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No podcast Direito Simples Assim desta semana, o economista Cláudio Djissey Shikida alerta novos riscos ao Brasil após as tarifas de 50% anunciadas pelos EUA.

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Transcrição
00:00Olha nós aqui de volta com o nosso Direito Simples Assim.
00:04Hoje a gente tem a alegria de receber aqui o Claudio Chiquida.
00:10Ele é doutor em economia pela Federal do Rio Grande do Sul,
00:14é professor e pesquisador da área de economia
00:17e foi coordenador geral de pesquisa da ENAP no período de 19 a 22,
00:24período no qual co-editou o Guia Brasileiro de Análise de Dados com Pedro, Nery e Léo.
00:31E hoje a gente vai conversar aqui sobre consequências das tarifas impostas ao Brasil pelos Estados Unidos.
00:38Que bom receber você aqui.
00:42Muito obrigado, a alegria é minha.
00:44A gente agradece a disponibilidade para vir aqui conversar com a gente.
00:48Imagina, vai ser um assunto interessante desse e a gente gosta de bater papo.
00:51Aqui na nossa mesa de café, Morgana.
00:55Olá pessoal.
00:56Olá.
00:56Vinícius.
00:57Aqui estamos.
00:58Tamara está ali no fundo e o Leozinho.
01:01E você é?
01:02E eu sou a Rosane.
01:04Eu sou a Rosane.
01:06Educada, apresentou todo mundo e esqueceu dela mesmo.
01:08É, a gente esquece da gente.
01:11Bom, então vamos lá.
01:15Essas tarifas de importação, o que são essas tarifas?
01:21Elas servem basicamente para quê?
01:26A tarifa de importação era basicamente a mesma coisa de um imposto.
01:31Então o produto que vem de outro país, para o Brasil, viria com, digamos, custando 5 dólares.
01:39Aí o governo brasileiro, por exemplo, diz assim, não, tem uma tarifa aí de 10%, então ele vai custar 5,50.
01:45Então é basicamente um imposto que encarece o preço do produto no destino, de onde ele está chegando.
01:53No passado, no passado, falo na época do Império, da República Velha, isso já foi uma fonte de receita importante do governo.
02:02Na época da República Velha, a gente tinha receita de imposto de exportação e de importação.
02:11O governo se financiava com esses impostos.
02:13Hoje em dia não é muito comum você ver imposto de exportação, porque você está encarecendo o produto que você está exportando.
02:20Mas de importação ainda existe.
02:24E às vezes ele é utilizado com objetivos de aumento de receita ou outros objetivos, sei lá, variados.
02:33Com relação aos Estados Unidos, por que o Donald Trump resolveu estabelecer essa tarifa geral aí de 10%?
02:47De 50, né?
02:48Não, não.
02:48Ah, a Universal, é.
02:50A Universal.
02:50E agora tem a de 50 a partir de 1º de agosto.
02:53De 1º de agosto, mas eu falo assim de uma forma geral.
02:55Entendi, geral para todos, é.
02:56É, o Donald Trump é uma pessoa curiosa, né, assim, ele é pitoresca, né, acho que seria o termo.
03:03Sim.
03:04Mas uma característica dele é que eu acho ele muito aleatório, né, ele é aquele jogador que não quer mostrar a face, né.
03:13Então ele joga umas coisas meio assim estranhas.
03:15Bom, uma ideia que ele tem, que economicamente é um pouco complicada, é que ele quer que cada país que negocia com os Estados Unidos
03:25não tenha um superávit da balança comercial, em outras palavras.
03:31Se eu sou a China e vendo para os Estados Unidos mais do que eu compro dos Estados Unidos,
03:36e eu, China, tenho um superávit comercial.
03:39E aqui é uma coisa muito comum, né, outros países vão vender mais do que compram, outros vão comprar mais do que vendem.
03:46E o Trump tem essa ideia, que é uma ideia esquisita do ponto de vista econômico, mas é a ideia dele,
03:51de que ele quer que todos os países não tenham mais superávit com os Estados Unidos.
03:56Ele quer que todo mundo, na melhor das hipóteses, compre mais produto americano do que venda para os Estados Unidos.
04:02Então esse é um primeiro ponto, né, o cálculo disso é muito polêmico, é muito difícil de ser feito, né.
04:11E em seguida você tem esse segundo movimento agora, no caso do Brasil, com esse argumento mais político, né,
04:18que é falar que você vai aumentar a tarifa em 50% e argumentando não em termos econômicos,
04:26mas em termos políticos, né, reclamando da questão da liberdade de expressão no Brasil.
04:32Eu acho que até a queixa da liberdade de expressão é até uma queixa legítima,
04:37mas a maneira que o dono do tempo faz, eu acho muito atabalhoada, muito bagunçada.
04:43Não sei se a tarifa é a melhor forma de você brigar pela manutenção da liberdade de expressão,
04:50ou brigar pelo seu candidato amigo Bolsonaro, né, no Brasil.
04:54Talvez haja outras formas de você fazer isso, recorrer aos fóruns, né, organização dos Estados Americanos,
05:01faz um protesto formal, etc.
05:05Tarifa não é realmente uma maneira usual de você fazer isso.
05:11Mas também assim, se a gente voltar um pouco no tempo,
05:15há um tempo atrás a gente, a gente fala o mundo, né,
05:19ficava revoltado com a situação na África do Sul, do Apartheid,
05:23e aí uma das coisas que se falava é vão fazer sanções, né, sanções econômicas,
05:29que geralmente é você impedir que o sujeito faça comércio com o resto do mundo.
05:34Ou mesmo o caso do Putin, a invasão da Ucrânia, né,
05:37é o que o tempo está fazendo, é um pouco parecido com isso, só que usando tarifas, né.
05:41E com um aumento de 50%, que não é um bolinho, né,
05:48assim, não é um aumento de tarifa usual.
05:51É tão alto que a gente fica pensando se ele não está fazendo isso
05:55para abrir negociação com o país, né.
05:59Um aumento tão grande assim, é como se eu aumentasse o preço do,
06:03sei lá, eu estou vendendo ovo no supermercado, café, né,
06:07café está custando, sei lá, 40 reais,
06:08eu falo que vai custar 60 agora, a partir do 1º de agosto,
06:12se ninguém negociar comigo.
06:14Aí, obviamente, né, isso é um sinal para que se abram negociações.
06:18Como eu uso um argumento político, fica um pouco complicado saber
06:21como é que vai ser feito isso, né, mas enfim.
06:24E como é que essas tarifas, elas vão afetar o preço dos produtos lá nos Estados Unidos, assim?
06:31Tá, isso depende muito do mercado consumidor lá,
06:35mas, com certeza, você pode ver que os preços dos produtos devem aumentar,
06:42a não ser que ele diminua outros impostos lá dentro, né.
06:46Assim, nada mais ele fizer, se ele só aumenta a tarifa sobre o produto brasileiro,
06:50sei lá, o café que chega lá, o café que chega lá ficou bem mais caro, né.
06:55A, sei lá, a soja que chega lá, ou...
06:58O suco de laranja.
06:58O suco de laranja que chega lá ficou mais caro.
07:00A laranja, né, para fazer o suco.
07:02Exato, então, assim, o americano vai ter que comprar suco de laranja de outro país, né,
07:07ou café de outro país, mas como ele está aumentando a tarifa com todo mundo,
07:11fica um cenário meio caótico, né, o mercado fica meio perdido nessa situação.
07:16É, interessante nesse sentido, é o seguinte, ele sempre cita que essas tarifas
07:21são para proteger a indústria local, a indústria americana.
07:27Que setores que ele costuma colocar como essa proteção?
07:31Acho que automobilístico, eletroeletrônicos, né, ele tem essa...
07:37Ele é muito diferente do nosso governo, não, né.
07:40Assim, o nosso governo também gosta de botar tarifa para produtos importados,
07:44automóveis, por exemplo, né.
07:46Mas dentro da estratégia do Trump, ele tem uma visão, que é a visão de que ele quer reconfigurar a cadeia produtiva, né,
08:00que se construiu a partir do final dos anos 90, né, quando a economia se globalizou.
08:05Quando a gente passou pela pandemia, a gente viu o quanto a gente dependia de insumos da China.
08:12E estrategicamente, não economicamente falando, mas estrategicamente é meio complicado mesmo para um país, né.
08:18Se tiver uma pandemia, você depender de um inimigo seu para te fornecer insumos, é complicado.
08:23Então, isso, politicamente, pode fazer sentido.
08:28Mas, economicamente, é complicado.
08:29E o que ele está tentando é aumentar o preço dos produtos importados
08:33para forçar com que as indústrias, né, passem a investir no próprio Estados Unidos.
08:39Ele quer trazer, né, ele quer pegar a cadeia que está espalhada pelo mundo, né, de produtores,
08:45e trazer de volta para os Estados Unidos.
08:46Mas, é, isso é uma coisa muito complicada, porque essa cadeia se perdeu, ela saiu,
08:51e, inclusive, eu já vi várias reportagens falando sobre isso,
08:55essas cadeias que deixaram de ser produzidas nos Estados Unidos, porque estavam muito caras,
09:01foram retiradas de lá pelos próprios empresários americanos,
09:04que colocaram em locais como a China, que aproveitou bem essa migração, para poder...
09:08Então, assim, vamos colocar assim, uma reindustrialização forçada,
09:14Existe? Algum país conseguiu fazer isso no mundo?
09:18Não, não que eu me lembre, assim, pode ser, se tiver algum, eu não estou me lembrando.
09:23Mas, veja que, assim, é um paralelo, né, assim, mas, quando a gente olha,
09:27às vezes, tem muito político no Brasil que tem o mesmo discurso, né.
09:30Ah, porque a indústria, sei lá, de calçados foi para a China.
09:33É, vamos...
09:34Que absurdo, e tal, vamos trazer.
09:36Pois é, mas não adianta você querer trazer o cara de volta para o seu país
09:39se você não muda o ambiente de negócios, né.
09:41Exatamente.
09:41Se o seu ambiente de negócios continua sendo altos impostos, muita burocracia, etc.,
09:47o cara prefere produzir no Paraguai, que também é outro...
09:49É outro, né.
09:50Paraguai, Vietnã, que é uma opção à China, né.
09:53Então, a mesma coisa vale para o empresário americano.
09:56O empresário americano não é diferente do brasileiro, né, nesse sentido, né.
09:59Ele quer economizar no custo, né, e vender o preço que ele puder vender o maior possível, né.
10:05Então, se ele não consegue fazer isso nos Estados Unidos, vai fazer isso, né.
10:07Vai levar...
10:08Vai levar, é, vai levar para outro local.
10:11Então, assim, é um objetivo difícil.
10:13Ao mesmo tempo que ele, né, assim, fala que quer gerar emprego...
10:16É claro que se você forçar o cara a trazer a empresa para o seu país,
10:20e forçar ele a empregar a mão de obra do seu país, ele vai empregar.
10:25Mas aí, perdeu um pouco de sentido, né, todo o processo, né.
10:31Você quer trazer o dinamismo do empreendedorismo, do empresário, de volta para o seu país.
10:37Mas vai fazer isso sem mudar o ambiente de negócio para ele?
10:42Então, eu não sei se o Trump está fazendo medidas para melhorar o ambiente de negócio dentro dos Estados Unidos.
10:49O ambiente de negócio dos Estados Unidos não é tão ruim igual no Brasil.
10:51Ele é até bem melhor, né.
10:54Mas se mesmo assim os empresários estavam indo embora, é porque o custo da mão de obra americana é muito alto, né.
11:00Então, você tem que diminuir o custo da mão de obra americana e, ao mesmo tempo, fazer com que ela não perca poder aquisitivo.
11:08O que é, né, porque são seus eleitores, né.
11:10Então, é um objetivo complicado.
11:12Eu acho muito interessante o seguinte, se você analisa, uma das formas de você diminuir o custo é o trabalho do imigrante.
11:20E justamente é o que ele...
11:21Não tem, ele está mandando embora.
11:22Ele está mandando embora.
11:23Então, eu acho engraçado porque não vai de um lado para o outro.
11:26Agora, uma pergunta interessante é a seguinte.
11:28Qual que é a diferença de uma tarifa?
11:31Porque, assim, como você falou, os países usam essas tarifas.
11:34Mas, geralmente, elas são seletivas.
11:37E qual que é a diferença dessa tarifa seletiva, da tarifa do Trump, que é universal?
11:43É que aí você está escolhendo qual setor você está querendo proteger da concorrência estrangeira.
11:49Entendi.
11:49Eu quero proteger o setor automobilístico brasileiro de automóveis estrangeiros.
11:54Então, eu aumento a tarifa só em automóveis.
11:57É basicamente isso.
11:58Seletiva é porque você está selecionando.
12:00Agora...
12:01Geral, assim, né.
12:02Geral, é.
12:02Geral para todo mundo, né.
12:03O problema do seletivo, talvez, é a forma como ele é feito em qualquer país do mundo, né.
12:10Porque como é que é feita essa escolha, né.
12:12O governo escolhendo qual setor proteger, geralmente, é por conta de poder do setor produtivo,
12:19que quer se proteger da concorrência, né.
12:21Então, é, geralmente, você acaba protegendo aquele setor que tem mais influência política no seu governo, né.
12:31Geralmente, é isso que acaba acontecendo.
12:32Não é sempre aquela ideia romântica de que o governo está protegendo esse setor aqui, porque esse setor é muito jovem, não aguenta concorrência.
12:41Estratégico.
12:42É, vamos lembrar de uma outra barreira que existiu no Brasil, que não é uma talifária, que é a reserva de informática, na época do governo militar, né.
12:51Se tentou-se gerar uma indústria de informática no Brasil, nos anos 80, né.
12:54Eu estava na faculdade nessa época, e aí agora reverdei a idade, fiquei triste, mas enfim.
12:59Agora acabou, né.
13:02Agora todo mundo sabe.
13:03Agora todo mundo sabe.
13:04E a gente não tinha acesso a computador.
13:06Eu me lembro que o meu primeiro computador, inclusive, foi comprado com o dinheiro que eu, né, estágio, depois trabalhando,
13:13que era um computador genérico.
13:14Você ia, encomendava uma pessoa que morava num prédio sem placa, e a pessoa montava, ia no Paraguai, montava os computadores,
13:22e vendia aqui.
13:24Porque se você fosse comprar um nacional, era muito caro e muito ruim, né.
13:28Caro e ruim, né.
13:29E por quê?
13:29Porque o governo militar tinha essa visão de que informática era um setor estratégico.
13:34Militar tem muita essa coisa, né.
13:37É, que a comunicação era um negócio estratégico, não podia deixar nas mãos o setor privado e tal.
13:41Setor privado e tudo.
13:42E uma pergunta é o seguinte, se cima, por exemplo, você está falando de eletrônico, é interessante, né.
13:50Acho que todo brasileiro, assim, pelo menos muita gente, né, já teve a experiência de, hoje talvez não vale muito a pena,
13:56mas ir para os Estados Unidos e comprar eletrônico, que era sempre mais barato, e ainda tem aquele índice.
14:03Quanto tempo você trabalha para comprar um iPhone, aquelas questões todas, né.
14:08Sabemos nós aí, pelo que a gente viu, que grande parte dos eletrônicos americanos são produzidos na China.
14:13Se for imposta essa tarifa mesmo, como é que você acha que vai ficar esse preço dos eletrônicos,
14:19que hoje não é mais luxo, é uma, né, ter o telefone, é uma necessidade.
14:25Como é que você acha que isso vai impactar?
14:26Mas a tarifa é imposta pelo nosso governo ou pelo governo?
14:28Não, pelo governo americano.
14:30Pelo governo americano.
14:31A China.
14:32Ah, sim.
14:33Porque, por exemplo, os iPhones, a maioria deles, você deve ter visto que, por exemplo,
14:37antes da tarifa da China, eles mandaram os iPhones de avião para chegar mais rápido,
14:43para tentar pegar ainda o melhor preço.
14:44E o americano sempre comprou produto eletrônico.
14:49Um preço bom.
14:50Se eu aplico na China, vai subir.
14:53E é uma coisa que eles tinham como, né, como é que você acha que vai ficar isso?
14:56Complicado, não?
14:56Vai ficar igual é na sua vida aqui no Brasil.
14:59Ah, é? Agora eles vão sentir na carne o que é comprar um iPhone caro.
15:05É, é literalmente isso.
15:06É uma vingança.
15:08Eu gosto desse assunto porque dá para a gente fazer esse paralelo, assim,
15:11a gente olha para nós mesmos, né, a gente olha para nós mesmos, né,
15:14nós podemos olhar para nós mesmos agora e a gente fala assim,
15:17poxa, olha como é que a gente vive num país que tem altas tarifas para produtos estrangeiros.
15:23É o que está sendo feito lá.
15:26Tem algum economista que já usou essa metáfora, mas, assim,
15:29a tarifa, ou você fechar a sua economia, né, diminuir.
15:33É do Brasil, é bem fechado.
15:34É, você fechar a sua economia e colocar tarifas, é você punir o seu próprio povo.
15:38É, exatamente.
15:38Ele fica, né, sujeito a produtos com, às vezes, de qualidade até pior, com custo muito alto.
15:44Quer dizer, tarifa não pode ser uma coisa que você fique usando...
15:48É...
15:49Discriminadamente.
15:49Discriminadamente o tempo todo, né, assim.
15:51Não deveria.
15:52Pensa na Organização Mundial do Comércio.
15:55Qual que é o objetivo dela?
15:56É que você tenha os países fazendo o livre comércio com o mínimo de subsídios e tarifas possíveis, né.
16:01Para que os produtos fiquem mais baratos e cheguem a todo mundo com um bom preço.
16:04E aí você possa ter uma opção de comprar daqui, da China, de onde quer que seja, né.
16:08Então, é, para a gente que é da economia, é o...
16:13O ideal, né, é o paraíso.
16:15E, só uma pergunta, a questão dos BRICS, você acha que, por exemplo, a gente está vendo, né,
16:21acaba que essa questão imposta pelos Estados Unidos, a gente tem uma reorganização.
16:27Dizem muitos, muitos dos autores falam que os Estados Unidos, ele, não sei se ele deve ter colocado,
16:32apesar do Trump não, às vezes, não medir muito as consequências,
16:36mas uma consequência de quando você mostra a sua dependência para outro país
16:41é que você diversifique e não dependa mais daquele país, entendeu?
16:45E os BRICS surgem como uma possibilidade, uma arena ali, apesar de ser, né, bem eclético os países.
16:52Qual que é a sua opinião sobre Brasil BRICS e esses novos cenários, novos atores?
16:57Tá.
17:00Bom, existe um negócio na economia que eu acho que é uma coisa muito poderosa,
17:03que a gente chama de efeito de substituição.
17:06Vamos lembrar do início da Guerra da Ucrânia, quando a Europa e os Estados Unidos disseram para o Putin
17:15que se ele não parasse a guerra, iam ter sanções.
17:18E aí o Putin ameaçou cortar o gás da Europa.
17:22E, de fato, ele deu uma apertada.
17:24E existe um estudo que mostra o seguinte, assim, no início, nos primeiros meses,
17:28a imprensa alemã fez o maior escândalo.
17:31As manchetes eram quebrou a economia, é o carro, vamos passar frio e tal.
17:37E aí o estudo mostra que em questão de dois, três meses, a economia se organizou.
17:42Eles acharam novos fornecedores de gás.
17:45E logo, logo, assim, em questão de poucos meses, antes do final do ano,
17:49já tinha a trajetória de crescimento sendo retomada.
17:51Toda economia, todo empresário, todo empresário faz isso.
17:57Então, se eu estou olhando para os Estados Unidos e tem agora,
18:00meu produto está muito caro, eu vou procurar onde é mais barato.
18:04Talvez não seja nem nos BRICS, pode até acontecer de você voltar com o produto e vender aqui dentro.
18:10Existe a possibilidade de você ter café mais barato.
18:14E laranja mais barato aqui dentro.
18:15A carne mais barato.
18:16É carne.
18:17A carne.
18:18Essa possibilidade existe.
18:19Agora, eu não sei exatamente os BRICS, porque, olhando, assim, como é um conjunto muito eclético de países,
18:26até culturalmente o tipo de produto que eles consomem não necessariamente são os mesmos que a gente está vendendo.
18:31Agora, se eu tenho um país que fechou as portas para mim e tenho outros que não fecharam,
18:37tem que sentar na mesa com eles e falar, olha, está aqui o nosso cardápio de produtos.
18:42O que vocês acham de comprar?
18:44É isso que os empresários têm que fazer e eu acho que é isso que o governo tem que fazer também.
18:49E essas portas, né?
18:50É.
18:51Quanto mais eclético é a balança de um país, melhor, menos ele está...
18:57Mais ele está protegido de uma crise, por exemplo?
18:59Não necessariamente.
19:01Não necessariamente.
19:02Porque depende muito do país, né?
19:04Por exemplo, se você pegar um Chile da vida, fica muito dependente, não tem como, né?
19:08Das exportações de cobre, né?
19:10Mas depende muito, mas eu acho que é sempre bom você diversificar.
19:15Se você pode diversificar, melhor.
19:18Se não pode diversificar, tenta diversificar.
19:21O importante é você manter a sua economia sempre o mais aberta possível, né?
19:28Porque aí, um país resolveu aumentar a tarifa e você, opa, vende para cá.
19:33É a mesma coisa do comércio, né?
19:34O fornecedor aumentou o preço aqui, compra o desse.
19:36O dele que está mais barato.
19:37É.
19:38Ah, estou vendendo aqui esse mercado, agora a pessoa não tem renda?
19:40Vou vender no de lado de cá.
19:42Então, é a mesma coisa que a pessoa, o cara que tem comércio em Belo Horizonte faz, né?
19:46Está muito caro aqui para vender gasolina aqui no meu posto, então eu vou vender aqui.
19:50Ou está difícil vender em Belo Horizonte, vou vender em contagem.
19:54E assim vai, né?
19:55É a realocação produtiva, né?
19:58E isso, a melhor forma de ser feita é que os empresários procuram os mercados.
20:02Porque eles conhecem bem onde que é o segundo melhor mercado consumidor de laranja ou de café ou de minério de ferro.
20:09Do produto dele ali, né?
20:11Isso, exatamente.
20:12Chiqui, é um prazer tê-lo aqui conosco.
20:14Ah, igualmente é um prazer estar aqui também.
20:16É igual o Vinícius falou no início, né?
20:18É um tema que está em alta, está todo mundo querendo saber o que vai acontecer, principalmente com a gente aqui no Brasil, né?
20:24Aí, para a gente começar essa questão dessas preocupações que as pessoas estão tendo,
20:29como que esse aumento das tarifas vai afetar o mundo como um todo?
20:33Porque esse aumento foi universal, não foi somente aqui para a gente.
20:36Mas como vai afetar o mundo como um todo?
20:39Olha, ele faz uma bagunça em toda a economia.
20:43Isso.
20:43Ele gera uma certa insegurança e aí você vai ter um momento aí de alguns meses, né?
20:49Ou talvez um ano, não sei dizer exato, em que você vai começar a reconfigurar essas coisas.
20:55Até lá, o mercado fica muito incerto.
20:57Basta você ver as nocivações até na Bolsa, né?
20:59Da Bolsa.
21:00Americano.
21:01Os caras ainda estão meio assim...
21:03A inflação também fica muito incerta.
21:05A inflação fica muito incerta.
21:06Agora, o efeito colateral que pode acontecer bom para a gente é que se o produto volta para o Brasil,
21:12aumenta a oferta, a tendência é que o preço de alguns produtos caia, né?
21:17Agora, para laranja e café, talvez isso possa acontecer, né?
21:21Lembrando, né, que...
21:22Acho que a gente estava conversando isso mais cedo, né?
21:24Lembrando que, no caso específico de Minas Gerais, os Estados Unidos é um grande parceiro comercial.
21:30No nível nacional, no Brasil, a China é o maior parceiro.
21:34Acho que os Estados Unidos vem em segundo.
21:36Mas, no caso de Minas, os Estados Unidos é um parceiro grande, né?
21:38Minério de ferro, café, laranja, né?
21:43China também é importante para a gente, né?
21:45Algumas coisas a gente pode redirecionar.
21:47Tem que ver se a China quer comprar, né?
21:49Mas, outras coisas, talvez não dê e talvez volte para cá.
21:53E, nesse sentido, a gente pode ter um efeito positivo de queda de preço.
21:57Depende de se a gente vai redirecionar, recanalizar, né?
22:00Ou canalizar, né?
22:02Esses produtos de volta para cá.
22:04O outro efeito que é meio incerto, mas no curto prazo pode ser ruim, é sobre empregos, né?
22:10Então, porque, ah, agora cancelou um monte de encomendas lá nos Estados Unidos.
22:14Como é que fica?
22:15Vou dar férias coletivas para os caras até o mercado sem ajudar.
22:19Isso, então pode ser que você tenha um impacto negativo em emprego.
22:23Mas, pessoalmente, eu não acho que isso é um efeito que dura muito tempo, tá?
22:29É uma questão de meses, na sua visão.
22:31É.
22:32Porque, assim, tem que acontecer uma coisa assim.
22:34O cara perdeu o emprego aqui, né?
22:37Porque, assim, quando você tem uma notícia dessas, as pessoas ficam assustadas.
22:39Tem que ficar mesmo, né?
22:41Mas tem que lembrar, de novo, o efeito de substituição existe, né?
22:44Então, daqui a pouco, o cara também não vou...
22:47Eu não quero...
22:47Eu vendo laranja, né?
22:48Eu tenho um monte de gente colhendo laranja para mim.
22:51Agora, eu não posso vender para os Estados Unidos.
22:53Eu quero quebrar e ir para casa, abrir falência?
22:56Não, né?
22:57Eu vou vender para alguém.
22:58Eu vou vender para alguém.
22:59Então, eu vou tentar ir para outros mercados.
23:01Então, assim, provavelmente piora um pouco no curto prazo.
23:04Mas, eu acho que a gente consegue redirecionar isso.
23:08Agora, isso não é feito da noite para o dia.
23:10Não, não é.
23:11De novo, seria muito bom se, por exemplo, o nosso governo falasse assim...
23:16Pô, vamos melhorar o ambiente de negócio...
23:18Aqui, o interno, né?
23:19Interno, para poder...
23:21Dar mais condições.
23:22Isso.
23:23Desburocratiza, desregulamenta, facilita para o cara fazer negócio.
23:27Aí fica mais fácil, né?
23:29É, mas, infelizmente, isso não está sendo feito.
23:33Mas, não é tão difícil, né?
23:35Porque isso não exige que o governo, por exemplo, nosso, não existe que o governo nosso
23:40brasileiramente imposta ou corte gastos.
23:42É a questão de fazer medidas para melhorar o ambiente de negócio, tornar um ambiente mais
23:46eficiente.
23:47É desregulamentação, desburocratizar, né?
23:51Então, tem coisas que você pode fazer.
23:52Não vão resolver 100%?
23:54Não vão resolver 100%.
23:56Mas é uma...
23:57É um indício, tem que começar.
23:58É uma mudança que, se deixada e mantida, melhora a competitividade do Brasil lá fora
24:04também.
24:04A gente fica mais competitivo.
24:05Isso é bom.
24:07É.
24:08O Brasil, ele exporta aço, principalmente aço de alumínio, para os Estados Unidos, né?
24:12Como essas tarifas vão impactar, principalmente esses setores?
24:15É, esses setores vão ter problemas, né?
24:17Porque tem que achar alguém que queira comprar aço de alumínio, que já estava indo para os
24:22Estados Unidos.
24:24Eu fico imaginando, não sei, né?
24:26Mas, assim, o candidato é a China, né?
24:28Que, obviamente, politicamente também ganha com isso, né?
24:31Porque, inclusive, já começou os movimentos, né?
24:33De convidar o Brasil para a mesa, para conversar.
24:37Então, a China, como está sendo o alvo da disputa do Trump, é interessante para a China
24:42puxar aliados, né?
24:43Então, quem sabe eles não compram o nosso aço, o nosso alumínio, né?
24:46Então, assim, tem que redirecionar.
24:48Não sei se isso vai ser feito na velocidade de novo, né?
24:52É que a gente gostaria.
24:54Mas eu sei que isso vai acontecer.
24:56Não tem muito como escapar.
24:58A lógica do mercado é a mesma de sempre, né?
25:01Então, as pessoas passam um pouco perrengue no curto prazo, né?
25:06O seu Zé vai passar um perrengue no curto prazo.
25:09O doutor José vai passar uma dificuldade no curto prazo, né?
25:11No médio prazo, talvez, mas acaba que, no final, pode ser interessante, né?
25:18Pode ser uma oportunidade de abrir novos mercados, né?
25:20Aí a gente precisa que o empresariado também faça o dever de casa dele.
25:24Se movimente.
25:25É, se movimente, né?
25:27Que o pessoal responsável pelo comércio exterior também do governo dê uma ajudinha,
25:33né?
25:33Aquelas agências de exportação dêem uma mexida, né?
25:36Assim, isso tudo acaba sendo amáveis que vêm para bem, né?
25:40Saia todo mundo da zona de conforto e vá...
25:42É, amáveis que vêm para bem.
25:44Se puder não ter o mal, melhor, né?
25:46Mas se tem o mal, pelo menos tem que achar saída.
25:49Ele estiva para alguma coisa boa, né?
25:50É.
25:51Nós falando do ácido no mínimo, mas quando surgiu essa questão do tarifácio,
25:55o agro foi o que mais deu grito.
25:57Como que o agro vai ser influenciado?
25:59É.
26:00Eu acho que é isso.
26:01É o fechamento do mercado americano, né?
26:04Está muito mais caro, né?
26:05Pelo menos assim, lembrando que essa tarifa de 50% que foi anunciada, ela entra em vigor...
26:12Dia 1º de agosto.
26:13Dia 1º de agosto, né?
26:14Então, se o nosso governo consegue sentar na mesa, sentar na mesa com eles e negociar,
26:21talvez esse efeito não ocorra, né?
26:23Mas se acontecer, eu acho que no primeiro momento o agro vai ter que redirecionar as vendas
26:28para o mercado interno.
26:29Não era o objetivo inicialmente, né?
26:32Mas eu acho que vai acabar acontecendo isso.
26:35E tentar abrir novos mercados, né?
26:38Como muita gente não gosta do estilo do Trump, né?
26:41Que é muito atabalhado, muito agressivo, né?
26:45Talvez até na União Europeia, que está meio assim com ele, né?
26:48Talvez a União Europeia compre alguns desses produtos.
26:51Mas eu acho que essa resposta, quem vai ter é o pessoal do agro mesmo.
26:55Mas o nosso agro é um agro dinâmico, né?
26:59Se mostra muito produtivo, muito atuante, né?
27:03Safra atrás de safra, está indo bem.
27:05Então, assim, eu acho que esse braço externo deles também funciona.
27:09O senhor comentou agora há pouco que ainda tem uma possibilidade do Brasil sentar e ter uma negociação
27:16até dia 1º de agosto?
27:17E talvez prorrogar, talvez esse tarifácio?
27:20Pois é.
27:20É porque a gente viu isso no início, né?
27:22Isso, que é no início.
27:23Ele fez, aí mudou, aí mudou a tarifa.
27:26Cada dia, estava uma coisa meio caótica, né?
27:28Assim, cada dia.
27:28Parecia que ele falava uma coisa.
27:29Não, agora é 30.
27:30Não, não é de 10.
27:31Agora é 5.
27:32Não, agora não tem para ninguém.
27:33Agora é 10% para todo mundo.
27:34Fica aquela coisa, você fica assim, pô, caramba aqui.
27:36O que realmente vai acontecer?
27:38O que vai efetivar?
27:39Mas eu acho que o presidente já encarregou o Alckmin, o vice-presidente, de ir para
27:44a mesa de negociações.
27:46Espero que isso aconteça, né?
27:48O governo tem tentado essa negociação.
27:53Está abrindo um travamento do lado de lá.
27:57O governo Trump também propôs medidas para taxar empresas que produzem fora dos Estados
28:02Unidos.
28:03Qual que é o objetivo deles?
28:05Eu te confesso que esse aí eu acho mais esquisito.
28:08Esse aí, eu realmente, assim, eu olho para isso e fico assim, cara, o que está acontecendo?
28:14Qual que é o objetivo disso tudo?
28:15O meu curso de economia não está conseguindo me ajudar.
28:18Isso está me parecendo muito mais a parte política da história.
28:22A retaliação por conta dos problemas que os Estados Unidos têm encontrado com a questão
28:30da liberdade de expressão.
28:32O juiz aqui intima uma pessoa que está nos Estados Unidos, que não é brasileira, enfim.
28:37Isso é um problema, né?
28:39Eu não entendo de direito, mas eu acho que isso meio que parece que estrapola um pouco.
28:45E aí você já é uma reação.
28:48Precisava ser essa?
28:49Acho que não, mas...
28:51Esse aí eu acho que é um objetivo que me parece muito mais político do que econômico.
28:55Não vejo concorrência do desleal, de você usar o Pix, por exemplo, alguma coisa que
29:00foi falado.
29:00Não consigo entender.
29:02Esse me parece muito mais uma maneira de tentar ter algum ganho político aí nessa
29:09briga dele.
29:09Tentando justificar.
29:11O que eles falam da questão do Pix é que o Pix substituiu algumas empresas americanas,
29:19por exemplo, as de cartão de crédito.
29:21Visa, Mastercard.
29:22Mastercard, né?
29:23E, mas, assim, que não é um efeito, assim, claro, diminuiu, as pessoas usam mais o, por
29:30exemplo, somente o débito, né?
29:31A pessoa usa o Pix ao invés do débito, né?
29:34Sim.
29:35E para o comerciante é melhor, porque você não tem taxa nem para um lado nem para o
29:38outro.
29:38Seria nisso.
29:38Mas, assim, mesmo...
29:40E tem esse Pix programado também.
29:41Exatamente.
29:42Mas, mesmo assim, o efeito talvez não seria tão assim para poder servir para uma retaliação,
29:49né?
29:49É, Vinícius, só não esqueça que há uns meses atrás a gente estava discutindo um
29:53terrível possível imposto sobre o Pix, né?
29:57Então, assim, concorre, por enquanto está batendo as empresas, mas daqui a pouco a gente
30:00está com isso encarecido também.
30:03Encarecido.
30:05E como que essas tarifas vão influenciar a inflação americana?
30:10Possivelmente aumento de inflação.
30:12Como o Trump faz várias, ele não está só aumentando tarifa, né?
30:15Está fazendo medidas internas também.
30:17Não é muito claro o impacto puro da tarifa na inflação.
30:22Mas, com certeza, e algumas estimativas aí já apareceram, a inflação aumenta um ponto
30:28percentual até o final do ano.
30:31A questão é se as outras medidas que ele faz, né?
30:34Compensam.
30:35Compensam, né?
30:36Porque, como ele está fazendo várias coisas diferentes, pode até ser que o efeito da
30:39tarifa não seja tão forte.
30:41Mas, assim, vai aumentar, vai encarecer.
30:44O seu iPhone lá vai ficar mais caro.
30:46Vai ficar mais caro.
30:46A vida para o americano vai ficar mais caro.
30:48É.
30:49E para você que vai comprar o seu iPhone lá também.
30:51Muito bem.
30:52Eu conheço até uma estudante que foi para os Estados Unidos agora e foi antes dessa
30:58confusão toda e comprou lá um laptop maravilhoso que ela queria e tal.
31:03Porque, sabe, comprou por...
31:05Eu não sei os valores, mas é tipo um terço do que o mesmo laptop é vendido aqui no Brasil.
31:10Aí agora ficou...
31:11Você vai poder ir para os Estados Unidos para não fazer compras.
31:13Não fazer compras.
31:14É passear mesmo.
31:16Porque vai ficar tudo mais caro.
31:18Sem falar o nosso dólar, né?
31:19Então...
31:20É.
31:21Agora, uma questão.
31:22Esses países que foram atingidos pelas tarifas, eles podem retaliar.
31:29Como é que fica isso para a questão das exportações nossas, brasileiras?
31:33Isso poderia afetar as exportações?
31:35Ah, depende.
31:36Mas, assim, eu não sei se a melhor forma é você retaliar.
31:40Talvez no caso da China...
31:42Que são dois urso grandes brigando, né?
31:44É.
31:44Como tem essa questão política muito pesada, sim.
31:46Mas os outros países não vale a pena retaliar.
31:49Acho que o Japão já foi lá, já sentou a mesa.
31:52Assim, outros países...
31:53Singapur, eu acho que não me lembro agora.
31:55O Japão, com certeza, foi.
31:56Coreia, eu acho, também.
31:57Então, é isso.
31:58Coreia também foi.
31:59Assim, eu acho que é sempre melhor você sentar e negociar.
32:02Retaliar nunca é a melhor forma de começar uma discussão.
32:05Claro, se você conversa e não dá em nada, talvez você retaliar seja a sua última opção, né?
32:10Mas é como na vida, né?
32:12Assim, é melhor tentar negociar primeiro do que sair dando porrada, né?
32:17Tentar primeiro, né?
32:18Tentar...
32:19Como é que é a história, né?
32:20Dou um...
32:22Um boi para não...
32:22Quando entrar na briga...
32:24E dou uma boiada para não sair.
32:26No caso do Brasil, né?
32:28É que também são adotadas algumas tarifas com relação a determinados...
32:35O nosso governo com tarifas.
32:37É?
32:37Sim.
32:38Determinados setores, né?
32:40E nesse contexto atual, quais são os riscos e quais são os benefícios dessa prática nossa
32:48aqui de também tarifar alguma coisa?
32:51Ah, eu...
32:52Sinceramente, eu não vejo muito benefício.
32:54Eu vejo...
32:55Assim...
32:56É o mesmo raciocínio aplicado a gente, né?
32:58Se a gente baixasse as tarifas, viriam mais produtos do exterior, né?
33:03Você teria uma pressão para baixar preço.
33:05Tudo que o governo gostaria de ter aqui no Brasil, o governo brasileiro atual...
33:08Melhoraria a concorrência.
33:09É a inflação, só que aumenta a concorrência e aí, claro que tem setores que vão reclamar.
33:14Porque empresário gosta de concorrer, mas não gosta de concorrência, né?
33:18Eu sempre reclamo.
33:19Ah, eu quero ser eficiente e tal, mas a concorrência é chata e tal.
33:23Mas é a vida, o jogo é esse, né?
33:25O jogo é esse, né?
33:26E...
33:28Assim, você teria aí uma realocação aqui dentro, né?
33:32Então, assim, se você põe tarifa, você protege alguns setores que não necessariamente
33:36são os setores que são os mais competitivos no mundo, né?
33:40Assim, o que adianta eu proteger um setor e esse setor não consegue competir lá fora
33:45com um similar estrangeiro, né?
33:47Se eu estivesse colocando tarifa, assim, e esse setor fosse super dinâmico lá fora,
33:52economicamente não estava ok, mas estava melhor, menos pior, né?
33:57Então, assim, eu vejo, assim, existe uma...
34:03é um dito, né, em economia internacional, que é assim, um país aumentou tarifa sobre
34:11seus produtos, o que você faz?
34:13Você abre a sua economia, baixa todas as tarifas, né?
34:16Que é muito melhor, né?
34:17Você ganha concorrência, você ganha competitividade, desculpa, né?
34:22Você fica mais, né?
34:24Começa a competir mais, você fica mais eficiente, você se readequa e fica mais eficiente,
34:29mais produtivo, né?
34:30E o cara que aumentou tarifa lá vai ter uma inflação mais alta lá, daqui a pouco
34:34você cresceu mais do que ele, né?
34:37Então, assim, aumentar tarifa pode ser interessante em alguns casos ali, mas eu, sinceramente,
34:45tem economista que vai discordar de mim, tá?
34:47Mas eu não sou um cara que gosta muito de tarifa, não.
34:50Eu acho que sempre menos tarifa é melhor, tá?
34:54Ah, mas o setor é muito novo, está crescendo.
34:56Então, tá, põe tarifa, mas coloca com meta de exportação e eficiência, e meta
35:01que você consiga, se não atingir, você tira a proteção.
35:05Porque no Brasil, a história é que você põe a proteção, põe meta, aí o cara não
35:09atinge a meta e você continua protegendo.
35:12E aí chega uma hora que o cara está, propositalmente, não atingindo a meta, né?
35:16Para poder ficar protegido, né?
35:18É isso que a gente não pode deixar acontecer, né?
35:22Pois é, muito interessante a conversa de hoje.
35:26Você quer falar mais alguma coisa para...
35:31Para as pessoas?
35:31Para as pessoas que estão aqui assistindo a gente?
35:35Uma coisa que você acha muito importante, que não foi abordada aqui?
35:39Puxa.
35:40Bom, pessoal, é o seguinte, né?
35:41Tarifa, né, sobre o produto brasileiro, é sempre ruim, né?
35:48Do ponto de vista do americano, principalmente, que vai ter uma inflação mais alta.
35:52É ruim para a gente também, porque o nosso produto que ia chegar mais barato, vai chegar
35:57mais caro.
35:59O que que acontece?
36:01No curto prazo, uma semana ou duas, esse efeito é ruim.
36:04Mas se você pensar um pouco mais a médio prazo, empresários e governos já estão se mexendo
36:10para superar essa situação.
36:12O que que eu quero dizer com isso?
36:13Achar novos destinos para os produtos brasileiros.
36:17Eventualmente, como a gente falou aqui, alguns podem até voltar para cá, né?
36:22E isso ajuda no combate à inflação, que é uma coisa que não é só o governo brasileiro
36:26que quer, né?
36:26Todo mundo quer, né?
36:29Principalmente quem toma café, né?
36:31Mineiro, né?
36:31A gente que é mineiro, né?
36:32Nossa, que é?
36:32Nossa, que é?
36:32A gente gosta de café, né?
36:35Então, o café está muito caro.
36:36A gente fica feliz se o produtor trouxer esse café de volta para cá.
36:41Existe um teorema, eu não quero falar economia, mas existe um teorema lá na economia que
36:49fala o seguinte, né?
36:50Quando você tem o café produzido para consumo doméstico, em relação ao consumo externo,
36:57às vezes o preço, quando você coloca o custo de transporte, que é o mesmo transportar
37:02interno para fora, às vezes o café externo fica mais competitivo, vale mais a pena você
37:09exportar o produto para fora.
37:13E muitas vezes, quando você coloca uma tarifa, aí o efeito inverte, né?
37:17E aí fica mais interessante para o produtor trazer o café para cá.
37:22Eu não quero que o produtor que exporta café fique chateado comigo, mas quem sabe eu não
37:29minimiza as perdas, trazendo o produto para cá de volta, né?
37:32Agora, o comércio internacional, a economia internacional, ela é um jogo que, possivelmente, se ele pudesse
37:40ser jogado sem objetivos políticos, né?
37:44Ou com o mínimo de objetivo político possível, melhor.
37:47Mas a realidade mundial atual, desde que o Trump assumiu, é a realidade mundial em que a famigerada,
37:55a geopolítica, voltou a ter um papel importante.
37:58E aí, infelizmente, ou não, isso é um fato, né?
38:02Esses objetivos políticos contaminam as negociações econômicas.
38:07Não dá para escapar disso mais.
38:09A gente tem que aprender a lidar com isso.
38:11E lembrando sempre que o ideal é a gente voltar para um cenário onde a gente usa a
38:18política comercial para objetivos comerciais, não para políticos, né?
38:22Mas, enfim, é isso que a gente tem aí, né?
38:25A economia é assim mesmo, né?
38:28Mas eu espero que a gente tenha efeitos positivos no médio e no longo prazo.
38:34Muito bacana.
38:35A gente quer te agradecer muito, Chiquida, por ter disponibilizado tempo para vir aqui
38:42conversar com a gente.
38:43Ah, eu espero que eu tenha conseguido falar.
38:45Já fico convido para voltar outras vezes aí.
38:48Eu espero que eu tenha conseguido falar de uma maneira tranquila.
38:51Ah, sim.
38:52Todo mundo consegue entender tranquilo.
38:54Entender muito bem, didático.
38:56Não é economês.
38:59Então, graças a Deus.
39:01Pois é, então nós vamos ficando por aqui.
39:05Lembrando a vocês que nos busquem nas redes sociais, no Instagram.
39:13Do Direito Simples Assim.
39:14Direito Simples Assim ADV.
39:18Na página do Facebook.
39:20Nós temos a página no Facebook.
39:21E no YouTube, no portal UI.
39:25O Direito Simples Assim está no portal UI.
39:27Vão acompanhando a gente.
39:29E a nossa coluna, que é a coluna dessa semana, do início, é desse tema também.
39:33E a coluna no Estado de Minas Digital.
39:37Tem o Direito Simples Assim lá também, toda quarta-feira.
39:40Então, acompanhe a gente.
39:43E curta a gente, compartilhe.
39:47Que vai ser muito bom para todos nós.
39:50Esquida.
39:51Só a gratidão.
39:52Só agradecimento.
39:53Eu que agradeço.
39:54Muito obrigado.
39:55Foi um prazer.
39:56Uma honra estar aqui.
39:58Para nós também.
39:58É uma honra recebê-lo.
39:59Então, tchau, gente.

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