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00:00Neste dia 28 de junho de 2025, Raul Seixas completaria 80 anos de vida.
00:08Mas quando se fala em Raul Seixas, a coisa mais comum de se ouvir ou de se pensar é que ele não morreu.
00:17E muito disso se dá por conta do trabalho deste que está aqui ao meu lado, João Elias da Silva.
00:25Raulzito Cover.
00:27Yes.
00:27Muito obrigado pela sua presença aqui.
00:31A gente, antes de mais nada, só apresentar, se alguém não o conhece, o Raulzito é considerado o maior cover do Raul Seixas do Brasil.
00:41E ele é de Apucarana.
00:43João, muito obrigado pela sua presença aqui nos estúdios do TN Online.
00:47Obrigado, Luan. Obrigado a toda a equipe que me recebeu.
00:52Obrigado a Gabi pelo cafezinho ali que ela me deu. Serviu, muito bom. Obrigado.
00:57E meu celular está tocando.
00:58Pode falar.
01:00Bem Raul Seixista, né?
01:02É, total, total.
01:03Então, a gente veio aqui para bater um papo e conversar sobre baixo volume.
01:11para conversar sobre o meu trabalho, sobre as coisas, sobre a ideologia Raul Seixista e sobre a vida em si, né?
01:23Porque, você não sabe, né?
01:27É tipo, eu fiz aniversário agora dia 24 e o Raul agora dia 28.
01:33Você vê que a gente é canceriano, né?
01:35É, o mesmo símbolo, o meu símbolo, o meu símbolo é o mesmo Raul Seixas.
01:38Então, eu digo para ti o seguinte, há algum tempo atrás eu tinha uma filosofia de vida, né?
01:46E hoje eu tenho outra totalmente diferente.
01:49Anos luz avançado do que eu pensava há algum tempo atrás.
01:54A vida, ela é cheia de mistérios e as pessoas têm que saber perceber a vida em si próprio dentro de cada um de nós.
02:02Tem muita coisa boa que as pessoas precisam despertar essa coisa, esse segredo oculto dentro de cada um de nós
02:11e procurar descalterizar a nossa grândula pineal, porque a humanidade hoje está com a grândula pineal calcificada
02:21e elas não têm noção do que está acontecendo hoje no mundo, né?
02:25Mas bora lá.
02:25João, já começamos indo para as entranhas dos pensamentos da própria humanidade, né?
02:34Mas eu queria saber um pouco antes a sua história.
02:37Você é de Apucarana, a gente já puxou sua capivara por aí, a gente já sabe que você é fruto aqui da nossa terra,
02:46mas como foi que você surgiu na música e como foi que você se identificou com a música do Raul?
02:54Eu tenho um amigo meu aqui de Apucarana, o Marcelo Fábio.
02:59Ah, tinha que ser.
03:00A culpa é dele.
03:01Tinha que ser.
03:02É, porque eu tocava na antiga Cantina Martins, lá embaixo, lá perto do Redondo,
03:08e eu cantava aquelas músicas lá de Gerradiane,
03:12a gente já não fala mais de amor.
03:14Aí tinha aquele uísque agogô, do Roupa Nova, aí estava a música do Raul Seixas, né?
03:20E aí as pessoas, pô, cara, a sua voz parece com a do Raul Seixas e tal,
03:25aí chegava lá, toca uma do Raul Seixas e tal.
03:28Aí o Marcelo chegou lá e ele montou um esquema lá na antiga Cogumelos, né?
03:32A extinta Cogumelos.
03:34Ele falou, vamos fazer um evento lá na Cogumelos,
03:36Viva Raul e Reviva Beatles.
03:38Cara, tipo assim, começava 11 horas o show, né?
03:44E, tipo assim, uma hora da manhã não tinha uma água mineral.
03:47Era de 700 pessoas, tinha 1.200 ali dentro.
03:51Então foi um estouro.
03:53Aí o Marcelo falou pra mim assim,
03:54meu, o que você vai querer de cachê, cara?
03:57Falei, uma Coca-Cola e um malto de cigarro Hollywood.
04:00É.
04:01Não acredito.
04:02É, cara, e deu jeito pra caramba aí na época lá.
04:05E daí no dinheiro de hoje, assim, eu ganhei tipo 5 mil reais, cara.
04:09Foi uma grana.
04:10Cara!
04:10É, e tudo começou ali.
04:12A culpa foi do Marcelinho.
04:14Sério?
04:15É.
04:15Você lembra que ano foi isso?
04:16Ah, não lembro, cara.
04:18Década de 80.
04:19É, foi essas épocas aí.
04:21Nossa.
04:21Eu não me lembro, porque eu já tô velho já, então...
04:24Ô, o Marcelo Fábio é culpado por muitos acontecimentos aqui, por caramba, né?
04:29Sim, já fizemos um rock em concert uma vez aqui no Calçadão de Apicarana há muito
04:33tempo atrás, foi muito legal.
04:36E a culpa é dele, cara.
04:38Tudo começou ali, né?
04:40E aí eu fui seguindo.
04:42Mas aí a partir dali você montou, então, esse projeto de tributo, de cover do Raul e
04:47começou a pegar a estrada?
04:49Então, acredite se quiser, eu fazia cover do Guns N' Roses, cara.
04:53Ô, você vai ter que tocar uma do Guns depois aí pra gente ver.
04:56Ô, você fazia cover do Guns.
04:58Fazia cover do Guns.
04:58Tinha um cara que vendia a gente na época, o Antônio Magalhães.
05:02Eu toquei no Roca Rola aqui em Rolândia.
05:04Eu fazia os dois.
05:06Eu fazia o Guns, depois eu fazia o Raul, né, cara?
05:11Versatilidade, hein?
05:12É.
05:12E daí o empresário, ele falava pro contratante assim, ó, porque a banda do Guns vai acompanhar
05:19o Raulzito, né, cara?
05:21Aí nós tínhamos um camarim lá e chegou o contratante lá e falou, ó, eu quero falar
05:26com o Raul Seixas e tal, não sei o quê, pá.
05:29Mas, cara, eu era o Axi Rose, como é que não ia ter os dois ali, né, cara?
05:34Aí eu pulei por cima do banheiro assim e saí por trás.
05:37Aí o Toninho falou que eu já tinha ido embora e tal e fui lá fazer Raul.
05:42E eu lembro que na época o Portal da Cor, o Luizinho, ele me emprestava a barba postiça
05:48pra mim colocar e acabou a cola teatral daquela época.
05:52Essas colas de tapeçaria, de colar tapete de carro, eu vi que dava certo na mão.
05:59Chegou lá e eu passei no bigode, no cavanhar, que eu colei, cara.
06:03Aí quando eu subi no palco, aquilo acendeu um fogo debaixo da minha cabeça, assim,
06:06aquilo esquentava a minha cara.
06:07Começou a ser água do meu olho e aí as meninas pensavam que eu tava chorando,
06:10elas começavam a chorar também.
06:13Mas é essas coisas que aconteciam, sabe?
06:16Rapaz.
06:17Aí foi seguindo, aí a barba foi crescendo, foi expandindo os horizontes e por aí foi.
06:22Certo.
06:22Você vem de uma família de músicos?
06:25Toda a minha família de músicos.
06:27As minhas sobrinhas tocam, tocam violino, elas cantam na igreja, né?
06:33Elas são evangélicas, cantam na igreja, a minha irmã também canta, tem...
06:37Tem CD gravado.
06:39Meus primos lá de Curitiba, eu tenho um primo meu lá que é maestro, né?
06:43O meu pai tocava na zona antigamente.
06:45A minha mãe fala.
06:46A zona de antigamente não é igual de hoje.
06:48Sim.
06:49Quer dizer, eu não sei.
06:51É, a minha mãe conta que antigamente as mulheres da zona, assim,
06:54as roupas íntimas, elas penduravam escondidas lá no fundo, nem podia aparecer.
06:59Então o meu pai, ele tocava na zona.
07:02O que o pessoal dessa época aí sabe que não é igual de hoje, né?
07:05Hoje a zona tá na rua aí.
07:06Então, meu pai, ele criou a gente assim, né?
07:10Sério?
07:11Num certo tempo e tal.
07:12Ele era músico de cabaré.
07:14É, seria isso aí, músico de cabaré.
07:17E não tinha caixa de som, era na garganta mesmo, na dedeira.
07:20Era na dedeira ainda que ele tocava violão.
07:21Ô, rapaz, é.
07:24E criou os filhos assim.
07:26É, foi um bom tempo assim.
07:28Aí depois a gente foi crescendo e começou a trabalhar com construção civil e tal.
07:32Caiu do prédio, quebrou o pé e tal.
07:35Sei.
07:36E você começou na música muito cedo também, não é?
07:39Com quatro anos de idade já, eu cantava na igreja.
07:42Rapaz.
07:42Fiel, ser fiel.
07:44Fiel, ser fiel.
07:45Como o Daniel.
07:46Fiel devem ser.
07:47É.
07:48Até o tempo atrás...
07:49Maravilhoso isso, cara.
07:50Até o tempo atrás eu tinha uma fita, essas fitas cassete das antigas.
07:55Sumiu, cara.
07:56Sumiu.
07:56E desde os quatro anos eu já cantava, cantava na igreja, né?
08:01Cara, que legal.
08:02É.
08:02Ô, João, agora me diga uma coisa.
08:06Eu não aguento mais me segurar pra não chegarmos nesse ponto.
08:10Mas o Brasil te conheceu quando você foi ao Domingão do Faustão.
08:17Certo.
08:18Chegou lá e se vira nos 30, de repente, de apocarana, né?
08:22Ele anuncia.
08:23Foi louco.
08:23Como que foi isso?
08:25Como era a sua vida até chegar ali?
08:27Foi o que?
08:282001, 2002?
08:29Não me lembro.
08:30Não me fala de nada.
08:31Você não gosta de falar de número, né?
08:32Não.
08:33Mas assim, a partir da...
08:36Até ali, como que era?
08:37Começou lá na Cogumelos, com aquele evento que vocês fizeram.
08:41Aí chega ali em 2001, no Domingão do Faustão, que você esteve duas vezes, não é?
08:47Eu fui cinco vezes.
08:48Tá brincando.
08:49Foi.
08:49Me chamaram pra fazer por toda a minha vida a menina da produção lá, Samara Soligo,
08:58alguma coisa assim.
09:00E falei, meu, eu não sirvo pra artista.
09:01Ah, mas é tanta coisa, cara.
09:03Tanta coisa.
09:04Ela me mandou o texto, era às seis horas da tarde, pra no outro dia eu estar às quatro
09:09horas da tarde com o texto decorado lá no Projac, cara.
09:13Falei, cara, eu não sou artista.
09:14O Malemão se for cantor, não vai rolar.
09:17Mas eu tive lá, o Severeiro nos 30, depois o melhor do Severeiro nos 30.
09:22Aham, os melhores do Severeiro.
09:24É, depois teve os imitadores, depois o melhor dos imitadores da época, né?
09:29E, cara, assim, eu tava tocando em Porto Alegre.
09:32E tem uma cidade próxima lá, que o cara que era do pub lá, do John Bull, ele falou,
09:42cara, o Faustão tá fazendo uma inscrição aqui em Gravataí.
09:45A gente foi em Gravataí.
09:47Na praia.
09:47É, um calor, um calor, um calor.
09:50E a gente ficava revezando, cara.
09:51Ele ia dentro da agência bancária lá, que tinha ar-condicionado, e eu ficava na fila.
09:56Então a gente ficava trocando assim pra se refrescar.
09:58Fiz a inscrição lá, vim embora.
09:59E, pá, beleza, passou seis meses o celularzinho meu, aquele snor, pequenininho, tocou na época.
10:07É, o João Elias, só que é aquele programa do Faustão.
10:09Eu falei, é nada.
10:10É, porque a gente vai te ligar de novo e tal, pra gente ver os negócios das aéreas, pra você vir pra cá e tal.
10:16É, aí cheguei lá no meu guitarrista, né, o Baby.
10:20Uhum, Baby.
10:20O Baby, ó, meu irmão, né, cara?
10:22Também 40 anos de amizade com ele.
10:25Aí eu contei pra ele, lá em um pouco o seu telefone tocou e falei,
10:28Pô, cara, é um nome estranho, né, cara?
10:30Eu falei, ô, canta a música do Aoi.
10:31Aí eu cantei, né, cara?
10:32Olha, o cara é igualzinho.
10:33Então, vem pra cá, porque é assim, passa os seus documentos aí, passa os seus documentos e tal, tal, tal.
10:38Falei, ah, não acredito.
10:39É, fui pra lá, cara.
10:41Aí cheguei lá.
10:43Aí aquela loura que trabalhava lá na época com o Fausto.
10:48A Lucimara Parise.
10:50A Lucimara.
10:52Aí ela, instruindo lá, ó, vai ser assim e tal.
10:55Só porque, é, porque antes a gente ia pra São Paulo, no estúdio da Globo lá, e fazia um ensaio lá com o Esquiavon, né?
11:03Esquiavon, tecladista do RPM.
11:05Sim, cara.
11:07Aí eu descendo lá a escada, aí falou, não é o Raul.
11:10Eu falei, mas não sou mesmo, cara.
11:12Se fosse o Raul, eu tava atrasado, ia ficar atrasado.
11:15Chegou na hora, não é o Raul?
11:17É verdade, eu sou testemunha que chegou antes da hora, chegou antes do entrevistador.
11:22Cheguei, cheguei, nem tava aqui.
11:23É, aí, ó, já me entregou aqui, né, Raul?
11:26Aí a gente saiu lá e de lá a gente vai lá.
11:28O esquema da Globo é assim, cara, tipo assim, são quatro atrações lá.
11:33Eles levam cinco.
11:35Se um falhar, já tem outro na rua, assim.
11:37Tipo um step, né?
11:39Eu conheci o Francisco Coco, abracei ele.
11:43Oscar Magrini.
11:45A Samara Filipe, eu fiquei o dia inteiro com essa atriz, cara.
11:49Sério?
11:50Amei ela, fiquei uns par de dias apaixonado por ela, sabe?
11:55Você é o melhor, cara, que isso?
11:57É tipo assim, porque ela me tratou tão bem.
12:00E o meu camarim, porque a gente fica o dia todo lá no Projac, no Rio de Janeiro.
12:03E o meu camarim ficou de frente ao camarim dela.
12:06Então a gente tinha que ficar aguardando ali, né, cara?
12:08E os caras traz lanche, comida, tudo ali.
12:10Tudo, assim, bem esquematizado.
12:13E ela é uma pessoa maravilhosa.
12:15E eu tirei fotos com ela.
12:18Cara, e eu me apaixonei por ela, assim, sabe?
12:20E aí, tipo, eu fumo, né?
12:22Então eu tomava um cafezinho e ela falou assim, já vai fumar em Rasita.
12:26Então eu fiz até uma amizade com ela.
12:28Assim, eu amei ela, cara.
12:29Amei ela demais.
12:30E daí essa apresentação no Fausto Tom Aida, a primeira vez que eu fui, ele se vira nos 30.
12:36Aí a Luiz Simoara falou, olha, você vai lá e canta.
12:40Se o Fausto falar fica, você fica.
12:42Se você não falar nada, você sai.
12:44Aí eu tava saindo e ele falou, ô, onde é que você vai, rapaz?
12:46Não é toda vez que a gente tem uma pessoa assim, vai.
12:49Aí eu voltei.
12:49Começou a pedir música.
12:50É, era pra ficar 30 segundos e fiquei 10 minutos lá, né?
12:54E aí, então, isso aí daí me abriu um leque.
12:58Porque, porra, cara, aí a hora que eu tava no voo, já voltando aqui pra Pucarana,
13:02as pessoas dentro do avião, ó, a gente vem no Faustão, você quer ir atirar pra domingo?
13:06É, legal.
13:07Ali mudou, você foi um divisor de águas.
13:09Pô, cara, aí eu falei, que louco, eu cheguei aqui em Pucarana,
13:12o piloto lá, cara, a comissária de bota chegou, ó,
13:16o piloto falou, olha, que a gente chegava pra você esperar um pouquinho,
13:18o pessoal disse, eu sei que quer tirar uma foto com você.
13:20Falei, nossa, que maravilha, né?
13:22Cheguei aqui pro Pucarana, eu ia andar na cidade,
13:24aí o pessoal, ah, Rosita, você, pô, cara, eu vi você lá, pá.
13:28Oxe, que legal.
13:28E esse Faustão me persegue até hoje, viu?
13:30Sério?
13:31O pessoal, os lugares que eu viajo, é, te vi no Faustão e tal.
13:35Pô, mas que legal.
13:36Pra mim foi um abertura de beck, assim.
13:39Mas assim, aqui em Apucarana, antes do Sevilla nos 30, todo mundo já te conhecia?
13:43Mas muito pouco, né?
13:44É.
13:45Aí também passa a dar valor, né?
13:46Às vezes conhece, mas finge que não, né?
13:48Assim, aquela coisa.
13:48É, mas essas coisas sempre tem, né?
13:51Tipo assim, é, cara, a gente fala ali no programa do Faustão,
13:56eu não sei como que eu entrei e também não sei como que eu saí.
13:59Eu fiquei tão nervoso, eu fiquei tão nervoso,
14:04que a hora que eu vi já tinha saído do programa.
14:06Porque, porra, cara, você tá, você sabe que você tá cantando pra 180 mil pessoas ali, né, cara?
14:13Não, 180 milhões de pessoas ali.
14:17Porra, aquilo, você fica numa adrenalina, uma adrenalina fodida.
14:21A hora que eu percebi, já tinha saído do programa, eu nem imaginava o que tinha acontecido no palco.
14:25Só ia olhar depois, mas não dá.
14:28Você fica muito nervoso, né, cara?
14:29Sim, mas aí deu tudo certo.
14:32Aí depois voltei de novo, de novo, de novo.
14:34E depois disso, nunca mais parou também de rodar esse Brasil, né?
14:39É, cara, rodei e continuo rodando.
14:43Você já tocou em todos os estados do Brasil?
14:45Ah, eu acho que já, hein?
14:47Ah, eu acho que já.
14:49Eu acho que os aeroportos do Brasil inteiro eu já conheço.
14:51Rapaz.
14:52Ah, Fortaleza, São Paulo.
14:55Ah, foi pra todo lado já.
14:57Não, olha, eu acompanho seu trabalho pela internet e vejo.
15:00Muitas vezes não dá nem tempo de você postar todos os lugares que...
15:03Não, não dá.
15:03Que tá andando, né?
15:04É, não dá.
15:05E o interessante, olha, e quem duvidar que procure lá na rede social e veja.
15:11Sempre lota os lugares onde você toca, né?
15:15Seja na praça de alimentação do shopping ou na boate mais top da cidade.
15:19A culpa é do Raul Seixas, né, cara?
15:22Então, eu fico...
15:24Eu fico assim, tipo...
15:26Eu amo a Pucarana.
15:28A Pucarana, eu amo, assim, o Lago Jabuti, o Parque da Raposa, as partes rurais da cidade.
15:38Eu tenho um hobby, eu tenho um hobby muito legal.
15:40Eu gosto de andar na cidade, dia de semana.
15:43Uma vez por semana eu vou.
15:46Eu levanto de manhã, tipo, oito horas, oito e meia.
15:49Isso é meu hobby.
15:50Eu vou na cidade, encosto o carro ali pro lado do 28 ali e vou andar a pé na cidade.
15:55Aí eu fico andando, olhando os traseuntes.
15:58Aí eu paro, aquele barzinho da esquina do Bazar Tupi ali.
16:02Aí eu como salgadinho ali, tomo o carro.
16:04Eu fico andando na cidade, cara.
16:05Eu vou lá no terminal.
16:06E o meu hobby é andar na cidade dia de semana, assim, entende?
16:10Agora, assim, musicalmente, a Pucarana, ela não tem me abraçado, porque o santo de casa não faz milagre, né?
16:19Faz tempo que você não toca aqui em Pucarana, né?
16:20É, faz tempo.
16:22Jesus não fez milagre em Belém, né?
16:24Onde ele nasceu.
16:25Não acreditavam nele.
16:27Mas, olha...
16:28Mas aqui pro TN Online você faz sim, ó.
16:30A gente tá aqui pra...
16:31Pois é.
16:31Então, os caras aí tão querendo organizar no Dia Mundial do Rock um evento aqui em Pucarana aí.
16:37Vamos ver se vai rolar lá.
16:39Então, assim, tem lugares que eu vou tocar, cidades fora daqui, cidade muito pequenininha, que o bururinho é inflamado demais.
16:50Não dá nem pra sair na rua.
16:52Tem lugar que eu não saio na rua.
16:53Sério?
16:53É, a sede de fãs.
16:55Culpa do Raul Seix.
16:56Mas a Pucarana não fica sabendo disso.
17:00E eu também não me importo, sabe?
17:02Eu vou rasgar o verbo aqui porque os pubs aqui, os barzinhos de Pucarana, eles pagam muito pouco, sabe, cara?
17:09Então, um cachê que eu vou ganhar aqui, eu ganho dez vezes mais numa cidade...
17:15E você não tem medo de falar isso, não?
17:17Não, não tenho porque já me ligaram lá em casa e eu falo, ah, meu cachê é tanto.
17:20Não, porque não dá, não sei o quê.
17:23Aí eu converso com amigos meus aí, tocando pro Micharia.
17:26Então, ó, amanhã, amanhã é sábado.
17:30Sabe onde é que eu vou tocar, cara?
17:31Onde?
17:32Tu não acredita.
17:34Eu vou tocar na oficina mecânica do meu amigo.
17:37É, o cara que é o responsável pelo meu carro, né?
17:40O Samuel.
17:42E ele tem a oficina mecânica, entendeu?
17:43E eu me propus, sem ganhar nada.
17:47Amanhã eu vou lá na oficina dele, às dez horas eu vou estar lá, não vou falar o endereço.
17:53Amanhã, às dez horas eu vou estar lá, vou ligar o meu som e vou tocar pra ele e os funcionários de lá da mecânica.
17:59E eu quero fazer isso.
18:00Por que você quer fazer isso?
18:01Porque eu tô afim.
18:03Pô, que legal.
18:04Passa o endereço pra nós aí depois.
18:05Agora o cara, agora os pubs aqui, já por caramba, os caras, a gente vai pagar tanto.
18:10Fala, pô, cara, mas não dá isso aqui.
18:12Tipo assim, eu não quero desmerecer as outras bandas daqui, né?
18:15Com certeza, com certeza.
18:16Mas os caras chegam lá e tocam baratinho, né, cara?
18:18Mas eu não, acho que, eu tenho um empresário que vende meus shows lá de Francisco Beltrão, né?
18:24O Cristiano, o Cristiano Laundi.
18:28Ele tem colocado muito dinheiro no meu bolso, não vou negar nenhum.
18:31Pô, mas que legal.
18:32Eu gosto dessa sinceridade sua, não esperaria outra coisa do Raul Seixista, né?
18:38E, cara, o que que você pode me dizer sobre você que conheceu o sucesso do Raul ainda em vida, né?
18:48Quando o Raul ainda era vivo.
18:49Sim.
18:51Se você, quando viu isso lá nos anos 70, nos anos 80, você podia imaginar que o Raul estaria tão vivo quanto permanece.
18:59Porque você é uma prova disso.
19:01O quanto que é aquele frenesi que as pessoas ficam quando você tá fazendo um show.
19:05Isso aí, cara.
19:06Pô.
19:08Tem umas gurinhas assim que vai no camarim, me abraça em prantos, chorando.
19:13Cara, pô, cara, eu ouvi o Raul, inacreditável, não sei o que.
19:17Continua, não para, não para, continua levando essa mensagem aí, cara, o Raul Seixista.
19:22Os caras vêm, abraçam a perna da gente, beijam a bota e tal.
19:26Você tá brincando.
19:27Sério, eu.
19:28Uma vez o cara, eu não queria, é, pode perguntar pro meu guitarrista.
19:32O cara queria beijar a minha bota, não quis deixar ele.
19:34Ele se armou, não, eu, cara, beijar a tua bota, rapaz.
19:36Eu falei, tá bom, beija aí.
19:40Beijei a mina do cara, velho.
19:42Sério?
19:43A guria falou assim, ó, pode te dar um beijo?
19:46Eu falei, pode.
19:47Ela veio e me beijou na boca.
19:48Eu falei, nossa.
19:50Agora a peixeira vai comer.
19:51Agora mascou tudo, né, cara?
19:53Aí eu parei assim, o cara, os dois tinham o cabelo comprido, por trás era igualzinho,
19:59sabe, o cara?
20:00Aí o cara pegou a mão da menina assim, me abraçou.
20:04O Raul beijou a minha mulher, cara.
20:05Sempre correndo, todo feliz.
20:07Eu falei, meu, esse cara é muito louco.
20:10Acontece essas coisas aí, cara.
20:12É bem louco assim, sabe?
20:14Poxa.
20:14Acontece esses negócios aí.
20:15Mas agora a questão do Raul estar vivo até hoje, porque ele, eu acredito que ele diz que
20:24é o profeta do século, né?
20:25O Raul, a música dele é contemporânea, né?
20:28Hoje está acontecendo o que ele falava aí há 40 anos atrás.
20:33Mas a humanidade, ela não está pronta.
20:36Eu acho que até hoje ainda não está pronta para aceitar o quão é profundo o conhecimento
20:46de Raul Seixas.
20:48É que às vezes as pessoas pensam que é só uma música, mas não é só uma música, né?
20:53O Trem das Sete, o Guita.
20:56Então tudo tem uma simbologia dentro dessas letras aí e as pessoas não flagam ainda até
21:01hoje, né?
21:02Tipo o Rock do Diabo, do Raul Larkens, fala que, ah, porque essa música é do capeta,
21:09não tem nada a ver.
21:09Ele fez essa música em homenagem ao Elvis Presley.
21:13Mas é, o cowboy é fora da lei, né, cara?
21:17Ó, coitado, foi tão cedo.
21:19Deus me livre, eu tenho medo.
21:21Morreu de pendurado numa cruz.
21:23Essa música aí ele fez pro Tancredo Neves na época.
21:26É.
21:27É.
21:27Fiquei sabendo esses dias disso, né?
21:29Ó, coitado, foi tão cedo, era pra ser ó, coitado, foi Tancredo.
21:32Ó, Tancredo, foi tão cedo, né?
21:35E daí ele teve que mudar na época.
21:38Eu me identifico muito com a música, o Trem das Sete, né?
21:43Que ela se refere à morte.
21:44Ela vem, passa e é uma vez só, né?
21:47Não tem, é passagem só de ida.
21:49Toca o Trem das Sete pra gente, então?
21:51Trem das Sete.
21:52É?
21:52Eu nem sabia que música ia pedir, mas você se identifica muito.
21:58Quem não se identifica?
22:04O som vai chegar legal lá?
22:06Tá chegando.
22:09O som tá aqui.
22:10Olha, olha o trem, vem surgindo de trás das montanhas azuis.
22:20Olha o trem, olha, olha o trem, vem trazendo de longe as cinzas do velho eon.
22:31Oi, já é vem, fomecando, apitando, chamando os que sabem do trem.
22:43Oi, é o trem, não precisa passagem, nem mesmo bagagem no trem.
22:52Quem vai chorar, quem vai sorrir, quem vai ficar, quem vai partir?
23:11Pois o trem está chegando, tá chegando na estação.
23:20É o trem das sete horas, é o último do sertão, do sertão.
23:34Oi, olha o céu, já não é o mesmo céu que você conheceu, não é mais.
23:44Vê, olha o céu, é o céu, é o céu carregado, rajado, suspensual.
23:55Vê, é o sinal, é o sinal das trombetas, dos anjos e dos guardiões.
24:04Oi, lá vem Deus, deslizando no céu, entre plumas de mil megatons.
24:16Oi, olha o mal, vem de braços e abraços, contém no romance astral.
24:24Maravilhoso, maravilhoso.
24:30Obrigado.
24:32Cara, a gente, antes de encerrar essa entrevista, como que a música, ela prevalece ao tempo, né?
24:41É isso aí.
24:41Se você não está dentro da sociedade alternativa...
24:44A sociedade alternativa sempre está dentro de você.
24:47E pra gente poder fechar aqui, que música você acha que representa a essência de tudo isso que você acabou de falar pra gente?
25:00Quem sabe faz ao vivo, hein? Aqui no TN Online.
25:06Tinha que ser.
25:07Eu prefiro ser essa metamorfose rambulante
25:12Eu prefiro ser essa metamorfose rambulante
25:20Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
25:25Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
25:30Sobre o que é o amor
25:59Sobre o que eu nem sei quem sou
26:04Se hoje eu sou estrela, amanhã já se apagou
26:09Se hoje eu te odeio, amanhã lhe tenho amor
26:12Lhe tenho amor, lhe tenho horror
26:15Lhe faço amor
26:17Eu sou um ator
26:20É só te chegar
26:22Ao objetivo no instante
26:26Eu quero viver
26:29Eu quero viver
26:31Essa metamorfose rambulante
26:32Essa metamorfose rambulante
26:34Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
26:39Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
26:43Sobre o que é o amor
26:48Sobre o que eu nem sei quem sou
26:53Se hoje eu sou estrela, amanhã já se apagou
26:57Se hoje eu te odeio, amanhã lhe tenho amor
27:01Lhe tenho amor
27:02Lhe tenho horror
27:04Lhe faço amor
27:06Eu sou um ator
27:08Muito obrigado
27:13Valeu
27:14Você que acompanhou essa entrevista em vídeo
27:17Não perca em texto também lá
27:19AnthonyOnline.al.com.br
27:22Aqui
27:22Gente
27:22Então

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