Em entrevista ao Jornal Jovem Pan, o economista Will Castro Alves analisou o novo recorde do Ibovespa, que fechou aos 138 mil pontos. Segundo ele, o resultado está ligado à ata do Copom e à trégua tarifária entre Estados Unidos e China, que diminuíram a volatilidade dos mercados.
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00:00Direto então pra Miami conversar com o estrategista-chefe da Avenue, o economista Will Castro Alves, mais uma vez chegando aqui ao Jornal Jovem Pan.
00:07Tudo bem, Will? Boa noite pra você, muito bom te receber sempre.
00:11Boa noite, Thiago. Prazer estar falando contigo hoje de Nova York.
00:15Olha só. Nova York, então você tá no centro financeiro, mais perto do centro financeiro nervoso aí dos Estados Unidos.
00:22Então eu já te pergunto, como é que foi o dia na Bolsa por aí?
00:25E, claro, toda essa questão das tarifas dos Estados Unidos com a China e esse índice de inflação que foi divulgado hoje.
00:36Exatamente, Thiago. A gente teve um índice de inflação ao consumidor americano, que mostrou que a inflação ainda está acima da meta do Fed,
00:46mas ela veio aquém daquilo que o mercado estava esperando.
00:49E isso foi uma boa notícia.
00:51Pelo menos apazivo um pouco aquele receio de que os juros possam não ceder.
00:57E isso porque, também ao longo dessa semana, a gente começou a semana com a boa notícia do acordo entre Estados Unidos e China
01:06que posterga a implementação de tarifas por 90 dias.
01:09E, mais do que isso, a fala do Scott Bester, secretário do Tesouro americano, que participou das reuniões na cúpula indiana na Suíça,
01:22e comentando que as negociações fluíram muito bem e a conversa andou bem.
01:29E isso surpreendeu o mercado, que não imaginava que um acordo com a China pudesse acontecer tão cedo.
01:34Se falava em acordo com a Coreia, com a Índia, a gente viu um acordo com o Reino Unido, com a Inglaterra,
01:41um antigo parceiro comercial americano, algo já relativamente esperado,
01:46mas não se imaginava que iria chegar a um acordo, ou pelo menos a postergação de tarifas.
01:52Isso surpreendeu positivamente o mercado, que subiu bem na segunda-feira,
01:57ativos de risco performando bem, Bolsa Americana performando muito bem.
02:01E, ora, se ativos de risco performam bem, o real acaba se valorizando também.
02:08Então, essa alta do real, ou queda do dólar, tem a ver, obviamente, com essa percepção mais otimista,
02:16com a redução da volatilidade aqui no coração financeiro americano,
02:21com a percepção de que talvez o pior tenha ficado para trás,
02:25aqueles receios de que uma recessão pudesse acontecer nos Estados Unidos,
02:29afetando o mundo inteiro, com as duas grandes potências globais brigando,
02:33especialmente os Estados Unidos, a maior economia do mundo,
02:36isso acaba se dissipando.
02:38A gente tem visto uma revisão aí de projeções,
02:41o mercado voltando a apostar que a economia americana pode crescer,
02:45com isso, juros eventualmente não caem tanto,
02:48obviamente que, como eu comentei, a inflação hoje acabou dando uma ajuda nesse sentido,
02:53mas a gente tem visto o mercado se reagindo bem.
02:57E quem diria, né, depois de 30, pouco mais de 30 dias do tarifácio,
03:01dizer que a bolsa americana já teria voltado para onde estava,
03:04e até subiu já, frente, logo após aquele dia que foi anunciado o tarifácio do Trump.
03:10Até porque eu vou passar a palavra para os comentaristas,
03:12mas eu te pergunto o seguinte, Will,
03:14quer dizer que o tarifácio é uma bolha que já estourou, é isso?
03:16Boa analogia, né, de fato, o impacto econômico ainda está sendo sentido,
03:24ainda deve ser sentido.
03:26O que o tarifácio fez foi afetar os indicadores de confiança,
03:30tanto do consumidor quanto do empresário,
03:32estão bastante abalados aqui nos Estados Unidos.
03:35Mas uma coisa é o que você imagina, espera e tem receio em relação ao futuro,
03:39agora, aquilo que você de fato faz,
03:42se você continua consumindo e continua investindo,
03:44investindo, a roda continua girando, a economia continua girando.
03:48E por ora a gente não viu o impacto econômico efetivo nos dados.
03:52É impossível que a gente veja, mas o mercado já olha um pouco à frente.
03:57Não, tudo bem, foi um mês aí mais fraco de atividade,
04:00mas Estados Unidos e China já estão conversando,
04:03vão se resolver e as coisas vão andar.
04:05Mercado sempre olhando ali seis meses na frente, né?
04:09Cristiano Vilela, sua pergunta, Will Castro Alves,
04:11economista da Avenue, diretamente de Nova York.
04:15Will.
04:15Will, boa noite.
04:17Will, na sua avaliação, estamos vivendo aí um momento realmente de euforia, né?
04:21Muita gente animada com esse acordo preliminar,
04:24pelo menos entre Estados Unidos e China.
04:26Dá pra imaginar que desse imbróglio já tenha algum derrotado?
04:30Que talvez esse acordo entre os dois gigantes
04:33pode eventualmente acabar sendo considerada a derrota
04:36de algum dos players envolvidos?
04:38Olha, é difícil ver dessa forma,
04:42porque, na verdade, quando as duas superpotências do mundo,
04:45as duas maiores economias do mundo brigam,
04:47o mundo, na verdade, acaba perdendo.
04:50Existia aí uma expectativa de que, eventualmente,
04:54essa briga entre Estados Unidos e China
04:56abrisse espaço para outros países ocuparem esse espaço.
05:00O próprio Brasil poderia se beneficiar aí
05:02de uma briga entre Estados Unidos e China,
05:05falava da Coreia, da Índia,
05:07e aí, eventualmente, em não havendo briga entre Estados Unidos e China,
05:12eles deixam de aproveitar essa oportunidade.
05:16Mas eu acho um tanto quanto prematuro dizer isso
05:18por dois motivos.
05:20Um, porque, de novo, se as duas maiores potências brigarem,
05:23isso acaba sendo ruim para o mundo como um todo.
05:26Não tem tanto ganhador nessa história.
05:28E o outro ponto é que, apesar de postegarem as tarifas,
05:33tem que bater na madeira aqui, não tem nenhuma madeira perto.