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  • 20/05/2025
O delegado da Polícia Civil do Paraná (PCPR), Fabiano Oliveira, detalhou nesta terça-feira (20) os desdobramentos da investigação sobre a morte de um bebê de três meses em uma creche clandestina localizada no bairro Tatuquara, em Curitiba. Em depoimento à imprensa, o delegado confirmou que a unidade funcionava sem autorização e que, no dia da tragédia, cerca de 20 crianças estavam sob os cuidados de apenas dois adultos.

De acordo com o delegado, o casal responsável pela creche afirmou, durante o interrogatório em flagrante, que normalmente cuidava de cinco a seis crianças, mas que na segunda-feira houve uma "sobrecarga excepcional" devido ao suposto fechamento temporário de algumas creches municipais pela manhã. Isso teria levado mais pais a procurarem o local.

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Transcrição
00:00O delegado, a informação é que ontem foi um dia típico na creche?
00:06Sim, nós tivemos ontem à noite interrogando o casal durante os procedimentos do flagrante
00:11e eles esclareceram que não é hábito deles permanecer com 20 crianças no local,
00:17como foi identificado pela polícia militar e confirmado por nós, a polícia civil.
00:21Em média, eles têm 5, 6 crianças que eles tomam conta,
00:24mas que ontem, em razão do fechamento pela manhã de algumas creches municipais,
00:32teria havido uma sobrecarga nessa estrutura de ter mais crianças do que eles costumavam lidar no dia a dia.
00:39Nós vamos, obviamente, confirmar essa informação junto com a prefeitura,
00:42já que ontem à noite, quando nós terminamos o interrogatório, já por volta de 9 horas da noite,
00:47não era possível confirmar essa informação.
00:49Nós vamos confirmar no curso da investigação, para realmente verificar.
00:53De fato, alguns pais relataram que houve, sim, algum problema em algumas creches.
00:58Aí nós vamos levantar quais são essas creches, os motivos pelos quais isso aconteceu.
01:03Mas essa sobrecarga levou, realmente, a uma presença de aproximadamente 20 crianças no local,
01:09para que dois adultos apenas tomassem conta.
01:12Também informaram que, durante esses 10 anos que a creche funciona,
01:16não tiveram nenhum problema relatado, em termos de qualquer tipo de mínimo machucado que fosse das crianças,
01:24e que foram visitados, tanto pelo Conselho Tutelar, quanto pela Vigilância Sanitária.
01:30Então, nós vamos confirmar também essas informações, por meio de ofícios, aos órgãos,
01:33para que eles nos passem quais foram as providências somadas,
01:36e os relatórios que foram elaborados aí dessas visitas.
01:39E, doutor, mas o que é considerado para ter uma estima?
01:42Quais são os visíveis que devem ser considerados?
01:45Bem, todo comércio ou prestador de serviços precisa estar regularizado junto aos órgãos municipais,
01:52no caso, Secretaria da Educação, Corpo de Bombeiros,
01:56então, Vigilância Sanitária.
01:58Então, em sendo uma creche, deveria ter licença de todos esses órgãos para obter o seu funcionamento.
02:04E isso realmente não existe.
02:06Tanto a Prefeitura já confirmou que não existe essa regularidade,
02:09como os próprios proprietários também que não existe essa regularidade.
02:12Então, aí se torna realmente uma creche clandestina.
02:15Essa creche está funcionando há muito tempo?
02:17Dez anos de funcionamento.
02:19E aí, realmente, não é uma situação que aconteceu recentemente.
02:24E o interessante é que, pelo menos no tocante à Polícia Civil,
02:26nós nunca recebemos nenhum tipo de denúncia em relação ao funcionamento clandestino dessa creche.
02:31infelizmente, houvesse tido esse tipo de comunicação, a situação poderia ter sido evitada.
02:37Então, a gente orienta a população que evite ao máximo possível recorrer a esse tipo de serviço.
02:42A gente entende que há uma falta no Brasil inteiro de vagas.
02:46E isso é uma coisa que os poderes públicos precisam ter mais atenção,
02:50porque a Constituição fala em prioridade absoluta da criança e adolescente,
02:53justamente para que a gente, nessas horas, evite esse tipo de situações tendo vagas suficientes na rede pública.
02:58Agora, isso precisa ser no Brasil inteiro, não é um problema exclusivo de Curitiba.
03:03A gente sabe que tem esse problema, a gente entende a população, a angústia deles de ter que recorrer a esse serviço,
03:08mas a gente pede que evite ao máximo e busque informações de quem cuida dos seus filhos,
03:13se a pessoa tem experiência, se não tem experiência, se de repente tem algum treinamento de primeiros socorros,
03:18se tem algum conhecimento ali de enfermagem ou de auxiliar de enfermagem,
03:20que possa saber quais são os procedimentos necessários para intervir em uma situação de emergência.
03:27E, havendo isso, pelo menos há de se ter uma segurança um pouco maior de que não haverá uma tragédia,
03:34que pelo menos evitar-se-á ao máximo a tragédia que aconteceu na data de ontem.
03:38Não, a princípio eles não têm formação na área, embora ele tenha descrito o procedimento que ele fez
03:49e, de fato, é o procedimento correto para o desengasgamento.
03:53E depois foi orientado pelo telefone pela própria equipe do SAMU a fazer a massagem cardíaca no bebê.
03:59Então, isso, segundo eles, foi feito e até que o SAMU chegou e deu continuidade.
04:04Mas eles, apesar de não terem essa expertise técnica, são pais de três filhos, já em idade adolescente,
04:13têm experiência no lidar com crianças e já estão há dez anos trabalhando.
04:17Isso é incidentes registrados.
04:18Então, de fato, não são pessoas que não sabem lidar com crianças.
04:23Mas essa situação excepcional de emergência, ela exige um preparo um pouco maior emocional,
04:28um preparo psicológico e um preparo técnico.
04:31E, infelizmente, essas pessoas não têm.
04:33Doutor, esse casal foi conduzido até a delegacia.
04:36O que eles falaram durante esse procedimento?
04:38E a pergunta também, os pais da criança não foram ouvidos?
04:41Os pais da criança não foram ouvidos, serão ouvidos no decorrer da investigação.
04:45A gente prefere, nesse momento, deixar a família passar por esse momento de luto ali
04:50para que eles possam se reconfortar e, na seguida, a gente vai ouvir, não apenas eles,
04:55mas todos os pais que foram identificados tinham crianças ali naquela creche.
05:00Os proprietários falaram, de fato, essas informações de que já são dez anos,
05:05sem nenhum incidente, sem nenhum tipo de problema com crianças,
05:09nem acusação de maus-tratos, nada, nada, nada disso.
05:12E que eles, de fato, teriam recebido a visita desses órgãos públicos.
05:17E, por isso, a gente vai pedir a esses órgãos que nos encaminhem esses relatórios
05:21para ver quais foram as providências adotadas, tanto pela vigilância,
05:24quanto pelo Conselho Tutelar, que teriam sido os órgãos que os visitaram.
05:28Seriam pouco mais de cinco, seis crianças que eles dariam conta ali no dia a dia,
05:33mas, como falei também, que eles falaram que essa situação excepcional do fechamento,
05:37o suposto fechamento das creches na data de ontem,
05:40levou a essa sobrecarga, a essa procura maior da unidade deles,
05:45da creche clandestina, para poder cuidar dessas crianças.
05:48Eles não foram orientados a fechar por ninguém, por esses órgãos que estiveram lá,
05:52por ser tutelar, não falaram que era impossível fazer aquilo,
05:58que tinha que fechar, que aquilo não era legal, delegado?
06:01Então, eles falaram que houve uma orientação da vigilância sanitária
06:06para que eles não poderiam permanecer abertos.
06:08Mas eles também, perguntei se eles teriam retornado lá para fiscalizar,
06:12se tinha sido fechado, eles falaram que não tiveram nenhum retorno da vigilância
06:16em relação a isso, é que eles entendem que eles não eram creches,
06:20eles eram cuidadores.
06:23E eu expliquei para eles que, a partir do momento que você recebe crianças na sua casa,
06:29várias crianças, você tem uma estrutura que, inclusive,
06:31fornece alimentação para essas crianças,
06:33no nosso entendimento, se trata de uma creche,
06:35e não de um mero cuidador de crianças.
06:37Recebendo as suas fechas, eles foram decididos,
06:39foram decididos, alguém pagou a criança, alguém saiu,
06:42alguém foi decidido, quais são os próximos fatos agora?
06:45Tem alguém que deve passar por audiência de episódio?
06:47Sim, como o fato foi enquadrado, a princípio, por homicídio culposo,
06:51dada essa excepcionalidade da permanência dessas 20 crianças no local,
06:54que isso não era, em tese, uma rotina,
06:57que fosse um risco contínuo que eles estivessem assumindo,
07:01mas com a situação esporádica,
07:02entendemos que a situação se caracterizava mais como uma imprudência por parte deles,
07:06de receber aquelas crianças, mesmo diante de uma situação excepcional,
07:09a bem da verdade, tentando ajudar os pais,
07:12fique bem claro isso,
07:13tentando ajudar os pais que precisam ir para o trabalho,
07:16e aí acabaram assumindo um risco,
07:18de uma forma imprudente,
07:20de receber mais crianças do que, de repente, eles dariam conta,
07:23ou de permanecer com mais crianças do que eles dariam conta.
07:26Então, diante disso, foi feito o procedimento por homicídio culposo,
07:29que é quando não há intenção de matar,
07:30nem se assume o risco da morte,
07:33do resultado morte,
07:34mas apenas se age por negligência, imprudência ou imperício.
07:37No caso deles, entendo mais que se assemelha a uma imprudência,
07:41eu expliquei para eles que eles deveriam ter se recusado a receber mais crianças
07:45do que eles dariam conta para receber, para cuidar ali naquele local.
07:49Diante disso, a gente fez o procedimento por homicídio culposo,
07:52que permite o arbitramento de fiança policial,
07:55e a gente é obrigado, por lei, a arbitrar sob pena de abuso de autoridade.
07:59Então, nós já arbitramos essa fiança,
08:01essa fiança foi paga por um deles,
08:03que foi pela feminina,
08:05e foi posta em liberdade,
08:06e o masculino foi encaminhado para a cadeia pública,
08:08e vai ser encaminhado para a audiência de custódia,
08:10ficará à disposição do Poder Judiciário.
08:12Esse bebê já estava com eles ali há cerca de uma semana,
08:23já havia cerca de uma semana que esse bebê estava com eles ali,
08:26teria sido encaminhado, inclusive, por indicação de outras pessoas
08:30que recomendaram aquela residência ali,
08:35por ser uma residência que era conhecida dos outros pais,
08:38como que cuidava bem das crianças,
08:40e recebia bem as crianças,
08:42e foi indicado ali para aquela família que levasse essa criança para lá,
08:45porque eles tinham tido alguns problemas em outras,
08:48com outros cuidadores.
08:51E aí eles acabaram optando por,
08:53já que tinham essa indicação,
08:55essas boas referências, acabaram levando ali para o local.
08:58Então, havia uma informação também
09:00de que essa criança teria sido internada
09:03por algum problema respiratório cerca de 15 dias antes.
09:06Então, a gente também vai estar averiguando isso junto ao Poder Público,
09:10saber se essa criança esteve internada,
09:11ou passou por algum tratamento respiratório ali,
09:15alguma unidade de saúde aqui da capital paranaense.
09:18O masculino tem 37 anos e a feminina 43 anos.
09:27Então, essas são as informações.
09:28Delegado, desculpe, peço licença,
09:30o senhor pegou uma interferência na sua primeira resposta,
09:32só vou pedir para o senhor falar para a gente.

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