O ator Eduardo Martini interpreta Clodovil Hernandes na peça “Clô, pra sempre”, que, segundo ele, é uma homenagem ao estilista e apresentador, sem intenção de defendê-lo ou criticá-lo. O espetáculo retrata a vida e a obra de Clodovil, abordando temas como solidão, rejeição e os desafios que ele enfrentou ao longo da carreira.
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00:00Isso, meus queridos, minhas queridas, estamos de volta aqui com o nosso Morning Show em frente sempre às horas e 24 minutos.
00:05Seguimos aqui com a presença ilustre de Josias Teófilo, teve em Cannes agora, repercutindo a vitória de Wagner Moura.
00:11Também o momento do cinema brasileiro como um todo, celebrado lá fora, mas com desafios estruturais crônicos aqui, que a gente segue aqui explorando.
00:20Mas eu quero trazer mais um personagem aqui pra bancada do Morning Show, pra gente seguir entendendo as boas produções, as boas oportunidades aí,
00:27e as boas feitas, realmente que tem sido atingido recentemente.
00:31E eu quero falar agora com ele, que é um dos atores mais consagrados do teatro brasileiro.
00:35Ele que é criador da icônica Neide Boa Sorte, que arrancava gargalhadas da eterna rainha da TV brasileira, Hebe Camargo.
00:43Ele que encarnou nos palcos ninguém menos que Clodovil Hernandes, ou Clô, meu amor, para os ítimos.
00:49Claro que eu tô falando dele, nosso querido Eduardo Martini, se juntando a nós aqui no Morning Show.
00:54Salve Eduardo, obrigado demais, bom dia, obrigado pela presença.
00:59Bom dia, querido.
01:00Obrigado a você, Mauro.
01:01Obrigado pela diferença, muito legal, muito bom saber disso, mas continua com os pés bem no chão.
01:08Tá certo, tem que ser assim, mas merece essa celebração, inclusive atuação premiada, então fala por si só.
01:14Olha, não tem outra forma da gente falar do Clodovil, ele que encerrou, ele morre em 2009, ele ainda é deputado federal, ou seja, representante do povo.
01:24Mas ao mesmo tempo, desde os anos 70, sendo essa figura que encarnou com muita personalidade a figura mais ostensivamente gay,
01:35mas ao mesmo tempo muito não caindo ali na militância previsível de setores que se representavam com essa orientação sexual.
01:43Como é que você vê se, será que o Clodovil, da forma que ele era um combatente do Politicamente Correto,
01:49e hoje o Politicamente Correto acho que se alastrou e se aprofundou, como é que você acha que ele se posicionaria?
01:54Antes da gente ouvir aqui o Eduardo Martini, só recepcionar de volta todo mundo também que tá nos ouvindo pela rede Jovem Pan de rádio, agora sim.
02:00Vamos ouvir aqui a resposta do Eduardo Martini, que segue interpretando Clodovil Hernandes, meu amor.
02:04Ele que vai poder falar um pouquinho aqui sobre o personagem. Vamos lá.
02:09É, queridão, ele sempre foi uma pessoa muito...
02:12Ele foi rejeitado por pais biológicos, por pais adotivos, depois que a dona Isabel realmente quis adotá-lo,
02:22quis ficar com ele, foi a grande metra na vida dele, né?
02:25É um cara pardo, pobre, numa cidadezinha do interior, que tomou conta do Brasil.
02:34Eu sempre quis fazer, eu sempre tive a sensação, eu conheci o Clodov, a gente foi amigo,
02:41ele tinha uma solidão muito grande, e uma necessidade muito de defender todo mundo,
02:46de ser o defensor do mundo, né?
02:49Então, ele foi o cara que lançou a história do casamento gay, mas não o casamento na igreja,
02:59porque ele falava que a igreja era pro homem e pra mulher, o casamento gay não precisava ter
03:06essa história toda que hoje tem, das pessoas entrarem de véu, grinalda, enfim, coisas que ele falava, né?
03:16Foi muito prazeroso poder fazer um cara, poder fazer uma persona, sem defender e sem criticar.
03:25Como hoje ele estaria, eu não tenho a menor ideia, porque eu acho que ele teria...
03:32Ele teria se colocado de uma maneira muito forte em cima de tudo.
03:42Pra você ter uma ideia, eu sou...
03:45Ele morreu em 2009, eu sou...
03:48As coisas que ele fala, eu peguei exatamente em todas as entrevistas, todas as coisas, né?
03:53Claro que eu coloco um pouquinho da minha necessidade como homem de falar alguma coisa,
03:59mas as pessoas aplaudem, né?
04:02Foro privilegiado.
04:03Uma pessoa que se candidata a um cargo político, ela tem a prevista de ser uma pessoa honesta.
04:10Pra quem precisa de foro privilegiado?
04:12E vocês não falam nada.
04:14A plateia aplaude.
04:15É louco isso, né?
04:17Então, é um momento difícil da gente falar as coisas.
04:24Eu acho que a educação, né?
04:27Você encaminhar as pessoas a entenderem todas as coisas que a gente tem que...
04:32Que hoje em dia lhe dá e...
04:35Tá sendo entrochado na goela das pessoas.
04:40E sem aprendizado, sem referência, você não tem entendimento, né?
04:44Esse é o meu ponto de vista.
04:46É, esse é com certeza um dos aqueles exemplos que...
04:49Um sujeito que foi...
04:50Nos partiu cedo demais.
04:51Esse eu acho que a gente pode cravar sem medo de errar.
04:53Eu vou com o José Esteófilo aqui.
04:55Agora, Eduardo Martini, pra próxima pergunta.
04:56Então, Eduardo, eu acho que a principal característica do Clodovil era essa figura aristocrática, né?
05:04Essa figura que não cedia nada a ninguém.
05:06Ele não cedia a militância.
05:08Ele...
05:09Como é que você vê esse personagem sendo interpretado hoje em dia, né?
05:12Você trazendo através da peça.
05:14É, como eu te falei, querido, a surpresa é muito grande porque eu faço, como eu já falei,
05:23eu faço exatamente aquilo que ele era.
05:25Nem defendendo e nem criticando, porque não é o meu ofício esse, na verdade.
05:31As pessoas se emocionam muito.
05:33Teve uma senhora no sábado aqui que saiu aos prantos porque a presença dele no palco
05:39resgatou nela vivências com a avó, com a mãe, com o que ele falava, com o que ela sofreu.
05:47Foi uma coisa catástica, assim, sabe?
05:50Essa peça que vocês estão vendo é pra você lembrar de mim que eu faço um pai com Alzheimer precoce.
05:57E o Clodovil é difícil a gente falar, né?
06:01Porque ele não tá vivo, eu não sei por onde ele iria.
06:05Mas, com certeza, ele estaria muito ativo, eu acho, no falar, né?
06:12Como é que ele seria nas redes sociais hoje em dia?
06:15Enquanto você ouve um bando de fake news, você vê um bando de gente dando informação completamente louca.
06:24Todas as formas de emagrecimento, de vida.
06:29Emagreça, tem uma barriga sarada em 20 dias.
06:34Todo esse...
06:36Essa parte, como o Faustão falava, né?
06:40Esse lixo da internet.
06:42Eu acho que ele seria uma pessoa muito ativa na informação.
06:49Com todas as características dele.
06:51Às vezes uma pessoa muito hostil.
06:55Às vezes uma pessoa...
06:55Porque o Clodovil, uma coisa engraçada, quando ele começava a brincar com você, se você entrava na brincadeira, qualquer comentário que ele fazia, se você entrava, é como se você tivesse recebido ele bem.
07:09Se você dava uma coisa, aí, meu querido, a coisa vinha...
07:14A coisa ficava feia.
07:16É isso aí.
07:17Eduardo Martini, a gente agradece demais.
07:19Todos os finais de semana, certo?
07:21O pessoal pode conferir o espetáculo.
07:23E, pessoal, é pra valer.
07:25O que tem de gente indo assistir, se emocionando ali, extasiados ali, assustados com a...
07:31O quão fiel foi essa quase reencarnação que o Eduardo conseguiu produzir do eterno Clodovil, no Clou Para Sempre, esse espetáculo, não tá escrito.
07:39Então, não percam o tempo, vale a pena aí se emocionar e se reconectar com essa figura tão importante da nossa história recente.
07:46Pode falar, Eduardo.
07:47Agora a gente vai fazer o filme.
07:49Agora a gente vai fazer o filme Clou Para Sempre, baseado na minha pesquisa, com direção do Leonardo Cortez.
07:57Falando em cinema, é muito bacana esse momento pro Brasil, né?
08:00Muito legal essa história toda.
08:03Hoje mesmo saiu o resultado de um corta-metragem que eu criei de Bruno Sock.
08:07Eu tô indicado como o melhor ator no Brasil, o Fast New Vision Festival.
08:11Tô muito feliz e muito legal vocês estarem falando sobre isso, porque o cinema precisa dessa vibe boa que tá acontecendo.
08:19Obrigado pelo carinho de vocês, viu?
08:21Não poderia ser diferente.
08:22No Teatro União Cultural, todos os finais de semana, Clou Para Sempre, Eduardo Martini aí,
08:26realmente trazendo de volta aqui, quase que reencarnando o eterno Clodovil Hernandes.
08:31Obrigado, querido. Tamo junto.
08:32Obrigado, querido. Obrigado a você.
08:34É isso aí.
08:35Ainda no tema aqui sobre todos os desdobramentos, as questões que estão postas aí na cena cultural, principalmente no cinema,
08:41postando aqui a nossa Jess Peixoto, já pra voltar a gente a engajar com o nosso convidado Josias Teófilo aqui na bancada do Morning Show.
08:47Vamos lá.
08:48Então, eu tenho uma pergunta pro Josias, que ela vai muito no sentido de, hoje as plataformas de streaming, as mais variadas,
08:55estão olhando muito pro conteúdo brasileiro.
08:57E recentemente tivemos dois grandes sucessos que são atrelados à fé.
09:01Então, existe esse interesse e eu acho que o cinema tá vivendo um momento de novos públicos e de expansão
09:07do que talvez há 10, 20 anos era uma linha só ali, não uma linha, mas pra que se dava atenção,
09:14era talvez um cinema mais militante de determinadas figuras.
09:18E agora houve uma expansão muito grande.
09:20Como que você vê isso nas plataformas de streaming e no aspecto comercial?
09:24Olha só, eu discordo um pouco que as plataformas estão dando atenção devido ao Brasil.
09:30Eu acho que o Brasil, ele não tem produzido tantas séries e filmes quanto deveria.
09:36Veja, o Brasil é um dos maiores mercados de streaming do mundo.
09:40E, entretanto, esse dinheiro não volta.
09:42Aliás, o André Sturm, que criou o Cinema do Brasil, né, que divulgou o cinema pelo mundo,
09:49o cinema brasileiro pelo mundo, ele fez um artigo ontem na Folha de São Paulo,
09:52defendendo a questão da regulação dos streams e como eles têm que investir de volta o dinheiro
09:57que eles ganham aqui pra produção de séries brasileiras, para o mercado brasileiro.
10:01E isso é importantíssimo, né, isso precisa ser feito mesmo e já,
10:06porque eles estão explorando esse mercado e não estão desenvolvendo o mercado brasileiro como deveriam.
10:13Então, e agora também tem o outro lado, que as séries brasileiras,
10:18se o cinema brasileiro está fazendo sucesso no mundo, as séries brasileiras de ficção são um escândalo.
10:23São muito ruins, infelizmente.
10:26Por exemplo, Senna é uma das piores coisas que eu já vi na minha vida.
10:29Nossa senhora, tendo a concordar.
10:31Entendeu?
10:32Eu, e assim, é uma coisa preocupante, porque, e por outro lado, as séries documentários brasileiras
10:40são muito boas, por exemplo, tem uma série feita pela HBO sobre Daniela Pérez,
10:45que é sucesso no mundo inteiro.
10:46Maravilhosa.
10:47Tem uma série feita pelo núcleo do Pedro Bial na Globoplay, que é...
10:52O Vale é o Escrito?
10:53O Vale é o Escrito, que é excepcional.
10:55É assim, a história deixa o poderoso chefão no chinelo, entendeu?
11:00É assim, irmã, que era mandando matar a irmã, é uma loucura.
11:03Você viu a da Juliana Paz, que fez sucesso no Netflix, ficou entre as mais vistas?
11:08Ah, essa eu não vi, essa eu não vi.
11:09Mas, Josias, eu tenho a sensação que a gente passou com um momento
11:15em que a produção audiovisual era muito feita o cinema de patota, né?
11:18E eu acho que a coisa tem melhorado um pouquinho, não tem não?
11:22Já vou pedir aqui pelo andar da hora, já é nosso convidado para voltar o quanto antes,
11:26mas já para responder o mano e já encaminhar para as considerações,
11:30finais, candidato.
11:31Perfeito, claro.
11:32Então, é o seguinte, tem um filme que eu vi lá em Cannes,
11:35que é Para Viggo Me Voe, de Lírio Ferreira e Carlin Hardley,
11:38que é sobre Cacá Diex, e mostra a vida toda de Cacá Diex,
11:41como ele vai dando entrevista, que é um grande cineasta.
11:43E você vê que o percurso da vida dele, ele tentando fazer cada vez um cinema
11:47mais voltado para o público.
11:49Então, é esse percurso que você falou, de um cinema de patota,
11:52um cinema de cinema novo, que era um cinema intelectual,
11:54para tentar fazer um cinema cada vez mais voltado para o público.
11:58E eu acho que isso devia ser o caminho do cinema brasileiro,
12:00das séries brasileiras, de tentar dialogar mais e mais e mais e atrair o público.
12:05Então, uma coisa que falta também são filmes religiosos.
12:08Tem filmes, mas deveria ter muito mais filmes católicos, filmes evangélicos.
12:12Os filmes espíritas já ocuparam bastante espaço,
12:15mas falta muito ocupar espaço e desenvolver o cinema brasileiro
12:20a partir desse diálogo com os setores mais amplos da sociedade.
12:24E há interesse, né?
12:24E existe interesse muito grande.
12:27Josias, de novo, reforçando aqui, o convite já está estendido aqui oficialmente