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Lygia da Veiga Pereira, pesquisadora do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da USP, explica a importância do DNA brasileiro para aumento da expectativa e qualidade de vida no país.

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Transcrição
00:00Ô Lígia, você tocou em três pontos aí, mas tem um quarto que parece que é muito em voga hoje, que é a longevidade, né?
00:07A questão, vocês, parte de todos esses estudos acaba afetando a longevidade ou isso vai ser tratado de alguma forma mais tarde nessa sua nova empresa?
00:19Olha, na nova empresa a gente não sabe ainda o que a gente vai descobrir, em que área da saúde a gente vai conseguir contribuir, vai depender muito dos achados que a gente faz no nosso DNA.
00:35Então, hoje eu não sei se a gente vai, a gente não tá focado, por exemplo, ah, eu quero olhar só câncer, eu quero olhar só, sei lá, hipertensão.
00:44A gente tá olhando o DNA do brasileiro em geral e tentando achar ali onde a gente tem oportunidade pra fazer alguma inovação.
00:54Toda inovação em saúde, de alguma forma, impacta a longevidade, ou se não, a qualidade de vida.
01:01Porque a gente tem a história da longevidade, mas a gente também tem a história do tempo de qualidade de vida, né, Filipe?
01:08A gente quer viver mais, mas a gente quer viver mais bem também, não é?
01:13Exatamente.
01:14A qualquer preço, não é pra ficar aí vivo, né, com o coração batendo, mas mal.
01:20Então, todos esses estudos, de alguma forma, contribuem, né?
01:23A gente não tem um foco, existem empresas, por exemplo, que focam em longevidade mesmo, né?
01:31E aí tem uma opção de coisas aí acontecendo e tal, mas precisa de tempo pra gente ver, né, o que é fogo de palha,
01:40o que é que realmente se comprova a longo prazo com estudos sérios e com bastante gente.
01:48Mas tudo isso tem, sim, um potencial de aumentar a qualidade de vida e o tempo de qualidade de vida.
01:57O Lígia, você disse no começo uma coisa muito interessante, que o estudo do DNA mostra não só na questão do genoma,
02:06mas questões culturais também, né?
02:08Então, sempre me chama a atenção que algumas doenças não existiam no Brasil há 30, 40 anos atrás,
02:14e hoje se tornaram doenças do primeiro mundo no Brasil e isto é mais cultural ou tem a ver com o DNA?
02:21Eu ia pensar duas coisas, né?
02:23A questão da obesidade e hipertensão, duas coisas que eu falo assim, mas isso nunca foi um problema pra nós, agora é.
02:29É, mas isso aí, Felipe, eu vou dizer, é a epigenética, né?
02:33Isso é o nosso meio ambiente.
02:34A gente teve uma mudança de comportamento, né?
02:39A inserção dos alimentos ultraprocessados e o bombardeamento dessa indústria na mídia, em tudo, né?
02:52As pessoas, e até por conta do estilo de vida muito corrido, não dá tempo de cozinhar, é mais barato.
02:59O preço da comida ruim é muito barato.
03:02Então, isso é uma inversão, né?
03:06Agora as pessoas, antigamente as pessoas de baixo poder aquisitivo eram mais magras por falta de acesso.
03:13Agora, inverteu, né?
03:14Porque as pessoas com o poder aquisitivo mais alto podem se alimentar direito
03:19e as de poder aquisitivo mais baixo, elas conseguem comer comida, mas uma comida de péssima qualidade.
03:25Então, isso é muito grave, isso é muito grave, mas isso eu não vou culpar a genética.
03:30Isso é mais o meio ambiente, a nossa coisa é o cultural.
03:34Mas é importante mostrar, talvez, o DNA para fazer uma mudança de cultura, né?
03:38Porque é tão difícil mudar a cultura.
03:40Se o seu paladar acostuma com determinado tipo de comida, para você fazer uma reeducação alimentar é uma coisa bem complicada.
03:45Aí, o que acontece?
03:46Essa indústria aí dos ultraprocessados criou essa epidemia de obesidade no mundo.
03:57Aí, a indústria farmacêutica vai e inventa uma nova droga para curar essa obesidade,
04:04que também vira um negócio gigante.
04:07A Dinamarca, eu acho que o PIB da Dinamarca, hoje em dia, depende do Ozempic.
04:13Enfim, então é uma maluquice, né?
04:16Quando a gente faz essa roda maluca, quando, de repente, se a gente começa a conseguir fazer com que as pessoas comam melhor,
04:26isso vai ter um impacto na economia, de diminuir os custos com a saúde tremendamente, né?
04:34Enfim, mas é que tudo complexo para caramba.
04:37Eu acho, Felipe, que é mais fácil, foi mais fácil, pelo menos, a indústria farmacêutica criar esse remédio para tratar a obesidade
04:45do que a gente conseguir controlar a cultura e a indústria.
04:49E o bombardeio dos ultraprocessados, criando aí essa geração de obesos, hipertensos e diabéticos.
04:58Mas eu comento sempre que nós que viajamos muito, estamos sempre em aeroporto,
05:03não tem uma comida saudável em aeroporto, em qualquer lugar do mundo.
05:07Então você vê que tem uma questão...
05:09Ontem eu estava em Brasília, e aí, putz, meu voo era 10 para as 8 da noite,
05:15eu ia chegar em casa 10 e meia da noite.
05:17Falei, gente, vou comer alguma coisa.
05:18Não, tinha.
05:20Aí eu vi uma esfirra, eu falei, cara, esfirra, né?
05:23Eu reconheço uma carne moída aqui.
05:27Mas é isso, não tem.
05:29E o que tiver vai ser caro para a chuva.
05:32É, então é uma coisa incrível, né?
05:34Porque parece que, se para o aeroporto, não existe uma política de consciência,
05:39não, precisa ter 20% de comida saudável aqui,
05:41porque senão você acaba sendo arrastado por esse mau hábito.
05:45Agora, isso tem que começar lá, né?
05:47Nas escolas, nas merendas.
05:49Lógico.
05:50Bom, você já foi a um hospital recentemente,
05:52mesmo os mais bacanas.
05:54Você vai ver a gelatina, o suquinho de caixinha, cheio de açúcar.
06:00Você fala, cara, estou dentro do hospital.
06:02É verdade.
06:04E, Lígia, uma outra coisa interessante.
06:08Afeta o nosso DNA de alguma forma?
06:11Por exemplo, estresse, coisas que você tem ao longo do tempo,
06:15isso começa a afetar a DNA ou não?
06:17Isso, tudo, todo o nosso meio ambiente afeta o nosso DNA, tá?
06:24Mas afeta de uma forma normal, né?
06:26O nosso DNA está programado para responder aos estímulos do meio ambiente.
06:32Então, você dá um exemplo bobo, né?
06:34Você vai na praia, sua pele recebe sol.
06:38Esse sol vai lá no nosso DNA e ele vai ativar uma série de genes
06:45que vão produzir melanina, por isso que a sua pele fica mais escura,
06:50que vão começar a produzir vitamina D,
06:53que vão produzir também enzimas para reparar o seu DNA,
06:57porque o sol também pode quebrar, machucar o seu DNA.
07:00Então, tudo que a gente faz, né?
07:02Todos os estímulos do meio ambiente geram uma resposta.
07:07Quando você faz exercício, né?
07:09Você faz exercício, esse exercício, as nossas células musculares,
07:14elas entendem lá no DNA, o DNA começa a dizer para elas,
07:17ó, começa a se multiplicar, e elas começam a se multiplicar
07:19e você ganha massa muscular, né?
07:23Então, sim, tudo o que a gente faz afeta o nosso DNA e isso faz parte.
07:28Agora, tem coisas que afetam de uma forma negativa, né?
07:30Você vai fumar, isso vai quebrar o seu DNA, vai gerar quebras
07:34que podem levar aquela célula agora a formar um tumor.
07:39Pegou sol demais, essas coisas, né?
07:42Então, enfim, esse tipo de ataque ao DNA é ruim.
07:49Então, a forma, nós somos um produto, né?
07:53Do nosso DNA e do nosso meio ambiente.
07:56Então, isso é legal a gente saber, né?
08:01Que a nossa sorte não está escrita,
08:04o nosso destino não está completamente escrito no nosso DNA.
08:07No DNA.
08:08Nós recebemos uma...
08:11A gente, nesse nosso DNA, eu tenho uma série de variações genéticas
08:14que vão dizer a minha predisposição para uma série de coisas.
08:18Mas é uma predisposição.
08:20Vai ter um tanto do meio ambiente que eu, dependendo do meu estilo de vida,
08:26essa predisposição, essa doença pode se manifestar ou não, né?
08:31Então, essa é a boa notícia.
08:33E é por isso que a gente tem que conhecer as nossas predisposições genéticas,
08:37para saber exatamente onde é que eu tenho que tomar mais cuidado com o meu estilo de vida.
08:42Ô, Lígia, você também está fazendo uma coisa muito inovadora,
08:45porque essa coisa empreendedora na ciência, de trabalhar junto com a universidade,
08:50eu vejo que no Brasil, muitas vezes, a pesquisa está dissociada do mundo real, né?
08:58Como é que nós podemos aproximar mais a universidade do mundo real?
09:03Porque onde aconteceu isso?
09:04Porque você deu um ótimo exemplo do agronegócio.
09:06As universidades do agronegócio estão cada vez mais próximas da ponta do mundo real, né?
09:11Mas como traduzir isso para o restante da ciência?
09:14Olha, durante muito tempo aqui no Brasil, a gente ainda tinha muito essa muralha da China, né?
09:21Entre a academia e a indústria.
09:24E uma ideologia boba do bem e do mal.
09:28Ó, eles querem ganhar dinheiro e nós só estamos aqui pela sabedoria, pelo conhecimento e tal.
09:33Isso é uma besteira.
09:35Porque o cientista, a nossa vocação é gerar conhecimento.
09:42E muitas vezes, esses conhecimentos, é o conhecimento pelo conhecimento.
09:46A gente não está pensando num produto lá no fundo, no fim.
09:51A indústria está pensando sempre em produto.
09:53Então, ela fica olhando aqui esses conhecimentos que a gente está gerando
09:56e muitas vezes, ela olha e diz, opa, isso aqui que você fez e tal, pode ter esse desdobramento, né?
10:04E aí, o cientista ainda na academia pode ir levando isso, essa ciência mais aplicada,
10:11até um certo ponto.
10:12Mas chega uma hora que a vocação de transformar mesmo uma ciência aplicada em um produto
10:19não é a vocação da universidade.
10:21E aí, é fundamental essa união de forças.
10:24Essa união de forças é que tornou os Estados Unidos a potência que é, né?
10:28Em termos de tecnologia.
10:30Você vê em todas as universidades, elas promovem a interação da indústria com os seus cientistas.
10:40Os grandes cientistas nos Estados Unidos e na Europa, muitos deles,
10:46acabaram sendo fundadores também de alguma empresa.
10:49eles seguem lá na universidade, mas aquele conhecimento deles levou à criação de uma empresa
10:54que está gerando um produto e isso vai acelerar a ciência deles chegar na população.
11:00Então, o que eu venho vendo, eu acho que há mais de 10 anos, uns 20 anos aqui no Brasil,
11:05é uma mudança dessa cultura.
11:07E aí, eu acho que há mais de 10 anos aqui.
11:08Eu acho que há mais de 10 anos aqui no Brasil.

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