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Quais são os principais sintomas do Alzheimer, quais os sinais que diferenciam os estágios da doença e quais os tratamentos disponíveis para retardar a evolução? No Check Up desta semana o doutor Cláudio Lottenberg recebe a neurologista Polyana Piza, gerente médica do Programa de Neurologia do Hospital Israelita Albert Einstein.
Apresentador: Cláudio Lottenberg
Entrevistado: Polyana Piza

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Transcrição
00:00Como você pode descrever os sinais, os sintomas do Alzheimer e como diferenciá-lo de outros tipos de demência?
00:08É muito importante conversar sobre isso porque o Alzheimer não é a única demência, ela é a mais falada, ela é a mais comum.
00:15No nosso país, em que a gente tem vários desafios da parte de prevenção e manutenção do acompanhamento das doenças cerebrovasculares,
00:22ela não é a única que tem grande número. As demências cerebrovasculares também são altas no Brasil.
00:28Mas diferenciar uma da outra é muito importante em relação à parte clínica.
00:33A gente fala muito de memória, isso é o que chama mais a atenção das pessoas, mas a memória é uma das esferas da cognição.
00:40Então os sintomas iniciais não necessariamente estão relacionados à memória.
00:44Eles podem estar relacionados a planejamento, principalmente planejamento executivo,
00:48A pessoa conseguir fazer da agenda dela uma rotina que tenha sentido, então ela começa a se atrapalhar com essa possibilidade.
00:58Ela pode se atrapalhar na localização, então ela não tem mais aquele domínio sobre caminhos, lugares que ela costumava frequentar,
01:05ir para aqueles lugares de forma automática, como acontecia anteriormente.
01:10E é claro, a parte da memória, principalmente aquela memória mais recente.
01:13É muito fácil a gente resgatar a memória antiga porque ela já está armazenada.
01:19Ela já está no lugar dela que foi adquirido há bastante tempo.
01:23O cérebro é um hardware, então ele tem um espaço a ser ocupado.
01:27E com o passar do tempo esse espaço diminui.
01:30Eu resgato aquilo que já ocupou, mas para achar um lugarzinho para ocupar novamente é um desafio, principalmente para quem tem o Alzheimer.
01:37Então a memória recente, a localização, a linguagem, começa a dificultar achar nomes, lembrar de nomes que a gente tinha facilidade.
01:47Então a fluência da fala, ela fica menor.
01:50E o comportamento?
01:52O Alzheimer tem uma relação grande com o comportamento.
01:54Não é a única demência em que o comportamento está presente.
01:57A demência frontotemporal, o comportamento tem um pioneirismo grande, até maior que o Alzheimer.
02:02Mas é muito comum no início do Alzheimer as pessoas terem alguma coisa persecutória.
02:07Mexeram nas minhas coisas, pessoas que já são conhecidas, foi lá, pegou alguma coisa minha.
02:12Ter essa ideação mais de que estão mexendo nas coisas dele.
02:17E inicialmente o paciente tem um insight de que aquilo está fora, que alguma coisa está errada.
02:23Mas principalmente com uma reserva cognitiva grande, quando o paciente tem já uma facilidade, tem um nível escolar alto,
02:30ele vai driblando isso e fica difícil às vezes até no médico na primeira consulta perceber.
02:35E o Alzheimer tem várias fases?
02:37É possível que ele pare de progredir?
02:40Que ele pare de progredir é o nosso desejo principal.
02:43A gente tem tentado com as medicações e maneiras como a gente vai conversar,
02:48mas ele tem três fases principais.
02:51Ele tem uma fase que é uma fase leve, ele tem uma fase moderada e ele tem uma fase grave.
02:56O que diferencia essas três fases é o impacto que o Alzheimer traz no cotidiano da pessoa.
03:02Então quanto mais impacto e quanto mais tira dependência, maior é a gravidade ou ele passa para o estágio subsequente.
03:11Antes disso tudo acontecer, existe um marco importante, que é até importante a gente comentar para as pessoas,
03:17nem todas elas conhecem, que é o que a gente chama de CCL, que é o comprometimento cognitivo leve.
03:23Ele não é o Alzheimer, ele tem uma chance de não se tornar Alzheimer.
03:27Metade se torna e metade não.
03:30Esta fase do comprometimento cognitivo leve, lá atrás a gente não tratava, a gente observava.
03:35Hoje a gente começa a tratar nesta fase para que a gente tenha uma chance maior que não exista essa conversão.
03:41E quais são os tratamentos que nós dispomos?
03:44Qual é o arsenal, na verdade, que o médico tem para poder segurar o Alzheimer para que ele não possa progredir?
03:51A gente começou a ter um tratamento efetivo, que a gente começou a perceber uma modificação,
03:57mesmo que mínima, da doença, lá por volta de 1990, 91, 92, em que a gente aprovou uma medicação
04:04que altera, melhora a disponibilidade de um neurotransmissor chamado acetilcolina.
04:10Então, a primeira gama de tratamento que teve uma efetividade maior, ela é uma medicação que inibe uma enzima
04:18chamada acetilcolinesterase. Inibindo essa enzima, ela aumenta a disposição desse neurotransmissor na fenda sináptica.
04:25Isso faz com que as ligações entre os neurônios, elas melhorem.
04:29Então, a partir desse momento, a gente começou a ter um pequeno, mais um crescimento nessa área.
04:34E vieram outras medicações desta família de inibir a acetilcolinesterase.
04:40Isso perdurou até 2021.
04:43Então, a gente teve um gasto importante em pesquisa, mas que a maioria dos traios foram negativos.
04:48A gente teve mais de 140 traios nesse período, que não resultaram em mudança na doença,
04:56na representação clínica da doença.
04:58A partir de 2020, a gente começa a ter, com descobertas novas, um outro foco de tratamento.
05:06E aí a gente começou a ter uma teoria, que a gente acredita hoje em parte dela,
05:11mas que existia um mecanismo numa proteína chamada beta-abiloide,
05:15e essa proteína se acumularia no neurônio, e ela formaria placas,
05:20e essas placas impediriam o progresso ali da transmissão neuronal.
05:25E aí isso prejudicaria todas as funções cognitivas.
05:28Essa teoria amiloide, ela começou a desenvolver, então, as medicações focadas nessa placa amiloide.
05:35E aí a gente tem alguns tratamentos novos, um recentemente liberado pela Anvisa,
05:43que são os monoclonais que vão atingir essas placas.
05:48O anticorpo monoclonal, o que ele faz?
05:49Ele vai lá no receptor, ele é um anticorpo,
05:51Aquele receptor avisa a defesa do sistema nervoso central,
05:55que a nossa são as micróglias,
05:58e aí essas micróglias começam a fagocitar essa placa e retirar essa placa.
06:02Isso trouxe um ânimo muito grande quando a gente começou a ver nas imagens
06:06que as placas começaram a sair.
06:08O problema é que não são só as placas.
06:10A placa, ela é quase o final ali do processo de adoecimento,
06:15não do paciente, mas de começar a manifestação clínica.
06:18Então, tirar só as placas não é o suficiente.
06:22Então, com esses monoclonais, a gente viu uma resposta melhor
06:25que o inibidor da cetilcolinesterase,
06:28mas ainda não o suficiente para a gente dizer que existe um grande impacto
06:31de reverter, modificador da doença.

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