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O que é terapia cognitiva-comportamental e como ela ajuda em casos de fibromialgia? Relação com a alimentação e prática de atividade física. No Check Up desta semana o doutor Cláudio Lottenberg recebe a reumatologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Evelin Goldenberg.
Apresentador: Cláudio Lottenberg
Entrevistado: Evelin Goldenberg

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Transcrição
00:00A fibromialgia afeta de 2 a 4% da população em todo o mundo.
00:06No Brasil, estes números chegam a 3%.
00:09Em sua maioria, mulheres entre 30 e 55 anos.
00:13E de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia,
00:17de 10 pacientes com a doença, de 7 a 9 são mulheres.
00:22Em decorrência da falta de explicação para a origem da fibromialgia,
00:25apenas 2,4% dos portadores são diagnosticados e tratados corretamente.
00:35Quando a gente fala com os reumatologistas, eles falam muito sobre imunossupressão,
00:39uso de anti-inflamatório não hormonal, uso de anti-inflamatório hormonal.
00:45Como você trata a fibromialgia?
00:47Existe uma combinação entre anti-inflamatório e analgésico?
00:50Como é que a gente lida no dia a dia no aspecto medicamentoso?
00:54Essa pergunta é excelente, Cláudio, porque assim, a primeira coisa,
00:58não se usa anti-inflamatório e corticóide em fibromialgia.
01:03Até o momento, ela não é considerada uma doença inflamatória.
01:08Inclusive, já tem alguns trabalhos, isso é bem bacana,
01:11uma coisa que estou te passando bem nova,
01:14mostrando que em torno de 30% de pacientes com fibromialgia,
01:18em especial quando associados a algumas doenças autoimunes,
01:21como o Jogren, ou que apareceu após o Covid,
01:26estão tendo um quadro chamado neuropatia de fibras finas.
01:31Então, já está se estudando esse ramo na área de fibromialgia,
01:36e agora, nesse Congresso Europeu de Reumatologia, o EULAR,
01:39que foi agora em junho, já está se apresentando alguns trabalhos
01:43questionando se quadros graves de fibromialgia
01:46não possam ter algum componente autoimune.
01:49Mas, em relação à autoimunidade, não se provou nada até o momento ainda,
01:53então o tratamento não é feito com anti-inflamatórios e com corticótides.
01:57Daí você me pergunta, mas tem um tratamento padrão de fibromialgia?
02:01Não tem, porque cada caso é um caso aqui também.
02:04Se você tem um paciente que predomina a dor,
02:06é diferente de um tratamento de um paciente que predomina a fadiga,
02:11é diferente de um paciente até que predomina um quadro de depressão,
02:14que se associa em torno de 25% a 50% dos casos.
02:18Mas, em vias de regra, antidepressivos, estabilizadores do humor,
02:23analgésicos, já tem trabalhos com o canabidiol no tratamento de fibromialgia,
02:30mas a gente sabe claramente que anti-inflamatórios e corticóides
02:34não devem ser usados nessa doença.
02:37E aí vem até uma coisa interessante,
02:39quando chega um paciente no seu consultório que fala,
02:41ai doutor, eu tenho uma dor no corpo todo, uma coisa horrível,
02:45eu só melhoro quando eu tomo corticóide e o médico diz que eu tenho fibromialgia.
02:49Esse é um que pode estar com o diagnóstico errado,
02:51porque a polimialgia reumática, por exemplo,
02:54pode dar sintomas muito parecidos e ela melhora com corticóide.
02:58Então, aí vem algumas confusões e quando o paciente chega no seu consultório
03:01e te fala isso, já te alerta que ele realmente pode estar com o diagnóstico equivocado.
03:06E onde entra a terapia cognitiva comportamental?
03:10Isso é muito importante para o paciente com fibromialgia,
03:14porque imagina você que o paciente desenvolveu por um estresse emocional.
03:20Agora, dando um exemplo bem prático da vida, tá?
03:22Ele está trabalhando no mundo corporativo e ele tem aquele chefe que ele não gosta,
03:27ou ela não gosta.
03:28E ela fala, ai meu Deus do céu, todo dia que eu vou trabalhar,
03:30eu vejo a cara daquele chefe, meu Deus, me dá um negócio, me começa a doer o corpo todo.
03:35Daí eu faço a pergunta, tudo bem, você pode levar um emprego?
03:38Ah, não posso, então.
03:40Você vai trocar de chefe, então? Também não vou.
03:42Então, você tem que fazer terapia para se adaptar melhor à sua realidade
03:48e passar a encarar melhor o seu chefe.
03:52Isso é terapia cognitivo comportamental,
03:54é você aprender a mudar o seu comportamento frente a um agente estressor
04:01para que você fique bem com você mesma.
04:04ou até para você aceitar a sua doença, né?
04:10Ai, mas eu não vou sarar nunca, ai meu Deus do céu, acho que eu vou morrer disso.
04:13Não!
04:14Você tem que mudar o seu pensamento em relação a você mesma
04:18e entender que você pode melhorar e você pode ser uma pessoa normal.
04:24Isso a terapia cognitiva ajuda.
04:26Agora, veja, a gente tem que tomar muito cuidado,
04:28Cláudio, você sabe, eu trabalhei como reumatologista no contratado do Einstein
04:33por 10 anos no setor de medicina do trabalho
04:35e a gente tem que tomar cuidado com aquelas pessoas que têm ganho secundário da doença.
04:40Porque isso é um problema, né?
04:41Aquela pessoa que se vale da doença.
04:43Quer dizer, eu tive um caso com o SOR super interessante até sobre isso,
04:46a gente também viu em alguns funcionários.
04:48Eu atendi uma mãe que tinha três filhos homens
04:51que só davam bola para ela quando ela dizia que ela estava muito mal.
04:54Ai, meus filhos só me dão bola quando eu fico reclamando.
04:56Ela vai sarar?
04:58Tem terapia que resolva?
05:00Quem tem que fazer terapia é os filhos para darem bola para ela, né?
05:04Algumas pessoas têm vantagens, isso se chama ganho secundário da doença,
05:10mas daí isso aqui não é só em fibromialgia, em qualquer coisa, né?
05:13Daí não tem terapia que resolva, né?
05:15É complicado.
05:16Você falou a respeito de fatores agressores, né?
05:19E eu queria saber em cima da alimentação.
05:21A alimentação interfere?
05:23Ela pode desencadear?
05:25Pode melhorar?
05:25Como é que você orienta isso?
05:27Na verdade, a alimentação pouco muda a fibromialgia.
05:32Claro, algumas atitudes como você manter o peso,
05:35você comer uma alimentação saudável, é bom para tudo.
05:39Hoje a gente sabe que a obesidade é um problema global.
05:42Na área da reumatologia, a obesidade é quase um caos, né?
05:46Porque você imagina que, independente da fibromialgia, com envelhecimento,
05:51as pessoas perdem a massa muscular, as pessoas têm osteoartrose, que é o desgaste,
05:57as pessoas têm doenças inflamatórias e as pessoas têm fibromialgia.
06:01E elas estão obesas, sobrepeso.
06:04Aquilo não vai piorar a dor dela?
06:05Claro que vai.
06:06Vai piorar a dor da fibromialgia, da artrose, da coluna, de tudo.
06:09Inclusive, tem trabalhos com alguns medicamentos que fazem emagrecer
06:14que diminuíram índices inflamatórios.
06:16Quer dizer, a obesidade é uma doença inflamatória, inclusive.
06:19Então, se apresentou isso no lar, assim, é bacana, porque a população tem uma ciência.
06:23Por exemplo, apresentaram a utilização de um determinado medicamento
06:27para redução do apetite em pacientes com artrite reumatóide,
06:31e se viu que baixou os níveis de inflamação.
06:33Então, a perda de peso em todas as doenças reumáticas é importante,
06:38e, evidentemente, na fibromialgia também.
06:41Lembrando que também, você ficando magrinho, arrumadinho,
06:44a sua autoestima melhora, você vai se sentir melhor como um todo.
06:49E atividade física? Qual é a correlação?
06:53É recomendado, prejudica? É bom?
06:55Então, é legal essa pergunta.
06:57Quando o paciente está em muita crise, e você fala,
07:01você vai fazer atividade física, ele fala, não vou, não.
07:04Não vou, não vou, porque eu vou piorar.
07:06Ele está mentindo? Não, não está.
07:07Ele está falando a verdade.
07:10Fibromialgia é um problema com atividade física,
07:12porque toda literatura, prática médica, nós médicos,
07:16todo mundo, a gente fala que ele tem que fazer.
07:18Mas quando o paciente me fala,
07:19doutor, o que eu tenho que fazer?
07:21A primeira pergunta, eu pergunto.
07:23O que o senhor gosta de fazer?
07:24O senhor gosta de dançar?
07:26O senhor gosta de fazer pilates?
07:28O senhor gosta de fazer yoga?
07:29O senhor gosta de musculação?
07:31O que o senhor gosta?
07:32Isso é o número um.
07:33Ah, eu não gosto de nada.
07:34Ah, então vai ter que começar a gostar de alguma coisa.
07:36Então, o que eu recomendo?
07:38Iniciar uma atividade física, em geral,
07:41a que ele gosta, de caráter lento e progressivo.
07:45Eu sempre falo para o paciente com fibromialgia,
07:48se uma pessoa normal faz aquele famoso,
07:51três séries de 15,
07:53você começa com uma série de 10 e já está muito bom.
07:56Então, tem que ser uma coisa de caráter lento e progressivo,
08:00porque todo o excesso aumenta a dor e a fadiga,
08:04em especial quando ele está começando aquele tratamento.
08:09Mas a atividade física é fundamental
08:12e sem dúvida nenhuma para qualquer um, né?
08:15Porque a partir dos 40 anos,
08:16a gente começa a perder a massa muscular,
08:18que é a sarcopenia,
08:20e isso vai impactar na sua autonomia na velhice.
08:24Eu sempre brinco um pouco, Cláudio, assim, com o paciente.
08:27Você faz um investimento financeiro para autonomia na sua velhice?
08:32Claro, doutor, que eu faço.
08:33Então, e você investiu no seu banco de músculos
08:36para você ter autonomia na sua velhice?
08:39Porque senão, você não vai conseguir levantar da cadeira.
08:43Você não vai conseguir andar.
08:45E daí, tudo aquilo que você guardou de dinheiro
08:47é para pagar o cuidador para te tirar da cadeira.
08:49Então, a gente tem que sempre orientar,
08:54estimular que todo e qualquer paciente
08:57faça uma atividade física.
08:59A diferente é que no fibromiálgico
09:01tem que ser lento e progressivo.

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