“É um conflito interno que muitas vezes acontece silenciosamente”, diz Leo Miggiorin

Transcript

00:00todos os homens gays acabam vivendo, de certa forma,

00:06algum tipo de repressão nessa cultura mais machista

00:11em que todas as setas apontam para um lado

00:23que não é o lado de quem vive uma experiência de vida

00:28homoafetiva, seja ela LGBT, enfim, é um processo de se reconhecer,

00:37parece, peraí, eu estou errado, eu não estou errado,

00:40até você entender, então nem sempre você tem um ambiente,

00:44pessoas, conversas, uma escola que acolha isso e que te diga

00:49é, faz parte, é normal, então você parece nesse limite

00:56do que é normal e do que não é normal, uma pessoa que vive

00:59uma experiência homoafetiva, acaba que se colocava, dependendo

01:04do ambiente, isso, num entendimento, uma percepção de estar errado

01:11no mundo, de estar fazendo algo errado, contrário à vontade

01:15dos seus pais ou do que é ser bem visto, bem quisto, então é uma luta,

01:24é um conflito interno que muitas vezes acontece silenciosamente

01:27enquanto a vida vai acontecendo, de repente você está famoso

01:31e isso ainda não é uma, não está tão bem sedimentado

01:35no sentido de a minha autoestima, proteção da minha privacidade,

01:40eu tenho direito à minha privacidade, eu fui descobrir isso na minha faculdade

01:45quando eu já tinha 28 anos, sei lá, que eu li Edith Stein

01:49e ela diz que nós temos direito à nossa privacidade,

01:56eu tenho direito a ter a minha intimidade, mesmo vivendo num mundo coletivo,

02:00isso pra mim foi libertador, porque ao me tornar uma pessoa pública,

02:04eu também entendi que eu tinha que dizer tudo, mas eu não podia dizer tudo,

02:08então era como um grande conflito e você acha que é um conflito

02:12que é só da minha cabeça? Não, nós vivemos uma cultura, né?

02:17E aí eu estou falando dos anos 90, anos 2000, anos 2010

02:21e assim, hoje a gente tem uma fala mais aberta sobre isso.