Em meio aos desentendimentos a respeito da guerra na Ucrânia, as tensões entre os EUA e Rússia aumentaram nos últimos dias. O mandatário norte-americano, Donald Trump, afirmou enviar submarinos para uma região próxima ao território russo como uma resposta às intimidações do país europeu. O professor doutor pela Escola de Comando e Estado Maior do Exército Marco Túlio de Delgobbo Freitas concedeu uma entrevista ao programa Fast News deste sábado (02) para repercutir o assunto.
Assista ao programa completo: https://youtube.com/live/II9XDd5DFFU?feature=share
Canal no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S
Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/
Inscreva-se no nosso canal: https://www.youtube.com/c/jovempannews
00:00De volta então a falar de Estados Unidos, mas dessa vez falando dos conflitos de modo geral e principalmente dos conflitos em relação a Rússia e também a guerra na Ucrânia.
00:12Porque em meio a desentendimentos sobre a guerra na Ucrânia, as tensões entre os dois países, entre Estados Unidos e Rússia, aumentaram nos últimos dias.
00:20O presidente americano, Donald Trump, chegou a dizer que enviou submarinos para uma região próxima ao território russo como uma resposta às intimidações do país.
00:31Para entender a escalada dessas ameaças, vamos conversar agora com Marco Túlio Delgobo Freitas, que é professor doutor pela Escola de Comando e Estado Maior do Exército.
00:43Seja bem-vindo, Marco Túlio.
00:45Uma boa tarde, é uma grande satisfação conversar aqui com vocês.
00:52Obrigada, eu que agradeço a sua participação.
00:54Queria começar perguntando realmente qual é a escalada, então, qual o risco de escalada, aliás, desse conflito para algo que sai aí do discurso.
01:04Uma vez que a gente já está vendo movimentação de submarinos, pode se tornar mais um conflito bélico neste momento?
01:10Bem, vejamos, durante a Guerra Fria, esse tipo de exercício era comum, tá?
01:20Tanto os Estados Unidos quanto a União Soviética e agora a Rússia, eles executavam esses exercícios de aproximação
01:28para, de certa forma, dissuadir ou comunicar o inimigo que ele possui uma capacidade de infligir dor a ele.
01:39Ou seja, infligir danos aos serviços estruturais de comando e controle, de governos militares.
01:48Por isso que tanto os Estados Unidos e a União Soviética, e hoje a Rússia, adoram esse tipo de exercício, principalmente utilizando esses submarinos.
01:59Porque é uma força, de certa forma, que não possui um arrasto de localização,
02:10então é possível, de certa forma, comunicar ao inimigo que, olha, eu estou com dois submarinos aí
02:18e se eu determinar, eles podem executar o serviço.
02:23No caso americano, eles estão usando os mísseis Tridente 2, que tem um alcance de 12 mil quilômetros.
02:32Ou seja, próximo à costa americana, próximo à parte do meio do Atlântico,
02:43já era possível que o submarino americano pudesse causar algum efeito contra a Rússia.
02:56Professor, eu chamo agora a nossa comentarista, Maria de Cali, para participar da conversa.
03:01Ela vai também te fazer uma pergunta. Maria, por favor.
03:05Oi, professor. Bom dia. Boa tarde. Tudo bem?
03:07A minha pergunta é, você mencionou a Guerra Fria e que isso era uma tática comum de intimidar ali os seus rivais.
03:17Pergunto, estamos vivendo uma Guerra Fria 2.0?
03:20Isso porque é uma tentativa muito clara do presidente Trump de usar essa proximidade física com esses submarinos,
03:29de tentar uma forma de coerção ali da Rússia, porque ele tentou via as tarifas e me parece que não foi bem sucedido.
03:37Até porque o comércio entre Rússia e Estados Unidos é bem pífio.
03:41Mas você acredita que seria, de fato, uma forma eficiente para ele conseguir o que ele quer?
03:45E que estamos vivendo a Guerra Fria 2.0?
03:50Bem, eu acredito que seja um jeito dos Estados Unidos, com o governo Trump,
03:56de negociar, de obter resposta de seus adversários.
04:00Eu gosto muito de comparar ao evento que foi recente, que é o caso do Irã,
04:08em que os Estados Unidos movimentaram tropas, movimentaram bombardeiros,
04:13para, de certa forma, coagir o governo iraniano de sentar à mesa e negociar.
04:20Eu acho que o mesmo cenário está acontecendo com a Rússia de Putin.
04:25O Trump, com certeza, está querendo com que a Rússia venha para a mesa de negociação em relação à Ucrânia,
04:35porque a guerra da Ucrânia está se arrastando.
04:38É um grande problema para a Rússia, que tem efeitos na sua economia,
04:44tem efeitos até na sua população economicamente ativa.
04:48Grande parte dos seus homens estão morrendo nas frentes ucranianas,
04:54mas isso também tem impacto na Ucrânia, tem impacto, sobretudo, na economia europeia,
05:00questão de gás, energia, e tem impacto também na economia norte-americana.
05:06Ou seja, é um grande problema econômico, além de militar e político,
05:12para todos aqueles envolvidos.
05:14Por isso que é tão importante para o Trump acabar com essa guerra,
05:20chegar a um ponto final.
05:24Então, é por isso que eu não, de certa forma,
05:29eu não entro em desacordo em apontar uma nova Guerra Fria.
05:34Eu digo que é muito cedo para a gente afirmar um contexto desse,
05:41um contexto de Guerra Fria.
05:42Professor, o senhor pode nos explicar um pouco sobre essa arma Rússia,
05:48chamada mão morta?
05:49Os Estados Unidos disse que foi por isso que colocaram os submarinos,
05:53então, ali nas proximidades.
05:55O que seria essa arma, exatamente?
05:58A mão morta, ela surge na década de 70.
06:02A década de 70 foi uma década em que tanto a União Soviética quanto os Estados Unidos
06:11estavam, de certa forma, no horizonte de um tratado de limitação de armas nucleares.
06:20O que isso quer dizer?
06:21Que durante a década de 60, os Estados Unidos e a União Soviética ficaram pensando
06:27o que seria dos seus arsenais após uma terceira retaliação de uma onda nuclear.
06:34Ou seja, temos a primeira, em que as ogivas são lançadas,
06:39temos a segunda, que são respondidas, e se a Terra sobreviver por um acaso,
06:46temos a terceira.
06:48Lembre-se que essas ogivas, elas são disparadas com alvos bem ricos,
06:56ou bem valiosos em caso de guerra,
06:58que é a estrutura governamental e a estrutura de comando militar.
07:05Ou seja, eles estudaram, nesse contexto de terceira retaliação,
07:11caso você não tenha governo, caso você não tenha comando militar,
07:18a possibilidade de uma resposta automatizada.
07:22Essa possibilidade para os russos veio a ser a mão morta,
07:29que é um sistema baseado em sensores sísmicos,
07:33que com o cair das bombas, ele avisa que estão sendo atacados
07:39e, de certa forma, produz uma resposta a esse cenário.
07:45Perfeito. Nós conversamos agora com o Marco Túlio Delgobo Freitas,
07:50que é professor doutor pela Escola de Comando Estado-Maior do Exército.
07:55Professor, obrigada pela sua participação.
07:59Obrigado, é um grande prazer, um bom sábado a todos.