52Ximotrófia.
37:53Oh, tizão, que bom que você... Ai, eu tive um... Ai, eu tive um pesadelo horrível.
37:58E imagine que eu estou...
38:01Ai, mas o que está acontecendo aqui?
38:02Ou seja, se com um golpe na cabeça eu perdi a memória e com outro golpe recuperei?
38:12Bom, por que que eu vou dizer que não se é assim?
38:14Bem, foi isso que falou aquele bonitão.
38:17Qual bonitão?
38:18O bonitão...
38:20O médico com quem você trabalha.
38:23Tá.
38:24Escuta, Botijão, mas acha que isso pode acontecer?
38:27Isso o quê?
38:28Essa coisa de que com um golpe a gente perde a memória e com outro se recupera.
38:33Não sei.
38:34Tudo é uma questão de experimentar.
38:36Não, não, não, espera, Botijão. O que você vai fazer?
38:38O que dissemos, vou bater no Chomperas para ver se ele perde a memória.
38:41Não, não, não, não.
38:43Ô, Botijão, dá ele pra mim.
38:46O que quer dizer?
38:48Dá o golpe em mim.
38:50O que foi, mamãezinha? Você está ficando ruim da caçola?
38:54Claro que é lógico que naturalmente que não.
38:58Não, não, não, não. Mas como dá um golpe?
39:10Ai, anda logo, vai.
39:12Ai, ai, ai.
39:15Ai, obrigada.
39:18Com isso, desce.
39:21Tchau, filhinha.
39:22Ai, Botijão. Ai, pra mim ela está pirada.
39:29Pois eu acho que não.
39:44Doutor, sabe que eu perdi a memória?
39:47O senhor não podia me ajudar a encontrar ela.
39:51Caduã.
39:53Seira.
39:54Sim.
39:54Aqui.
39:55Ai.
39:56Falta Floresta.
39:56E não, não, não.
39:57Ai, né.
40:03E não, não.
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