O Ligados na Tomada recebe o piloto e empresário André Bragantini, que soma 30 anos de automobilismo e fala sobre a superação de lidar com a síndrome de Tourette como piloto.
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00:00Então eu como portador da síndrome de Toureiro e piloto, tive que vir superando os obstáculos, tanto dentro como fora das pistas.
00:09E eu já vou aqui, a gente normalmente ganha o presente de quem vem, eu já vi aqui um livro, tenho certeza que esse livro é pra mim, já quero mostrar pra vocês aqui, o livro Ultrapassando Limites, depois a gente vai fazer um pack shot, vou ler com certeza.
00:23Mas quero primeiro, antes da gente falar da tua carreira, André, um pouquinho como que foi essa história de superar esses limites, né, você tem uma carreira aí vitoriosa, campeão várias vezes brasileiro, campeão paulista, participa de endurance e superando limites e superando uma dificuldade, né, a síndrome de Toureiro, que até ontem eu falava, até agora há pouquinho eu falava Tourette, mas ele já me ensinou que é Toureiro, né, como foi isso, como foi essa virada da chave pra você?
00:49Ah, essa virada da chave, Alex, é o que eu falo, são coisas que eu agradeço muito a Deus, né, por ter colocado, hoje eu agradeço a Deus por ter colocado a síndrome na minha vida, durante muitos anos mais novo eu não compreendia o porquê que eu tive que vir com ela, o porquê que eu tive que passar por tudo que eu passei durante minha vida, as dificuldades que eu passei, entre bullying, preconceito e tudo mais, mas hoje eu aprendi a compreender que ela veio pra me ensinar, ela é minha maior professora na vida.
01:19Então, eu criei esse projeto Ultrapassando Limites, após ter praticamente me curado, porque a síndrome de Toureiro, ela não tem cura, né, os espasmos eles não cessam nunca, mas eu fiz tratamentos e fiz uma cirurgia em 2008, que consiste na instalação de um marca passo ligado ao cérebro com dois eletrodos e ele emite estímulos pra controlar os espasmos.
01:45Foi no Brasil isso, Bargantino?
01:47Foi no Brasil, o doutor que fez, o doutor Oswaldo Vilela, ele é um médico de Goiânia, eu fiz no Instituto Neurológico de Goiânia em 2008, e eu fui começar a realmente ter reflexos de melhora da minha síndrome, depois de uns dois, três anos, e hoje eu me encontro praticamente 90% curado.
02:08E o projeto Ultrapassando Limites foi criado justamente por mim, pra justamente atingir as pessoas, não só quem tem toureta, mas qualquer pessoa que sofra de uma condição especial, pra mostrar pra elas que tudo é possível na vida, que nós podemos ser vitoriosos, independente das nossas condições.
02:28Eu sou um vitorioso na minha vida, até mais do que no esporte, o esporte ele me salvou na vida, porque o esporte te traz foco, disciplina e tudo mais, e eu consegui durante minha vida inteira trabalhar com esses dois paralelamente, essas duas coisas.
02:45E hoje no meu projeto Ultrapassando Limites, além da biografia e das palestras motivacionais que eu faço, eu também faço ações sociais, que eu atinjo pessoas que precisam de uma conscientização, de uma palavra bacana.
02:58André, e é bem complicado imaginar, por exemplo, há 30 anos atrás, quando você começou, é diferente de hoje. Hoje com a globalização, com a internet, com uma conscientização maior, eu vejo isso até em cima de próprio autismo.
03:12Antigamente as pessoas chamavam aquele menino, menino mal educado, né? Não conseguia rotular aquilo com uma patologia. Então era muito mais difícil.
03:21Imagino pra você, como foi essa tua primeira entrada no automobilismo e que tipo de preconceito você recebeu ou como você foi acolhido?
03:30Foi muito bacana, porque assim, minha família já sendo tradicional do automobilismo, meu pai, né, o André Bragantini, que foi, ele é um grande engenheiro, chefe de equipe, em várias categorias que ele passou.
03:41Foi meu tio, o Arthur, infelizmente já falecido, mas o Arthur foi um grande piloto.
03:46Então quando eu estreiei no automobilismo, a minha família já trabalhava.
03:50Então as pessoas já me conheciam no meio, elas já compreendiam mais o que eu tinha, né?
03:56Quando eu era mais novo, na fase da adolescência e quando eu comecei a correr, os meus espasmos, eles eram bem tensos, né?
04:03Então eu tinha muito espasmo, eu praticamente não conseguia conversar com uma pessoa normalmente.
04:09Eu sofria com tremores de corpo, gestuais de corpo, com gritos vocálicos, eu soltava muitos gritos vocálicos, eu não conseguia me conter.
04:18Então pra mim, socialmente era muito difícil, porque qualquer lugar que eu frequentava, seja um restaurante, um cinema, qualquer lugar público,
04:26eu sofria muito constrangimento, né?
04:28As pessoas olhavam e muita gente tirava sarro, olhava, dava risada.
04:33Então aquilo fazia com que eu me sentisse muito mal, né?