A vereadora Amanda Vettorazzo, da União Brasil e integrante do MBL, registrou um boletim de ocorrência contra o rapper MC Oruam, filho de Marcinho VP, líder da facção Comando Vermelho, após sofrer ameaças armadas.
O caso teve início após Amanda apresentar um projeto de lei na Câmara Municipal que proíbe a contratação, por órgãos públicos, de artistas que promovam apologia ao crime organizado.
O rapper reagiu à iniciativa e chamou a vereadora de "doente mental" e "idiota".
Além disso, ele teria, segundo a denúncia, incentivado seus seguidores a tentar derrubar o perfil de Amanda.
Felipe Moura Brasil e Alexandre Borges comentam:
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00:00Agora vamos à treta da semana nas redes sociais.
00:04A vereadora Amanda Vettorazo, da União Brasil, integrante do MBL, o Movimento Brasil Livre,
00:09registrou um boletim de ocorrência contra o rapper MC Oruan, filho de Marcinho VP,
00:15líder da facção Comando Vermelho, após sofrer ameaças.
00:18O caso teve início após Amanda apresentar um projeto de lei na Câmara Municipal
00:22que proíbe a contratação por órgãos públicos de artistas que promovam apologia ao crime organizado.
00:30O rapper reagiu à iniciativa e chamou a vereadora de doente mental e idiota.
00:36Além disso, ele teria, segundo a denúncia, incentivado seus seguidores a tentar derrubar o perfil de Amanda.
00:42A vereadora acusa Oruan de injúria, difamação e incitação ao crime.
00:47A denúncia foi formalizada no 1º Distrito Policial da Polícia Civil de São Paulo.
00:52Em vídeo publicado em suas redes sociais, Amanda falou sobre as ameaças e criticou o governo Lula.
00:58Meu nome é Amanda Vitorazo e eu estou sendo ameaçada pelo crime organizado.
01:01E o governo Lula não fará nada por mim.
01:09Semana passada eu protocolei um projeto de lei que proíbe que a Prefeitura de São Paulo
01:14contrate shows com apologia ao crime organizado.
01:16Veja, eu não estou proibindo Oruan ou outros rappers de fazer shows em São Paulo.
01:21Eles podem fazer e cantar o que quiserem, mas não com o meu e com o seu dinheiro,
01:26o dinheiro do contribuinte.
01:27Eu, enquanto vereadora, fui eleita exatamente pra isso.
01:30Pra legislar e pensar na cidade de São Paulo.
01:33Mas durante todo o final de semana, eu recebi várias mensagens de pessoas
01:37me ameaçando de morte e de outras coisas que eu prefiro nem estar aqui.
01:41Dá a Jack, sai ela.
01:42Toma, Jack, toma a Jack.
01:44E é claro que eu não tenho pra quem recorrer.
01:46Se eu fosse pedir ajuda ao Ministério dos Direitos Humanos, teria a Niel,
01:50que anda sem capacete na favela dominada pelo trauma.
01:52Além disso, a ministra já recebeu honra ligada ao crime organizado.
01:56Que fazem lobby pedindo direitos humanos pra presos.
01:59Já o Ministério da Justiça, comandado pelo Lewandowski,
02:03está me processando por chamar o Lula de ladrão.
02:05Mas pra além disso, ele também recebeu os mesmos representantes do crime organizado.
02:09É o ministério mais preocupado em combater seus inimigos políticos do que o crime.
02:14O fato de ser uma vereadora mulher e de direita faz a não ter a quem recorrer.
02:19Aparentemente, os aparatos do governo estão completamente ligados a isso.
02:22Nesse exato momento, milhares de pessoas estão vivendo em áreas dominadas pelo tráfico.
02:27E vivem sua vida sofrendo ameaças e sendo achacadas pelos traficantes.
02:31O crime organizado só tem força porque o governo Lula é leniente.
02:35E aceita viver pacificamente com o criminoso.
02:37E Renan Santos, coordenador nacional e um dos fundadores do MBL,
02:48também se pronunciou a respeito do caso.
02:50Abro aspas.
02:50Renan Santos também compartilhou em suas redes sociais um vídeo com uma das ameaças sofridas por Amanda.
03:20Vocês chegaram a ver um trecho no vídeo da Amanda, mas a gente vai mostrar ele em separado.
03:27Lembrando que ele foi publicado originalmente com uma música.
03:31A gente não vai botar aqui para não ter problema de direitos autorais.
03:34Então, pensem que existe uma música de fundo que me parece que fala da turma, da tribo, do Oruan.
03:43E ele está ali brandindo a sua arma.
03:46Pode soltar.
03:50Muito bem.
04:07Está aí.
04:10O sujeito marca a vereadora.
04:13Fica balançando uma pistola, mostra outras pistolas, num claro gesto de intimidação para dizer o mínimo.
04:24O resto tem de ser avaliado pela justiça.
04:27Vamos ver se vai haver algum tipo de punição nos termos legais.
04:35Ou se, de fato, essas pessoas estão livres para intimidar, inclusive, autoridades públicas, por meio de vídeos assim.
04:47E fiquem impunimentos.
04:49A gente tem comentado aqui como talvez o maior problema da democracia brasileira seja o domínio de facções do crime organizado de determinados trechos do território.
05:02Onde só pode ter o serviço que eles vendem para a população, as taxas que eles cobram, serviço público e privado não chega.
05:12E, no entanto, o que se vê no debate político é outra coisa.
05:16E está aí mais um exemplo de poder dessas pessoas tentando intimidar um membro de uma casa legislativa, no caso municipal.
05:24Alexandre Borges, o que você destaca disso tudo?
05:26Eu estou cobrindo esse caso porque eu acho que ele resume muito dos erros do Brasil.
05:33Você tem, primeiro, uma parlamentar mulher que é ameaçada de uma maneira explícita.
05:39Vocês tentam imaginar, por exemplo, se esse sujeito mostra a arma falando de um ministro do STF, por exemplo.
05:45O que tinha acontecido?
05:46A gente viu gente sendo presa por muito menos do que isso.
05:49Eu não vou nem dizer do caso absurdo e escandaloso da Cláudia Leite que está sendo aí perseguida porque trocou uma palavra de uma música.
05:58Aí o Estado entra todo, entra Ministério Público, entra uma gritaria para ir atrás de uma cantora de axé.
06:07Porque ela ousou falar a palavra Jesus numa música específica.
06:12Agora, quando você tem uma vereadora que nem é extrema-direita, mesmo que fosse, também merecia a mesma proteção.
06:20Mas eu digo o seguinte, não é nem uma ultra lá da franja do espectro político.
06:27É uma centro-direita, é o MVL ali, é a União Brasil.
06:31Enfim, e mesmo assim já é considerada uma não-pessoa, porque não é protegida por ninguém.
06:37Não tem declaração, não tem choro, não é chamada para programa de televisão desses woke, que chamariam se fosse alguém de esquerda.
06:47E ela foi muito feliz no seu depoimento ali no vídeo, onde ela diz, ninguém está proibindo essas pessoas de dar show.
06:55Apenas que não tenha dinheiro público envolvido.
06:59Eu, pessoa física, sou muito mais radical que isso.
07:01Para mim, dinheiro público, em arte, tem que ser muito bem cuidado, com critérios até muito mais rigorosos.
07:09Então, assim, você tem até uma permissividade muito grande nessa coisa de dar dinheiro para espetáculo, para artista e tal, que até seria muito mais rígido.
07:18Agora, pelo menos o óbvio, não gastar dinheiro do contribuinte, de um país quebrado, de um país com inflação,
07:23de um país com a carga tributária alta, com carga de juros altíssima, para artistas que fazem o que pode ser tranquilamente interpretado,
07:32por apologia ao crime.
07:34Agora, também tem um outro ponto aí, Felipe, que a gente pode destacar, que é o que, tecnicamente, a turma chama de efeito Streisand.
07:42Se essas pessoas não tivessem dado a importância que deram, talvez não desse essa repercussão.
07:48Mas como eles reagiram e foram para as redes sociais e pediram para ir atrás da vereadora e mostraram arma,
07:55o deputado federal Kim Kataguiri já abraçou o projeto e talvez isso vire um projeto nacional.
08:01E, de repente, a coisa tome um tamanho maior também por essa reação absurda que esses réperes tiveram.
08:11É, e você foi especificando as omissões, a falta de convite, de repercussão, de gritaria,
08:19e uma das omissões que a gente tem que registrar especificamente é das chamadas feministas.
08:26Cadê as feministas nessa hora?
08:29Quando uma mulher de centro-direita, como colocou o Alexandre, ou como queiram chamar,
08:35é vítima desse tipo de intimidação.
08:38Quando ela apresenta um projeto que fere a suscetibilidade de um cantor,
08:46e ele reage dessa maneira, e os seus aliados fazem esse tipo de vídeo,
08:54se expondo com um sentimento de onipotência muito grande, balançando armas.
09:02Cadê as feministas nesse momento?
09:04É, realmente, eu não digo impressionante porque não me impressiona mais,
09:08porque se as feministas não gritaram quando o Hamas invadiu Israel e matou mais de 1.200 pessoas,
09:17sequestrou outras centenas e atingiu, evidentemente, mulheres, foram mortas, foram sequestradas,
09:24e foram abusadas sexualmente.
09:28Ora, já demonstrou ser um movimento, pelo menos nessa etapa contemporânea,
09:37que foi instrumentalizado por uma esquerda ideológica,
09:43que age com duplo padrão e que só protege aqueles que rezam pela sua cartilha.
09:49não é mais, pelo menos, um movimento de defesa das mulheres como um todo,
09:55um movimento por oportunidades iguais, etc.
09:58Não, é um braço de determinados partidos e grupos de esquerda que agem conforme a sua conveniência.
10:05Então, sempre que uma mulher de direita ou uma mulher da comunidade judaica,
10:12ela é alvo de intimidação, de ameaça, de lesão, de violência, de sequestro ou de assassinato,
10:19ela é absolutamente esquecida.
10:22E a gente tem que apontar a hipocrisia dessa gente.
10:25Para a gente é notícia, para a gente é motivo de análise.
10:29Agora, em primeiro lugar, é motivo de indignação,
10:33é motivo de preocupação com uma sociedade em que as facções criminosas armadas têm tanto poder
10:43e uma sociedade em que o debate público é tão contaminado por essa supremacia da ideologia
10:51sobre o respeito aos verdadeiros direitos humanos.
10:54Outra palavra que também foi bastante instrumentalizada do ponto de vista do seu uso retórico
11:02só servir para as circunstâncias de conveniência dessa esquerda.