Entrevista com a Daiane Muniz, árbitra da CBF

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Transcript

00:00Estou muito orgulhosa, muito feliz, me sinto honrada de estar representando a CBF,

00:05de estar representando a Seleção Brasileira, assim que a gente se sente quando a gente é convocado

00:10para uma competição internacional.

00:13Então estou realizando um sonho e com certeza me preparando muito para esse momento.

00:18Você é uma das árbitras mais credenciadas e assim, fica aquele questionamento.

00:24Se a Seleção Brasileira chegar longe, você apita menos jovens.

00:26Como é que o coração fica dividido?

00:30Até que não, porque quanto mais o futebol feminino brasileiro cresce,

00:37ele vai me proporcionar melhores oportunidades para eu evoluir profissionalmente,

00:43para eu evoluir como pessoa e isso para mim faz toda a diferença.

00:48Não adianta eu ir para uma competição torcendo para a minha camisa, para o meu país ser derrotado,

00:55para eu chegar até as finais, enfim, para eu ir mais longe, porque acredito que isso é um pensamento

01:02muito pequeno para o que a gente tem a pretensão, para o que a gente pretende para o futebol nacional,

01:10para o futebol brasileiro.

01:11E tendo em vista que a gente vai ter uma Copa do Mundo daqui a dois anos no nosso país,

01:17eu acredito que eu preciso pensar em todos nós, no futebol, nas atletas, em como a gente pode evoluir

01:24como arbitragem feminina, como futebol feminino, e com certeza isso faz parte.

01:30Se o Brasil for campeão da Copa América, eu tenho certeza que eu ganharia muito mais do que se eu ficasse lá por mais tempo.

01:37Falando um pouco aqui da atividade da CBF, quanto que você acredita que esse tipo de iniciativa ajuda a arbitragem?

01:43Ajuda muito, porque a gente busca uniformização, a gente busca unificar critérios, aproximar conceitos,

01:51para que o jogo não seja dirigido de maneira individual, porque é por óbvio, cada árbitro tem a sua individualidade,

02:00mas o jogo é uma só, a arbitragem é uma só, ela precisa entender o jogo,

02:06a gente precisa entender o que o jogo quer de nós, o que os jogadores precisam,

02:10para que o jogo de futebol seja fluido, e a gente entregue o que os espectadores, os torcedores esperam da gente.

02:17E para a gente fechar, o quanto que é a parte psicológica de um árbitro,

02:20que ela é pouco falada no mundo, a gente critica muito, as pessoas criticam demais,

02:24mas quanto que a parte psicológica é importante nesse período, e como que vocês trabalham nesse tipo de jogo?

02:28Tem razão, nós temos trabalhado inteligência emocional, para lidar com conflitos que acontecem no campo,

02:35a gente tem falado o quão necessário e importante é um árbitro neutro, centrado,

02:42entendendo tudo o que acontece, respirando quando ele pode e deve respirar,

02:47para não tratar o jogo, um jogo que sobe o clima, um jogo que precise da presença forte dele,

02:53para não tratar o jogo da mesma maneira, de maneira ríspida, com autoritarismo,

02:58então a gente tem dado um enfoque bacana para a inteligência emocional,

03:03para quanto mais conflitos acontecerem, a gente conseguir entregar confiança aos jogadores,

03:11e eles confiaram o jogo na gente.