- 08/07/2025
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NotíciasTranscrição
00:00:00de dois mil e vinte e cinco.
00:00:02Leonardo Sica foi um dos
00:00:03responsáveis pela criação e
00:00:05instalação da comissão para
00:00:07debater a ampla reforma do
00:00:09poder judiciário. A primeira
00:00:11reunião da comissão foi
00:00:12realizada em junho. A
00:00:14expectativa é que as propostas
00:00:16estejam prontas dentro de um
00:00:17ano para serem entregues ao
00:00:19congresso e ao supremo tribunal
00:00:22federal, o STF.
00:00:26Tá aí, criação da comissão de
00:00:28estudos de reforma do
00:00:30judiciário criada aqui na UAB de
00:00:32São Paulo por iniciativa do
00:00:34presidente Leonardo Sica.
00:00:34Presidente, já quero te
00:00:35perguntar, o que te levou a essa
00:00:37ideia, a instalação dessa
00:00:38comissão? Qual o cenário no
00:00:40poder judiciário que você
00:00:41encontra que te levou à criação
00:00:44desse importante grupo de
00:00:46debates, de estudos sobre a
00:00:49reforma do poder judiciário?
00:00:51O que nos levou a essa ideia foi
00:00:52primeiro perceber que existe uma
00:00:54demanda. Existe muita gente
00:00:55preparada, estudando reformas no
00:00:58sistema de justiça, fora do
00:00:59poder judiciário, que é muito
00:01:01importante, não é muito
00:01:02importante, o ponto de vista dos
00:01:04juízes é importante sobre o
00:01:05poder judiciário, mas um poder
00:01:06da república, ele deve ser visto
00:01:08sobre diversos pontos de vista,
00:01:09a gente percebeu que a UAB
00:01:11poderia ser um lugar
00:01:12privilegiado para reunir pontos
00:01:13de vista diversos e levar para o
00:01:15sistema de justiça. Dentro de uma
00:01:17percepção, não é que o povo
00:01:19brasileiro, a população brasileira
00:01:20confia muito no poder judiciário,
00:01:23por isso que recorrem muito ao
00:01:24poder judiciário, a gente fala de
00:01:25milhões de processos, milhares de
00:01:26processo, isso não é porque o
00:01:27brasileiro é um povo especialmente
00:01:29litigante ou porque tem um gosto
00:01:30por ir ao judiciário, porque o
00:01:32brasileiro confia no direito, confia
00:01:34nos profissionais do direito e esse
00:01:36elemento, confiança da população
00:01:38brasileira no judiciário, nos parece
00:01:40essencial para a nossa democracia.
00:01:42Então a gente quer proteger esse valor,
00:01:43a gente quer proteger a confiança da
00:01:45população no judiciário e para isso
00:01:46o judiciário precisa acompanhar o que
00:01:49aconteceu nos últimos 20 anos, mudanças
00:01:51sociais muito velozes, muito rápidas,
00:01:53receber os pontos de vista externos ao
00:01:57seu trabalho, para entender o que
00:01:59precisa ser modificado, para dar conta
00:02:01da diversidade de, tudo vai para o
00:02:02judiciário hoje em dia, tudo, é tudo,
00:02:05sem fazer um juiz de valor sobre isso,
00:02:06todas as questões terminam no judiciário,
00:02:08desde o aumento de imposto até o, se eu
00:02:11vou tomar água no restaurante ou não,
00:02:13isso vai para o judiciário como já foi
00:02:14aqui em São Paulo, se vão servir água de
00:02:16graça ou não.
00:02:18Então é uma complexidade de fenômenos
00:02:20que existe uma complexidade, exige uma
00:02:23complexidade de olhares, mais gente
00:02:24olhando e falando, olha, o melhor jeito
00:02:25é esse, não é esse.
00:02:27Então a gente fez uma comissão que é
00:02:28mista, que é plural e vamos, a partir
00:02:30de agora, estamos fazendo uma fase
00:02:31de diagnóstico para ouvir, nós vamos
00:02:33dividir em grupos de trabalho, nós vamos
00:02:35fazer consulta pública, vamos ouvir mais
00:02:37gente para levar essa missão adiante.
00:02:39Você falou sobre a composição dessa
00:02:41comissão e chamou muito a atenção as
00:02:43pessoas que integram aí de diversos
00:02:46polos do poder judiciário, do sistema de
00:02:49justiça como um todo, né? Fala para
00:02:51a gente como é que foi a escolha
00:02:52desses nomes, os convites, a recepção
00:02:55dessas pessoas ao convite que foi
00:02:58feito pela UAB São Paulo.
00:02:59A recepção foi maravilhosa, né? Cada
00:03:01convite que nós fazíamos reafirmava a
00:03:03ideia de que existe uma vontade de
00:03:06modificar estruturas do poder judiciário,
00:03:08aí a gente procurou pessoas que têm
00:03:10longa vida prática, teórica, experiência,
00:03:13vivência no poder judiciário de pontos
00:03:15de vista diversos. A gente tem dois
00:03:16ministros do Supremo, indicados por
00:03:19governos diversos, um indicado pelo
00:03:21Fernando Henrique, uma indicada pelo
00:03:23Fernando Henrique, ministro Helen Grace,
00:03:24ministro César Peluso, indicado pelo
00:03:25Lula, dois ministros da Justiça, um do
00:03:27governo Lula, um do governo Dilma,
00:03:30Eduardo Cardoso, um do governo FHC,
00:03:32Miguel Reale Júnior, representantes da
00:03:34academia, a gente precisa ouvir os
00:03:35professores, a gente precisa reaprender,
00:03:37ouvir quem estuda, embora isso seja um
00:03:39truísmo, mas a gente precisa fazer isso,
00:03:40né? Representantes da advocacia,
00:03:43presidente da OAB Nacional, presidente da
00:03:44OAB Estadual, César Bito, Patrícia
00:03:46Ranzolini, e conseguimos formar um grupo
00:03:48inicial, esse é o grupo central que vai
00:03:50impulsionar a discussão. Perfeito, a
00:03:53gente vai já abrir aqui a rodada de
00:03:55perguntas na nossa bancada de hoje,
00:03:57começando com o Fernando Capês.
00:03:59Muito boa noite, Nelson Kobayashi,
00:04:01boa noite ao Flávio, ao Túlio, ao
00:04:04Clever e boa noite ao nosso
00:04:05entrevistado, presidente Leonardo Sica.
00:04:08Presidente, em primeiro lugar, queria
00:04:09cumprimentá-lo pela iniciativa da
00:04:12criação dessa importante comissão e
00:04:15já ir direto na seguinte pergunta.
00:04:17Nos últimos 20 anos, o Brasil tem
00:04:20experimentado surtos diversos de
00:04:23autoritarismo. Esses surtos
00:04:26autoritários estão normalmente
00:04:28baseados em bandeiras que são
00:04:30simpáticas e provocam um grande
00:04:33clamor popular. Então, seja o combate
00:04:35à corrupção, como vimos na Lava Jato,
00:04:38que foi palco de algumas violações a
00:04:41direitos do Código de Processo Penal
00:04:43sob o ponto de vista da defesa,
00:04:44estamos falando aqui com o
00:04:45presidente da OAB. Depois, é a
00:04:47bandeira da defesa da democracia e
00:04:50aí a gente tem visto um
00:04:52alargamento excessivo da competência
00:04:55do Supremo Tribunal Federal, isso
00:04:57elimina a competência de instâncias
00:05:00inferiores e acaba com o princípio
00:05:03do duplo grau de jurisdição. E
00:05:05embora o Supremo tenha ditado uma
00:05:06súmula vinculante, a 14, dando
00:05:08direito à parte de conhecer as
00:05:11provas já produzidas e juntadas aos
00:05:13autos, a verdade é que o advogado
00:05:15hoje ele fica sabendo de uma
00:05:17investigação pela imprensa. Ele
00:05:19consegue ler alguns trechos do que
00:05:21consta do inquérito pela imprensa.
00:05:24Como é que a comissão está vendo
00:05:27esse tipo de crise do devido processo
00:05:31legal, do direito à defesa e do abuso
00:05:35na decretação de prisões provisórias,
00:05:38que a prisão devia ser uma medida
00:05:39excepcional e está se tornando a
00:05:40regra. A comissão pretende enfocar de
00:05:42alguma maneira o estudo dessa
00:05:45concentração de poder nas mãos do
00:05:47Supremo e essa, eu diria, restrição
00:05:51ao exercício pleno do direito de
00:05:52defesa?
00:05:54Sim. Um dos temas iniciais da
00:05:57comissão passa pelo alargamento da
00:05:59competência do Supremo, que nós
00:06:01entendemos que faz mal ao próprio
00:06:02Supremo. O Supremo Tribunal Federal
00:06:04hoje é uma corte criminal, não uma
00:06:06corte constitucional. Ele julga muito
00:06:07mais matéria criminal do que matéria
00:06:09constitucional e isso, os professores
00:06:11estão aqui, vão saber dizer melhor do
00:06:13que uma distorção, acho que, brasileira,
00:06:15não é única. Não é um tribunal que foi
00:06:16feito para isso e quando um tribunal que
00:06:18não foi feito para isso, não foi
00:06:19estruturado para isso, não foi
00:06:21treinado, passa a fazer, é corre o
00:06:23risco de fazer pior. Não há juiz de
00:06:25instrução, não há estrutura para
00:06:27instruir processo e aí os atropelos
00:06:29vêm. Naturalmente, porque é um
00:06:32tribunal que não foi feito para
00:06:33colher prova, para ouvir testemunha e
00:06:35quando tem o que fazer, faz dessa
00:06:37maneira, não é? Então, o Supremo
00:06:38Tribunal Federal, nos últimos anos,
00:06:40isso, o parlamento também colaborou,
00:06:42veio alternando muito as regras do
00:06:45foro privilegiado para o telespectador
00:06:47entender. A gente chama foro por
00:06:48prerrogativa de função, mas é foro
00:06:50privilegiado, ou seja, foi alargando
00:06:52muito o número de autoridades que
00:06:53podem ser julgadas criminalmente pelo
00:06:55Supremo e no último entendimento,
00:06:57agora recente do ano passado, alargou
00:06:59mais ainda, dizendo que os
00:07:01parlamentares, depois do mandato, se
00:07:03praticarem crime durante o mandato e
00:07:04ainda continuam sendo julgados para o
00:07:05Supremo Tribunal Federal, que pode
00:07:07alargar o infinito, né? Tornar o
00:07:10Supremo uma corte perene de julgar
00:07:11casos criminais. A gente também tem um
00:07:13problema, mas esse é outro, que os
00:07:14nossos parlamentares abusam um pouquinho
00:07:16da oportunidade de ser réu em
00:07:18processos criminais, mas esse é outro
00:07:19problema, né? Esse é outro problema.
00:07:21Mas o fato é que isso faz mal ao
00:07:23Supremo porque tira, distorce o papel
00:07:26do Supremo, que é ser corte
00:07:27constitucional, e politiza o Supremo,
00:07:30porque quem julga muito político, ou
00:07:32quem julga todos os políticos, acaba
00:07:34tendo uma politização quase que
00:07:36natural, fica muito no centro do
00:07:38palco. Eu não acredito, eu não
00:07:40consigo acreditar que não existam
00:07:42juízes, além daqueles 11, capazes de
00:07:44julgar políticos, capazes de enfrentar
00:07:46um processo contra o político, honestos
00:07:48para enfrentar, determinados a
00:07:50enfrentar processos judiciais, e a
00:07:52gente precisa tirar essa carga que está
00:07:55levando ao Supremo Tribunal Federal
00:07:56quase uma paralisia. Quase uma
00:07:59paralisia, né? As ações
00:08:01constitucionais hoje em dia são
00:08:02quase todas julgadas em plenário
00:08:03virtual. 90 e tantos por cento das
00:08:05últimas ações constitucionais foram
00:08:06julgadas em plenário virtual. Por quê?
00:08:09Porque o esforço físico do Supremo
00:08:12Tribunal Federal está todo dedicado a
00:08:13causas criminais. Aí uma causa
00:08:15constitucional, vejam esse último
00:08:17julgamento das redes sociais, ele se
00:08:20definiu no plenário virtual, sem
00:08:22debate, sem dialética, e isso que é
00:08:24importante o Supremo fazer. Então a
00:08:26gente, estou de acordo com o Fernando
00:08:28Capês, a gente precisa rever essa
00:08:29regra para o bem do tribunal, para o
00:08:33bem do tribunal. A gente tem tribunais
00:08:34de justiça, tribunais regionais
00:08:35federais, com algum inteligente a gente
00:08:36consegue distribuir nessa competência
00:08:39criminal pelos diversos juízes do
00:08:41Brasil. Perfeito. Flávio Ferreira.
00:08:45Boa noite, obrigado pelo convite. Boa
00:08:47noite aos colegas de bancada, ao público
00:08:50da Jovem Pan. Doutor Sica, eu gostaria
00:08:53de trazer o tema da transmissão ao
00:08:57vivo dos julgamentos do STF, que está
00:09:01sob análise da comissão. Aí me parece
00:09:04que são dois valores, né? Um é o valor
00:09:07da transparência das atividades do
00:09:09judiciário e outro seria, vamos dizer
00:09:13assim, uma possibilidade de julgar com
00:09:17calma, sem pressões e sem fatores
00:09:20externos, que acabam sendo incluídos no
00:09:27julgamento quando você tem uma
00:09:29transmissão ao vivo em rede nacional e
00:09:32para um público muito mais amplo do
00:09:34que aquele que está no plenário ali do
00:09:37tribunal. Como conjugar esses dois
00:09:41valores e como fazer com que não se
00:09:45perca a transparência necessária que os
00:09:49atos do judiciário devem ter? Existem, a
00:09:52comissão começou a trabalhar há pouco
00:09:54tempo, mas em pouco tempo já surgiram
00:09:55alguns consensos e é um consenso que a
00:09:57transmissão de todos os atos, todos os
00:09:59julgamentos do tribunal de justiça faz
00:10:00mal ao tribunal. Como faz mal a qualquer
00:10:03cidadão, né? Se eu tivesse uma câmera me
00:10:05filmando no meu escritório todo dia, ou seja,
00:10:07todo o meu trabalho fosse transmitido ao
00:10:08vivo pela TV, é claro que isso ia condicionar
00:10:10meu trabalho de alguma maneira a ser
00:10:11diferente. Mas tem estudos que o tempo de
00:10:13votos mais que quadruplicou depois que a
00:10:16TV Justiça começou a transmitir todos os
00:10:19julgamentos, não é? Existem problemas de
00:10:21dignidade da pessoa humana. Eu estou sendo
00:10:23julgado criminalmente, eu não quero que o
00:10:26Brasil inteiro assista meu julgamento. E
00:10:28existe questão de transparência, existem
00:10:30algumas questões que eu acho interessante
00:10:31que a população conheça o trabalho do
00:10:34Supremo Tribunal Federal. Então, a ideia que
00:10:37começa a se desenhar é limitar, depende do
00:10:39Supremo Tribunal Federal isso, elevar ao
00:10:40Supremo a proposta de limitar a transmissão
00:10:43por TV. Não limitar a publicidade. A
00:10:47publicidade é julgamento de porta aberta.
00:10:49Jornalistas podem entrar, assistir, gravar,
00:10:52degravar, reportar o que está acontecendo, é
00:10:55isso que garante a transparência e
00:10:56publicidade. Qualquer cidadão pode
00:10:57entrar e assistir. Então, isso, os
00:10:59julgamentos continuam sendo de porta
00:11:00aberta, não sei em caso de segredo de
00:11:02justiça. Mas limitar algumas causas, que
00:11:05sejam assim, de controle abstrato, por
00:11:06exemplo, a gente teve algum tempo atrás o
00:11:08julgamento do uso de células-tronco. Isso é um
00:11:10julgamento que pode ser transmitido, bem
00:11:12transmitido. Discussão interessante, uma
00:11:14discussão de controle abstrato, de
00:11:16constitucionalidade de uma lei, não
00:11:17tem uma pessoa ali sendo julgada, não
00:11:19tem interesses conflitantes entre partes,
00:11:22não é porque isso pode prejudicar uma
00:11:23parte, pode... Então, alguns julgamentos
00:11:25desses, em que existe uma grande questão
00:11:27constitucional, abstrata, esse de redes
00:11:29sociais poderia ter... Aí estão fazendo o
00:11:30contrário. O julgamento da
00:11:33regulamentação de redes sociais foi um
00:11:34julgamento virtual e a gente fica vendo
00:11:36aqui testemunha, sendo ouvido em juízo,
00:11:39vendo na TV. Isso condiciona até o
00:11:42testemunho. Testemunho é uma pessoa.
00:11:44Imagina se você vai testemunhar contra
00:11:45alguém e você sabe que vai ser
00:11:46transmitido na TV. Qual a confiança
00:11:50daquele testemunho? É menor. Não sei.
00:11:52Por pressão. Por pressão. Aquela pessoa
00:11:54sabe que ela está testemunhando em
00:11:55rede nacional. Ela está ali desempenhando
00:11:57um papel. Então, isso não pode ser
00:11:59transmitido. Então, a gente tem que... A ideia é
00:12:01manter a transparência, publicidade e
00:12:03transmitir aqueles julgamentos. Dei um
00:12:05exemplo aqui. Professor Clever.
00:12:08Nelson, obrigado pelo convite. Prazer estar
00:12:09aqui com vocês. Presidente, uma honra.
00:12:12Uma questão que é muito recorrente no
00:12:14Supremo Tribunal Federal é a questão
00:12:15da legitimidade ativa para as ações
00:12:18diretas, né? Me parece que é um
00:12:20consenso, eu não sei se legislativo ou
00:12:23também no próprio Supremo, de restringir
00:12:25o número de autores dessas ações. E aí
00:12:29são dois colegitimados que entram nessa
00:12:32lista aí, que são os partidos políticos
00:12:34com representação do Congresso Nacional e
00:12:37as associações e as confederações de
00:12:39caráter nacional. Como que a OAB enxerga
00:12:42essa ideia de uma possível proposta de
00:12:45emenda constitucional, de alterar os
00:12:48autores das ações diretas, restringindo
00:12:52partidos políticos e as ações e
00:12:55confederações de caráter nacional?
00:12:57Olha, isso não foi discutido na
00:12:59comissão, mas assim, eu nisso concordo
00:13:01com o ministro Barroso, né? Constituição
00:13:03brasileira, ela largou muito o número de
00:13:05legitimados e aí quando a gente fala
00:13:06o Supremo julga tudo, julga tudo porque
00:13:08também se permite que tudo seja
00:13:10elevado ao Supremo. Então aí o Supremo
00:13:12tá fazendo o papel dele, se as ações
00:13:14chegam, ele é obrigado a julgar. Então
00:13:16eu acho que pessoalmente, eu, né? Esse
00:13:19assunto não chegou, a comissão começou a
00:13:20trabalhar há pouco tempo, eu acho
00:13:22bastante interessante a gente estudar uma
00:13:23limitação dos legitimados a propor
00:13:25essas ações, não é? A gente vê
00:13:27especialmente na esfera política,
00:13:29não é? O Supremo Tribunal Federal
00:13:30virou quase uma instância revisora do
00:13:32Congresso, tá aí o IOF. Exato. Sou
00:13:36criminalista, não tenho nenhuma opinião
00:13:37sobre matéria tributária, mas o fato é
00:13:41que o Congresso Nacional julgou, julgou
00:13:43não, votou uma lei, legitimamente,
00:13:47Câmara, Senado e quem perdeu recorreu ao
00:13:50Supremo, como o outro lado que se tivesse
00:13:52perdido teria recorrido ao Supremo
00:13:53também, vamos ficar bem claro, né? Se faz
00:13:56isso, não é agora quem perde uma votação
00:13:58no Congresso recorre ao Supremo. Me
00:14:00permita, só uma questão, é porque os
00:14:01partidos políticos, muitas vezes, eles
00:14:04são derrotados no plenário e buscam uma
00:14:07segunda instância de uma derrota que
00:14:10eles receberam no plenário para ir ao
00:14:12Supremo Tribunal Federal questionar
00:14:14aquela norma que não foi aprovada
00:14:16conforme a vontade do partido, né? É
00:14:19que eu enxergo também aí, não sei como
00:14:20pensa o presidente. É isso, a gente, o
00:14:22Congresso perdeu a capacidade de
00:14:24estabelecer consensos, isso é um
00:14:26problema do Congresso, mas, assim, não é
00:14:27o Supremo, não é? Que a gente, salvo
00:14:30engano, não é? Você tem lá um processo
00:14:32legislativo. Quinhentos deputados
00:14:35eleitos, oitenta senadores eleitos,
00:14:37eleitos votam. Hoje em dia, essa lei
00:14:40votada por centenas de parlamentares
00:14:42eleitos pelo povo no Brasil inteiro,
00:14:44ela pode ser suspensa pela liminária de
00:14:46uma pessoa. Um ministro dá uma
00:14:48liminária e suspende a lei. Isso pode
00:14:50acontecer, isso tem acontecido várias
00:14:51vezes, que não foi eleito pra isso.
00:14:53Então, uma pessoa, um cidadão
00:14:56qualquer, não é? Investido da
00:14:58magistratura, pode suspender a eficácia
00:15:00de uma lei votada por todos os
00:15:02representantes eleitos pelo Brasil
00:15:03inteiro. Esse exemplo do IOF é perfeito
00:15:05porque os decretos do Poder Executivo
00:15:08foram judicializados pelo PL, Partido
00:15:10Liberal, que é partido de oposição. Já o
00:15:12decreto legislativo do Congresso
00:15:13Nacional foi judicializado pelo PSOL,
00:15:16que é partido da base governista. Ou seja,
00:15:18isso mostra que qualquer partido está se
00:15:20valendo o tempo todo da oportunidade
00:15:22de ser um legitimado pra
00:15:23politizar, pra judicializar as
00:15:26questões da política, né? Vamos lá,
00:15:28próxima pergunta do advogado e
00:15:29professor Tulio Nassa. Boa noite,
00:15:31Nelson Kobayashi, boa noite,
00:15:33presidente, boa noite aos meus
00:15:34colegas aqui de bancada. Presidente,
00:15:36vamos falar um pouco sobre separação
00:15:38dos poderes, né? Nós sabemos na
00:15:40academia, na prática também, na
00:15:43experiência, que a democracia depende
00:15:45fundamentalmente de poderes
00:15:46independentes e harmônicos entre si,
00:15:48né? Quando um poder se sobrepõe ao
00:15:50outro, alguma coisa tá errada nesse
00:15:52processo democrático. Nós
00:15:54verificamos ao longo aí da evolução
00:15:57dessa matéria no mundo, o que a gente
00:15:58chama de checks and balances, ou freios
00:16:00e contrapesos, né? São medidas que são
00:16:03tomadas institucionalmente pra que os
00:16:05poderes não se agigantem uns em
00:16:07relação aos outros. E uma dessas medidas
00:16:09que a gente enxerga, principalmente no
00:16:11direito europeu, é o mandato temporário
00:16:14de ministros do Supremo Tribunal Federal
00:16:16e nomeações paritárias, que não sejam
00:16:18nomeações vindas apenas do
00:16:20presidente da república. Uma parte
00:16:22pode vir do Congresso Nacional, outra
00:16:24parte pode vir até da OAB, outra
00:16:26parte poderia vir aí sim do presidente
00:16:28da república, enfim. Esses dois
00:16:30modelos de mandato temporário e
00:16:32nomeação paritária, leva a concordância
00:16:35da OAB, desse grupo de estudos da OAB?
00:16:37O tema da nomeação de ministros pro
00:16:41Supremo é uma pauta pública, hoje em
00:16:43dia é muito interessante. Eu acho que
00:16:44as ideias que você colocou, elas estão
00:16:46todas sendo discutidas. O mandato,
00:16:48talvez se não fizesse, se antes ele não
00:16:51fosse necessário, hoje me parece que um
00:16:53Supremo com mais poder, uma maneira de
00:16:55limitar poder individuais das pessoas é
00:16:58ter no mandato, forçar a renovação,
00:17:01né? É no tempo, então acho que o mandato
00:17:03tá em discussão. Veja, é uma coisa
00:17:05absolutamente republicana, você tem um
00:17:07cargo público por um tempo, né? E isso
00:17:09é muito bom, faz bem as instituições.
00:17:12E também, a forma de indicação, o
00:17:15professor Oscar Vilhena, que tá na
00:17:16comissão, ele é um grande estudioso
00:17:17disso, ele faz sistemas comparados, o
00:17:20mundo inteiro, né? E é importante dizer
00:17:22pro telespectador, a maioria dos países
00:17:24do mundo, civilizados, ocidentais,
00:17:26democracias, nomeiam ministros como
00:17:27o nosso, então não é assim um problema
00:17:31que o Brasil criou, alguma coisa assim,
00:17:33uma distorção do sistema brasileiro,
00:17:34o presidente da república nomeia, nos
00:17:35Estados Unidos é assim, em outros
00:17:37países é assim, mas a democracia como um
00:17:40todo, ela vem sendo muito questionada,
00:17:43talvez por coisas como essa, né? Que
00:17:44precisam ser rediscutidas, então, é, é, a
00:17:47gente sabe que hoje o presidente indica e
00:17:50o Senado ratifica, é assim, né? O Senado
00:17:53não faz mais nada além do que ratificar.
00:17:56E eu acho que a gente puder pensar em
00:17:57listas, como você falou, né? Listas pela
00:17:59sociedade civil, o AB indica, o Ministério
00:18:01Público indica, chegam listas ao Congresso
00:18:04Nacional e ser mais democrático, me
00:18:05parece, é bastante bom pensar nisso.
00:18:08O Oscar Vilhena é citado, membro da
00:18:10Comissão, renomado constitucionalista da
00:18:12Fundação Getúlio Vargas, não é isso?
00:18:14Isso.
00:18:15Presidente, uma outra questão que chama
00:18:17atenção em relação a esse debate de
00:18:19diminuição de poderes individuais para o
00:18:21aumento do poder das instituições é o
00:18:23valor e a possibilidade de decisões
00:18:26monocráticas. Isso vem sendo discutido
00:18:28muito, inclusive pelo Congresso, com
00:18:31propostas que visam limitar esse poder
00:18:33das decisões monocráticas, em alguns
00:18:34casos específicos, uma necessidade de um
00:18:37referendo em determinado prazo pelo
00:18:40plenário. Como é que você e a comissão
00:18:42enxergam essa questão também?
00:18:44Então, o direito brasileiro concebeu as
00:18:47decisões monocráticas em tribunais,
00:18:49professores me ajudem, para tutelas de
00:18:51urgência. É isso, é uma questão de
00:18:53urgência, urgência, né? Todo mundo
00:18:55consegue saber o que é urgente, o
00:18:57monocrático, um ministro, um desembargador
00:19:00pode dar uma liminada para antecipar um
00:19:01resultado, para especialmente evitar um
00:19:04dano. Então, a gente tem que recuperar
00:19:06essa ideia. As decisões monocráticas no
00:19:09tribunais, elas começaram a ser usadas
00:19:10como um remédio à sobrecarga de trabalho.
00:19:12Então, tem muito trabalho, não consegue
00:19:14julgar, vamos dar mais decisões
00:19:16monocráticas. E aí, eu vou voltar lá para o
00:19:18nosso primeiro assunto, Capê. Se tem muito
00:19:20trabalho, se tem muito processo, vamos
00:19:21diminuir a competência do Supremo, já
00:19:22que eles mesmos reclamam que eles não
00:19:24conseguem julgar tudo que está lá e é
00:19:26humanamente impossível realmente julgar tudo
00:19:28que está lá. Tem que ter menos coisa lá.
00:19:30Me parece isso... Todos os telespectadores,
00:19:33mesmo os leigos em direito, vão entender
00:19:35o que eu estou falando. O Supremo não
00:19:36consegue dar conta, confessadamente, do
00:19:38número de processos que são excessivos.
00:19:40O Superior Tribunal de Justiça também.
00:19:42A gente tem que reduzir competências.
00:19:44Só que tribunal é órgão colegiado.
00:19:48Tribunal é uma justiça de vários.
00:19:50Então, a gente tem a revisão do juiz de
00:19:52primeiro grau por um grupo, porque é mais
00:19:54seguro. Quando a gente passa a ter a
00:19:55revisão do juiz de primeiro grau feita por
00:19:56um juiz também, a gente tem uma quebra
00:19:59aí de sistema. É um, vendo um, vendo um.
00:20:02A gente não tem estabilidade. Então, a
00:20:04gente precisa recuperar a colegialidade,
00:20:06usar tecnologia para isso. Tem várias
00:20:07coisas. Fernando Capês.
00:20:10Presidente, queria também abordar a
00:20:11questão da judicialização da
00:20:14política. Desde a redemocratização do
00:20:19país, acho que quase 1800 ações propostas
00:20:24por partidos políticos bateram as portas do
00:20:28Supremo Tribunal Federal. Nos últimos seis
00:20:31anos, metade, 800 dessas ações. E nós
00:20:35vivemos num direito principiológico. Tudo é
00:20:39decidido com base em princípios
00:20:42constitucionais vagos, extremamente
00:20:45abrangentes. Quer dizer, em tese, se
00:20:47poderia entrar com uma ação para anular a
00:20:49goleada que o Brasil sofreu da Alemanha
00:20:51por 7 a 1, que viola o princípio da
00:20:52proporcionalidade. Da dignidade também,
00:20:55viu? Então, 40... O sujeito tem... Da
00:20:58dignidade humana também. Você vê um sujeito
00:21:01com 120 cigarros de maconha, corresponde a
00:21:0440 gramas, na porta de uma escola, e a
00:21:07princípio aquilo presume-se que seja para
00:21:10uso próprio, porque viola o princípio da
00:21:12dignidade humana, lembrado aqui pelo Nelson
00:21:14Kobayashi, o sujeito ser considerado
00:21:17traficante com uma quantidade como essa.
00:21:19O que eu quero dizer com isso? Com essa
00:21:21principiologia, o poder judiciário pode
00:21:24muito bem, a pretexto de aplicar algum
00:21:27princípio vago, impor a sua vontade
00:21:29pessoal. E aí, a Constituição diz que todo
00:21:33poder emana do povo e o exército, por meio
00:21:37de representantes eleitos, quem tem mandato
00:21:41popular é que toma decisões políticas. Como é
00:21:43que o senhor vê essa questão do Supremo
00:21:47estar cada vez mais tomando decisões de
00:21:50vontade própria, de opções políticas,
00:21:52fundamentando com base em princípios
00:21:55constitucionais? E qual seria o remédio
00:21:58para isso? Por exemplo, na Corte
00:22:00Constitucional da Alemanha, são 16
00:22:02ministros, divididos em duas turmas de
00:22:04oito. Seria limitar o acesso ao Supremo
00:22:09para juízes que estão de carreira, mesmo
00:22:11que tenham vindo pelo quinto, mas que
00:22:13estejam no STJ, que sejam nos tribunais
00:22:15superiores, limitar esse acesso a quem não
00:22:17é da carreira, tenha ele ingressado na
00:22:20carreira por concurso ou não, aumentar o
00:22:23número de ministros? Como se poderia
00:22:26fazer para evitar essa concentração que
00:22:28torna praticamente irrelevante um Congresso
00:22:32Nacional com 513, agora 531 deputados
00:22:34federais de 81 senadores, que custa 11
00:22:37bilhões de reais por ano? Bastante
00:22:40coisa, hein? Bastante coisa, bastante
00:22:42coisa, vamos organizar. Bastante coisa,
00:22:45bastante coisa complexa, mas a
00:22:47politização do judiciário, primeiro a
00:22:50gente tem que entender esse fenômeno como
00:22:51um fenômeno do qual o judiciário é
00:22:53vítima. Talvez o judiciário não esteja
00:22:56enxergando isso, mas isso vai levar o
00:22:58judiciário ao naufrágio, porque se todas
00:23:00as questões políticas vão ao poder
00:23:02o judiciário, isso vai levar o judiciário
00:23:05a um colapso e vai colocar o judiciário
00:23:08num local de visibilidade, que eu falei
00:23:11no começo, de desconfiança. Desconfiança,
00:23:13se todas as decisões, todas as políticas
00:23:15públicas são vistas ou revistas, eu
00:23:17brinquei quando eu falei no começo de
00:23:19tomar um copo de água, porque eu lembro
00:23:21que, eu já falei isso aqui, que há um
00:23:24tempo atrás o poder público decidiu que
00:23:26os restaurantes de São Paulo iam servir água
00:23:28natural como é no país, de maneira
00:23:30gratuita, certo? E aí um dia eu fui lá no
00:23:33restaurante, recebi um copo de água e
00:23:35tomei. Daí no outro dia eu fui e não
00:23:37tomei. Daí minha filha pequena falou, por
00:23:38que que não pode mais? Eu fui olhar e
00:23:39falei, filha, não pode mais porque o juiz
00:23:41falou que não pode mais. É uma política
00:23:44pública que deve ser resolvida em outro
00:23:45lugar, mas o judiciário resolveu se vou
00:23:47tomar água ou não, como o judiciário
00:23:48resolve se vou entrar no estádio de
00:23:51futebol com a camisa ou não. Então isso
00:23:53tudo é muito ruim para o judiciário,
00:23:55porque já tem problema suficiente para
00:23:56cuidar. Então eu acho que a gente tem que,
00:23:57a gente primeiro, diz os professores,
00:24:01regras de autocontenção. Desenvolver
00:24:04regras de autocontenção para que o
00:24:05judiciário, os juízes sejam seguros
00:24:07para dizer, isso comigo não. Isso comigo
00:24:09não, resolvam aí. Resolvam aí vereadores,
00:24:12resolvam aí deputados, resolvam aí
00:24:13governador. Então a gente precisa
00:24:15aprimorar essas regras para o
00:24:17judiciário como um todo. Eu dei exemplos
00:24:19aqui que nem são de Supremo, são coisas
00:24:20aqui julgadas pelo juiz da Fazenda
00:24:21Pública de São Paulo. Para a gente ter
00:24:25uma questão de menos proximidade do
00:24:29poder político, quanto as questões
00:24:32políticas, provavelmente dita, políticas
00:24:33partidárias, políticas eleitorais, sendo
00:24:35decididas por juízes. Não é que tem que
00:24:38decidir casamento, crime, divórcio,
00:24:41crimes sexuais, sonegação fiscal,
00:24:44lavagem de dinheiro. Tem tanta coisa
00:24:46importante que está submetida ao
00:24:48poder judiciário que se a gente for jogar.
00:24:50Todas as questões políticas, elas são
00:24:51variadas, a gente vai ter um déficit.
00:24:53A gente vai ter um déficit, a gente não
00:24:55vai conseguir julgar aquilo que importa
00:24:56na vida do cidadão que está aí na rua
00:24:58esperando para receber um precatório.
00:25:01Ele falou que quando a gente
00:25:02conversou, esperando para receber um
00:25:03precatório, ele não consegue, a justiça
00:25:04não se movimenta para pagar uma dívida
00:25:06para alguém.
00:25:08Túlio, dentro desse mesmo tema,
00:25:10presidente, eu entendo que é necessário
00:25:12restringir o acesso ao judiciário para
00:25:14evitar a judicialização da política, mas
00:25:17de outro lado, também é complicada essa
00:25:19restrição, né? Parece que a diferença do
00:25:22veneno e do remédio é a dose, porque
00:25:24também o Congresso pode editar leis, ou o
00:25:27governante pode editar atos, que mesmo
00:25:29sendo de natureza política, venham a
00:25:32violar princípios importantes, venham a
00:25:34violar uma legislação. A gente sabe que a
00:25:36criatividade para fazer coisa errada
00:25:37também está do outro lado, nos outros
00:25:39poderes, né? Então é por isso que Rui
00:25:42Barbosa falava, pelo menos essa frase é
00:25:44atribuída a ele, num discurso do Senado,
00:25:47que a pior ditadura pode ser a do
00:25:48judiciário, porque contra ela não há
00:25:50recurso, né? Mas também, de outro lado, é
00:25:53complicado você restringir o acesso pelo
00:25:55direito do cidadão, através de ação
00:25:58popular, por exemplo, de questionar os
00:26:00atos praticados pelos governantes. E é
00:26:02por isso que eu insisto que, às vezes,
00:26:05a autocontenção, ela é utópica, ela é
00:26:07uma falácia, né? Porque cabe ao
00:26:09judiciário dizer, em último lugar, o
00:26:11direito de ir em mil conflitos. Não seria
00:26:14realmente, nas medidas institucionais
00:26:16mesmo, de nomeação, essa oxigenação no
00:26:21judiciário para evitar esse abuso de
00:26:24poder? Ou seja, evitar, por exemplo, que um
00:26:26presidente da república nomeie vários
00:26:28ministros do Supremo Tribunal Federal e
00:26:30forme ali uma posição política ideológica.
00:26:33Ou a questão do mandato temporário. Ou seja,
00:26:36é muito melhor mecanismos institucionais do
00:26:40que tentar controlar o conteúdo. Olha, isso
00:26:42você não pode discutir no judiciário. Até
00:26:44porque saber se aquilo pode ou não ser
00:26:46discutido no judiciário, vai terminar no
00:26:48judiciário. É o judiciário que vai dizer se
00:26:50pode ou não discutir ali no judiciário, né?
00:26:52Esse problema de competência será
00:26:54resolvido por ele. Então, não seria um... aí a
00:26:56OAB não teria que focar muito nas
00:26:58questões institucionais mesmo? Sim, mas
00:27:01olha só, você me falou das ações
00:27:02populares que dão um acesso amplo para o
00:27:06cidadão levar as questões políticas para o
00:27:07judiciário. Nem estou falando nisso porque,
00:27:09veja bem, na verdade, não são as ações
00:27:11populares. Quantas ações populares são
00:27:13julgadas, quantas as liminares. Quem está
00:27:14manejando e politizando o acesso do
00:27:16judiciário são os atores profissionais.
00:27:18São os partidos, são as associações, são
00:27:21os sindicatos, não são as ações populares.
00:27:23As ações populares são raríssimas. Quando
00:27:24realmente um grupo de cidadão entra lá e
00:27:26consegue uma liminar, acho que... não sei, mas
00:27:29isso é raríssimo. O que a gente tem, na
00:27:31verdade, é um manejo dos profissionais, dos
00:27:32políticos, dos sindicatos, das instituições, que
00:27:36usam bastante esse poder de acessar o
00:27:38judiciário para disputas dos seus
00:27:41interesses legítimos. Seus interesses
00:27:43legítimos. Acho que essa questão da
00:27:45autocontenção, eu entendo como você que
00:27:47é uma regra, né, dita, mas que pode ser
00:27:50utópica, porque quem quer conter o próprio
00:27:52poder, né? Quem é o ser humano que vai
00:27:53conter o próprio poder? Então, o poder,
00:27:56essas contenções têm que vir de ajustes.
00:27:58E aí, eu volto a confiar, acho que o
00:28:00ajuste mais democrático que a gente
00:28:02existe para... conhece para todos, só é a
00:28:04lei. Porque a lei é produto de uma
00:28:08discussão no Congresso Nacional, onde
00:28:11todos esses legitimados podem discutir,
00:28:13os partidos, a OAB, o sindicato, a
00:28:16Associação do Ministério Público, todos
00:28:17podem ir lá para o Congresso, levar
00:28:19seus pleitos, discutir e estabelecer um
00:28:22consenso de qual a regra do jogo. Então,
00:28:23eu acho que a gente precisa recuperar um
00:28:26pouco o hábito de colocar as coisas na
00:28:27lei. Culpa do Congresso. Vamos ver agora,
00:28:32vejamos o que aconteceu agora há pouco
00:28:33com o julgamento do artigo 19 do
00:28:35marco civil da internet. O Supremo
00:28:37avançou? Avançou. Mas o projeto de lei
00:28:39está parado há anos no Congresso também,
00:28:41que não movimenta o projeto de lei de
00:28:43regulação de mídias sociais, uma
00:28:45necessidade que é premente da sociedade
00:28:46brasileira. Então, o Supremo também fez
00:28:48porque o Congresso não deixou de fazer.
00:28:50Então, esse movimento nosso é um
00:28:52movimento de recuperar o hábito do
00:28:56Congresso discutir leis, coisa que não
00:28:57se discute também. Os congressistas
00:28:59hoje, eles fazem corte para YouTube.
00:29:01Basicamente, é isso que eles passam os
00:29:02dias deles fazendo. Mas a gente confia.
00:29:04Na nossa democracia, o que a gente tem de
00:29:06melhor ainda, é isso. É o novo
00:29:08anormal, né? As redes sociais como
00:29:11instrumento de política. Agora,
00:29:12presidente, em relação a essas
00:29:14propostas todas, há também a
00:29:16necessidade de se prestigiar e se
00:29:19proteger os direitos da classe, da
00:29:21advocacia. Já que o fórum é a OAB e
00:29:24embora reúna pessoas da academia, do
00:29:26judiciário, do poder como um todo, há
00:29:30também uma discussão muito necessária
00:29:31a respeito das prerrogativas da
00:29:33advocacia que a gente vem acompanhando,
00:29:35vem sendo aí diminuídas ao longo do
00:29:39tempo. O que há de interessante que
00:29:41possa ser feito no campo dessa
00:29:44comissão de defesa das prerrogativas
00:29:46profissionais dos advogados?
00:29:48É garantir a voz dos advogados nos
00:29:51tribunais. Lembrando que a minha voz
00:29:53nos tribunais é a voz do meu cliente, né?
00:29:55Eu não falo no tribunal porque eu
00:29:57gosto de ouvir a própria voz. Os
00:29:58advogados gostam de ouvir a própria
00:29:59voz, né? Capês. Nós gostamos um pouco,
00:30:01mas não é por isso, né? Porque a voz
00:30:03do advogado é a voz daquela pessoa
00:30:04que otorgou procuração, né? Primeira
00:30:08ideia concreta que chegou hoje lá na
00:30:10mesa é uma proposta que o ministro
00:30:12César Peluso redigiu de alteração do
00:30:14CPC para disciplinar a sustentação
00:30:17oral dos advogados em tribunais de
00:30:18uma maneira diferente. Ele está
00:30:20prevendo, já vou adiantar aqui,
00:30:22ministro. Primeira mão.
00:30:23Que a sustentação oral, Capês, seja
00:30:26feita antes do relator elaborar o
00:30:28voto. Perfeito. Antes. Então o
00:30:31advogado fala com os julgadores
00:30:33antes deles elaborarem o voto e
00:30:35depois tem o julgamento. Nem no
00:30:37mesmo dia. Então você vai lá, entrou
00:30:39um caso no tribunal, você pede para
00:30:41falar, você faz a sustentação oral
00:30:43antes de marcar o julgamento.
00:30:45Depois da sustentação oral, marca o
00:30:46julgamento porque as pessoas ouviram
00:30:47o advogado, as pessoas juízes ouviram
00:30:50o advogado antes de formar o
00:30:51convencimento. O que a gente tem hoje,
00:30:52muitas vezes a gente vai fazer uma
00:30:54sustentação oral, o relator, que é o que
00:30:57tem o processo, ele já tem o voto
00:30:58feito. Se tem revisor, o relator, o
00:31:01revisor já tem o voto feito e para o
00:31:02telespectador entender, nos tribunais
00:31:04normalmente votam em três. Mas se você
00:31:06tem dois desembargadores que já tem o
00:31:08voto feito quando você vai falar, a sua
00:31:10fala vale muito pouco.
00:31:11pela oportunidade, porque exatamente essa
00:31:14questão que eu iria também fazer, como é
00:31:17que o AB está se posicionando nos
00:31:19julgamentos virtuais? Você tem
00:31:21sustentação oral assíncrona, quer dizer,
00:31:24é um absurdo, você manda gravada a sua
00:31:26sustentação oral e é uma pura fantasia
00:31:31ou esperança que ela vá ser ouvida ou que
00:31:34vão prestar atenção nela. Segundo ponto,
00:31:37nós tivemos há algum tempo aqui o
00:31:39conhecido criminalista, que é o
00:31:42advogado Alberto Zacarias Toron, num
00:31:44agravo regimental, ele foi pedir a
00:31:47palavra para fazer uma sustentação
00:31:49oral que é importante, ele é um bom
00:31:52tribuno, independentemente da qualidade
00:31:54do tribuno, é uma fala com potencial
00:31:56para influenciar um julgamento. E no
00:31:59entanto, ele foi negado, o ministro,
00:32:01não me engano, o ministro Alexandre de
00:32:02Moraes, com fundamento no regimento
00:32:04interno do Supremo. Só que houve uma
00:32:08lei que alterou o estatuto da OAB
00:32:10após o regimento interno do Supremo
00:32:13Tribunal Federal. A lei posterior revoga
00:32:15a lei anterior, ainda que se alegue
00:32:17especialidade. Como é que a OAB está
00:32:20se organizando em nível federal e
00:32:22estadual para defender o direito
00:32:24básico do advogado, fazer a sustentação
00:32:27oral e levar a posição do seu cliente
00:32:31para que não haja um julgamento em que
00:32:32a presença do advogado seja meramente
00:32:35formal ou meramente virtual, mesmo em
00:32:38julgamentos presenciais? Lembrando que o
00:32:40estatuto da advocacia é também uma lei
00:32:42federal e também especial. Não é isso? Vai lá,
00:32:45presidente. Capês, um dos pontos de partida
00:32:47da comissão foi justamente perceber que os
00:32:49processos judiciais, como um todo, hoje em
00:32:51dia, estão regidos por resolução do CNJ,
00:32:54aprovimento tribunal e regimentos internos.
00:32:56Então, ao longo dos últimos anos, especialmente
00:32:58com a justiça digital, as regras do jogo
00:33:01processual, elas passaram a ser definidas
00:33:03por aquilo que eu chamo de normas de
00:33:04gabinete. O que é um provimento do
00:33:07tribunal? É um provimento que a cúpula
00:33:09do tribunal se juntou e fez virar a
00:33:11regra. Regimento interno do Supremo, né?
00:33:14E uma das nossas preocupações é essa, que
00:33:15os processos, procedimentos voltem a ser
00:33:17regidos pela lei, né? Esse caso clássico.
00:33:21Regimento interno diz uma coisa de um
00:33:22tribunal, o código de processo, a lei
00:33:25federal diz outra. A lei federal que vale.
00:33:27Então, a gente tem um recorte recente de
00:33:29muitas normas espalhadas, que são normas
00:33:31administrativas, não são normas legais
00:33:33regulando. E quanto à sustentação oral
00:33:35gravada, ele é justamente, eu acho que, o
00:33:37ponto simbólico da nossa preocupação da
00:33:40reforma, que no começo do ano, para o que
00:33:41o telespectador entenda, o Conselho
00:33:43Nacional de Justiça editou uma regra
00:33:44dizendo que o advogado grava a sustentação
00:33:47oral e envia um arquivo eletrônico para o
00:33:50tribunal assistir. Como bem disse o Capês,
00:33:52é o faz de conta judicial, eu fingo que
00:33:54eu falo, alguém vai fingir que houve, né?
00:33:56Porque ninguém vai ouvir. Nem é razoável
00:34:00esperar que os desembargadores, os
00:34:02ministros façam isso, que eles estejam
00:34:03lá na casa deles, conseguem baixar o
00:34:04arquivo para ver. O motivo seria tornar
00:34:08os procedimentos mais céleres, mais
00:34:10rápidos. Olha, muita sustentação oral. E
00:34:12aí, a gente teve uma reunião no Conselho
00:34:14Nacional de Justiça, até levantei a mão e
00:34:15perguntei, falei, olha, eu posso falar 15
00:34:17minutos na audiência. Eu tenho
00:34:20sustentação oral. Posso enviar um vídeo de 15
00:34:21minutos. Se o ministro for mesmo assistir o
00:34:24vídeo de 15 minutos, a gente não vai ter
00:34:25economia de tempo alguma nos
00:34:26julgamentos. A gente só vai ter uma
00:34:28economia de tempo se a gente pressupor que
00:34:29ninguém vai assistir o vídeo, porque são os
00:34:31mesmos 15 minutos que ele vai me ouvir
00:34:32falando ali na frente, ele teria que me
00:34:34ouvir falando no vídeo. Então, isso não
00:34:36vai causar economia de tempo, porque, a
00:34:39não ser que ninguém vá assistir. E o
00:34:42processo é debate, é dialética, é
00:34:45síncrona, não precisa ser presencial.
00:34:47Estou aqui falando na TV, vocês estão me
00:34:48ouvindo. Mas é debate síncrono, um fala,
00:34:50outro responde, outro questiona. Então,
00:34:52assim, a gente tem uma absoluta
00:34:54indignação com essa norma da ostentação
00:34:56oral gravada, porque isso rebaixa a
00:34:58dignidade dos profissionais do direito,
00:35:00não só dos advogados. Não é indigno que um
00:35:03juiz tenha que assistir um vídeo meu
00:35:04falando alguma coisa pra ele, sendo que o
00:35:07juiz pode me ouvir falando aquilo pra
00:35:08ele, eu estou totalmente à disposição
00:35:09dele pra falar aquilo, pra ele me
00:35:10questionar, pra ele me rebater, né? Pro
00:35:13promotor, não é mais promotor, mas é...
00:35:15É jovem advogado.
00:35:17Jovem advogado. Pro promotor e o
00:35:19advogado debaterem, some o debate. Eu
00:35:21envio uma gravação, o promotor vê a
00:35:24gravação, envia a gravação dele também,
00:35:26né? Então, é... Tenho, é...
00:35:29É, o que eu acho que não pode é o
00:35:31advogado virar uma formalidade
00:35:33entediante e obrigatória. Bom, vai, fala,
00:35:36advogado, como você tem que falar, fala
00:35:38alguma coisa aqui. Isso acho que a OAB
00:35:40precisa bater pesado, porque isso fere
00:35:43diretamente o direito à ampla defesa e
00:35:47a dignidade de todo acusado. Isso, e
00:35:50volto ao ponto da confiança das
00:35:51pessoas na justiça, né? Por que que a
00:35:53pessoa contrata um advogado? Pra ele ir
00:35:54lá no tribunal falar por ele. Quando as
00:35:56pessoas descobrirem que ele contrata um
00:35:58advogado e esse advogado não consegue ir
00:36:00lá no tribunal falar por ele, contratam
00:36:02um advogado pra gravar um vídeo, eles vão
00:36:05passar a desconfiar, não confiar mais
00:36:06nisso. E quando as pessoas deixam de
00:36:08confiar na justiça pra resolver seus
00:36:10problemas, elas resolvem de jeito pior.
00:36:13Passam a fazer justiça com as próprias
00:36:15mãos, passam a desconfiar dos sistemas
00:36:17de justiça e vão procurar formas
00:36:18paralelas de fazer justiça. Então, isso
00:36:20é muito sério, né? Felizmente, até o
00:36:23momento, a norma foi suspensa, até o
00:36:26meio do ano ela estava suspensa, alguns
00:36:27tribunais estão fazendo, ainda há
00:36:28resistência, preciso dizer a verdade
00:36:31também, né? Embora a norma seja do
00:36:32Conselho Nacional de Justiça, há
00:36:34tribunais também já resistindo, porque
00:36:37os próprios tribunais entendem que a
00:36:39norma, ela é assim, é a ficção.
00:36:42Dizem que agora, no mundo moderno, é a
00:36:45ficção que guia a nossa vida, né? Então, é a
00:36:47ficção guiando a nossa vida. Vamos lá,
00:36:49Flávio. E nesse contexto, quer dizer, de
00:36:53utilização cada vez maior também, por
00:36:55exemplo, da inteligência artificial, né?
00:36:59Tirar essa oportunidade do advogado, levar
00:37:02pessoalmente para o juiz suas razões, né?
00:37:05isso, quer dizer, não é um quadro que se
00:37:09agrava mais, né? Porque, é, me parece
00:37:13também que quando você tem o advogado
00:37:15levando pessoalmente a questão, acho que
00:37:19para o próprio juiz também, é um sinal de
00:37:22que aquela causa merece ter uma atenção
00:37:25maior. Acho que também acaba servindo como
00:37:28uma, um termômetro para o julgador, olha,
00:37:31poxa, o advogado veio aqui, ele veio
00:37:34trazer o tema, aí quando isso acontece
00:37:36muitas vezes a própria parte está ali
00:37:38acompanhando o julgamento, quer dizer,
00:37:41é, e aí você vê muitos casos o juiz
00:37:44fala, não, então eu vou pedir vista para
00:37:46analisar o processo com mais calma, quer
00:37:48dizer, e então, quer dizer, essa medida de
00:37:51restringir, ela acaba não sendo também
00:37:54uma medida que ela desumaniza o
00:37:58processo, né? Que a gente tem agora julgamento
00:38:01virtual, sustentação oral gravada, uso de
00:38:05inteligência artificial, quer dizer, parece
00:38:07que tudo vai num sentido de desumanizar a
00:38:09justiça, né? Então, quer dizer, como, e qual
00:38:13que é a expectativa de vocês de que isso
00:38:15seja realmente na prática levado em
00:38:18consideração quando o projeto for levado
00:38:21ao Congresso Nacional?
00:38:23Olha, Flávio, você foi muito sagaz, essa
00:38:25sumiço da interação humana no processo
00:38:28judicial nos preocupa demais, né? Direito à
00:38:31interação entre pessoas, a gente tem que
00:38:32usar a tecnologia, temos que usar, até
00:38:33porque é uma das saídas para a justiça
00:38:36ser mais rápida, mas a gente tem que
00:38:37saber onde usar a tecnologia, né? Quando a
00:38:40gente usa a tecnologia para transmitir
00:38:41peças processuais, a gente ganha tempo,
00:38:44quando a gente usa a tecnologia para
00:38:45intimar uma pessoa que está à distância, a
00:38:46gente ganha tempo, mas os poucos espaços
00:38:49em que as partes conversam é pouco durante
00:38:51um processo, é uma audiência, um julgamento,
00:38:54durante um longo processo, às vezes as
00:38:55partes conversam três, quatro vezes, nem
00:38:57que quatro, nem chega a quatro, uma
00:38:59audiência, um julgamento, elas não podem
00:39:00ser suprimidas, a não ser que seja uma
00:39:03deliberação das partes, da minha parte, e
00:39:05muitas vezes o advogado fala, não
00:39:06preciso, eu mando minha petição escrita, a
00:39:07questão é simples, a gente tem que investir,
00:39:11que a inteligência artificial, a justiça, não
00:39:14deixe de conviver com a inteligência
00:39:15humana, a gente tem que ter inteligência
00:39:17humana suficiente para poupar o nosso tempo
00:39:21de tarefas repetitivas, de julgamentos em
00:39:23massa, tudo isso a gente pode usar, é
00:39:25tecnologia, mas vou voltar na sustentação
00:39:27oral, o que é sustentação oral, telespectador?
00:39:29É uma fala de 15 minutos de um advogado no
00:39:32tribunal, o que é uma fala de 15, o que
00:39:34que suprimir uma fala de 15 minutos de um
00:39:37advogado no tribunal pode dar em ganho de
00:39:40eficiência enorme para um processo de
00:39:41tempo de 15 minutos, não é assim? E
00:39:44perfeito, né? Muitos juízes falam, olha,
00:39:47puxa, várias vezes por ouvir o advogado
00:39:49falar alguma coisa que eu me atentei.
00:39:50Exatamente. Os juízes estão assoberbados,
00:39:52os juízes têm milhares de processos para
00:39:53julgar, é natural e humano que eles não
00:39:55consigam prestar atenção em tudo. E se
00:39:57eles não conseguem prestar atenção em
00:39:58tudo porque são humanos, os outros
00:40:00humanos têm que interagir com eles para
00:40:02dizer, olha, aqui tem um ponto, aqui não
00:40:04tem... É uma simples fala, né? Não é uma
00:40:06simples fala, é. Presidente, sobre isso, a
00:40:09gente viu no dia da instalação da
00:40:10comissão, a ex-presidente da OAB de
00:40:12São Paulo, membro da comissão, Patrícia
00:40:14Vanzolini, falando sobre uma das
00:40:16preocupações é justamente também a
00:40:17presença, o acesso pessoal aos juízes.
00:40:21Estou falando de uma reclamação que
00:40:22chegou a ela e a diretora da OAB
00:40:24pelas várias visitas que vocês fizeram
00:40:27nas subsessões do interior de São
00:40:29Paulo também, né? E é um reclamo da
00:40:32advocacia, esse acesso. Isso também está
00:40:34em pauta na comissão? Como é que
00:40:36vocês discutem essa questão do juiz
00:40:38estar na comarca, de você ter ali a...
00:40:41a... o magistrado conhecendo a
00:40:43realidade daquela localidade, daquela
00:40:45região e tendo, assim, mais facilidade
00:40:48de julgar aquelas causas que dali
00:40:50saem? Como é que vocês enxergam isso?
00:40:52Justamente porque juízes são
00:40:54cidadãos e profissionais muito
00:40:55importantes, não é? A gente insiste
00:40:57que a gente não pode, estamos falando
00:40:58de primeiro grau, né? Os
00:40:59públicos, o juiz, o fórum, né? O juiz
00:41:01da Vara, o juiz de Sorocaba, o juiz de
00:41:03Campinas, o juiz de Santos, a gente não
00:41:05pode perder o valor que são esses
00:41:07profissionais estarem em contato com as
00:41:09comunidades que eles julgam. E o contato
00:41:11dele é no espaço público, que é o fórum,
00:41:13não é? A gente teve o que? Depois da
00:41:14pandemia, uma aceleração da digitalização
00:41:16e hoje os fóruns, São Paulo inteiro, são
00:41:19espaços vazios, não é? O fórum hoje em dia
00:41:22faz eco do próprio respiração, quando
00:41:24você entra num fórum, você respira, você
00:41:25ouve a sua respiração, não é?
00:41:29Tiramos processos do fórum, isso é bom
00:41:32por digitalização, não é? Encurtamos
00:41:34distância, mas, né, existe uma regra do
00:41:37Conselho Nacional de Justiça que tem que
00:41:38ser colocada em prática, o juiz tem que
00:41:40estar três dias por semana no fórum, tá
00:41:42ótimo, os advogados se, se agendam com
00:41:45isso, né, se agendam com isso e mais uma
00:41:46vez, não é? É, eu, ninguém aqui quer ser
00:41:50julgado, pense você cidadão, você tem uma
00:41:52causa qualquer pra ser julgado, né, por um
00:41:54juiz que nunca te ouviu pessoalmente, ou
00:41:56nunca ouviu seu advogado, né, isso é
00:41:58muito temerário, né, embora milhares de
00:42:03processos, isso não seja necessário,
00:42:06então a gente tem causas tributárias,
00:42:07causas de imposto, então também porque
00:42:08o cidadão entenda, não tô querendo
00:42:10transtornar a vida, transformar a vida
00:42:12do juiz num inferno de atender pessoas o
00:42:13tempo todo, não, né, existem muitas
00:42:15causas, que prescindem, mas causa
00:42:17criminal, causa de família, causa
00:42:20trabalhista, que é tudo testemunhal, que é
00:42:22toda prova testemunhal, né, a gente ouve
00:42:24testemunha agora assim, né, online, né,
00:42:27tô aqui, perguntando qual que é a
00:42:29segurança de que aquela pessoa que tá
00:42:30prestando depoimento online não tá
00:42:32lendo, o que ela tá falando, tá lendo,
00:42:36o que ela tá falando, né, tem alguém
00:42:38debaixo da mesa instruindo ela, como
00:42:40já aconteceu, isso, já aconteceu, então
00:42:42a gente precisa recuperar o espaço
00:42:44público de produzir justiça, é o
00:42:46fórum.
00:42:47Nelson, vamos lá, fala o que é
00:42:49presidente, não o Cleber, primeiro
00:42:51você, presidente.
00:42:52A intimidade do Ministério Público, eu
00:42:53não vou me meter.
00:42:55Faz tempo que ele não faz uma
00:42:56pergunta, depois eu queria fazer.
00:42:57Deixa eu fazer uma análise, voltando
00:42:58para o Supremo Tribunal Federal,
00:42:59presidente, veja a questão de
00:43:02prioridade, não é, vamos falar de
00:43:04política de novo e Supremo Tribunal
00:43:06Federal.
00:43:07Se a gente for na Constituição, lá no
00:43:09artigo 217, tem a questão da
00:43:12justiça desportiva, aonde o poder
00:43:15judiciário só vai conhecer das ações
00:43:17desportivas depois de se esgotarem os
00:43:20prazos da instância administrativa de
00:43:24curso forçado que é a justiça
00:43:25desportiva, ou seja, no fundo o
00:43:27judiciário não conhece, não pode
00:43:30conhecer uma ação da justiça
00:43:32desportiva.
00:43:36Ministro Lewandowski, quando estava no
00:43:38Supremo Tribunal Federal, uma vez
00:43:39julgou uma determinada ação que era
00:43:41uma questão que envolvia o regimento
00:43:42interno do parlamento e não poderia
00:43:45julgá-lo porque envolve uma questão
00:43:48entre a independência e a autonomia
00:43:50dos poderes, não é?
00:43:52muita gente, muita gente fala que se
00:43:56nós restringirmos a atuação do
00:44:00Supremo Tribunal Federal quanto ao
00:44:02julgamento de situações políticas, nós
00:44:05estaríamos aí desobedecendo o princípio
00:44:09do direito de ação, da famosa
00:44:11inafastabilidade da jurisdição e o
00:44:15judiciário não poderia dar o non-liquid
00:44:17como tem na corte americana, aonde...
00:44:20O que é o non-liquid?
00:44:21Tem muita gente leiga que está te
00:44:22assistindo, viu?
00:44:23É, o non-liquid é aquela situação que
00:44:24eu não conheço aquilo, eu não consigo,
00:44:27digamos assim, entender aquilo que está
00:44:29sendo narrado, não é visível aquilo
00:44:31para mim.
00:44:32A corte americana, ela se recusa a
00:44:35julgar alguns pontos que envolvem o
00:44:38aspecto político.
00:44:40Será que se nós colocássemos algum
00:44:43tipo de cláusula no próprio texto
00:44:47constitucional, e seria o papel da
00:44:48comissão talvez pensar nisso, no
00:44:50sentido de se obstar o poder
00:44:53judiciário de atingir questões
00:44:56eminentemente políticas?
00:44:59Isso não traria algum benefício de
00:45:03autocontenção ao próprio Supremo
00:45:06Tribunal Federal para preservação da
00:45:09sua atuação eminentemente júris
00:45:13constitucional, retirando aquela atuação
00:45:17no campo político que prejudicaria a
00:45:19própria imagem do Supremo.
00:45:20Como é que o presidente da OAB pensa
00:45:22sobre isso e qual seria a contribuição
00:45:26que a comissão possa fazer nisso, em
00:45:29relação a esse assunto?
00:45:30Você deu um exemplo interessante aqui,
00:45:32embora quem entenda o direito esportivo
00:45:34aqui, mais o AKP, né?
00:45:35Mas essa regra que existe no direito
00:45:37esportivo, do judiciário não se
00:45:39miscluir nas questões de direito esportivo,
00:45:40a não ser determinadas situações
00:45:43excepcionais, só tem feito bem.
00:45:47Os últimos campeonatos brasileiros
00:45:48todos teriam sido contestados na
00:45:49justiça, se isso não... a gente teria
00:45:51troféu tendo sido entregue pelo poder
00:45:54judiciário de um monte nos últimos
00:45:55anos. Como houve tentativas? Houve
00:45:57tentativas de times que perderam por
00:45:58algum motivo tal e qual, é questionar
00:46:00porque teve violência no campo, porque
00:46:01teve não sei o que, não é? A taça das
00:46:03bolinhas. Isso. O campeonato
00:46:05brasileiro, né? Recentemente, o
00:46:09Internacional de Porto Alegre quis
00:46:11contestar o título do Corinthians em
00:46:122005. Não vamos entrar no... Mas teve
00:46:15outras mais recentes? Teve outras
00:46:16tentativas mais recentes? O do esporte
00:46:17foi concretizado por decisão do
00:46:19Supremo Tribunal Federal em 87,
00:46:21lembra? Do módulo verde, módulo
00:46:22amarelo. Santos e Botafogo, final de
00:46:24iluminação de 85. Mas sempre que
00:46:26acontece isso, há uma sensação de
00:46:28insegurança jurídica enorme, é verdade.
00:46:30Então, mas o esporte tem sido bem
00:46:32protegido por essa regra. É uma boa, assim,
00:46:34os campeonatos seguem, os tribunais
00:46:36esportivos dão conta, mal ou bem
00:46:39eles dão conta, os tribunais, os
00:46:40campeonatos se sucedem, né? Quem ganha
00:46:43um campeonato, tem o próximo
00:46:46campeonato. Quem perde uma eleição,
00:46:48tem a próxima eleição. Exato. É assim
00:46:50que funciona o jogo da democracia e o
00:46:52jogo do esporte. Quem perde o campeonato
00:46:53esse ano, tem que disputar o outro pra
00:46:54ganhar. Quem perde uma eleição, tem que
00:46:58disputar a próxima pra ganhar. Uma votação
00:46:59também. Será que a política... Não tem que
00:47:01reverter a eleição no...
00:47:02no VAR? Será que a política não
00:47:03ficaria grata em relação a esse ponto,
00:47:06restringir esse ponto, onde o próprio
00:47:08Supremo dissesse, não, isso eu não vou
00:47:10julgar. Sim. É, talvez definir o que
00:47:13significa a matéria interna corpus. Sim,
00:47:15sim. Em nível constitucional. Exato.
00:47:18Pra facilitar. Sim, o Constitucional de
00:47:2088, ele foi muito largo, que era o
00:47:22momento que o Brasil vivia, exigia isso.
00:47:24Exato. A Constituição de 88 foi uma
00:47:26grande consertação entre diversas
00:47:27forças, entre diversas forças que
00:47:28estavam reprimidas, diversas forças que
00:47:30não tinham vez, que não tinham voz e o
00:47:31Constituinte foi sábio ao tentar dar voz
00:47:34pra todas, senão a Constituição não ia
00:47:35sair também naquele momento. Exatamente.
00:47:38Só que a gente, passaram-se tantos e
00:47:40quantos anos e a gente pode ver ajustes
00:47:42mais estruturais. É. A gente tem emenda
00:47:46pra tudo na Constituição. A gente pode
00:47:48ver reajustes mais estruturais, não é,
00:47:51pra que todas aquelas, né, possibilidades
00:47:53de recorrer ao Poder Judiciário,
00:47:56especialmente o Supremo, elas sejam
00:47:57ponderadas, né, com aquilo que a gente
00:47:59tem. A gente não tinha STJ quando a
00:48:01Constituição foi feita, a gente não
00:48:02tinha TRFs, a gente não tinha um monte
00:48:03de estruturas que existem hoje.
00:48:05Verdade.
00:48:06Vamos inaugurar uma nova rodada agora
00:48:08com o Fernando Capês.
00:48:09Muito bem. Bom, é só pra dizer que a
00:48:10dificuldade dessa tese seria o princípio
00:48:14que nenhuma lesão deixará de ser
00:48:17conhecida pelo Poder Judiciário, que é a
00:48:19indeclinabilidade da prestação jurisdicional.
00:48:21Tá no artigo 5º, inciso 35. É cláusula
00:48:23pétrea? Então, seria que ter um
00:48:25plebiscito pra rever? Mas acho que a
00:48:27OAB vale trazer essa discussão, eu
00:48:30acho importante. Mas a pergunta que eu
00:48:31quero fazer é outra. A gente tem notado
00:48:35no Brasil um abuso na decretação das
00:48:40prisões preventivas. A gente tem mais,
00:48:43né, o sonho presidente e demais
00:48:45debatedores, mais de 200 mil presos que
00:48:48não têm culpa formada, que não têm
00:48:51ainda prova plena produzida durante a
00:48:53instrução, estão presos. Alguns deles,
00:48:56inclusive, pela prática de crimes não
00:48:58violentos. Não preciso nem citar um
00:49:00caso notório, que aí todos já sabem.
00:49:03Então, eu pergunto. Tá no Código de
00:49:06Processo Penal que só pode ser
00:49:08decretada a prisão preventiva se os
00:49:10fatos forem contemporâneos? A gente vê
00:49:14a decretação de prisão preventiva de
00:49:15fatos de um ano, dois anos atrás. Tá no
00:49:18Código de Processo Penal que tem que ser
00:49:20urgente, ou seja, que não pode ser uma
00:49:23antecipação da aplicação da pena. Pois
00:49:26bem, o Supremo Tribunal Federal, durante
00:49:28muito tempo, corrigiu estes abusos,
00:49:32principalmente nos tempos da Lava Jato.
00:49:33Eu até exalto aqui, na época, a figura
00:49:36do ministro Gilmar Mendes, que uma vez eu
00:49:39cheguei ao seu gabinete, tem lá uma
00:49:41revista, um periódico, com a manchete.
00:49:45Ministro Gilmar Mendes, o juiz de quem o
00:49:47Brasil discorda. E depois o Brasil deu
00:49:49razão a ele, verificando que havia de
00:49:51fato abusos. Só que agora, essa questão
00:49:55está dentro do âmbito da competência do
00:49:57Supremo Tribunal Federal. E as prisões
00:50:00para delatar estão sendo decretadas. A
00:50:04verdade é essa. Pergunta. A OAB já pensou
00:50:08na possibilidade de uma reforma que
00:50:11proíba a colaboração premiada de réu
00:50:15preso. O Supremo diz que não é a
00:50:18restrição da liberdade que importa, mas
00:50:20a restrição da liberdade de falar. Só
00:50:23que a prática demonstra que uma está
00:50:24ligada à outra. Não vamos tapar o sol
00:50:26com a peneira. Não seria uma maneira de
00:50:28consertar o risco de delações
00:50:32mentirosas, de delações feitas sob pressão
00:50:35e que acabam desmoralizando a justiça no
00:50:38futuro. Delação de réu preso. Qual
00:50:41opinião se a comissão pretende estudar
00:50:43e se debater esse assunto? Muito boa
00:50:44pergunta. Isso não está na porta da
00:50:46comissão, mas eu não vou deixar de
00:50:47falar que eu sou criminalista. As
00:50:49questões de direito material, de
00:50:51direito, elas não estão tanto, não
00:50:53estarão em pauta, mas questões de
00:50:54processos estruturais mesmo. Mas eu já
00:50:57falei e volto aqui a falar que
00:50:59chamada de correu, lembra? Chamada de
00:51:01correu, a gente falava nesse momento.
00:51:02que uma pessoa que delata em troca da
00:51:07delação é solta, a credibilidade desse
00:51:09testemunho ela tem que ser evidentemente
00:51:11relativizada por uma questão que você
00:51:13que está me assistindo, que é leigo aí, vai
00:51:15entender também. Uma pessoa que presta um
00:51:17testemunho em troca da sua própria
00:51:18liberdade, o que ela pode falar? Qualquer
00:51:20coisa. Esteja preso e imagine se preso,
00:51:23imagina aquilo que você poderia falar para
00:51:25ver sua liberdade de volta, qualquer
00:51:27coisa. Então a gente tem que... a lei de
00:51:31delação premiada, ela teve ajustes
00:51:32recentes para tentar mitigar um pouco
00:51:35essa questão das delações conseguidas
00:51:38numa barganha, é desigual, não é desigual,
00:51:42não é o benefício, né? A chamada de
00:51:44correu, que é o pré-nome, o nome
00:51:46ancestral da delação premiada, se for
00:51:48olhar a jurisprudência lá, antiga, capês da
00:51:50nossa época, que os tribunais diziam,
00:51:52olha, o correu que delata, tendo próprio
00:51:56interesse no resultado do processo, não
00:51:57deve ser considerado. Os tribunais falaram
00:51:59isso durante 30 anos. Exatamente. 30 anos.
00:52:02Isso é uma verdade que vem da vida, não
00:52:04vem da lei, vem da vida. E a gente, a
00:52:06delação é importante, especialmente para
00:52:08crimes de organização criminosa, isso é
00:52:10muito difícil, mas ela tem que ser usada
00:52:12ao mínimo, ao mínimo, porque ela tem
00:52:14esse vício de origem, né? A pessoa que
00:52:16presta um depoimento buscando um
00:52:19interesse, uma vantagem processual,
00:52:21pessoal, naturalmente tem que ser vista
00:52:23com reservas.
00:52:23O próprio Ministério Público, o nosso
00:52:28instituição, a sua, a minha, até
00:52:30recentemente, o próprio Ministério
00:52:32Público acabou sendo exposto, porque
00:52:36não são, foram raras as denúncias de
00:52:38promotores que abusaram na colheita de
00:52:41delações de réu preso. Eu cito até um
00:52:44exemplo que a Corregidoria Nacional do
00:52:47Ministério Público, do CNMP, abriu um
00:52:50processo por unanimidade contra o promotor
00:52:51do MP de São Paulo, por ter falsificado
00:52:54provas e coagido testemunhas de
00:52:56delatores que estavam presos. Então,
00:52:58essa questão, se nós não temos ainda
00:53:00ambientação e maturidade para
00:53:02trabalharmos com delação de réus presos,
00:53:04é melhor cortar o mal pela raiz, desculpe.
00:53:06Presidente, agora o outro tema trazido
00:53:08pelo Capês, que eu quero que você
00:53:09comente também, já na sua condição de
00:53:11criminalista aqui, e que é, inclusive,
00:53:13uma prova de que o Capês atravessou a
00:53:15rua, né? Virou um advogado criminalista
00:53:17agora também, esse tanto de prisão
00:53:19preventiva, em desacordo com o Código
00:53:22de Processo Penal. Você está trazendo
00:53:24seu afestado de advogado.
00:53:25Não, não, pode, explica.
00:53:27Me permite, presidente? Posso.
00:53:29A gente tem uma ideia de que o advogado,
00:53:32eu sempre respeitei o advogado, fui um
00:53:34promotor duro, mas sempre respeitei o
00:53:35advogado, porque quando o advogado atua,
00:53:38ele não defende só o cliente. Quando o
00:53:41advogado atua, ele defende o direito
00:53:43seu e de todos nós, de somente sermos
00:53:46privados da nossa liberdade, honra o
00:53:49patrimônio, mediante obediência aos
00:53:51princípios do devido processo legal.
00:53:53Por isso que a OAB que coloca que sem
00:53:55advogado não tem justiça, não está só o
00:53:57promotor falando para o juiz. Tem que ter
00:53:58antítese. Quis fazer esse registro,
00:54:01presidente.
00:54:01Agora eu vou fazer uma intervenção aqui,
00:54:02mas o Ministério Público defende a
00:54:04sociedade também.
00:54:05É, esse negócio que não pede sempre a
00:54:09condenação, tá bom.
00:54:10Vai lá.
00:54:11Olha, aqui é, ele, pelo Ministério Público,
00:54:13fala quem sabe.
00:54:13Há um problema histórico no Brasil, que
00:54:17é o uso excessivo de prisões
00:54:18provisórias, prisões cautelares, e
00:54:20nesse ponto de vista o Supremo Tribunal
00:54:21Federal foi bastante ativo, estado de
00:54:25coisa inconstitucional, criou regras
00:54:28limitadoras. Infelizmente, o Supremo
00:54:31Tribunal Federal, por força, justamente
00:54:33dessa nova configuração, tem julgado
00:54:34menos essas questões, mais uma perda
00:54:39de cidadania. O Supremo Tribunal Federal
00:54:41era muito proeminente nas questões de
00:54:43combater prisão provisória. Em 2020,
00:54:46os juízes deixaram de ter a prisão
00:54:48preventiva como o único remédio.
00:54:50Até lá, a gente tinha um problema,
00:54:52a gente tinha uma medida cautelar
00:54:53básica no processo, que era a prisão.
00:54:55Em 2020, o legislador entregou para o
00:54:57juiz uma série de medidas, tornozeleira,
00:55:00limitação de final de semana, prisão
00:55:01domiciliar, tudo isso. 319.
00:55:03319, isso não existia até 2020, mas
00:55:06os juízes ainda não abraçaram as
00:55:10medidas substitutivas como principais.
00:55:13Você tem uma série de medidas anteriores
00:55:15à prisão que você deveria esgotar e
00:55:17deixar para usar a prisão cautelar.
00:55:19Prisão cautelar é a prisão provisória,
00:55:21para que vocês entendam, é a prisão de
00:55:22alguém que não foi julgado nem
00:55:23condenado. Então, é algo bastante grave.
00:55:25Essas prisões acabam recaindo,
00:55:27especialmente sobre a população pobre,
00:55:29população periférica, sobre jovens que
00:55:32estão passando um tempo na prisão que
00:55:33não deveriam passar e estão na prisão
00:55:36submetidos à escolarização por organizações
00:55:40criminosas. Nós estamos gerando isso,
00:55:43nós estamos geminando isso. São jovens
00:55:45que estão presos, não precisavam estar
00:55:46presos e, ao estarem presos, eles estão
00:55:48ali submetidos, a gente sabe, à pressão
00:55:51de cooptação por facções.
00:55:53Agora, sim, voltando para o nosso tema
00:55:55aqui, o debate sobre a reforma do
00:55:57judiciário, pergunta do Flávio.
00:56:00Quanto a esse tema, eu gostaria de
00:56:02trazer o assunto sobre a igualdade
00:56:07racial no judiciário. A OAB de São
00:56:11Paulo vai ter oportunidade agora de
00:56:13fazer indicações para três vagas no
00:56:17Tribunal de Justiça de São Paulo. E a
00:56:20nossa colega Ana Gabriela Oliveira Lima,
00:56:22fez uma reportagem que trouxe a
00:56:25informação de que o movimento negro
00:56:27está pleiteando que a OAB entregue
00:56:31uma das listas com indicações somente
00:56:36com advogadas e advogados negros, para
00:56:39que necessariamente uma dessas três
00:56:41vagas seja ocupada por um advogado
00:56:45ou uma advogada negra. Eu gostaria de
00:56:48saber, doutor Sica, qual é a posição da
00:56:50OAB em relação a esse pleito do
00:56:53movimento negro? Vamos lá. Muito bom,
00:56:55Flávio, né? Mais uma vez, para o
00:56:57telespador entenda, né? O quinto
00:56:59constitucional é a norma que garante
00:57:01que um quinto das vagas nos tribunais
00:57:02sejam culpados por indicados pela OAB
00:57:04ou indicados pelo Ministério Público.
00:57:06Como isso funciona? A OAB elege uma
00:57:08lista de seis, uma lista de seis, entrega
00:57:10seis nomes para o tribunal. O tribunal
00:57:12escolhe três e desses três o governador
00:57:14nomeia um governador. Nomeia um desembargador.
00:57:18A OAB de São Paulo foi pioneira, é a
00:57:21primeira OAB do país que instituiu na
00:57:23lista sexta pela paridade de gênero e
00:57:25equidade racial. Então toda a lista de
00:57:27seis votada pela OAB de São Paulo tem
00:57:29três homens, três mulheres e duas
00:57:31pessoas negras. Então isso é inédito,
00:57:34isso nunca houve antes, alguns outros
00:57:37estados começaram a nos copiar, depois
00:57:38felizmente, ações afirmativas são para
00:57:42ser realmente espraiadas e nós
00:57:44entendemos que é a melhor maneira da
00:57:46a gente garantir diversidade, pluralidade,
00:57:48é manter e investir nessa regra que é
00:57:50recente. A gente implementou ela há três
00:57:52anos, então cada lista sexta pela
00:57:54nossa tem a garantia de que haverá
00:57:57homens, mulheres e pessoas negras.
00:58:00A gente recebeu esse pleito do
00:58:02movimento negro de fazer listas só com
00:58:03pessoas negras, a gente avaliou que
00:58:07não seria o caso, até porque as listas
00:58:09têm garantia a participação de todos os
00:58:11candidatos e candidatas. O candidato
00:58:13PCD, o candidato tem que estar
00:58:14contemplado, se a gente fecha a lista
00:58:17para qualquer tipo de recorte, a gente
00:58:21está impedindo que as outras pessoas
00:58:23concorram, mas assim, da nossa parte, a
00:58:25gente tem assim uma convicção que isso
00:58:29que a gente está fazendo, a gente agora
00:58:30quer levar para Brasília, para que todas
00:58:31as listas nacionais tenham essa
00:58:33configuração também, a gente deu o
00:58:35primeiro passo. Então agora vamos tentar
00:58:37nacionalizar a regra, vamos tentar
00:58:39colocar ela em lei para fundamentar,
00:58:41porque essa regra de paridade de gênero
00:58:45e equidade racial, hoje em dia ela
00:58:47funciona apenas por uma voluntariedade
00:58:49da OAB de São Paulo. Ela não está em
00:58:52lei, não está em lugar nenhum. Ela está
00:58:53aqui porque tem uma gestão, teve uma
00:58:55gestão da presidente Patrícia
00:58:56Vanzolini que pôs a lei e eu tive
00:58:58oportunidade, pôs a norma e eu tive
00:59:00oportunidade de sucedê-la mantendo a
00:59:02regra. Mas essa regra amanhã pode vir
00:59:04uma gestão que volta à regra que não
00:59:06manda fazer isso. Então agora a gente
00:59:08quer cristalizar uma regra que a gente
00:59:09colocou aí para funcionar há pouco
00:59:11tempo, há três anos. Doutor Sica, mas
00:59:13não seria o caso da OAB ser um pouco
00:59:15mais ousada, até tendo como precedente
00:59:18uma decisão recente do próprio
00:59:21Supremo Tribunal Federal que tinha
00:59:23duas indicações para o Tribunal
00:59:25Superior Eleitoral. E aí uma dessas
00:59:28listas foi composta exclusivamente por
00:59:32mulheres para garantir uma equidade
00:59:35de gênero no TSE. Não era o momento da
00:59:38OAB então dar um passo, ser um pouco
00:59:40mais ousada? Porque, por exemplo, aqui no
00:59:43estado de São Paulo, a gente tem menos
00:59:45de 2% do Tribunal de Justiça composto
00:59:50por negros. E a nossa população estadual
00:59:54é de 41% de negros. Então não seria a
00:59:58chance da OAB tentar compensar essa
01:00:01grande disparidade? Ô presidente, a gente
01:00:03foi... Não, mas esse exemplo do TSE, o
01:00:05TSE fez uma lista com seis homens e uma
01:00:09lista com seis mulheres. E aí vieram
01:00:11falar a nós, pressionar, falar, olha, o
01:00:12TSE fez umas com seis homens, seis
01:00:14mulheres. Eu falei, olha só, eu falei,
01:00:16sabe que o TSE garantiu com isso? Que
01:00:18não tem um dos mulheres. Ele garantiu
01:00:21que não tem um dos mulheres. E a vida
01:00:23inteira a gente teve lista só com
01:00:24homem. E o TSE fez um movimento
01:00:28parecendo inclusivo, que é exclusivo, que
01:00:31é exclusivo. O que o TSE fez foi
01:00:33garantir um homem. Por quê? Veja bem,
01:00:36na última gestão, a gestão da
01:00:37presidente Patrícia, nós enviamos cinco
01:00:39listas para o Tribunal de Justiça de
01:00:41São Paulo. Cinco listas. Foram nomeadas
01:00:45quatro mulheres. Se a gente fosse usar a
01:00:47regra do TSE, não ia ter quatro
01:00:49mulheres. Então o que o TSE fez, na
01:00:51verdade, como a gente tem, assim, uma
01:00:52emergência de movimentos, foi garantir uma
01:00:54lista de homem. Eu garantir lista de
01:00:56homem. A gente teve a vida inteira
01:00:59listas só de homem. Quando a gente faz
01:01:02esse tipo de regra, o que a gente
01:01:03garante? Que a gente nunca vai ter uma
01:01:04lista só de mulher. Que a gente nunca
01:01:06vai ter uma lista só de mulher. Então a
01:01:08gente está utilizando a ação
01:01:11afirmativa como teto. E a ação
01:01:15afirmativa é piso. As nossas listas
01:01:17têm 50% de mulheres no mínimo. Tem um
01:01:20terço de pessoas negras no mínimo. Nós
01:01:22podemos ter uma lista com seis negros.
01:01:24Podemos ter uma lista com seis
01:01:25mulheres. Podemos ter. Então a gente
01:01:27tem que garantir os mínimos. Então
01:01:29esse argumento ele foi usado contra
01:01:31nós e quando eu olhei eu falei, olha,
01:01:32foi até o presidente Patrícia que
01:01:33falou. Eu falei, ó, mas o que o TSE fez
01:01:36vai garantir que não vai ter duas
01:01:37mulheres.
01:01:39Presidente, eu quero até aproveitar
01:01:40essa oportunidade. A gente quer concorrer
01:01:41em todas. É uma pauta muito
01:01:42interessante que o Flávio traz. Eu
01:01:44gostaria de entender como a OAB tem
01:01:46se comportado em relação à pauta da
01:01:48igualdade racial nessa segunda gestão,
01:01:51né, na que você esteve como vice-presidente,
01:01:52com a Patrícia Vanzolini, mulher, presidente, e
01:01:55agora nesse seu primeiro ano aí que se
01:01:57aproxima de gestão. O que já foi feito em
01:02:00relação à inclusão da advocacia negra
01:02:03dentro do universo da OAB? Acho que é uma
01:02:05oportunidade importante. Além dessa
01:02:07dessa regra para a lista do tribunal, a
01:02:09gente tem uma regra nossa em que todos os
01:02:11nossos eventos, todas as nossas comissões, tem
01:02:12até 30% de pessoas negras. É, nós temos
01:02:16hoje, né, as nossas comissões, a comissão do
01:02:18quinto constitucional, né, comissão que
01:02:20garante o certame, é presidido por uma
01:02:22advogada negra, a presidente da comissão
01:02:24nacional da mulher advogada, hoje é uma
01:02:27mulher negra, advogada negra indicada por
01:02:29São Paulo, a presidente da comissão
01:02:30nacional de direitos humanos é uma
01:02:32advogada negra indicada por São Paulo,
01:02:34né, a presidente da comissão estadual de
01:02:36direitos humanos de São Paulo é uma
01:02:37advogada negra, então a gente colocou,
01:02:39né, a gente abriu espaço para que os
01:02:42talentos, né, ocupassem e a gente está
01:02:44tendo esse efeito positivo, né, a gente
01:02:45tem hoje, né, em cargos diretivos, né, uma
01:02:47presença de mulheres e advogados e
01:02:49advogados negros e nerds na OAB, mas é só
01:02:52o começo, eu concordo com o Flávio, a gente
01:02:53tem que fazer mais, mas a gente tem que
01:02:54fazer, dar passos com segurança. E eu uso
01:02:56o exemplo de novo do TSE, que pareceu um
01:02:58passo inovador, mas as mulheres falaram
01:02:59para mim, falaram, não, a gente não quer, a
01:03:02gente não quer uma lista só com homem,
01:03:03não só com mulher, a gente quer competir
01:03:04nas duas, para poder ter duas mulheres.
01:03:06Então a gente vai aprendendo, nós estamos
01:03:07aqui para aprender isso também, nas
01:03:09questões novas, são questões desafiadoras
01:03:12e que nós, né, aqui, eu estou aqui na OAB
01:03:14para aprender e a gente está aqui atento a
01:03:16não retroceder, a não perder os avanços e
01:03:19avançar com segurança. Túlio.
01:03:22Presidente, vamos falar um pouquinho mais
01:03:23de reforma do judiciário, mas trazer à luz
01:03:26um tema que eu tenho certeza que a
01:03:28comissão não se deparou, porque é um
01:03:29tema de atualidade, que é o caso do IOF.
01:03:32Mas eu não vou falar do aspecto tributário,
01:03:34eu vou falar do aspecto da separação dos
01:03:36poderes, tá? Que é o seguinte, olha
01:03:39só o que está acontecendo. O governo
01:03:42perde a votação no Congresso, vai ao
01:03:45Supremo Tribunal Federal e o Supremo
01:03:47Tribunal Federal agora, ele não é o
01:03:49poder moderador, aquele do artigo 142
01:03:51que causou tanta polêmica. Ele é o
01:03:53poder mediador, é o novo poder da
01:03:56República. E por que que eu falo com
01:03:58essa ironia, com essa em tom de
01:03:59brincadeira? Porque mediar um processo
01:04:03entre um sujeito particular A e B
01:04:05para tentar uma audiência de
01:04:07conciliação, ok. Agora, você mediar uma
01:04:11questão de constitucionalidade, uma
01:04:13questão de ordem pública, pode criar um
01:04:15precedente muito perigoso. Por quê?
01:04:17Porque, na verdade, um ato do governo,
01:04:20uma lei, não é constitucional ou
01:04:22inconstitucional a depender do sucesso ou
01:04:24insucesso de um acordo entre dois
01:04:27poderes. Ela é constitucional ou
01:04:28inconstitucional se ela viola ou não os
01:04:30preceitos e regras da Constituição da
01:04:32República. Nesse sentido, não poderia
01:04:35haver uma jurisprudência perigosíssima
01:04:37nesse caso, porque o Supremo Tribunal
01:04:39Federal está chamando, então, o
01:04:41Executivo Legislativo para um acordo.
01:04:43E se não houver o acordo, qual seria a
01:04:46posição do Supremo? Na minha opinião,
01:04:47deveria ser rigorosamente, independente
01:04:50do acordo, julgar quem está certo ou quem
01:04:53está errado. Então, é um tema que eu
01:04:55acredito que a OAB deveria se
01:04:56preocupar, porque daqui para frente, as
01:04:58ações diretas de constitucionalidade ou
01:05:00inconstitucionalidade vão ser definidas
01:05:02pelo sucesso ou insucesso de um
01:05:05acordo. Trago um outro exemplo, o caso
01:05:07das emendas parlamentares também foi
01:05:09resolvido em uma conciliação, no caso
01:05:12foi até uma reunião de conciliação
01:05:13que não foi pública, diferentemente
01:05:15da audiência chamada agora pelo
01:05:17ministro Alexandre de Moraes em
01:05:18relação ao tema do IOF. Nelson, eu
01:05:20queria só pegar a carona, que achei a
01:05:21pergunta excelente. Muitas caronas, vamos
01:05:23lá. Pode pegar, vamos pensar. Uma
01:05:26questão excelente, porque o que o
01:05:28professor Túlio coloca é o seguinte, é
01:05:31inconstitucional o Congresso Nacional
01:05:33suspender o aumento do IOF por
01:05:35decreto legislativo ou ele pode fazer
01:05:38uma vez que houve um desvio de
01:05:39finalidade? Pode ou não pode? O
01:05:41Supremo tem legitimidade técnica. Sim. O que
01:05:43ele está dizendo é o seguinte, nós estamos
01:05:45vivendo um momento em que o poder
01:05:47judiciário, sem ter mandato popular,
01:05:50sem ter representatividade da vontade
01:05:52popular, está decidindo o que é melhor
01:05:55para o país, ou seja, ele vai mediar um
01:05:57diálogo entre o executivo e o judiciário,
01:05:59ou ele vai analisar tecnicamente se é
01:06:01inconstitucional ou não? Acho que esse é um
01:06:03ponto fulcral sobre os limites
01:06:05constitucionais do exercício do poder
01:06:08judiciário. Possibilidade de conciliação,
01:06:09controle de constitucionalidade, essa é uma...
01:06:11Não, vocês já falaram tudo, né? Eu achei
01:06:13bastante exótico, né? A gente fazer uma
01:06:15mediação sobre uma... para decidir se algo
01:06:17é constitucional ou não, né? Porque o bem
01:06:19é, o bem não é. E quando a gente vai
01:06:22vendo o judiciário colocado nessa posição,
01:06:24eu peguei aqui a fala do Capês, né? Não foram
01:06:26eleitos e tal, a gente começa. E aí a
01:06:28nossa preocupação inicial, nós estamos
01:06:30fazendo isso para proteger o judiciário.
01:06:32Porque quando a gente vê o judiciário
01:06:33assumir esse protagonismo, a gente pode
01:06:34começar a ser invadido por movimentos
01:06:38esdrúxulos, como foi isso que aconteceu
01:06:39no México agora, que resolveu fazer a
01:06:41eleição para todos os juízes. Que também
01:06:43é uma ideia péssima, né? Péssima. Mas os
01:06:46juízes foram ganhando tantos
01:06:47protagonistas que o Legislativo falou,
01:06:49tudo bem, vamos eleger os juízes agora.
01:06:51E fizeram uma eleição nacional agora para
01:06:52todos os juízes. É no México e assim, é algo
01:06:55também, assim, absolutamente impensável.
01:06:57Não é que eu vou ser julgado por um
01:06:59juiz eleito por alguém. Eu tenho que ser
01:07:01julgado por um juiz concursado. E aí,
01:07:03esses movimentos são reações do poder
01:07:07político ao protagonismo do judiciário.
01:07:10E a gente quer evitar essas reações.
01:07:12A gente quer evitar essas reações.
01:07:13Tem no nosso Congresso Nacional uma
01:07:16dezena de projetos de lei esdrúxulo
01:07:18para reformar o judiciário.
01:07:20São projetos, na verdade, revanchistas.
01:07:22de alguém que teve algum interesse
01:07:25contrariado pelo judiciário e tocou um
01:07:27projeto de lei lá para falar, ah, não,
01:07:28não gostei do que o judiciário fez, vamos
01:07:30reformar. Uma reforma discutida da maneira
01:07:33que a gente quer, a gente só quer abrir
01:07:34discussão. Quem vai conduzir essa reforma
01:07:36é quem deve depois. É, para nós, do nosso
01:07:39ponto de vista, o antídoto para que o
01:07:41judiciário seja recortado por reformas
01:07:43revanchistas, reformas extremistas.
01:07:46Nós não queremos, entre as pessoas que
01:07:50querem acabar com o Supremo, a gente quer
01:07:52distância dessas pessoas. Assim como a
01:07:55gente quer distância das pessoas que
01:07:55querem que o Supremo governe o país.
01:07:57Acho que entre esses dois lados existe
01:07:59equidistância e muita gente com bom
01:08:02senso no meio para trabalhar o papel
01:08:04do judiciário. Digo do Supremo
01:08:05simbolicamente, mas do judiciário.
01:08:07Eu não quero nem juízes que governem,
01:08:09nem tampouco eu quero juízes que não
01:08:11julguem, que não tenham independência e
01:08:12liberdade para julgar.
01:08:13Presidente, eu gostaria de saber como é
01:08:15que você e a comissão enxergam o debate
01:08:17sobre o custo da justiça e a dificuldade
01:08:20que isso pode gerar para o acesso à
01:08:22justiça. Isso vai estar na pauta da
01:08:23comissão também?
01:08:25Saiu hoje uma pesquisa do CNJ, foi
01:08:27publicada hoje.
01:08:30O CNJ publicou uma pesquisa hoje dizendo
01:08:32que a população brasileira considera o
01:08:33acesso à justiça brasileira caro.
01:08:3673% da população respondeu, não li com
01:08:39detalhe, que saiu agora, eu vi agora no
01:08:40caminho.
01:08:42O acesso à justiça, o preço do acesso à
01:08:45justiça, o valor do acesso à justiça é
01:08:46algo que limita. Quando a gente faz os
01:08:49recortes, a gente fez, o nosso pessoal de
01:08:51jurimetria fez uns estudos, quando a gente
01:08:52vê o estudo da litigância, a gente descobre
01:08:55que embora exista muito processo, milhões
01:08:57de processos, quando você olha as áreas
01:08:58mais periféricas, não tem processo.
01:09:01As pessoas que não têm dinheiro não estão
01:09:03litigando em excesso, porque o acesso à
01:09:05justiça é caro. Quem está litigando em
01:09:07excesso primeiro é o Estado, 40% das ações
01:09:11no Estado de São Paulo são propostas pelo
01:09:12Estado, o Estado é parte.
01:09:13Então, quem... E os grandes litigantes?
01:09:17Os grandes litigantes, os grandes litigantes,
01:09:19as grandes empresas, os grandes segmentos
01:09:20da economia. A população, ela tem
01:09:23dificuldade de acessar o judiciário,
01:09:24seja porque a gente tem milhares de
01:09:27questões, a gente não tem defensoria
01:09:28pública em todo lugar, e a gente tem
01:09:30custas judiciais, custas judiciais para
01:09:32pagar no litígio privado, que são
01:09:35limitadoras. Então, assim, a gente tem que
01:09:38entender as custas judiciais com a
01:09:40maneira de financiar a estrutura do
01:09:42judiciário, mas não de regular o
01:09:44acesso. O Supremo Tribunal Federal,
01:09:46alguém ali aqui já disse, olha, tem
01:09:48muita gente indo ao judiciário e vão
01:09:50tornar mais caro. Esse argumento eu acho
01:09:52imoral. É o mesmo argumento assim, olha,
01:09:55não tem lugar no ônibus de São Paulo,
01:09:56vamos deixar o ônibus mais caro, que aí
01:09:57os ônibus vão ficar vazios.
01:10:00Ah, tem muita fila no SUS, vamos cobrar.
01:10:03Vamos cobrar para a fila do SUS, que aí vai
01:10:04reduzir a fila no SUS. Então, o argumento
01:10:07de que as taxas judiciais são um meio de
01:10:09regular a sobrecarga de trabalho do
01:10:12judiciário, ele não é aceitável. Não é
01:10:14aceitável porque ele passa por serviço
01:10:16jurídico, serviço de saúde, serviço de
01:10:19transporte público, são tantos serviços
01:10:20públicos iguais que eles não podem ser
01:10:22submetidos a essa lógica. Se a gente
01:10:24chegar amanhã, se a gente triplicar as
01:10:27taxas judiciárias, tenho certeza que vai
01:10:28diminuir o número de processos. Se a gente
01:10:29triplicar, vai diminuir mais ainda, mas
01:10:31nós vamos estar simplesmente excluindo as
01:10:33pessoas do processo. Sobre esse tema,
01:10:35pediram aqui o Túlio e o Flávio. Pergunta
01:10:38sobre o custo da justiça, acesso à
01:10:39justiça, é isso? Vai lá, Túlio. Isso, muito
01:10:41rapidamente, sobre esse tema do custo da
01:10:43justiça, o que que a OAB pensa a
01:10:45respeito das custas no cumprimento da
01:10:47da sentença, né? Porque sujeito já
01:10:50ganhou o processo, já pagou todas as
01:10:52custas para chegar, para escalar o
01:10:54Everest, chega no final para o advogado
01:10:56explicar que ele ainda tem que pagar para
01:10:58receber o que já foi declarado como
01:11:00seu direito, né? Soa um pouco
01:11:03desarrasado. O que que a OAB pensa a
01:11:05respeito disso? Nós questionamos a
01:11:07constitucionalidade dessa lei aqui no
01:11:09Tribunal de Justiça, perdemos por
01:11:10maioria, tivemos vinte a quatro, quatro
01:11:13desembargadores do próprio Tribunal de
01:11:14Justiça entenderam que ela é
01:11:15inconstitucional e nós estamos levando a
01:11:16discussão ao Supremo agora para
01:11:17discutir se é constitucional cobrar para
01:11:19executar a sentença, né? Nós estamos
01:11:21levando a discussão de
01:11:22condicionalidade com bastante confiança.
01:11:24Eu gostaria de aproveitar o gancho, né?
01:11:27Que a gente está falando então das
01:11:28pessoas que buscam o judiciário, né?
01:11:31A gente tem um problema crescente que
01:11:34é o do golpe do falso advogado, né?
01:11:37Esses golpes, eles estão cada vez mais
01:11:39sofisticados, né? Os golpistas têm
01:11:42acesso aos processos, ligam para as
01:11:45pessoas, explicam, eles estudam realmente
01:11:48o processo e levam a um convencimento
01:11:50pleno daquelas pessoas, porque é um
01:11:53grau de, vamos dizer assim, de
01:11:55detalhamento e a pessoa fala, poxa, não é
01:11:58possível que não seja realmente um advogado
01:12:00que está nessa causa, que está me
01:12:02pedindo esses pagamentos adicionais ou
01:12:04o que seja, né? Eu gostaria de saber o
01:12:07que que a UAB está fazendo concretamente
01:12:09para evitar esse tipo de golpe e como o
01:12:12cidadão pode também se proteger, como
01:12:14ele pode verificar se aquela ligação
01:12:16ela realmente é de um advogado que está
01:12:20na causa, né? E aí então evitar, porque
01:12:25é um problema que só cresce, né? E
01:12:27algumas medidas estão sendo tomadas, mas
01:12:30não não tem sido suficiente para
01:12:32barrar o crescimento desse tipo de
01:12:34crime. Flávio, obrigado pela
01:12:36oportunidade, de fato o golpe do falso
01:12:38advogado tem vitimando muitas pessoas,
01:12:40não é? O que que é isso? Basicamente, uma
01:12:41pessoa faz se passar pelo seu advogado e
01:12:43cobra de você um valor de honorários ou um
01:12:46valor de taxas judiciais para você
01:12:47receber, não é? Por WhatsApp. Pede um
01:12:49pix por WhatsApp, fala que eu sou seu
01:12:50advogado com acesso, com perfil falso,
01:12:54né? E dados falsos. O que que a gente
01:12:56fez? A gente tem feito uma campanha de
01:12:57mídia intensa, o Jovem Pan ajudou,
01:12:59várias vezes tivemos aqui falando
01:13:00disso, né? Estamos indo à polícia, a
01:13:03gente levou mais de 300 casos para
01:13:04serem investigados na polícia, aqueles
01:13:05casos que a gente conseguiu elementos
01:13:07mínimos, golpe digital muitas vezes não
01:13:09tem o que investigar, eu já vou dizer
01:13:12porque que eu tô avisando isso a quem
01:13:14estamos assistindo, conseguimos
01:13:15mobilizar algumas investigações, porque
01:13:17a gente criou um portal aqui em São
01:13:18Paulo, onde a gente recebe os
01:13:18boletins de ocorrência, a gente olha os
01:13:20dados e leva pro cyber, pra DC
01:13:22Cyber, que é a delegacia aqui de São
01:13:24Paulo que tá nos ajudando muito. O
01:13:25Conselho Federal criou uma
01:13:26plataforma, chama Confirme a DV. Então
01:13:29você receber um contato de um
01:13:30advogado, vai lá no Confirme a DV
01:13:31pra ver se aquele advogado é o
01:13:33advogado que tá fazendo o seu
01:13:34contato mesmo. Enfim, estamos
01:13:37trabalhando tudo aquilo que a gente
01:13:38pode, prevenção, criamos uma
01:13:39cartilha, essa cartilha a gente
01:13:41espalhou, essa cartilha foi
01:13:42disponibilizada até no site do
01:13:43Supremo Tribunal Federal, a
01:13:44cartilha da OAB de São Paulo, pra
01:13:45educar tanto a população quanto
01:13:47o advogado pra essa relação
01:13:48ser mais segura. Mas o que a
01:13:50gente precisa, sobretudo, hoje o
01:13:52golpe do falso advogado, amanhã vai
01:13:53ser o golpe do falso médico, é
01:13:54ter uma cultura de segurança
01:13:56digital, né? Em geral, nós somos
01:13:59ainda, nós brasileiros, muito
01:14:00pródigos na internet e muito
01:14:02desavisados, muito desavisados,
01:14:04né? Recebemos WhatsApp pedindo um
01:14:06pix e fazemos o pagamento antes
01:14:09de verificar se aquele telefone é
01:14:11o que tá na minha lista de
01:14:12contatos. Se aquele pix, aquele
01:14:14CPF, aquele CNPJ, um CPF, CNJ
01:14:16indicado, relacionado com algumas
01:14:18pessoas que estão relacionadas a
01:14:19mim. Então, a gente tá investindo
01:14:20muito agora, né? Numa campanha de
01:14:22segurança digital, porque não tem
01:14:25jeito. Golpe do pix. Golpe do falso
01:14:28advogado é uma evolução do golpe do
01:14:29pix. Você que sofrer um golpe desse,
01:14:31primeiro, saiba o seguinte,
01:14:32dificilmente o dinheiro vai ser
01:14:33recuperado. É quase nenhuma chance
01:14:35de recuperar o dinheiro, porque esse
01:14:36dinheiro some, ele evapora, né? Por uma
01:14:38sucessão de fintechs, bancos digitais,
01:14:43CPFs falsos, né? Isso é muito
01:14:45difícil. Isso é muito rápido, porque o
01:14:48WhatsApp e o pix são uma relação que
01:14:50se exaura em segundos, às vezes.
01:14:52Então, vai conversar com o seu advogado,
01:14:53prefira o e-mail. É mais seguro.
01:14:56Troca e-mail, seu advogado. Se o advogado
01:14:58te ligou pra falar alguma coisa, não
01:15:00custa nada, marca uma reunião com ele.
01:15:02Fala, tudo bem, escreve, senta, olha pro
01:15:04seu advogado, vê se ele mesmo ali tá na
01:15:05frente, né? Essa nossa ansiedade de
01:15:07resolver as coisas com rapidez, que é
01:15:09aquilo que nos move hoje, tá nos
01:15:10tornando uma sociedade muito exposta.
01:15:13O brasileiro usa muito digital, muito
01:15:15digital, a gente usa mais pix, o pix
01:15:17nasceu aqui, né? A gente usa mais
01:15:19WhatsApp que o mundo inteiro somado,
01:15:20quase, acho que só na Índia usam mais
01:15:21WhatsApp que a gente, mas a gente tem
01:15:24que criar uma consciência que esses
01:15:25meios de comunicação são frágeis.
01:15:27Qualquer pessoa pode pegar uma foto
01:15:28minha aqui agora e criar um WhatsApp
01:15:29com a minha foto. Não tem como evitar.
01:15:32Processos judiciais, a mesma coisa,
01:15:34processos judiciais são públicos.
01:15:35O que que os golpistas fazem? Eles
01:15:37põem robô pra rodar nos processos
01:15:39judiciais, ele entra no processo
01:15:40judicial, descobre que o Leonardo Sica é
01:15:41advogado do Fernando Capês, isso em
01:15:43segundos, e aí ele manda uma mensagem
01:15:45para o Fernando Capês e fala,
01:15:45Fernando, aqui é o Leonardo. Olha, você
01:15:47tá me devendo aqui pro... Então, a gente
01:15:50tomou todo esse arcabouço de medidas,
01:15:52já temos algumas pessoas que foram
01:15:53presas, identificadas, mas é muito
01:15:55difícil, é muito difícil chegar nessas
01:15:56pessoas.
01:15:57Olha só, reta final do nosso Direto ao
01:15:58Ponto, vou pedir só que as perguntas
01:16:00e as respostas agora sejam um pouco
01:16:01mais objetivas pra gente conseguir
01:16:02rodar. Vai lá, Clever.
01:16:04Presidente, deixa eu fazer uma
01:16:06situação aqui. Hoje o Supremo Tribunal
01:16:08Federal, às vezes ele é muito
01:16:09criticado por ser uma corte
01:16:11recursal, por ser um juízo criminal
01:16:14de primeiro grau e perde um pouquinho
01:16:17a categoria de corte constitucional,
01:16:19não é? Eu gostaria de fazer uma
01:16:21pergunta e depois um pedido. Qual é, o
01:16:25que motivou a Ordem dos Advogados do
01:16:28Brasil, o que motivou o presidente a
01:16:31criar essa comissão tendo em vista
01:16:34esse diagnóstico? E agora meu pedido, a
01:16:38OAB tem caráter institucional, é um
01:16:40patrimônio brasileiro, não é? Eu pediria
01:16:43que dentro da comissão nós tivéssemos
01:16:46também um representante do Ministério
01:16:47Público pra que a gente possa colaborar
01:16:50pra essa, essa, essa, esse modelo de
01:16:53modificação e integração aí. O
01:16:55representante do Ministério Público é um
01:16:57favor de votar. Mas quero dizer, quero
01:17:00dizer que eu apoio efusivamente a
01:17:03sugestão. Vamos lá. A ministra Ellen
01:17:05Grace veio do Ministério Público. Pronto,
01:17:07tá contemplado. Pronto. Ministra Ellen
01:17:08Grace fez o Ministério Público. Hoje é
01:17:10advogada da Ministério Público. Ela antes
01:17:11de mais tarde do Ministério Público. Pronto.
01:17:12Pronto. É, não, o que nos motivou foi
01:17:16justamente perceber que existe muita
01:17:18gente pensando e com sugestões boas e
01:17:21que essas sugestões precisavam ser
01:17:22canalizadas institucionalmente. Dei um
01:17:24exemplo aqui agora há pouco de uma
01:17:25sugestão que o ministro César Peluso
01:17:26já redigiu de sustentação oral. Então
01:17:28essas sugestões estão aí, né? Estavam
01:17:31sendo conduzidas num espaço neutro,
01:17:33moderado e hoje em dia é difícil, né?
01:17:35Na sociedade, a gente não tem mais espaço
01:17:37neutro, a gente não tem espaço mais
01:17:38moderado, a gente não tem diálogo e a
01:17:40OAB eu entendo. Pelos 90 anos de
01:17:42tração dela é um espaço privilegiado
01:17:44pra ser esse espaço neutro, moderado,
01:17:46onde todas as sugestões possam chegar.
01:17:48Aliás, foi a OAB que no momento que o
01:17:50país viveu um regime de exceção, foi a
01:17:52instituição que se colocou na defesa da
01:17:55democracia dos direitos fundamentais.
01:17:57Então tá em ótimas mãos. Presidente,
01:18:00minha pergunta é ligada indiretamente a
01:18:05reforma do judiciário, porque é um tema
01:18:07que precede o próprio funcionamento da
01:18:10justiça e precede a própria existência do
01:18:14Estado enquanto entidade civilizada e
01:18:17democrática. Minha pergunta é sobre a
01:18:20criminalidade organizada e as formas de
01:18:23enfrentamento, que passam necessariamente
01:18:26por uma reforma legislativa. O ministro da
01:18:30justiça, professor Lewandowski, esteve
01:18:33visitando a CCJ nessa qualidade e eu fui
01:18:37acompanhar, esperançoso de que ali houvesse
01:18:40um debate profícuo, construtivo, sobre o
01:18:43combate ao crime organizado. E o que eu vi,
01:18:47desculpe a expressão, por exemplo, foi uma
01:18:48baixaria e um desrespeito ao ministro da
01:18:51justiça, professor, evidentemente que
01:18:54estava ali para trazer suas contribuições.
01:18:56Aquilo foi realmente decepcionante. Eu
01:18:59pergunto o seguinte, o crime organizado
01:19:01hoje lavou, em 2024, 150 bilhões de reais.
01:19:07Eles têm empreendimentos imobiliários,
01:19:10PCC empreendimentos imobiliários, tem no
01:19:14transporte urbano, fornecimento de
01:19:16quentinhas nas penitenciárias, ligam e
01:19:18intimidam empresários que vão participar
01:19:20das licitações e concorrências. Pergunto,
01:19:24hoje, para você aprender a arrecadar um
01:19:27bem, um hotel, um veículo, dinheiro, é uma
01:19:32dificuldade enorme e aí fica a disposição
01:19:35da justiça. Por que não aprovar uma lei
01:19:37ou discutir métodos de combate ao crime
01:19:40organizado em que todo aquele patrimônio
01:19:42arrecadado seja imediatamente leiloado,
01:19:46o que a lei de drogas já permite, mas não
01:19:47com relação a outros crimes, e depositado
01:19:49numa conta à disposição da justiça.
01:19:52Quais os mecanismos e se existe, ainda que
01:19:55esse tema não esteja diretamente ligado à
01:19:57reforma do judiciário, um espaço para que
01:20:01sejam debatidos os mecanismos mais
01:20:04eficazes de enfrentamento dessa realidade
01:20:06que pode levar o país a se transformar
01:20:09num narco-estado. Nós não estamos ainda
01:20:11nesse, acredito, mas pode levar o país
01:20:13a esse estágio, presidente.
01:20:14Aí, quando é o próximo programa, Nelson?
01:20:16É, mas assim, muito rapidamente, né, o
01:20:21assunto é super complexo, mas o crime
01:20:24organizado, criminalidade e tal, a gente
01:20:26tem que mudar a chave de repressão
01:20:28para entender que prisão não resolve.
01:20:31Não estou dizendo que não tem que ser
01:20:31preso. Os principais chefes das
01:20:33principais facções organizadas, facções
01:20:36que nós gostamos, estão presos. Mas é
01:20:37quando você prende um chefe, entra outro,
01:20:39você prende outro, entra outro, você
01:20:40prende outro, entra outro, então é a
01:20:41prisão um instrumento de...
01:20:42O dinheiro continua rodando, né?
01:20:43Exatamente, um instrumento de
01:20:45contenção de violência, de proteção das
01:20:48pessoas, mas me parece que a
01:20:49criminalidade organizada, ela demanda
01:20:51uma inteligência de fundo patrimonial.
01:20:54Fundo patrimonial. Não é porque as
01:20:55pessoas se substituem, né? Você tem
01:20:57que conter fluxos de capitais de
01:20:58hoje em dia, com tanta tecnologia
01:21:00à disposição, com tanta
01:21:02digitalização, né? A gente tem que
01:21:04certamente investir em meios
01:21:06diferentes do que prisão. Essa
01:21:08semana o Congresso já está lá votando
01:21:09aumento de pena para um monte de
01:21:10coisa de novo. Duas ou três projetos
01:21:12aumentando pena, aumenta pena. Pode
01:21:13aumentar pena um infinito, isso não
01:21:15muda a realidade das coisas, mas se a
01:21:17gente aprimorar mecanismos de
01:21:20detecção de movimentação patrimonial,
01:21:22de restrição patrimonial, isso aí está
01:21:23estudado. Isso é muito mais eficiente.
01:21:26Presidente, agora reta final mesmo,
01:21:28como a comissão vai lidar com a
01:21:30sociedade civil, com ideias, com
01:21:32sugestões que possam chegar a
01:21:34respeito de reforma do judiciário,
01:21:37o que está no horizonte aí de
01:21:38próximas reuniões e quando vocês
01:21:40pretendem concluir os estudos dessa
01:21:43comissão e os próximos passos?
01:21:44Primeiro, nós já enviamos consultas
01:21:46por uma série de entidades da sociedade
01:21:47civil, FEBRABAN, FIESP, associação de
01:21:49procuradores, sindicatos, já receberam
01:21:51um documento nosso para enviar
01:21:52sugestões. Nós vamos fazer depois
01:21:54audiências públicas. A audiência pública
01:21:56é um instrumento muito importante,
01:21:57funciona muito bem, né? Então nós
01:21:58vamos fazer algumas audiências
01:21:59públicas setorizadas, com alguns
01:22:01temas, né? Morosidade, estabilidade,
01:22:04buscar algumas audiências públicas e
01:22:06vamos abrir, especialmente aí é para
01:22:09advocacia, uma consulta pelos nossos
01:22:10meios de comunicação internos. Então
01:22:12nós estamos já, já mandamos consulta
01:22:15para as entidades. A OB de Minas, a OB do
01:22:19Paraná já se prontificaram a querer
01:22:20ajudar. Muita gente, e eu acho que
01:22:22assim, o grande êxito da comissão foi
01:22:24ter aberto o debate. Foi ter colocado
01:22:27o debate aqui, foi ter chamado outros
01:22:28atores, as outras atores para debater.
01:22:30Quando a gente começa a receber contato
01:22:31da Associação Comercial, da OB de
01:22:33Minas, da OB do Paraná, voluntariamente
01:22:34falando, olha, tenho ideias, quero
01:22:35colaborar. Eu acho que isso já me deixa
01:22:37bastante satisfeito a gente poder
01:22:39reunir ideias. Então nós vamos fazer
01:22:40audiências públicas. As consultas já
01:22:43começaram as entidades e ao final,
01:22:46não é, nós vamos apresentar, a nossa
01:22:48ideia seria a comissão trabalhar em
01:22:49dez meses. Então seria junho de
01:22:52dois mil e vinte e seis ela entregar o
01:22:53trabalho. Uma curiosidade, como é que
01:22:55foi essa primeira reunião da comissão?
01:22:57Porque a gente teve, a gente teve
01:22:59pessoas aí que foram antagônicas em
01:23:01debates públicos conhecidíssimos, né?
01:23:04Os próprios ministros da justiça, os
01:23:06dois, doutor Eduardo, Zé Eduardo
01:23:08Cardoso, estava de um lado, doutor
01:23:10Miguel Reale Júnior, estava do outro,
01:23:12por exemplo, no processo de impeachment.
01:23:13Como é que foi essa primeira reunião
01:23:14entre pessoas tão ilustres de tantos
01:23:17lados diferentes? Essa curiosidade.
01:23:19A minha resposta vai ser muito triste,
01:23:20eu não participei. Poxa.
01:23:21Na primeira reunião. Mas eu sei, eu não
01:23:24participei mesmo, mas eu sei que a
01:23:25reunião fluiu muito bem, porque está
01:23:26todo mundo ali imuído de um objetivo
01:23:29comum. Sim. E eu acho que o fato de
01:23:31ter personalidades que antagonizaram
01:23:34num ambiente público e profissional
01:23:36outro dia, é um grande sinal para o
01:23:38país, que a gente precisa recuperar a
01:23:40capacidade das pessoas que discordam
01:23:43sentarem no mesmo lugar e conversarem.
01:23:45Perfeito. Esse é o presidente
01:23:47Leonardo Sica. Temos mais dois
01:23:49minutinhos. O Flávio quer fazer uma
01:23:51pergunta. Se for em dois minutos, dá
01:23:52tempo. Vai lá, Flávio. Muito obrigado.
01:23:55Um dos temas da comissão é uma
01:23:59possível criação de um código de
01:24:01conduta para os magistrados, né? E
01:24:04também uma revisão nas regras de
01:24:07impedimento, de quando o juiz pode ou
01:24:09não julgar uma causa, né? A gente tem
01:24:12uma situação que acontece muito no
01:24:14nosso país, que é de muitas vezes os
01:24:16magistrados participarem de eventos,
01:24:19seminários, que são patrocinados por
01:24:22empresas que têm processos subjúdice,
01:24:26quer dizer, eles são financiados por
01:24:28partes que vão ser julgadas, né?
01:24:30pelos magistrados. Como é que a OAB vê
01:24:33esse problema, não é? E quais tipos de
01:24:37regras de impedimento que podem ser
01:24:39criadas para evitar esse constrangimento
01:24:42e essa situação que ela beira aí uma
01:24:47promiscuidade? Quero a sua resposta em
01:24:49um minuto, se der tempo. Senão vai
01:24:50ficar para o segundo programa. As regras de
01:24:52impedimento e suspensão, elas protegem o
01:24:53judiciário, garantem que o judiciário vai
01:24:55ser imparcial e a grande imagem do
01:24:56judiciário é ser imparcial. Então, essa
01:24:59criação de regras está na pauta da
01:25:01comissão, foi trazida pelos próprios
01:25:02ministros, Peluso e Ellen Grace, até
01:25:04porque a nossa legislação é pobre,
01:25:06nesses termos, a gente tem poucas
01:25:07hipóteses, a gente tem pouca hipótese
01:25:09de impedimento de suspensão, não tem
01:25:10muita coisa escrita, basicamente o
01:25:12juiz é impedido ou suspeito se ele
01:25:13assim se declara. É isso.
01:25:15A gente quer criar regras que possam
01:25:17proteger os julgamentos, proteger o
01:25:19juiz justamente de entender qual o
01:25:21relacionamento que o juiz pode ter com
01:25:23uma parte de um processo que ele vai
01:25:24julgar, qual o limite desse
01:25:25relacionamento, né? Hoje em dia é só se
01:25:27for parente, né? Só se for parente no
01:25:29julga, mas a gente sabe que hoje em dia
01:25:30a gente tem outras situações que tem
01:25:33que ser previstas justamente para
01:25:35proteger o judiciário disso tudo que
01:25:38você falou. Presidente, obrigado.
01:25:40Prazer te receber aqui no Direto a Ponto.
01:25:42Obrigado, gente.
01:25:43Obrigado, presidente.
01:25:44Quero agradecer também ao Clever, ao
01:25:45Fernando Pepe, ao Flávio, ao Túlio.
01:25:48Quero agradecer também a você que esteve
01:25:50conosco em mais uma edição do Direto ao
01:25:52Ponto. E atenção, essa é uma notícia
01:25:53para quem gosta da Jovem Pan.
01:25:55Acompanha o jornal Jovem Pan, além de
01:25:57outros programas, identifica com a forma
01:26:00como a Jovem Pan mostra os fatos e
01:26:01discute os principais temas do Brasil e
01:26:03do mundo. Faça a sua assinatura no site
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01:26:21o aplicativo da Jovem Pan, onde você em breve
01:26:25vai encontrar todo o arquivo de áudio da
01:26:27rádio Jovem Pan. Meus amigos, muito
01:26:30obrigado pela sua participação conosco
01:26:31neste Direto ao Ponto. A gente se vê na
01:26:33programação da Jovem Pan. Fiquem todos
01:26:34com Deus, uma boa semana, até mais. Tchau.
01:26:40A opinião dos nossos comentaristas não
01:26:43reflete necessariamente a opinião do
01:26:46Grupo Jovem Pan de Comunicação.
01:26:48Realização Jovem Pan News
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