Os Correios anunciaram um plano para enfrentar o prejuízo de R$ 2,6 bilhões registrado em 2024. As medidas incluem redução da jornada de trabalho com corte proporcional de salários, suspensão temporária de férias até janeiro de 2026 e retorno ao trabalho presencial a partir de 23 de junho.
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NotíciasTranscrição
00:00Os Correios divulgaram internamente um ofício com novas medidas
00:05para enfrentar o prejuízo de R$ 2,6 bilhões, valor registrado em 2024.
00:13Quem traz as informações, mais uma vez aqui no Jornal Jovem Pan,
00:16chegando por aqui, o André Anelli.
00:18O objetivo dessa ação é reduzir os custos ainda nesse ano.
00:22André, será que a autarquia vai conseguir?
00:24Boa noite, bem-vindo e bom trabalho.
00:25Esse ano e também no ano que vem, viu, Tiago?
00:31Muito boa noite, bom trabalho a você, boa noite a todos aqui no Jornal Jovem Pan.
00:36De acordo com um ofício distribuído pelos próprios Correios,
00:40diversas medidas vão ser adotadas para contornar ou pelo menos diminuir
00:45o prejuízo da empresa pública que atingiu R$ 2,6 bilhões no ano passado.
00:51Entre as ações divulgadas estão o compartilhamento de unidades operacionais,
00:56a venda de imóveis ociosos, redução de custos com manutenção,
01:01otimização da malha operacional e logística,
01:05revisão de contratos nas 10 maiores superintendências estaduais,
01:09reestruturação da rede de atendimento
01:12e aprimoramento da malha de transporte aéreo e terrestre.
01:16A gente relembra que ontem os Correios divulgaram um outro ofício
01:20em que pediam a colaboração dos funcionários para ajudar a reduzir os gastos.
01:26Entre as medidas propostas está o incentivo à redução de jornada de trabalho,
01:31consequentemente à redução do salário dos trabalhadores.
01:35Na semana passada, os Correios alegaram que o novo resultado deficitário
01:39se deve ao fato de apenas 15% das agências serem lucrativas.
01:44A empresa pública afirmou que mantém as demais unidades no prejuízo,
01:48que representam 85% do total,
01:51porque elas garantem o acesso universal aos serviços postais
01:55em todos os mais de 5.600 municípios do país.
02:00Os Correios citaram ainda os impactos da chamada taxa das blusinhas,
02:05em que compras internacionais acima de 50 dólares
02:08passaram a ter uma cobrança de 20% de imposto de importação
02:12e 17% de ICMS dos estados.
02:15Segundo a empresa, essas modificações na regulação dos produtos importados
02:21foram o fator principal para a queda de 1,7% na receita de vendas e serviços.
02:28Agora, caso esse plano de redução de gastos alcance os efeitos projetados,
02:34os Correios esperam economizar 1 bilhão e 500 milhões de reais em 2025.
02:40Tiago.
02:41Pois é, o desafio então dos Correios.
02:43André Nelly, daqui a pouquinho você vai voltar.
02:45E mais um giro com os nossos comentaristas Nelson Kobayashi.
02:48A própria história de privatizar os Correios,
02:50essa história não é nova,
02:53inclusive já há essa discussão,
02:55o Vilela chegando por aqui.
02:56Eu te pergunto então, Kobayashi,
02:58de que forma o governo vai trabalhar com isso?
03:00Porque são prejuízos muito altos
03:02e os funcionários podem perder emprego,
03:05tem o PDV que eles estão tentando fazer.
03:08Olha, Tiago, apesar de toda a pressão
03:10em relação aos prejuízos dos Correios nos últimos anos todos,
03:15não vai acontecer nada nessa gestão do presidente Lula
03:17porque a visão que se tem do governo Lula em relação aos Correios
03:21não é de que a empresa pública deva dar lucro.
03:24Os Correios teriam uma função social de atingir os lugares
03:29onde a iniciativa privada não teria interesse de chegar.
03:32Então uma agência no interior do estado do norte,
03:37por exemplo, de algum dos estados do norte,
03:39não daria lucro a uma empresa privada
03:41e, portanto, não faria sentido uma privatização.
03:44Só o estado mantém ali um prédio, uma estrutura,
03:49funcionários, ainda que dando prejuízo,
03:51para o simples fato de manter este lugar acessível
03:54pelos Correios a essas pessoas.
03:56Além disso, também com as funções sociais dos Correios,
03:59como, por exemplo, como foi na tragédia do Rio Grande do Sul do ano passado,
04:03em que só pelo fato dos Correios existirem
04:06é que o Brasil todo pôde mandar gratuitamente, inclusive,
04:10para o cidadão as suas doações.
04:13Então esta visão social a respeito dos Correios
04:15faz com que, neste governo,
04:17não haja nenhum tipo de ensaio de privatização da entidade.
04:21É verdade, não há dúvida que é uma empresa importante para o Brasil,
04:24enfim, mas é uma empresa que faz praticamente esse trabalho sozinho, né?
04:28Exatamente.
04:29Exatamente, Diago.
04:30E nós estamos falando de um número que é astronômico.
04:332,6 bilhões de perda no ano de 2024.
04:37É um número extremamente significativo,
04:40dá quase metade do que está sendo apurado aí preliminarmente
04:43nessas investigações do INSS.
04:45O número é muito grande.
04:47O governo federal, que tem grandes dificuldades financeiras,
04:50o país precisa realmente ter um pouco mais de caixa para investimentos,
04:55acaba não podendo ficar custeando uma gastança desordenada como essa
05:00e que não consegue se sustentar.
05:03Eu vejo que seria fundamental que o governo olhasse com olhos mais profissionais,
05:07mais racionais para os Correios,
05:09ou então, infelizmente, nós vamos ter a continuidade desses gastos muito volumosos.
05:14Pois é, Cubair, só para a gente fechar essa discussão,
05:17de que forma o governo deve tratar isso, então?
05:19Se não quer privatizar, como é que fica?
05:22Pois é, essa já é uma medida que visa amenizar a chuva de críticas contra os Correios.
05:27Recentemente a gente teve uma onda de muitas críticas em relação justamente a esses números,
05:32a esses bilhões de prejuízos que a entidade tem dado nos últimos anos.
05:36Então, tem essa medida, tem também as outras coisas acontecendo que tiram o foco,
05:41de alguma maneira, também dos Correios, e assim o governo vai levando.
05:45Não vai haver nenhum tipo de mudança, até porque a pessoa escolhida para a presidência dos Correios
05:49é a pessoa da maior confiança do presidente Lula.
05:53Não é indicação de partido político, não é indicação nem do próprio partido,
05:57é uma indicação pessoal, até porque lá atrás o presidente teve problemas justamente no mensalão
06:04a partir de uma CPI dos Correios.
06:06Então ele vê os Correios como uma entidade estratégica de muita confiança.
06:10Não só os Correios, mas algumas outras também, como IBGE, dentre outras.
06:14Então o presidente Lula vai manter, segurando a pressão,
06:18e vez ou outra tendo alguma medida como esta aí para amenizar a chuva de críticas.