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  • 02/05/2025
O professor de relações internacionais Guilherme Câmara Meirelles concedeu entrevista exclusiva ao Jornal Jovem Pan. Ele analisou o acordo entre a Ucrânia e os Estados Unidos para os norte-americanos explorarem recursos minerais em território ucraniano, rico em minérios raros. O presidente Donald Trump alegou que o acordo é uma forma de pagamento de ajuda ao país durante o conflito com a Rússia. A medida faz parte das negociações para o fim da guerra no Leste Europeu. Cristiano Vilela participa.

Assista ao programa completo: https://www.youtube.com/watch?v=39zSeirrLhc

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Transcrição
00:00O acordo entre a Ucrânia e os Estados Unidos para a exploração de minerais no país do leste europeu
00:06não inclui garantias de segurança ao território.
00:10O nosso entrevistado agora, aqui no Jornal Jovem Pan,
00:12especialista em relações internacionais, o professor Guilherme Câmara Meirelles.
00:16Tudo bem, professor? Mais uma vez, muito obrigado por estar aqui conosco. Bem-vindo.
00:20Boa noite, Tiago. O prazer é meu.
00:22O prazer é nosso.
00:24Professor, claro que esse acordo que foi divulgado ontem,
00:27mas hoje há já uma repercussão muito grande de insegurança
00:31e a própria manifestação, até agora, muito breve da própria Rússia sobre isso
00:38para saber o que efetivamente pode acontecer, se os russos poderiam interferir nisso ou não,
00:44se isso interessa à Rússia ou não, de que forma esse acordo,
00:48que, claro, olha o lado da Ucrânia e tem o apoio dos Estados Unidos.
00:52Mas como é que fica essa questão?
00:53Pode ser um avanço em relação ao fim da guerra ou tudo ainda é muito incerto?
00:58É muito precipitado falar sobre isso, professor.
01:02Olha, eu acredito que falar sobre o fim da guerra agora ainda é muito precoce,
01:06porque o que está em jogo agora, na verdade, não são mais os interesses da Ucrânia,
01:11mas sim os interesses dos Estados Unidos que entraram agora nesse jogo
01:16de uma maneira muito mais profunda do que estava antes.
01:19Pelo seguinte, no governo Biden, a Ucrânia era um país que fazia parte da OTAN,
01:25como faz até hoje, e os Estados Unidos eram obrigados, por causa do estatuto da OTAN,
01:31de proteger justamente a Ucrânia.
01:34Só que o que está agora, o Donald Trump enxerga a Ucrânia como uma peça estratégica
01:38para os interesses comerciais dos Estados Unidos, por causa dos minerais raros,
01:43das terras raras que eles chamam, porque muitos dos produtos que estão lá,
01:47como níquel, lítio, urânio, que é utilizado para enriquecimento nuclear,
01:53são produtos que os Estados Unidos importam da China, certo?
01:57Então agora, nessa guerra comercial com a China, eles precisam depender cada vez menos dos chineses.
02:03Então eles dependem, eles importam menos esses produtos da China
02:07e vão ter que buscar outra opção.
02:09Qual a melhor opção? A Ucrânia.
02:10Tanto que a principal zona de guerra, que é aquela região ao norte da Crimeia, por exemplo,
02:15é, coincidência ou não, a região onde tem a maior parte desses minerais raros.
02:22E professor, só mais uma questão, antes de passar para o Vilela,
02:26o senhor acha que isso pode antagonizar os Estados Unidos com a própria Rússia?
02:30Porque, como o senhor bem disse, é um interesse também do governo americano em relação a isso.
02:35Como que fica a Rússia nessa questão?
02:36Então, a Rússia, a peça, a Ucrânia se tornou uma peça geopolítica entre o jogo de interesse dos dois países.
02:46É uma versão repaginada da Guerra Fria no século XXI.
02:50Porque durante a Guerra Fria, tanto a União Soviética quanto os Estados Unidos,
02:55em momento algum eles entraram em confronto direto.
02:57Só que o que aconteceu?
02:58Eles entraram em confrontos indiretos se utilizando de alguns países.
03:02Como, por exemplo, a crise dos mísseis em Cuba, os golpes militares na América Latina,
03:06que eram para derrubar governos apoiados pela União Soviética.
03:10Então, eram golpes apoiados pelos Estados Unidos.
03:12Ou então, as lutas de independência na África,
03:14que também tinham as disputas.
03:16De um lado, um grupo apoiado pelos soviéticos.
03:19Do outro, um grupo apoiado pelos Estados Unidos.
03:21Então, a Ucrânia é uma peça geopolítica justamente no sentido
03:25de configurar a briga entre Rússia e Estados Unidos
03:29sem que haja um confronto direto entre eles.
03:31Mas eles vão disputar indiretamente o poder dentro da Ucrânia
03:34porque cada um dos dois países tem um interesse específico dentro da Ucrânia.
03:38Professor Guilherme, vou chamar o Cristiano Vilela,
03:41faz a próxima pergunta dessa nossa conversa.
03:44Vilela.
03:45Professor, boa noite.
03:47Professor, fazendo o gancho agora na sua última fala,
03:50esses interesses que Estados Unidos e Rússia têm no território ucraniano
03:55pode fazer com que diante desse acordo agora se dê uma sobrevida ao conflito
04:00no sentido de manutenção de um apoio mais efetivo financeiro dos Estados Unidos
04:06na Ucrânia, mantendo ainda o conflito?
04:09Ou, na sua visão, o mais provável é que o papel dos Estados Unidos
04:13continue sendo na linha do que foi colocado já pelo presidente Donald Trump
04:18nos últimos meses no sentido de cessar essa guerra e cessar com os investimentos americanos
04:24no sentido de dar aporte à Ucrânia nesse conflito?
04:29Boa noite, Vilela.
04:30Eu acredito que essa sobrevida que você pergunta,
04:34ela ainda está longe de acontecer,
04:37porque agora a situação vai ser a seguinte,
04:39os Estados Unidos vão poder investir dentro da Ucrânia
04:42durante 10 anos nessas terras raras.
04:47Então, durante 10 anos, qualquer bombardeio russo a essas regiões
04:52vai atacar diretamente aos interesses dos Estados Unidos.
04:57Então, para a Rússia, não interessa que os Estados Unidos
05:00mantenham o seu poder lá dentro.
05:03Então, eu sinceramente não acredito,
05:04claro que cabeça de chefe de Estado a gente não consegue prever,
05:07mas eu sinceramente não acredito que a Rússia pararia um bombardeio
05:12por causa desse tratado.
05:14Porque a Rússia tem interesse,
05:15o principal interesse da Rússia desde que ela invadiu a Ucrânia
05:18lá em fevereiro de 2022,
05:20era justamente impedir que os Estados Unidos se aproximassem,
05:25ou a OTAN, melhor dizendo,
05:27se aproximasse cada vez mais da Ucrânia.
05:29Aquele jogo até da Ucrânia entrar na União Europeia,
05:32aquela coisa toda,
05:33é o grande medo da Rússia.
05:35A Rússia tem um histórico de invasões.
05:39Ela foi invadida por Napoleão Bonaparte,
05:41ela foi invadida por Adolf Hitler.
05:43Então, assim, os russos têm, na cultura deles,
05:47uma espécie de pânico de invasão.
05:50Então, qualquer ameaça próxima,
05:52no caso, a Ucrânia, que é um país limítrofe,
05:55qualquer ameaça próxima desperta esse, vamos dizer assim,
06:02esse alerta na cabeça dos russos.
06:04Aqui no Brasil é muito difícil a gente entender isso,
06:07porque a última vez que o Brasil foi invadido
06:09foi no século XIX.
06:11E foi uma guerra que impactou pouco o Brasil,
06:14que foi a Guerra do Paraguai.
06:15Então, para o brasileiro entender essa configuração
06:18é um pouco mais difícil.
06:19Agora, para o russo, é o contrário.
06:21Quer dizer, a última invasão que eles tiveram foi
06:23na década de 40,
06:24que foi uma guerra que custou milhões de vidas para os russos.
06:27Então, essa coisa da invasão,
06:29para eles, é um ponto muito sensível.
06:30Professor Guilherme, nessa semana tivemos o marco dos 100 dias,
06:35do segundo mandato de Donald Trump,
06:36do segundo governo dele.
06:38E eu pergunto para o professor o seguinte,
06:39a mídia estatal da China informou,
06:42nessa quinta-feira,
06:43que os Estados Unidos teriam procurado
06:45o país asiático para discutir a questão tarifária.
06:48Porque, de tudo que foi anunciado por ele,
06:51praticamente é o que sobrou.
06:53Tem um período ainda de transição,
06:55um período em que isso foi interrompido,
06:57mais por 90 dias, inclusive,
06:59mas a questão tarifária
07:01fica mais entre esse embate com a China
07:05e com os Estados Unidos.
07:06Eu pergunto para o professor o seguinte,
07:07é difícil saber se essa informação é verdadeira
07:09por se tratar de uma mídia estatal
07:11de um país como a China.
07:13Mas, de qualquer forma,
07:13a senhora acha que o governo americano
07:15está preocupado,
07:16existe uma preocupação,
07:18porque alguma coisa precisa ser feita.
07:20Porque são tarifas,
07:22são taxas muito altas,
07:24e aí não tem comércio que resista a isso,
07:26não é, professor?
07:29Sim, porque o Donald Trump tem uma visão,
07:31desde o primeiro mandato,
07:32de como se governar os Estados Unidos
07:34fosse controlar uma das empresas dele.
07:36Então, ele joga com aquela ideia do caos.
07:39A carreira corporativa dele
07:42sempre foi feita por meio do caos,
07:43do conflito.
07:45Então, quando ele tomou posse,
07:46ele criou todo esse cenário de caos
07:48dentro do sistema internacional,
07:50justamente com o objetivo de que,
07:52na cabeça do governo dele,
07:55de que a China ia ceder.
07:57Só que o que talvez ele não tenha calculado
08:00é que a China é um player muito mais importante
08:02do que ele imaginava nesse momento.
08:04E assim, está acontecendo aquilo
08:05que todos os analistas internacionais
08:07falaram que ia acontecer,
08:09que era o seguinte,
08:10a inflação nos Estados Unidos
08:11vai começar a crescer.
08:12Se você começa a criar essas tarifas,
08:15os produtos importados vão chegar mais caros,
08:18consequentemente, os produtos vão crescer.
08:20E se a gente pegar, por exemplo,
08:21as pesquisas recentes dos Estados Unidos,
08:23mostra que a popularidade do Trump
08:25nos últimos meses já começou uma queda
08:27que qualquer outro presidente
08:30não teve nos últimos anos nos Estados Unidos.
08:33Então, esse alerta dessa possível
08:35subida da inflação
08:37talvez esteja o que faz com que os Estados Unidos
08:41busquem essa negociação.
08:42O que você disse é a mais pura verdade.
08:44Dá para confiar na mídia estatal chinesa?
08:46Evidente que não.
08:47Só que, ao mesmo tempo,
08:48a gente também não pode confiar 100%
08:50em informações do governo Trump.
08:52Então, assim,
08:53ele possivelmente vai negar,
08:55dizendo que jamais buscaria a China
08:57para negociar,
08:58só que eu acredito que,
09:00em algum momento,
09:01essa negociação vai ter que acontecer
09:03por um motivo de sobrevivência
09:05do próprio governo Trump.
09:07Conversamos com o especialista
09:08em relações internacionais,
09:10professor Guilherme Câmara.
09:11Muito obrigado, professor,
09:12mais uma vez pela sua gentileza.
09:14Um bom feriado
09:15e até a próxima.
09:16Um grande abraço.
09:19Obrigado.
09:19Um bom feriado para todos vocês.

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