Título Original: Eco-secessionistas botaram máfia estatal para correr armados com estilingues Publicado em OS, 21 de Julho de 2020 ; BC, First published at 17:16 UTC on July 21st, 2020. Créditos: deixadilson, Visão Libertária, BitDov, Alexsander Bard, ANCAP.SU, AJ Publicação Original | Vídeo : https://odysee.com/@ancapsu:c/eco-secessionistas-botaram-m-fia-estatal:5 Publicação Original | Descrição ou Thumbnail : https://old.bitchute.com/video/N9EIMIpQCb0e/
As coisas iam de mal a pior para os bougainvillianos, mas nos anos 70, a Rio Tinto Zinc, uma companhia anglo-australiana especializada em mineração, instalou na ilha uma subsidiária chamada Bougainville Cooper Limited, ou BCL que começou a extrair cobre e para isso, abriu um buraco de 6 km de comprimento, 4 km de largura e meio quilômetro de profundidade no meio da floresta, sem o menor compromisso com o ambiente e sem se importar com as externalidades negativas causadas à população. 800 pessoas foram expulsas de suas terras e deslocadas para favelas. Outras 1400 tiveram seus direitos de pesca negados e mais de um bilhão de toneladas de cobre, chumbo, ar
00:00Ecos secessionistas botaram o mafo estatal para correr armados com estilindas.
00:05O Estado só consegue escravizar um povo que se deixa ser escravizado.
00:09Este é o Visão Libertária, sua fonte de informações descentralizadas e distribuídas.
00:13Esta é a história da Guerra Secessionista de Puganville, ou como é mais conhecida,
00:18a Revolução dos Cocos, iniciada no final da década de 80 por ilhéus inicialmente desarmados
00:23em busca de sua independência que, utilizando sua engenhosidade e conhecimentos da floresta,
00:30conseguiram expulsar a máfia estatal de suas terras.
00:33Puganville é a maior das ilhas que compõe o arquipélago das Ilhas Salomão.
00:37Foi descoberta em 1768 pelo explorador francês Louis de Puganville,
00:43que, com muita modéstia, batizou o lugar com seu nome.
00:45Os nativos foram por séculos utilizados como burros de carga,
00:49trabalhadores braçais baratos e eram vilipendiados de todas as formas.
00:53Por britânicos, alemães ou japoneses, que ocuparam a ilha.
00:57Com o fim da Segunda Guerra, a ilha foi novamente incorporada ao Império Britânico,
01:01como parte do Protetorado de Papua Nova Guiné.
01:05As coisas iam de mal a pior para os buganvilianos,
01:08mas, nos anos 70, a Rio Tinto Zinc, uma companhia anglo-australiana especializada em mineração,
01:15instalou na ilha uma subsidiária chamada Buganville Cooper Limited, ou BCL,
01:20que começou a extrair cobre e, para isso, abriu um buraco de 6 quilômetros de comprimento,
01:254 quilômetros de largura e meio quilômetro de profundidade no meio da floresta,
01:31sem o menor compromisso com o ambiente e sem se importar com as externalidades negativas causadas à população.
01:37800 pessoas foram expulsas de suas terras e deslocadas para favelas.
01:42Outras 1.400 tiveram seus direitos de pesca negados,
01:45e mais de 1 bilhão de toneladas de cobre, chumbo, arsênico e mercúrio foram jogadas no Rio Jaba,
01:52que acabou completamente envenenado, estéreo e morto, e deverá continuar assim por séculos.
01:57Os resíduos tóxicos foram despejados diretamente no Rio Kawarong e depois levados pelo Rio Jaba até a costa,
02:04deixando um rastro de morte com 35 quilômetros de extensão.
02:08Os peixes nos rios desenvolveram ulcerações e morreram.
02:12Pássaros e gambás desapareceram.
02:14O Rio Jaba ficou cheio de rejeitos e transbordou,
02:17transformando terras planas em pântanos contaminados.
02:20O povo de Buganville, desde o início, se opôs à mina.
02:23Os nativos, proprietários de terras, principalmente mulheres, resistiram à polícia
02:28e deitaram-se com seus bebês na frente das escavadeiras, na tentativa de parar a mineração.
02:34Após 20 anos de protestos, petições, lobbies e tentativas de negociar um acordo com o governo,
02:39que detinha 19% da mineradora, os nativos já estavam fartos de toda a destruição
02:44que os extrativistas estavam causando em suas terras e aos habitantes da região.
02:48Francis Ona, então um dos pouquíssimos nativos que trabalhavam na mina de Panguna,
02:53que na época era a mina de cobre mais lucrativa do mundo,
02:57se apresentou como intermediário entre a empresa e o povo,
03:00demandando a interrupção dos processos de mineração em prol da proteção do ecossistema
03:05e o pagamento de uma indenização de 10 bilhões de dólares à população.
03:09Como esperado, a proposta de Francis foi entendida como uma piada pelos executivos da BCL,
03:15o que mais tarde se revelou ter sido um grande erro.
03:17Francis saiu da empresa, se dirigiu até o depósito e roubou cerca de 50 quilos de explosivos,
03:23os quais utilizou para explodir parte da infraestrutura da mineradora a fim de impedir seu funcionamento.
03:29Francis e seus comandados começaram a sabotar sistematicamente as operações da BCL,
03:34em Bougainville, de modo a inviabilizar a extração de cobre no país.
03:38A mineradora recorreu ao governo que, apoiado pela Austrália,
03:41respondeu enviando a polícia de choque seguida pelos militares,
03:45travando uma guerra prolongada e brutal contra o povo de Bougainville,
03:49com o objetivo de reabrir a mina de cobre de Panguna,
03:52o que provocou a morte de milhares de nativos desarmados, incluindo um grande número de crianças.
03:57Mesmo diante do massacre, os nativos não desistiram.
04:00Ao invés disso, eles se reuniram e organizaram o Exército Revolucionário de Bougainville,
04:04Bougainville Revolutionary Army, ou PRA.
04:08Mas agora não queriam apenas o fechamento da mina, queriam também a separação do estado de Papua-Nova Guiné.
04:13Assim, em novembro de 1988, teve início a Guerra Secessionista de Bougainville.
04:19A missão inicial da PNGDF, a Força da Defesa de Papua-Nova Guiné,
04:24era suprimir rapidamente a guerrilha de Francis,
04:27apoiada no entendimento de que um bando de silvículas eco-anarquistas
04:31não ofereceria resistência às tropas papuásias.
04:34Mais pouco importava quem era o inimigo, Francisona e seus guerrilheiros não estavam dispostos a desistir.
04:40As tropas do BRA eram engenhosas, e embora não tivessem equipamento ou treinamento militar, elas tinham a floresta.
04:46Improvisaram tudo.
04:47Utilizaram estilingues poderosas capazes de acertar um helicóptero,
04:51reconstruíram carros avariados e utilizaram seus conhecimentos do território para construir armadilhas e fazer ataques surpresas.
04:58Utilizando inicialmente apenas arabatanas, estilingues e flechas venenosas,
05:02o BRA, que é constituído de guerrilheiros cristãos devotos,
05:06venceu a guerra de Davi contra Golias e conseguiu expulsar as forças militares da ilha.
05:11Com base nos conselhos de inteligência militar australianos,
05:14os governos da Austrália e de Papua-Nova Guiné adotaram uma estratégia militar com dois objetivos principais.
05:19O primeiro era isolar Bougainville do resto do mundo com a imposição de um bloqueio militar aéreo e marítimo,
05:25dando ordens de afundar qualquer navio que se aproximasse da ilha.
05:29O bloqueio mortal efetivamente isolou Bougainville do mundo exterior e foi projetado para forçar o povo do centro de Bougainville a desistir,
05:37privando-os de remédios, combustível e ajuda humanitária.
05:40Segundo relatos de autoridades locais, o bloqueio ceifou mais de 10 mil vidas.
05:45O bloqueio era ilegal sobre vários tratados e convenções internacionais assinados por Papua-Nova Guiné e pela Austrália.
05:52Pouco se sabia sobre a guerra em Bougainville devido ao bloqueio que impedia a mídia e organizações internacionais de direitos humanos de terem contatos com Bougainville.
06:01O governo australiano permaneceu notavelmente silencioso com relação a essas violações,
06:06das quais era cúmplice e ajudava através da prestação de reforço militar.
06:10A Austrália era fortemente envolvida na guerra através de treinamento, equipamento e financiamento das operações da PNGDF em Bougainville,
06:20além do fornecimento de lanchas, barcos de patrulha, helicópteros e aeronaves nômade,
06:25que eram usados para manter e reforçar o bloqueio em torno da ilha de Bougainville.
06:29A Austrália concedia à PNGDF centenas de milhões de dólares do dinheiro roubado da população
06:35para financiar as operações militares de assassinato e supressão de direitos de pessoas inocentes em Bougainville.
06:42O segundo objetivo da estratégia era recuperar o controle da ilha através de violentas operações militares
06:47e aumentar as dificuldades do povo na tentativa de colocá-lo contra o exército revolucionário de Bougainville.
06:53No entanto, a população de Bougainville central, estimada em aproximadamente 100 mil pessoas, permaneceu fiel ao BRA.
07:01O objetivo de bloqueio era também de privar o BRA de fontes de armas.
07:05O resultado foi que o exército revolucionário de Bougainville aprendeu a fabricar suas próprias armas.
07:10Francisona também instruiu os bougainvilleanos a desenvolverem plantações autossustentáveis,
07:17de modo a não depender de mercadorias de fora.
07:19A floresta proveria remédios fitoterápicos, alimento, proteção e muito mais.
07:24Ao mesmo tempo, as forças de Iona consertavam as máquinas e equipamentos que a BCL deixou para trás quando fugiram às pressas.
07:32Os poucos funcionários que permaneceram em Bougainville, em sua maioria locais, se uniram ao BRA.
07:37A engenhosidade de Iona, o MacGyver bougainvilleano, se revelou novamente, aproveitando a principal matéria-prima da ilha, os cocos.
07:46Ao extrair o óleo de coco em diversos graus de pureza, os locais podiam cozinhar, fazer sabão, acender lamparinas e até utilizá-lo como combustível,
07:55substituindo o óleo diesel em veículos e motores que foram reparados e postos em uso novamente.
08:01Ironicamente, o óleo de coco é muito menos poluente e mais eficiente que outros combustíveis,
08:05além de ser totalmente natural e não precisa de aditivos, o que fez a Guerra Civil de Bougainville a primeira guerra ecológica de que se tem notícia.
08:13Para obter energia elétrica, os bougainvilleanos canalizaram parcialmente um rio e empregaram rodas d'água,
08:20que movimentavam geradores simples, criando mini-usinas hidrelétricas que dão conforto à população.
08:26Tudo o que os moradores precisavam, a floresta fornecia, o que deixava o governo Papuásio irado.
08:32Os anos iam se passando e o domínio do BRA se estendia cada vez mais, chegando a 80% do território de Bougainville.
08:39Em resposta, o governo de Papua-Nova Guiné pediu nova ajuda à Austrália,
08:44que enviou um exército de mercenários da companhia privada britânica Sandline International.
08:49E, novamente, Ona e os revoltosos puseram os soldados para correr e a situação se tornou insustentável.
08:55Sem ter como vencer os BRA e a população à força,
08:59e como o povo de Bougainville estava dando muito trabalho para ser adestrado e a máfia estatal só se interessa por gado manso,
09:05o governo Papuásio baixou a bola e iniciou as negociações de paz com a arbitragem da Nova Zelândia.
09:12Em 1997, a autodeterminação e independência dos nativos foi reconhecida.
09:18Bougainville venceu a guerra de secessão, tornando-se uma região autônoma.
09:22O governo de Papua-Nova Guiné prometeu, em 2001,
09:26realizar um referendo a respeito da independência nos próximos 10 a 15 anos.
09:31O referendo foi realizado em 2019 e 98,31% dos eleitores votaram pela independência.
09:38Quanto à Francis Ona, como um herói clássico, ele viveu recluso por muitos anos,
09:43tendo feito sua primeira aparição pública após o início da guerra, apenas em 2004,
09:47quando a população lhe deu o título honorário de rei de Bougainville.
09:51Antes disso, ele havia dado depoimentos para o documentário sobre o conflito chamado A Revolução dos Cocos.
09:57Mas, no geral, Ona nunca buscou holofotes ou reconhecimento.
10:01Em maio de 2005, foram realizadas eleições presidenciais em Bougainville
10:05e Francis Ona se recusou a concorrer ao cargo de presidente, preferindo viver de forma simples.
10:10Apenas 3% dos eleitores compareceram para a votação.
10:14Francis assumiu que a alta abstenção significava que os 97% restantes apoiavam sua liderança.
10:21Entretanto, no mesmo ano, Francis, ironicamente, sucumbiria a um dos males comuns em regiões de floresta.
10:27Francis Ona morreu de malária aos 52 anos, no ano de 2005.
10:32Infelizmente, ele não viu o que o futuro reserva para ele de Bougainville
10:35e o povo que defendeu a liberdade com unhas, dentes e cocos.
10:40Então, meus amigos, quando ouvirem estatistas dizerem que nenhum povo consegue ser livre sem um exército profissional,
10:47lembre-se da história de Bougainville,
10:49quando um grupo de pessoas numa selva expulsaram polícia, exército e mercenários de dois países
10:54usando apenas estilingues e o instinto de sobrevivência como armas.
10:59Obrigado por sua audiência.
11:00Esse artigo foi sugerido e escrito por Decha Dilsson,
11:03revisado por Bitdov e narrado por Alexander Bard.
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