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Esportes
Transcrição
00:00Cicinho, 20 anos atrás, nesse estádio aqui, você teve uma das pontistas mais importantes da história de São Paulo, que foi a Libertadores de 2005.
00:08Eu queria que você abrisse essa entrevista nossa aqui para o Lance, que me agradeça a oportunidade, falando um pouquinho desse jogo, o que ele significou para você e como é voltar agora nesse palco histórico e relembrar tudo isso?
00:20Bom, agradecer a oportunidade que o Lance está dando para a gente dar esse depoimento. Foi um momento mágico, a realização de um sonho de criança, de poder conquistar um título aqui dentro e veio a Caliá, que foi o título da Libertadores.
00:37Estádio completamente lotado, gritando o seu nome. Então, assim, foi um momento mágico e um momento de alívio.
00:44São Paulo vinha com aquela pressão de não ganhar títulos desde 93 da Libertadores e você poder escrever o nome na história.
00:56Então, foi algo marcante que até hoje, quando a gente pisa aqui dentro desse estádio, vem toda a memória da comemoração.
01:06E também das dificuldades que nós enfrentamos para poder chegar até o título.
01:10E, assim, aquela final foi muito marcante porque o primeiro jogo vocês empataram, né? Um a um, teve aquele gol contra o Atlético.
01:17Então, vocês chegam para jogar o que é decidir mesmo sem certeza de nada.
01:21Porque não era como se, ah, tem vantagem, isso aqui. E aí vocês goleiam, fazem tipo um jogaço.
01:26Como que estava o mental de vocês naquele momento, né? De saber que era literalmente, assim, tudo ou nada?
01:32É, na verdade, assim, o nosso sentimento durante a semana, quando acabou o primeiro jogo, nós sabíamos da grande vantagem que nós tínhamos construído.
01:41Apesar do jogo ter terminado empatado um a um, né?
01:44Que o jogo acabou sendo levado para o Beira Rio pelos problemas, né?
01:48Na arena do Atlético Paranaense.
01:51Assim, nós sabíamos da força nossa no Murumbi.
01:54Então, quando terminou o jogo, o nosso vestiário é um vestiário muito leve.
01:58Como o decorrer da semana, da preparação para essa final também foi leve.
02:04Então, assim, nós sabíamos da força nossa aqui dentro e fizemos prevalecer isso, né?
02:11Chegando aqui no estádio, aquele mar de torcedor, gritando nome, entrando após o aquecimento.
02:17Você vendo os familiares todos torcendo pela gente, assim, sabíamos que para poder tirar esse título da gente,
02:26os caras tinham que ser muito mais do que perfeito.
02:30Porque nós iríamos correr até o último instante, foi o que aconteceu.
02:34E você falou da torcida, foram quase 72 mil torcedores presentes.
02:38Eu lembro que, tipo, se você pega algumas manchetes daquela época,
02:41ah, ele o Murumbi te mata, tinha toda essa mística, toda essa história.
02:45Como que foi lidar com essa responsabilidade, lidar com essa questão da torcida presente?
02:49Porque era, de fato, muita gente, um dos maiores públicos da história aqui do Murumbi, né?
02:53É, exatamente. Mas, assim, nós tínhamos essa conexão com o torcedor, né?
02:59O torcedor abraçou na Libertadores de 2004 e, principalmente, em 2005, o torcedor abraçou a equipe, assim.
03:07E, como eu falei, quando nós chegávamos aqui dentro, tinha essa química do torcedor com os jogadores
03:13que nos impulsionava a entregar o nosso melhor, né?
03:16Mesmo quando as coisas não saíam da maneira na qual a gente tinha treinado,
03:21a gente buscava outros meios e, com o apoio do torcedor, a gente dava um pique a mais,
03:28tinha uma atenção maior.
03:30E isso fez com que a gente criasse essa força e essa identificação aqui com o torcedor
03:38e o que nos rendeu frutos.
03:39Você falou que, quando vocês chegaram para o segundo jogo, estava um clima bem leve, né?
03:44Você lembra como foi a preeleção, como foi a conversa com a professora, a conversa entre vocês?
03:48Se tem alguma história de bastidores que ninguém sabe ou pouca gente sabe, se você puder contar também?
03:53Olha, não, histórias têm muitas, né?
03:56Assim, era um clima bem leve, mas também tinha o frio na barriga,
04:02tinha jogador, né, bem tenso.
04:05A preparação foi, simplesmente, é que o Paulo Otuori, ele é um treinador diferente dos demais que eu trabalhei.
04:18Ele era um cara muito, assim, gênero na maneira de se dirigir aos atletas.
04:24Então, uma fala suave, não tinha nada de gritaria, bem, assim, explicado.
04:31E nós já vínhamos treinando, ele já conhecia a nossa equipe.
04:35E a única coisa que ele falou para a gente, olha, entra lá, desfruta desse momento
04:39na qual vocês buscaram e criaram para que acontecesse.
04:44Então, agora, a coroação é vocês conquistarem o título.
04:49Então, saiba que do lado de fora, vocês têm treinador, vocês têm amigos aqui no banco de reserva
04:54que podem substituir.
04:56E tem, além desse mar de torcedores, tem os familiares que acreditam em vocês.
04:59Então, não é uma grande oportunidade que a gente tinha de escrever o nome na história.
05:06E as curiosidades, as preparações, comendo bolacha recheada no vestiário, escondido,
05:12de treinador para esconder um pouco da tensão e por aí vai.
05:15E falando também sobre você, agora, em específico.
05:19Você era um lateral naquela época, visto como alguém muito técnico, de muita qualidade.
05:23Naquele jogo na final que aconteceu aqui no Morumbi, por exemplo, você criou as primeiras
05:28oportunidades de gol, né?
05:29Você, mesmo atuando no lateral, era bastante ofensivo, mas tiveram dois gols seus que marcaram
05:34muito e que foram aqueles contra o Palmeiras.
05:37Você considera que foram os mais marcantes da sua carreira?
05:39E se você também puder dar um pouquinho dos bastidores desse jogo em específico,
05:42desses gols em específico, que é um dos maiores rivais do São Paulo, né?
05:46É, e o Palmeiras era, assim, uma equipe na qual, independente das condições que se
05:55encontrava, né, sempre dificultava, né?
05:59E era clássico.
06:01Na época, o clássico, a semana parava, os meios de comunicações, assim, só citava
06:09a questão do clássico, ainda mais em Libertadores.
06:12E eu tive felicidade de fazer o gol nos dois jogos.
06:16E falo que foram gols importantes, porque o primeiro no Parque Antártica, é no antigo
06:21Parque Antártica, né, nos deu uma vantagem pra vir pro segundo jogo, já com uma vitória.
06:28E aí até o Roger Senni, no vestiário, falou, olha, ganhamos de 1 a 0.
06:32Com um gol de Cicinho de esquerda, dificilmente nós não vamos ser campeões.
06:35E parecia tenso ali quando ele jogou a luva, mas aí ele brincou dessa maneira e ficou
06:41um clima bem legal.
06:42E no segundo jogo eu fiz o gol no último lance, né, que saiu uma falta, o Júnior
06:47veio e falou, o que você vai fazer?
06:48Eu falei, eu vou chutar pro gol.
06:50Já acabou o jogo, ele falou, então chuta.
06:53Ele falou, se eu fosse você, eu tocava aqui do lado, já tava 1 a 0 pra nós.
06:56Eu falei, não, eu vou chutar pro gol.
06:57E chutei, e entrou pra história, por quê?
06:59Acabou o jogo e foi o gol de número 10 mil da história da Libertadores.
07:04Então, assim, momentos marcantes, né?
07:07Então, por isso que foram também tão importantes pra mim.
07:09E tinha isso também, se a primeira final de Libertadores tem que ter dois times brasileiros,
07:14né?
07:14Isso pesou bastante pra vocês?
07:16Porque era uma coisa, acho que, sei lá, naquela época jogar contra um time da Argentina,
07:20um time de outro país.
07:22Ah, tá, tudo bem.
07:23Mas não, eram dois times do Brasil.
07:25Então, como foi também lidar com essa questão?
07:26Então, foi uma maneira, assim, que nós buscamos de tirar exemplo de 2004.
07:33Porque em 2004, nós saímos na semifinal com o Onsia Caldas, que era um time sem expressão
07:38na Libertadores.
07:39E em 2005, quando chega na final, o Atlético Paranaense, na Libertadores, não tinha essa
07:47química na qual o São Paulo sempre teve.
07:50Então, nós falávamos, olha, vamos fazer prevalecer a força da camisa, a nossa história.
07:57Só que tudo isso tinha que ser colocado dentro de campo.
07:59E foi o que aconteceu.
08:00Respeitamos muito a equipe adversária.
08:03E sabíamos também que não ia encontrar aquela catimba dos argentinos, de ficar atrasando
08:07o jogo.
08:08Os dois jogos no Brasil, você não precisa viajar pra longe.
08:11Então, isso ajudou bastante.
08:12E essa Libertadores deu caminho pro Mundial de 2005, que consolidou o São Paulo como
08:18o único time brasileiro até hoje, a ter três mundiais, né?
08:22Como que foi também essa questão, ter essa responsabilidade também?
08:27E se puder, a comemoração em cima da Libertadores, mais falar um pouquinho do Mundial?
08:32É, então, a Libertadores foi um peso que nós tiramos.
08:35E o Mundial, nós tínhamos a pressão interna nossa, assim, por todo o São Paulo ter ido
08:43já duas vezes e ter ganho.
08:45Então, assim, nós tínhamos a oportunidade novamente de entrar nisso.
08:49Nós tínhamos construído, né, todo aquele caminho pra poder chegar até o Mundial.
08:55Então, assim, sabíamos das dificuldades que iríamos enfrentar, né, no primeiro jogo
09:00e depois se chegássemos a final contra o Livro.
09:03Mas, assim, era uma equipe muito, muito unida e em busca do mesmo objetivo.
09:08Não tinha vaidade nenhuma, mas sim tinha ali 20 e poucos jogadores, comissão técnica,
09:14pessoal da imprensa, os cozinheiros, a galera que viajou, diretores,
09:21todos unidos com o mesmo objetivo, né?
09:25Buscando ser campeão do campeonato mundial ali, né, do Mundial de Clubes.
09:32E nós nos unimos em meio a toda dificuldade, em toda desconfiança e quando entramos dentro de campo
09:38falamos, olha, é nosso momento e vamos.
09:40Se der certo, bem, se não der, amém, tentamos.
09:43E uma coisa que a gente tem em mente é o quê?
09:44Cada um vai dar o melhor de si.
09:46E nós conquistamos o título.
09:47E pra fechar, foi a última Libertadores conquistada pelo São Paulo, né?
09:52O que você acha que falta hoje pro São Paulo ter uma campanha parecida por causa de 2005
09:56e voltar a ganhar essas faças continentais, empilhar esses títulos internacionais de novo?
10:04É difícil falar o que falta.
10:06Na verdade, assim, jogadores em momento decisivo aparecer, né?
10:13Então, assim, nesses momentos de decisão, é momento de jogador grande.
10:19E quando eu falo de jogador grande, não tá falando do melhor do time.
10:25Eu tô falando de quem tá no banco, de quem tá treinando, de quem não tá sendo convocado.
10:30É incentivar.
10:31Você buscar extrair o melhor do seu companheiro e entregar o seu melhor, né?
10:38Então, é dessa maneira que as coisas acontecem.
10:41Em umas quartas de finais, né?
10:44O Sissinho foi quem fez os gols importantes.
10:48Numa semifinal, um dos caras importantes era o reserva do Sissinho, que é o Souza,
10:52que jogou lá contra o River na Argentina.
10:55Então, o grupo é feito dessa maneira.
10:56Pra você vencer, todos precisam estar com o mesmo objetivo
10:59e deixar a vaidade e as conquistas pessoais de lado.
11:04E pensar sempre no bem do grupo.
11:05Então, quando há essa união, por mais limitada que a equipe seja,
11:08eu acredito que ela conquista o objetivo.
11:10É isso, então. Obrigada. Eu esqueci.
11:12Beleza!

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