Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • 28/05/2025
Danilo Vieira e Késsio Lemos analisaram no Visão Crítica o atual panorama da guerra na Ucrânia, com a escalada das ofensivas russas. Karina Calandrin avaliou o papel dos países europeus no conflito entre russos e ucranianos, além da iniciativa da União Europeia em aumentar a capacidade bélica e militar dos países do bloco.

Assista ao programa completo: https://www.youtube.com/watch?v=mDvzbDArKYc

Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/

Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews

Siga o canal Jovem Pan News no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S

Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/

Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews

Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews

Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/

Threads:
https://www.threads.net/@jovempannews

Kwai:
https://kwai.com/@jovempannews

Canal no WhatsApp:
https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S

TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews

Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews

#JovemPan
#JovemPanNews
#VisaoCritica

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Eu queria passar para o professor Danilo e mudarmos o nosso foco fundamentalmente para a questão da guerra Ucrânia-Rússia.
00:09Eu imaginei, eu acho que a torcida do Flamengo, que a guerra seria de algumas semanas, três anos nisso.
00:17E nada indica, ao menos a princípio de algumas tentativas, que isso deva terminar logo.
00:23Eu espero que sim, mas a situação é bem complicada.
00:26Mas vamos olhar a questão da Rússia.
00:28Eu nunca imaginaria também que terminaria a Norte Soviética, sinceramente.
00:32Havia até estudos de Sovietologia lá nos Estados Unidos.
00:35Ninguém conseguiu prever o fim da Norte Soviética.
00:38Foi uma grande surpresa tudo o que ocorreu.
00:41Bem, a questão, professor, é a seguinte.
00:44A Rússia já é uma potência com interesse na Europa, desde lá, por volta do Congresso de Viena, 1814, 1815 e tal.
00:50E desde então, sempre é vista como símbolo da reação, do reacionarismo atacando a Europa.
00:55Veio a Norte Soviética e foi o símbolo da revolução atacando a Europa.
01:00A Norte Soviética não existe mais, existe agora a figura do Putin.
01:03Como é que fica essa questão da Rússia, a relação dela como potência militar em relação à Europa?
01:12Será que é estranho não ter mais o Pacto de Varsovia e ter ainda a OTAN?
01:19Será que não dá uma justificativa ao discurso do Putin até dessa relação mais agressiva com a Europa?
01:24Eu vou até utilizar aqui uma linha de raciocínio que não é do Putin, que é do próprio Trump.
01:31A OTAN perdeu o seu objeto original.
01:35A organização do Tratado Atlântico Norte, desenvolvido no final da década de 40,
01:41foi para responder a uma nova visão de tensionamento político que nós chamamos de Guerra Fria.
01:50Soviéticos e americanos e a organização dos seus devidos blocos.
01:55no intuito de conter a dita expansão da internacional socialista,
02:03da expansão da visão até então stalinista de modelo político socialista.
02:10Que por sinal, né professor, o senhor fez um comentário que eu gostaria de fazer.
02:16Entre americanos e russos existe uma grande semelhança.
02:19Ambos têm destino manifesto.
02:21Um do que? Do oeste para o leste e do outro do leste para o oeste.
02:27Exato.
02:28Não é?
02:28Tanto que um é cristão protestante e o outro é cristão ortodoxo.
02:33Um prega o universalismo liberal e o outro pregou o universalismo marxista.
02:43Mas nesse sentido, o que eu gostaria de bater?
02:49A OTAN perde o seu prumo.
02:53Com o fim da Guerra Fria, a OTAN, em tese, deveria ser um instrumento de alinhamento
03:01das ações securitárias ditadas pelos americanos.
03:05E isso necessariamente, quando acontece, acontece de forma desastrosa,
03:12ao exemplo da Guerra da Iugoslávia, das ações no Afeganistão,
03:18ou quando o que?
03:19Não tem essa finalidade, ele tem o único sentido de ser um guarda-chuva securitário europeu.
03:31Vamos dizer, dirigido dentro dos distânios europeus.
03:34Os americanos, dentro da sua lógica isolacionista, começam o quê?
03:40A questionar o papel do OTAN.
03:42E nesse sentido, professor Vila, a guerra da Ucrânia, que na verdade tem sua semente
03:53desde o momento da, vamos dizer, da desconexão, do desalinhamento da Ucrânia à Rússia,
04:01se eu estou falando da Revolução Laranja, nós começamos a observar ali,
04:07e esse conflito não é um conflito entre nações.
04:11É um conflito continental, regional.
04:19Regional.
04:20E aí, para não delongar demais,
04:24o que eu observo é que, diante de toda a guerra de informação,
04:29a Rússia se reafirmou como grande potência militar,
04:34que ela nunca deixou de ser, aliás, até o conflito com a Ucrânia, em 1922,
04:44a Rússia nunca teve tanta área de influência, nem da época dos soviéticos.
04:51Presença indireta na África.
04:53Forte influência na Síria, no Irã, no Líbano.
05:01Presença na América Latina, professor Vila.
05:04Venezuela, Nicarágua, Cuba.
05:07E agora o quê?
05:08Ele reafirma, dentro da lógica da grande mãe Rússia,
05:13o recontrole de regiões.
05:15E quem se apequena?
05:18A Europa.
05:19A Europa se vê gradualmente o quê?
05:23Apequenada, inclusive, sob validação de uma nova ordem política,
05:29ditada pelos americanos.
05:31É interessante.
05:32Aí dá para desdobrar umas questões para a gente ficar pensando.
05:37Kécio, eu estava aqui, com base no que a Karine e o Danilo colocaram,
05:43pensando justamente se a questão agora da Rússia,
05:45nesse novo momento histórico que nós estamos vivendo.
05:49Chega um momento, na Guerra Fria,
05:51só lembrar quem nos acompanha,
05:53a Guerra Fria, mais ou menos, se fosse pegar um momento,
05:56vai, em 1947, se quisesse em 1946,
06:00a guerra termina na Europa em maio,
06:04mas a Guerra Fria, formalmente,
06:08começa pouco depois,
06:09que ainda é relativo consenso,
06:11em alguns pontos entre Estados Unidos e a então União Soviética.
06:16Aí depois vem a Guerra Fria e termina com a queda,
06:18grosso modo, com a queda do Muro de Berlim a 9 de novembro de 89,
06:21e a União Soviética termina no Natal de 1991.
06:25Bem, aí nós temos antes o Gorbachev, a última liderança,
06:30e aí vemos o Yeltsin, até chegar o Putin.
06:33Mas eu queria que você pudesse nos comentar o seguinte,
06:37entre a ascensão do Gorbachev e a ascensão do Putin,
06:41que nós temos um bom período histórico,
06:44a antiga União Soviética e Rússia,
06:47e o breve momento de comunidade de Estados Independentes,
06:50que durou pouquíssimo,
06:52ela entrou nessa crise militar,
06:54mesmo sendo uma superpotência.
06:55E é o Putin, aí voltamos à questão Putin,
06:58que é interessante, colocada pelo Danilo,
07:00colocou a Rússia, nessa percepção mundial,
07:02como grande potência militar.
07:03Esse interregno, como explicar?
07:05É interessante isso, e eu vou pegar um gancho agora
07:09com boa parte do que o Danilo trouxe aqui,
07:12que é essa percepção de que,
07:15após o declínio da União Soviética,
07:17qual é a missão da OTAN?
07:21E acreditava-se dentro da Rússia
07:23que talvez a Rússia, agora, por não ser mais um inimigo,
07:27ou seja, ela abriu os seus sistemas políticos e econômicos,
07:31se ocidentalizou no sentido,
07:33nesses termos políticos e econômicos,
07:35agora ela seria considerada uma amiga do Ocidente.
07:40Então, houve uma esperança durante muito tempo
07:43de que a Rússia pudesse fazer parte, inclusive, da OTAN.
07:47Houve negociações,
07:50e até o início do governo Putin,
07:54já nos anos 2000, tiveram exercícios,
07:56tiveram a implementação de cooperação,
08:01inclusive na guerra contra o Afeganistão,
08:05na guerra ao terror, contra o terrorismo,
08:09e houve uma aproximação política ali entre a OTAN e a Rússia.
08:13Mas, uma coisa que os russos não entenderam
08:17foi porque isso nunca foi se concretizar.
08:20Então, os americanos prometeram implicitamente ou explicitamente
08:26um novo mundo onde a Rússia não seria mais considerada um inimigo,
08:30mas o que os russos começaram a observar é que,
08:33além de não ser convidado para a OTAN,
08:35nós temos a expansão da OTAN para o que,
08:40em 1994,
08:43a Rússia já tinha delimitado em documentos oficiais
08:46o que ela chama de Near Abroad,
08:49que é a esfera de influência,
08:51o antigo espaço onde os países da União Soviética estão localizados,
08:57a ex-União Soviética, o antigo espaço soviético,
09:01é uma área de influência russa.
09:04E aquilo foi delimitado em documentos.
09:07Então, mesmo delimitando aquela área
09:11como a sua esfera de influência,
09:14a Rússia é o que viu países dentro dessa esfera de influência
09:17sendo convidados a fazer parte da OTAN.
09:20A Rússia não tinha como reagir a esse processo
09:23porque a Rússia estava em uma terrível crise econômica,
09:26terrível crise de instabilidade doméstica
09:29e não tinha como reagir a isso.
09:31Então, a Rússia observou isso.
09:33Os países bálticos, vários países entrando para a OTAN.
09:37E o que o Putin faz é tentar reconstruir a capacidade da Rússia
09:41de responder ao que os russos consideram uma provocação.
09:48Tem um conceito de dilema de segurança.
09:54Se você vai se aproximando das fronteiras de um país,
09:56espalhando ali sistemas de mísseis, bases militares,
10:00aquilo ali vai gerar uma percepção de que
10:03aqueles estados estão cercando geopoliticamente.
10:08E o último degrau que os russos não poderiam aceitar,
10:13o último degrau dessa degradação da esfera de influência russa era a Ucrânia.
10:20E a Rússia já está bem mais reconstruída já quando ocorre a questão ucraniana.
10:24E alguns especialistas sempre dizem que a questão ucraniana é tão sensível para a Rússia
10:29que a Ucrânia deveria ser utilizada como uma espécie de algodão entre cristais.
10:38Ou seja, um amortecimento entre dois grandes esferas de influência,
10:43que é a Rússia e a União Europeia, o conjunto transatlântico.
10:46E a retirada desse algodão, a partir do momento em que a Ucrânia vai adentrar a União Europeia
10:55e começa a aspirar também a entrar na OTAN,
11:00isso é visto pelos russos como essa retirada desse algodão.
11:04Então os cristais começam a se chocar e a gente observa essa nova fase agora,
11:09muito mais violenta, de um conflito entre Rússia e Ucrânia.
11:13Medeleve, inclusive, falou ontem ou hoje sobre essa questão, professor Kertz,
11:21que a Ucrânia, para uma estabilização regional,
11:25a Ucrânia tem que assumir o papel de região tampão, algodão.
11:31Então é uma zona de o quê?
11:34De mínima influência de ambas as potências regionais, União Europeia e Rússia.
11:40E, professor Kertz, uma coisa que eu sempre digo,
11:44a frustração dos russos na não entrada, professor Vila, na OTAN,
11:53talvez seja semelhante à frustração turca no final da década de 90,
11:59quando também lhe foi negado a entrada da União Europeia.
12:03Volto a insistir, no modelo ocidental repercute também questões culturais, civilizacionais.
12:14Professora Karina, é justo, pegando esses ganchos, tanto do Danilo como do Kertz,
12:19e usando uma expressão do Danilo, creio, desse apequenamento da Europa,
12:25é bom lembrar quem nos acompanha, né?
12:27A hegemonia europeia durou vários séculos.
12:31Vamos pegar a partir do século XVI, né?
12:34Com a expansão a Espanha, principalmente a Espanha,
12:36depois do século XVII, XVIII, com a Revolução Industrial,
12:39no final do século XVIII, mais ainda.
12:42E hoje a Europa, em termos econômicos, é muito importante,
12:46ninguém nega, mas, porém, em termos militares
12:49e, no conjunto do mundo, em termos geopolíticos,
12:51se apequenou.
12:52Como a senhora entende isso?
12:54Quer dizer, qual é o destino da Europa?
12:56Criar um exército europeu?
12:59Construir a sua própria aliança militar, ou seja, o fim da OTAN?
13:03Como vai se recolocar nesse mundo que tem Estados Unidos aqui,
13:08tem Rússia aqui, tem China aqui, e nós não falamos na Índia, hein?
13:13Que é estar atropelando por fora, quinto PIB, quarto, daqui a pouco terceiro, né?
13:18Então, como é que fica a Europa nisso?
13:20Bem, a discussão sobre uma política comum de segurança europeia é antiga, né?
13:26E eles não conseguem chegar a um consenso sobre isso, esse é o grande ponto.
13:29Eles não conseguem chegar a um consenso.
13:31A OTAN ocupa esse espaço, querendo ou não.
13:33Então, é uma zona de conforto ter a OTAN pra eles.
13:36Porque eles não têm que pensar em uma política de segurança comum,
13:39uma vez que eles já têm uma aliança militar antiga, né?
13:43Da Guerra Fria.
13:44Então, e como a OTAN não terminou com o final da Guerra Fria,
13:48e ela tenta, né?
13:49Como a gente conversou aqui, né?
13:51Foi bem pontuada pelos professores.
13:53A OTAN, ela tenta mudar a sua perspectiva.
13:56Ela sai de um princípio de uma aliança militar
13:59focada em defesa dos seus membros
14:02pra um sistema de segurança coletiva.
14:04Então, você tem, vão ter missões lideradas pela OTAN
14:08nos anos 90, nos anos 2000, né?
14:11No auge, né?
14:12Daquelas missões de peacekeeping, peace enforcement, peace building, né?
14:16Que depois, hoje, a gente mal fala disso
14:19nas relações internacionais,
14:21porque as missões, se não todas,
14:23a grande maioria foi mal sucedida, né?
14:26Pra dizer o mínimo, né?
14:27Usando um eufemismo.
14:29Então, os resultados não atingiram, não, os seus objetivos.
14:34Então, dessa maneira, a Europa,
14:36ela se colocou numa zona de conforto.
14:38Ela era protegida pelos Estados Unidos,
14:39que vai liderar, no fim da Guerra Fria,
14:41um processo de globalização,
14:43vai liderar um processo de...
14:46realmente de ser, né?
14:48O estandarte desses valores, né?
14:52Vamos lembrar do livro do Francisco Kuyama, né?
14:54O Fim da História, né?
14:56Que é uma loucura dizer o fim da história,
14:59mas foi um livro, um sucesso à época, né?
15:02A ideia de que não havia mais disputa, né?
15:04O capitalismo sem rivais.
15:05Então, não há mais disputa,
15:06não há nenhum modelo que se oponha ao modelo americano,
15:09e os Estados Unidos vão liderar essa hegemonia.
15:11E a Europa vai acompanhar como os amigos, né?
15:15Da grande potência.
15:16E agora a Europa é colocada nesse cheque.
15:19Não podemos esquecer que,
15:20apesar desse apequenamento europeu,
15:22temos duas potências nucleares importantes,
15:24que é o Reino Unido e a França.
15:26Que tem...
15:27A gente falou, né?
15:28Um pouco mal da ONU,
15:29mas temos que lembrar que são membros permanentes
15:32no Conselho de Segurança.
15:33Exatamente porque são os vencedores da Segunda Guerra Mundial.
15:35Então, é assim, há um apequenamento,
15:37eu concordo com essa análise,
15:39mas não podemos, né,
15:40também ignorar completamente Reino Unido e França,
15:43que são potências nucleares,
15:45potências nucleares reconhecidas,
15:46diferente da Índia,
15:47que é uma potência nuclear de maneira escusa,
15:50não poderia ser uma potência nuclear,
15:52mas é.
15:53França e Reino Unido podem, né,
15:56ocupam esse papel, né,
15:59pensado na formação do Conselho de Segurança.
16:02E agora tem que, né,
16:03a gente vê na Europa, né,
16:05a Alemanha que tem uma posição importante,
16:07que, por exemplo, junto com outros países,
16:09o próprio Brasil disputam uma reforma
16:12no Conselho de Segurança,
16:13uma reforma da ONU,
16:14querem ocupar esse lugar no Conselho de Segurança,
16:17ter um assento permanente,
16:18mas não tem poder nuclear.
16:19Então, há uma disputa na Europa
16:21de uma nova configuração em termos de segurança.
16:24Mas ainda estão aquém,
16:26muito por esse lugar da OTAN.
16:28Então, quando Donald Trump, por exemplo,
16:30ameaça sair da OTAN,
16:32como fez em campanha,
16:33dizer que os Estados Unidos não precisam
16:35dos demais países,
16:37eles podem se manter sozinhos,
16:38é um recado para a Europa
16:39pensar na sua própria política de segurança
16:42e não depender mais dos Estados Unidos.
16:44Eu acho que passou da hora.

Recomendado