A Prefeitura de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, sancionou na quinta-feira, 8 de maio, uma lei que garante alojamentos separados para pessoas cuja gravidez resultar em aborto, óbito fetal ou perinatal nos hospitais municipais. A mudança no Código Municipal de Saúde busca garantir privacidade e bem-estar psicológico às mulheres em situação de perda gestacional.
Leia a íntegra da reportagem https://www.em.com.br/gerais/2025/05/7142084-uberlandia-hospitais-deverao-reservar-area-para-maes-que-perderam-bebes.html
O Notícia em áudio é um podcast do jornal Estado de Minas que lê, aos sábados e domingos, uma grande reportagem para você ouvir no seu tempo. Sem deixar que a pressa do dia a dia atrapalhe a imersão no tema. Afinal, uma boa história merece ser contada e recontada muitas vezes. E em vários formatos.
Reportagem: Maria Antônia Rebouças
Locução: Maria Antônia Rebouças
Arte sobre foto de Paula Beltrão
Coordenação: Rafael Alves
#maternidade #minasgerais #uberlandia
Leia a íntegra da reportagem https://www.em.com.br/gerais/2025/05/7142084-uberlandia-hospitais-deverao-reservar-area-para-maes-que-perderam-bebes.html
O Notícia em áudio é um podcast do jornal Estado de Minas que lê, aos sábados e domingos, uma grande reportagem para você ouvir no seu tempo. Sem deixar que a pressa do dia a dia atrapalhe a imersão no tema. Afinal, uma boa história merece ser contada e recontada muitas vezes. E em vários formatos.
Reportagem: Maria Antônia Rebouças
Locução: Maria Antônia Rebouças
Arte sobre foto de Paula Beltrão
Coordenação: Rafael Alves
#maternidade #minasgerais #uberlandia
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NotíciasTranscrição
00:00Olá, eu sou Maria Antônia Rebouças e esse é o Notícia em Áudio, o podcast do jornal
00:08Estado de Minas, que lê aos sábados e domingos uma grande reportagem para você ouvir no
00:12seu tempo.
00:14O texto de hoje é de minha autoria.
00:16Maternidades de Uberlândia criam áreas separadas para mulheres que perderam seus bebês.
00:22A Prefeitura de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, sancionou na quinta-feira, 8 de maio,
00:27uma lei que garante alojamentos separados para pessoas cuja gravidez resultar em aborto,
00:32óbito fetal ou perinatal nos hospitais municipais.
00:36A mudança no Código Municipal de Saúde busca garantir privacidade e bem-estar psicológico
00:41às mulheres em situação de perda gestacional.
00:44Paula Beltrão, fotógrafa de família há 15 anos e cofundadora do Grupo Colcha, que há
00:49quase uma década oferece apoio à perda gestacional e neonatal, lembra que o nascer e o morrer
00:55caminham lado a lado.
00:56Ela defende que o momento da dor precisa ser respeitado com a mesma delicadeza que o do
01:01nascimento.
01:03Através da fotografia e do trabalho do Colcha, Paula busca oferecer acolhimento às famílias
01:08que passam por esse processo e reforça, ninguém é preparado para um desfecho não favorável
01:13de um nascimento.
01:15Durante esses anos participando de partos, ela afirma que, por vezes, as equipes não sabem
01:20como lidar com essas mães.
01:21A dor já é grande demais, então a gente não precisa causar mais traumas.
01:26É fundamental colocar essa mulher num quarto separado, dar a ela a possibilidade de ficar
01:30com o filho o tempo que for necessário, explicar a importância dela ter uma foto, tocar e conhecer
01:36esse bebê.
01:37Isso tudo cria uma ligação que vai muito além da morte.
01:40É uma ligação para a vida.
01:42Explica.
01:42Quem também conhece essa dor de forma profunda é a obstetra Mônica Nardi.
01:47Ela perdeu sua filha com 38 semanas e 6 dias de gestação.
01:52Acho que o que mais me dói foi a maneira que aconteceu a despedida, porque foi tudo muito
01:56rápido.
01:57Eu não tive orientação de pegar minha filha, de abraçar, registrar, tirar uma foto.
02:01Eu não tenho uma mecha de cabelo, não tenho nada dela.
02:04E o que a gente defende é que quanto mais memória, mais saudável será o processo do
02:08luto.
02:09Relembra Mônica, que hoje faz parte do grupo Colcha, junto com outras 280 mulheres.
02:15Paula e Mônica reforçam que a nova lei é um grande passo para garantir condições
02:19melhores a essas mulheres.
02:21Ambas reforçam.
02:23O sofrimento se agrava quando, após a perda, essas mães permanecem ao lado de outras que
02:28terão seus bebês no braço.
02:30Por isso, segundo elas, é necessário que, além de um ambiente separado para acolhimento,
02:35também exista uma identificação, que indique à equipe médica que aquela mulher não irá
02:39retornar com seu bebê, e demanda cuidado na abordagem.
02:43Já é uma situação muito constrangedora.
02:45Aquela mãe que perdeu um filho, ela está extremamente fragilizada e com sentimento de
02:49culpa.
02:50Então, ouvir o choro de outras crianças, ver outras mães comemorando, ser abordada por
02:54um profissional desavisado, ou até mesmo se deparar com um berço no quarto ao retornar,
02:59tudo isso se torna a experiência mais difícil.
03:02Alerta Mônica.
03:03A obstetra também conta que a perda gestacional de sua segunda filha mudou totalmente sua abordagem
03:09médica com suas pacientes.
03:10Hoje, ela prioriza e destaca a importância de um olhar cuidadoso na condução do pré-natal
03:15de alto risco e no acolhimento a mulheres que caminham com bebês com síndromes dentro
03:20da barriga, ou aquelas que, inevitavelmente, vão perder os seus filhos.
03:24Todo esse período anterior ao parto é fundamental.
03:26Mas, independente do sucesso dos exames e acompanhamento médico da gestação, o momento do parto sempre
03:32é delicado.
03:34E o profissional também precisa estar preparado para ser empático com aquela paciente, em
03:39caso de um desfecho não favorável.
03:41A vivência me trouxe uma certa autoridade no assunto.
03:44O médico, no momento do trauma, tem que ter esse olhar empático, valorizar o filho daquela
03:48mulher e oferecer uma despedida respeitosa, com o tempo que ela julgar necessário.
03:52Reforçou a médica.
03:54Paula Beltrão destaca que é fundamental a criação de um protocolo nas maternidades,
03:59que oriente os profissionais e ofereça um processo de acolhimento inteligente.
04:04Espaços e quartos separados para essas mulheres e, principalmente, uma simples pulseira ou qualquer
04:09outra maneira de identificação.
04:11São detalhes que, para essas mães, mudam tudo.
04:13Mônica Nardi também chama a atenção para o protocolo médico posterior à perda e
04:20as técnicas diagnósticas para tentar descobrir o que aconteceu.
04:24É fundamental que o profissional entenda que, enquanto a paciente inicia o processo do
04:28luto, ele deve garantir que o material genético do neném e da placenta sejam enviados para
04:33análise.
04:34É um momento de oportunidade, independente do acontecido.
04:37Aquela mãe não vai ver aquele filho mais.
04:39E se a placenta vai para o lixo e a razão do falecimento fica sem respostas, essa mulher
04:44está ainda mais sujeita ao sentimento de culpa.
04:47Conta.
04:48A dor vivida pela perda gestacional é indeterminada.
04:51O luto não tem data para encerrar.
04:54Essas mulheres, quando não acolhidas e orientadas da maneira correta, estão sujeitas a um período
04:59ainda mais intenso de recuperação.
05:02Paula conta a reportagem que todas as integrantes do grupo falam dos filhos com muito carinho,
05:07independente do tempo vivido ao lado da criança.
05:10Mostrando que, mesmo sem a presença física do bebê, existe para sempre uma mãe ali.
05:15A íntegra dessa reportagem foi publicada no jornal Estado de Minas em 9 de maio de
05:202025.
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