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  • 13/06/2025

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Transcrição
00:00Hello, mulherada! Hoje nós vamos conhecer uma mulher que é sinônimo de potência.
00:07Joana Vieira é professora, palestrante, empreendedora e mãe solo.
00:13É dona de um projeto mais apaixonante da Ilha do Cumbu, o Paraensíssimo Restô.
00:20Ela une educação, sustentabilidade, turismo consciente e representatividade em um só lugar.
00:28Uma história de raiz, resiliência e sonho regada pela Força Amazônica.
00:34Seja muito bem-vinda, Joana.
00:58E aí eu quero já começar a te perguntar, como é que a tua trajetória como professora te levou a virar empreendedora?
01:08É um pouco curioso, né? O que é que vem a professora com turismo?
01:12Mas assim, o curso de redação, ele me ensinou a ser empreendedora, né?
01:16Eu era só professora, trabalhei em muitas escolas de Belém, então tu imagina de repente ter que administrar um curso de redação
01:22que se transformou no maior curso, inclusive aqui do estado do Pará.
01:25E então eu acho que essa experiência, eu acho que esse contato com a questão administrativa,
01:31com o empreendedorismo de fato, que eu fui obrigada a ser empreendedora no curso de redação
01:37quando eu decidi ir nas escolas, me fez uma empreendedora, de certo modo, pronta para encarar esse desafio
01:42que foi montar o Paraensíssimo Restô.
01:44E qual foi a tua maior, o teu maior desafio para transformar o restaurante, né?
01:53E hoje ele já não é só mais restaurante, ele é um polo turístico na Ilha do Cumbu, me conta.
02:00Eu acho que o maior desafio foi, primeiro, a logística, né?
02:04Não é nada fácil você empreender, você falar, você fazer turismo numa ilha que não tem uma logística,
02:12embora seja tão perto de Belém, embora seja tão, do outro lado do Rio, né?
02:16Tão nosso, tão parecido conosco.
02:19Então, logisticamente é um desafio.
02:21Segundo, o investimento, né?
02:22Que é grandioso, exatamente por causa da logística.
02:25Mas eu acho que o maior desafio, de fato, foi levar um projeto capital, capitalista, né?
02:33Para dentro de uma APA, que é uma área de proteção ambiental, como o Cumbu,
02:39fazendo a coisa ambientalmente correta, porque é muito difícil ser sustentável e é caro, não é barato.
02:46Mas é importante.
02:48Super importante.
02:49Eu não consigo hoje vislumbrar o Cumbu sem essa preocupação com a sustentabilidade.
02:55Ainda mais na Amazônia, ainda mais na capital da Copa.
02:59Então, não dá para você desconectar esse empreendimento às questões ambientais e sociais.
03:06Porque quando se fala de sustentabilidade, é importante lembrar que nós não estamos falando apenas da questão ambiental.
03:12A sustentabilidade, ela tem três pilares.
03:15A questão ambiental, a questão econômica e a questão social.
03:19Então, fazer um empreendimento que impacte também as sociedades ribeirinhas,
03:23as pessoas que moram no Cumbu, gerar emprego para o Cumbu, profissionalizar a mão de obra do Cumbu.
03:30Então, eu acho que isso é fundamental.
03:32E como tu consegue unir essa sustentabilidade, negócio e impacto social lá no Cumbu?
03:39Porque eu acho que é já uma propaganda que vende.
03:42Tipo assim, já é um marketing pronto, você cuidar do meio ambiente.
03:46As pessoas que fazem um turismo ambiental, elas querem o meio ambiente.
03:51E o meio ambiente protegido.
03:52Não adianta você dizer que você está num ponto turístico dentro da Amazônia,
03:56quando você não segue regras básicas.
03:59Por exemplo, de manutenção da própria biodiversidade.
04:02Então, um dos exemplos que eu cito é manter, por exemplo, os passarinhos lá.
04:07Então, a vigilância sanitária, ela te dá uma imposição da questão higiênica.
04:11Mas os passarinhos, eles montam ninhos em todos os lugares.
04:15Inclusive, nas comieiras, onde está a cozinha, onde está o restaurante.
04:19Então, foi para mim um desafio até adaptar, não tirar os passarinhos, não matar as espécies.
04:24Então, eu fui a Icoracy, comprei ninhos de argila, fiz adaptações.
04:29E hoje a gente consegue viver com várias espécies de pássaros e, ao mesmo tempo, manter as exigências da vigilância.
04:35É, eu acompanho as suas redes sociais.
04:38Eu vi mesmo, tu até postou, que vocês não queriam deixar os passarinhos de fora e foram, compraram.
04:45Vi também que vocês estavam chamando as pessoas lá do Cumbu para trabalhar no Parênteses, não é?
04:51Então, vocês também estão valorizando a mão de obra da ilha.
04:55Isso é importante.
04:56Isso gera impacto social.
04:57Gera um impacto social muito grande.
04:59Nós, inclusive, agora estamos na semana de profissionalização dessas pessoas.
05:02A minha prioridade é a mão de obra do Cumbu, a mão de obra ribeirinha.
05:07Porque eu não consigo vislumbrar um empreendimento que vá ao Cumbu e que não empregue as pessoas do Cumbu.
05:13Mesmo porque a maioria das pessoas que moram lá, a comunidade do Cumbu, ela vive do açaí.
05:19E o açaí, ele não dá todo ano.
05:21Então, existe a renda do açaí, que hoje é uma renda literalmente cabível àquela realidade deles.
05:28Mas há um período, principalmente no inverno, em que eles passam até fome.
05:32E os restaurantes estão lá, são muitos empreendimentos.
05:35Então, a gente não pode esquecer que esse impacto também tem que ser social.
05:39E o meu compromisso é muito grande, principalmente com as mulheres.
05:42E você, como mãe solo, qual é esse papel dessa mulher amazônida nesse turismo sustentável?
05:51Eu acho que a mulher tem uma participação muito grande, principalmente no Cumbu.
05:55Porque, assim, a linguagem da sustentabilidade, de todo o manejo que tem ali no Cumbu, é ancestral.
06:02E a mulher, ela tem muito isso, de educar os filhos, de levar aos filhos, de fazer essa educação ambiental.
06:09É uma coisa nata.
06:11Ela perpassa de gerações a gerações.
06:13Porque o marido vai para o açaizal, ele vai tirar o açaí.
06:17Quem fica em casa, quem debulha, quem faz o manejo, é a mulher.
06:21Então, ela tem um papel fundamental em todos os sentidos lá.
06:25Na criação da abelha, no cacau, porque tem a dona Nena.
06:28Em todo o processo econômico, na biojóia, que são, em maioria, as mulheres que produzem.
06:34Inclusive, nós vamos vender, fizemos parceria para o chocolate.
06:37Então, você não tem noção da participação feminina.
06:39As mãos do Cumbu são, literalmente, de mulheres.
06:42E isso é muito genial, isso é impactante e isso até emociona.
06:46Porque a mulher está, desde o manejo das biojóias, até o cacau, até o chocolate que se produz.
06:53Até a questão mesmo ambiental, no sentido do camarão, de pegar o camarão, de pegar o peixe, de cozinhar, de ensinar os seus filhos.
07:02E agora, como empreendedoras.
07:04Vocês ficam bem próximo da fábrica de chocolate, que também é o turismo puro lá no Cumbu.
07:11Então, vocês fizeram essas parcerias também.
07:15Nós temos essas parcerias.
07:16Inclusive, a dona Nena, lá do chocolate, para mim, é tipo uma inspiração.
07:20E é importante dizer isso.
07:21Eu faço doutorado na Federal, mas eu me inspiro numa mulher do Cumbu, numa mulher ribeirinha.
07:27É a força da mulher ribeirinha que me motiva no Cumbu.
07:31Isso é muito legal, é muito importante.
07:32E aí, eu já quero te perguntar, qual a mensagem que tu deixa para essas mulheres que sonham em mudar a vida dela no Cumbu,
07:43mas também mudar a vida do mundo, né?
07:45Porque nós estamos aqui, é para isso.
07:49Eu acho que, na verdade, as pessoas que estão no Cumbu, elas não têm muita noção do impacto que a COP vai trazer.
07:54E vai deixar um legado muito grande.
07:56Inclusive, sem dúvida alguma, eu estou dizendo isso hoje, o Cumbu vai se transformar no maior polo turístico da Amazônia, do norte do estado do Pará.
08:05E isso vai trazer uma modificação histórica na vida dessas pessoas.
08:09E elas estão prontas para isso, é bom que se diga.
08:12Porque o turista que vem, o estrangeiro que vem, ele quer ver essas pessoas, a cultura de lá, o modo de viver ribeirinho.
08:19Tanto que a gente vende experiência.
08:21A gente vende o chalé de madeira, a gente vende a beira do rio, a gente vende a culinária do ribeirinho, o jeito de viver do ribeirinho.
08:29Então, tem um valor a vida do ribeirinho, a cultura do ribeirinho, o modo do ribeirinho viver,
08:36a forma como ele constrói as suas casas, a sua arquitetura tem um valor.
08:39E esse valor vai ser reconhecido e essas mulheres estão no front.
08:43Elas vão, com certeza, estar prontas para transformar essa ilha nesse grande viés gastronômico, econômico, social, cultural e turístico do Pará.
08:53Mas conta para mim, como é o paraensíssimo como polo de turismo sustentável?
09:00A minha ideia é criar um lugar paraense 100%.
09:04Vender a nossa arte, vender a nossa gastronomia, vender a nossa cultura, vender o que o Pará tem de melhor.
09:09E o Pará tem muita coisa boa.
09:11Então, a gente tem um hostel, que é uma experiência numa casa de ribeirinho.
09:14Quando eu comprei o kumbu, eu comprei uma casa de ribeirinho e ela se mantém ali.
09:19E essa manutenção da casa é exatamente para que as pessoas convivam num ambiente onde o ribeirinho vive,
09:25na beira do rio, numa casa simples, numa vida simples.
09:28Então, o hostel, ele vende essa experiência.
09:30Além do hostel, nós temos os chaléis, construídos, inclusive, na arquitetura e com mão de obra do kumbu.
09:37Então, são os ribeirinhos que produziram aqueles chaléis.
09:40Então, são os chaléis que têm a arquitetura do kumbu, que têm todo aquele projeto de madeira.
09:46E eu até quero dizer sobre isso, porque muita gente diz,
09:48por que não tem a alvenaria? Por que não faz uma coisa mais chique?
09:53Exatamente o que a gente está vendendo a experiência.
09:55A cultura, a gente tem que manter.
09:57Eu não posso chegar lá e reconstruir o que já está.
10:01Então, a gente precisa se adequar.
10:03Então, os chaléis, eles vêm com essa pegada, né?
10:06De trazer também uma experiência de como viver, conviver, dormir numa casa de ribeirinho.
10:12E o restaurante, com o tambaqui, com a tilápia frita, o tambaqui assado, o pirarucu, o filhote, o camarão regional,
10:21que é exatamente para vender isso.
10:22Então, hoje não é um restaurante, é um complexo turístico, na beira do rio,
10:26que vende a Amazônia, que vai mostrar a Amazônia do jeito, exatamente como a Amazônia é.
10:33E eu vi que os chaléis são temáticos também.
10:37Tem do Paissandu, tem do Remo.
10:40Que bom que tu recebe bastante estrangeiro, né?
10:42Que aí é para não ter briga.
10:44É, inclusive nós estamos até adaptando a linguagem, que nós já recebemos.
10:47Gente da Suíça, gente de Portugal, franceses, colombianos, argentinos.
10:54E dentro dos chaléis, é uma novidade que eu estou te dando de primeira mão,
10:58a gente está fazendo uma exposição.
10:59Então, a gente tem, por exemplo, o chalé Tucupi.
11:02Então, a gente montou quadros falando sobre o Tucupi.
11:04O que é o Tucupi? Onde se usa o Tucupi?
11:06Qual é a importância do Tucupi?
11:08Aí tem o chalé açaí.
11:09Então, quem entra no chalé vai ter uma exposição nas paredes falando sobre aquele produto.
11:14E aí a gente tem o Remo e o Paissandu, né?
11:17Que deu o que falar na internet.
11:19Não tem como não ser paraense e não ser o Remo, o Paissandu.
11:23Exatamente.
11:24Não esquecemos da tuna, tá, gente?
11:26Mas...
11:26Exatamente, tem para todo gosto, né?
11:30Porque é isso, é cultura.
11:31Eu acho que o futebol também faz parte de nós, né?
11:34Então, eu quis fazer essa homenagem.
11:36E aí lá dentro a gente tem falando sobre os títulos, falando sobre a história dos times.
11:41E vocês são bilingues? Como é que funciona?
11:43E essa amostra que tem de arte, ela é bilingue?
11:47E quando vocês explicam...
11:49Nós já estamos adaptando.
11:50Adaptando, sim.
11:51É, porque depois da COP o Pará vai ser internacional.
11:54Com certeza.
11:55Não dá para a gente negar.
11:56Eu sou professora de língua portuguesa e sei que a língua é como se fosse um muro, né?
12:02Ela impede o turismo.
12:03Então, a gente também tem que se adequar a isso.
12:05Inclusive, o governo do Estado, né?
12:07Está fazendo muita formação em relação às questões da linguagem.
12:11E nós vamos nos adaptar desde o cardápio até os chalés, até as placas, né?
12:17E até porque o paraense, ele cria muitos...
12:21Tem o égua e tem o ventibora.
12:25Então, tem muitas palavras que é só daqui, nossa.
12:29Tem uma coisa, sabe, Priscila, muito engraçada.
12:31Que é, por exemplo, os nossos pratos aí são temáticos.
12:33Tipo, mãe d'água, que é o chibé.
12:35Ah, legal!
12:36A gente colocou mãe d'água, que é o chibé.
12:38Até uma moça na internet disse, eu vivi para ver alguém vender chibé.
12:42O chibé vende muito, o chibé com camarão, que é o nosso camarão do peruque.
12:45Eu já ia te falar, com camarãozinho, é uma delícia.
12:48Agora, vai explicar isso em inglês para as pessoas, né?
12:51Vai explicar que existe um prato que é água, farinha e só.
12:57Não, e o camarão.
12:58E o camarão, que é o acompanhamento.
12:59O camarão faz toda a diferença.
13:02Um charquezinho também.
13:04Delícia, né?
13:05Não dá para separar isso sem gostar do chibé.
13:07Isso é vender a experiência.
13:09A experiência.
13:10Não é verdade?
13:11Exatamente, é assim.
13:12Imagina ali, porque não é só explicar que é a farinha e é a água.
13:16É explicar que a farinha, sabe, tem toda uma ancestralidade indígena.
13:21Tem todo um processo de fabricação no interior.
13:24Porque a gente vai falar da farinha de Bragança.
13:25Então, assim, nós estamos no Cumbu, mas é vendendo o Pará.
13:28Bragança vai aparecer.
13:30São Caetano de Odevelas.
13:32Seja, sabe, nos aparatos da nossa decoração, seja nos próprios pratos.
13:36Porque a gente vai trazer o caranguejo de lá, sabe?
13:39Então, Salinas, porque o camarão é de Salinas.
13:42Então, a gente vende o Pará.
13:43Por isso que é Pará, hein?
13:44É incíssimo.
13:45É incíssimo.
13:46É isso mesmo.
13:48Mas, Joana, o que o mundo pode aprender com a Amazônia e com mulheres como você?
13:55Uau.
13:56Eu acho que com as mulheres o mundo tem muito a aprender ainda.
14:00Porque a mulher é o cuidado.
14:01A mulher é a sustentabilidade.
14:03Acho que a mulher é a raiz do mundo.
14:05O mundo tem raiz feminino.
14:07E a Amazônia, eu queria falar isso seriamente, porque a Amazônia, quem diz que nós não somos civilizados, é a estigmatização, é o preconceito.
14:17Na verdade, o verdadeiro conhecimento, que é o lidar com o meio ambiente, que é saber fazer essa conjunção entre vida e ambientalismo, e sociedade, e uma economia sustentável.
14:29É nós que temos que ensinar o mundo.
14:31O mundo tem muito a aprender com nós.
14:34É uma nova vivência, é uma nova experiência, é uma nova educação.
14:37E nós temos todas as condições de educarmos o mundo para um mundo que realmente encontra as condições de manter a vida humana.
14:48Porque sem o mundo não há homens.
14:50E a Amazônia vai ensinar isso para todo mundo.
14:52Muito obrigada pela sua presença.
14:56A sua história inspira muitas mulheres.
14:59Continue, porque você é uma mulher forte.
15:02É do Norte e é forte.
15:04Parabéns.
15:05Que emoção.
15:05Obrigada.
15:07Obrigada.
15:08E a história da Joana nos lembra que resistir também é se reinventar.
15:13Que cuidar da Amazônia é, muitas vezes, começar cuidando de um quintal, de uma ilha, de um sonho esquecido.
15:23É da vida nova.
15:25Há tudo isso com amor, com consciência.
15:29Joana é a prova que mulheres podem e devem liderar o caminho rumo ao mundo mais justo, mais sustentável e plural.
15:38Nós nos vemos no próximo episódio do Dó Delas.
15:43Tchau.

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