- 27/06/2025
Constanza Negri, gerente de comércio exterior da CNI (Confederação Nacional da Indústria), diz que o Brasil precisa aproveitar o "apetite maior" da Europa, no contexto da guerra na Ucrânia, para fechar o acordo União Europeia-Mercosul. Em conversa com os jornalistas Rogério Ortega e Duda Teixeira, ela comentou as falas de Lula sobre o tema e disse que o Brasil não pode perder o bonde desta vez: "Política industrial não pode ser concebida como sinônimo de fechamento".
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NotíciasTranscrição
00:00Muito boa noite a todos. Esta é mais uma edição do podcast Latitude, o seu podcast de política
00:22internacional e assuntos relativos à diplomacia brasileira. Eu sou Rogério Ortega, trabalho no
00:27protagonista e escrevo as colunas de Rui Goiaba na Cruzé. Aqui ao meu lado, como sempre, meu parceiro
00:33de Latitude, o Duda Teixeira. Seja bem-vindo, Duda. Obrigado, Ortega. Vamos lá. Duda hoje vai emitir o
00:40bordão deste programa. Vamos lá, Duda. Latitude, um podcast para situar você no mundo. Exatamente.
00:48Hoje nós vamos conversar sobre o acordo entre União Europeia e Mercosul, que tem estado nas notícias
00:55ultimamente, devido à aparente relutância do presidente Lula em assiná-lo. E nós vamos
01:02conversar hoje com a gerente de comércio exterior da CNI, a Confederação Nacional da Indústria,
01:08Constança Negri. Constança é formada em relações internacionais, ela vai entrar na tela agora para
01:13falar com a gente. Bem-vinda, Constança. Obrigada, é um prazer, Rogério e Duda, estar aqui participando
01:20de Latitude, conversando de um tema tão importante para a indústria brasileira.
01:25Prazer é nosso, Constança. A gente começa perguntando o seguinte, qual é a posição da CNI,
01:32no sentido mais amplo, da indústria brasileira, em relação a esse acordo entre União Europeia e
01:40Mercosul, que já está sendo discutido há muito tempo? A indústria brasileira defende a assinatura
01:45dele, faz algumas restrições? Qual é a opinião de vocês?
01:51A indústria vem acompanhando e contribuindo com essas negociações ao longo dos últimos vários anos,
01:59como você mencionou, e nós entendemos que esse acordo tem uma relevância muito importante,
02:06e que nesse momento isso tem se tornado ainda mais relevante, porque quando nós olhamos da perspectiva
02:13de indústria, há uma necessidade de aumentar a participação da indústria na produção,
02:22na economia brasileira, nós entendemos que a retomada do crescimento econômico do país,
02:29que é uma grande necessidade, para que ele aconteça de uma forma sustentada e com qualidade,
02:35é preciso que a indústria volte a ter uma participação maior no PIB,
02:41mas também nas exportações. Então nós entendemos que o acordo tem uma relevância e apoiamos a conclusão do acordo,
02:49porque ele será uma adicional, um fator a mais para contribuir a reverter essa tendência de perda de participação da indústria
02:58na economia e nas exportações.
03:01Constância, agora o presidente Lula, ele tem falado muito lá fora e falou agora em Bruxelas,
03:11que ele teme que esse acordo venha a prejudicar pequenas e médias empresas brasileiras.
03:18Ele fala muito da questão das compras governamentais.
03:22Esse acordo, do jeito que ele está hoje, ele prejudicaria pequenas e médias empresas brasileiras?
03:28Duda, eu tenho certeza que não é o caso.
03:34E talvez aqui é importante ter um pouco de parcimônio, vamos dizer assim, paciência,
03:40para entrar nos detalhes técnicos do acordo, do que está nos diferentes capítulos.
03:45Do ponto de vista geral, é importante mencionar que se trata de um acordo, vamos dizer assim,
03:51que ele não está limitado a questões só econômicas ou de tarifas.
03:57É um acordo de associação.
03:59E aí, quando nós olhamos isso do ponto de vista de indústria,
04:03enxergamos alguns grandes benefícios e depois você entra nas questões mais específicas das pequenas e médias empresas.
04:10Nós entendemos que na forma que ele foi concluído e com os grandes compromissos,
04:15esse acordo vai nos permitir diversificar o que e o para quem exportamos.
04:22Há uma grande necessidade de continuar agregando valor nas exportações brasileiras
04:27para reverter a primarização das exportações.
04:31E isso independe do tamanho, vamos dizer assim,
04:34das empresas serem um benefício para o país como um todo.
04:38Nós entendemos que também o acordo, ele vai dinamizar ainda mais a relação econômica.
04:44Por quê? Porque quando nós olhamos do ponto de vista de levantamentos que temos feito aqui,
04:49vejam bem, a cada um bilhão exportado do Brasil para a União Europeia gera 21 mil empregos.
04:58Quando nós olhamos esse cálculo, essa fórmula das exportações brasileiras para outros países,
05:04como no caso China, esse número diminui para 15 mil empregos gerados.
05:09O acordo, ele também, como eu mencionei, ele traz disciplinas que vão além das questões tarifárias,
05:18disciplinas que melhoram o ambiente de negócio das empresas,
05:22que melhoram, vamos dizer assim, nas questões de medidas sanitárias e fitossanitárias,
05:28para empresas que fazem investimento, na área de normas técnicas,
05:33há um sem fim, vamos dizer assim, de outras disciplinas que estão incluídas no acordo.
05:39E há também um grande benefício, e tudo isso que estou mencionando independe do tipo,
05:44do porte da empresa, que é relacionado aos aspectos de sustentabilidade.
05:49O acordo é inovador e traz talvez um capítulo mais moderno do ponto de vista da agenda de comércio e sustentabilidade,
05:59porque ele acaba reforçando compromissos internacionais que são de muita relevância
06:05para a indústria brasileira, para o governo brasileiro e para o lado europeu,
06:10em questões de sustentabilidade social e do meio ambiente.
06:15Então, nós entendemos que há uma série de grandes benefícios que o acordo traz.
06:20Agora, quando nós olhamos de uma perspectiva específica, de pequenas e meias empresas,
06:25eu consigo identificar dois fatores relevantes para poder responder a essa preocupação,
06:31que ela é muito legítima.
06:33A primeira questão é que o acordo traz um capítulo de pequenas e meias empresas.
06:40Então, o Bloco do Mercosul e a União Europeia têm compromissos no que diz respeito à capacitação,
06:48informação, cooperação de projetos para pequenas e meias empresas,
06:53para ajudar na transição, vamos dizer assim, dessa inserção no comércio internacional.
06:59E vejam, esse é um capítulo bem inovador quando a gente olha os diferentes tipos de acordos comerciais
07:05que os países desenvolvem.
07:07Agora, quando nós só olhamos esse ponto específico que tem sido, vamos dizer assim,
07:11discutido mais recentemente na questão de pequenas e meias empresas e compras governamentais,
07:19é importante ter um olhar bem minucioso do que está escrito no texto.
07:24Quando nós nos debruçamos sobre o capítulo, vamos dizer assim, de compras,
07:29o que o Brasil possui na sua legislação, na lei complementar,
07:35para dar uma preferência de margem de até 10% e de cotas e até 25% para pequenas e meias empresas brasileiras,
07:45então, uma preferência para o fornecimento de pequenas e meias empresas brasileiras,
07:50isso está preservado.
07:52O Brasil continuará podendo implementar essa margem e essa preferência para as pequenas e meias empresas.
08:00Então, quando olhamos isso e olhamos o capítulo de cooperação e de apoio técnico,
08:06que nós entendemos que é aí que reside o principal desafio, muitas vezes,
08:10para pequenas e meias empresas, isso nos deixa, vamos dizer assim,
08:15mais tranquilos do ponto de vista de eventuais preocupações em relação a pequenas e meias empresas.
08:26Constância, vou fazer uma pergunta agora que busca avaliar o otimismo de vocês,
08:30considerando que esse acordo já está sendo discutido
08:33desde antes do primeiro mandato do presidente Lula, lá no início dos anos 2000.
08:37Qual é a chance real que vocês veem de um acordo ser assinado neste ano,
08:45como já defendeu o Rousseff Borrell, que é o chefe da diplomacia da União Europeia?
08:51Eu gostaria de ter uma bola mágica, eu não tenho ela,
08:54mas eu estou bem confiante,
08:58sobretudo quando a gente olha do ponto de vista dos grandes ganhos estratégicos
09:03e da oportunidade que esse acordo tem.
09:07Nós estamos monitorando muito de perto o engajamento dos governos,
09:12do lado tanto do Mercosul como do lado da União Europeia,
09:16e sentimos que há uma grande disposição, uma grande vontade para se alcançar um equilíbrio.
09:22Agora a gente continuará acompanhando, monitorando,
09:26mas é importante também ter uma leitura realista.
09:29Há uma janela de oportunidades nesse ano
09:33e há um momento no qual eu diria que as estrelas estão alinhadas
09:38que talvez ele não se replique,
09:40ou a gente não conte com ele mais a partir do próximo ano.
09:46Isso porque a Europa, enfim, com a guerra da Ucrânia,
09:52a China criando problema, está precisando de outros aliados.
09:56Isso é uma questão geopolítica aí, né?
10:00Exatamente.
10:00Eu acho que sim, Duda.
10:02Ressumindo, se a gente for olhar os acontecimentos dos últimos anos,
10:09em relação à própria questão da pandemia e à questão da guerra,
10:14elas têm dado uma relevância maior do ponto de vista estratégico,
10:20geoeconômico, geopolítico para a União Europeia.
10:22Então, quando a União Europeia olha, vamos dizer assim,
10:26seu mapa de parceiros econômicos,
10:29entende que, acho que sempre soube que o Mercosul
10:31era uma grande oportunidade, um grande parceiro,
10:34mas ele tomou uma proporção e uma relevância maior.
10:37Então, nós esperamos que esse fator faça com que
10:41se possa ter, vamos dizer assim,
10:43uma postura de flexibilidade de ambos os lados
10:47para não perder essa grande conquista de, após 20 anos,
10:52poder ter chegado num consenso,
10:56lembrando que acordos comerciais você negocia.
10:59Então, é preciso levar em consideração
11:02que ali não é uma soma de jogo zero.
11:06Você concede, faz equilíbrio,
11:09se o que a gente busca,
11:10do ponto de vista de um olhar sistêmico,
11:13agregado e estratégico,
11:15poder ter o melhor equilíbrio possível.
11:19Você quer perguntar agora?
11:21É, e ainda acho que ainda tem a questão também
11:23da inflação, né, Constanza?
11:25Quer dizer, os países desenvolvidos
11:27com a desorganização das cadeias produtivas
11:32fez aumentar aí o preço de vários produtos
11:38e aí se você tem um acordo de livre comércio
11:40você consegue importar produtos mais baratos, né?
11:43Isso acaba meio que ajudando, né?
11:45Acho que talvez a Europa também
11:46esteja um pouco mais inclinada a fechar acordos
11:52nesse momento que tem esse problema da inflação, não?
11:55É, eu entendo que há fatores como esses
11:59que se acrescentam a esse interesse.
12:03Sem dúvidas, esse um consigo enxergar um outro
12:07que é ligado à questão do acesso a materiais críticos.
12:12Então, a União Europeia vem entendendo
12:14que a produção de valor agregado
12:16e os fornecimentos desses materiais críticos
12:20são relevantes e ela vem também adaptando
12:23a sua abordagem de estratégia de cooperação
12:27desse ponto de vista.
12:29Não por acaso a gente tem acompanhado
12:31até ontem, durante a cúpula da União Europeia-CELAC
12:37a assinatura de acordos de cooperação
12:40nessa área de materiais críticos com a Argentina,
12:43com o Chile.
12:44Então, nós entendemos que há, vamos dizer assim,
12:47os fatores, o contexto atual levou a União Europeia
12:50a ter um apetite maior,
12:52um olhar mais estratégico
12:54e quando ela olha as suas relações econômicas
12:58na América Latina,
12:59o pontinho no mapa que está faltando ainda
13:02é o acordo com a União Europeia e o Mercosul
13:04e o mais relevante do ponto de vista
13:06de dimensão econômica
13:08econômica de a criação de um mercado
13:10bi-regional inédito pelo tamanho
13:13de mais de 700 milhões de habitantes.
13:17Então, eu entendo que isso tem, obviamente,
13:19reforçado esse olhar estratégico,
13:23mas é, como eu mencionei,
13:24é importante mencionar que há diferentes pressões
13:27do ponto de vista, seja no âmbito político
13:30da União Europeia,
13:31mudanças do próprio Parlamento Europeu,
13:34eleições no governo,
13:35e que o fato da Espanha estar à frente
13:39da presidência,
13:40sendo um país que tem muito interesse econômico
13:43nesse acordo,
13:44é um fator que é um diferencial,
13:46vamos dizer assim,
13:47para poder ajudar
13:49na conclusão do acordo.
13:52Queria fazer uma pergunta
13:55a você, Constância,
13:56do ponto de vista contrário.
13:59Qual seria o custo para a indústria brasileira
14:02caso o Brasil não assine esse acordo?
14:07Esse é um cálculo difícil de fazer no detalhe,
14:11mas ele é fácil de intuir
14:14do ponto de vista estratégico.
14:16Eu arrisco de ser que o custo seria enorme,
14:19enorme do ponto de vista,
14:21não só econômico,
14:23e eu posso daqui a pouquinho
14:24dar alguns exemplos
14:25do que está previsto
14:26em termos de ganhos,
14:28um custo muito grande
14:30do ponto de vista político
14:32e geopolítico.
14:34Então, quando nós olhamos
14:35esses diferentes,
14:36e até histórico também,
14:38porque se trata de uma parceria
14:39que vem não só pelas próprias negociações,
14:42mas de laços,
14:43vamos dizer assim,
14:44de culturais,
14:45de investimento,
14:47com a União Europeia,
14:49que são muito importantes
14:50para a região,
14:50não só para o Brasil,
14:51mas para o bloco do Mercosul
14:53como um todo.
14:54Então, nós entendemos
14:55que o acordo,
14:56ele precisa ser olhado
14:59de um ponto de vista,
15:01de uma perspectiva pragmática,
15:04realista e estratégica.
15:07E agregado,
15:08porque é difícil pensar,
15:11e aí essa é a linha fina,
15:13vamos dizer assim,
15:14desse equilíbrio
15:14que nós estamos confiantes
15:16que será atingido,
15:18entre tentar ajustar
15:19questões específicas,
15:21particulares,
15:23e isso não quer dizer
15:24que não sejam relevantes,
15:26e perder de vista,
15:27vamos dizer assim,
15:28os grandes ganhos
15:29e os grandes compromissos
15:30que foram atingidos
15:31nesse acordo,
15:33e até caindo no risco
15:35de voltar a ter que renegociar
15:37o acordo,
15:38que na nossa interpretação
15:40seria um equivalente
15:41a uma postergação,
15:44um adiamento
15:45sem data.
15:48Então,
15:48eu consigo ver riscos
15:51e custos muito grandes
15:53na não conclusão
15:56desse acordo.
15:57E aí,
15:58voltando um pouco
15:58aos pontos
15:59que eu mencionava,
16:00é preciso,
16:02do ponto de vista
16:02da indústria,
16:04olhar a essa retomada
16:06da indústria,
16:07esse crescimento
16:08do país
16:09em bases modernas.
16:11E o que isso quer dizer?
16:12Quando nós olhamos,
16:13e a CNI tem trabalhado
16:14muito no seu plano
16:15de retomada,
16:17com mais de 60 propostas
16:18para o governo,
16:20o que nós conseguimos
16:21identificar
16:22é que essa,
16:24vamos dizer assim,
16:24esse fortalecimento
16:25da indústria,
16:27ele precisa ser feito
16:28em bases modernas.
16:30E quando nós olhamos
16:31as bases modernas
16:32do ponto de vista
16:33de integração internacional,
16:35entendemos que
16:36essa política industrial,
16:38esse fortalecimento,
16:40além de olhar missões,
16:41grandes setores
16:42que são relevantes,
16:44além de tentar resolver
16:46desafios de competitividade
16:48estruturais
16:49que o Brasil tem
16:50e que só o Brasil
16:51pode resolver
16:52na área tributária,
16:53na área de competitividade,
16:55além disso,
16:56ele precisa ser
16:57vir acompanhado
16:59de uma integração
17:00internacional.
17:01Então,
17:01essa política industrial,
17:03ela não pode ser
17:04concebida como um sinônimo
17:06de um fechamento.
17:08Ela precisa ser
17:09olhada
17:10de um ponto de vista
17:11de um país
17:12que tem uma vocação
17:14de se integrar
17:15internacionalmente,
17:17de voltar a olhar
17:18essa trajetória
17:19de ser,
17:20nesse momento,
17:21de rearranjo
17:22das cadeias globais.
17:23O Brasil já perdeu,
17:25como nós gostamos de dizer,
17:26o bonde
17:26na primeira,
17:27o momento
17:27de sua inserção
17:28nas cadeias globais,
17:30mas ele tem
17:31uma segunda oportunidade
17:32nesse momento.
17:33E quando nós
17:34olhamos esse inserção
17:35internacional,
17:36uma das principais
17:37formas de você
17:38fazer isso
17:39é com acordos.
17:40Agora,
17:40vocês podem me contar,
17:41bom,
17:42então tem que sair
17:42fazendo acordos
17:43com qualquer país.
17:44Não,
17:44na visão da indústria
17:45é acordos
17:46com países
17:47ou com parceiros
17:48que são estratégicos
17:49para a indústria.
17:51E aqui,
17:51qual que é o ponto
17:52principal?
17:53São parceiros
17:54com os quais
17:54a nossa pauta,
17:56o nosso vínculo
17:57econômico,
17:58ele é equilibrado.
18:00Então,
18:00ele proporciona
18:02ganhos
18:02para os diferentes
18:03setores da economia,
18:05seja para o agro,
18:06seja para a indústria
18:07extrativa,
18:08seja para a indústria
18:09da transformação.
18:11Então,
18:11esses são os tipos
18:12de acordos estratégicos
18:14que a indústria
18:15tem na sua lista
18:16de prioridades.
18:17Quando nós
18:18olhamos essas premissas,
18:20o acordo
18:21com a União Europeia
18:21cumpre com essas
18:22diferentes premissas
18:24para nos trazer
18:25um conforto
18:26em relação
18:27a essa inserção
18:28internacional.
18:29Só a título
18:29de exemplo,
18:31Duda e Rogério,
18:33quando nós
18:34olhamos hoje,
18:35por exemplo,
18:36se nós formos olhar
18:37o número de acordos,
18:38a rede tímida
18:39de acordos
18:40que o Brasil
18:40e o Mercosul
18:41possuem em vigor,
18:43essa rede
18:44de acordos,
18:45ela dá
18:46proporção
18:47acesso a 8%
18:50das importações mundiais.
18:52Tudo aquilo
18:53que o mundo
18:53comercializa
18:55com os acordos
18:56que a gente tem
18:57hoje,
18:57nós temos acesso
18:58a um 8%.
18:59Se esse acordo
19:00com a União Europeia
19:01entrar em vigor,
19:04esse número
19:04de 8%
19:05passaria
19:05para um acesso
19:06a 37%.
19:08Então,
19:09há um claro ganho,
19:10vamos dizer assim,
19:11do ponto de vista
19:12de acesso
19:12a mercados
19:13e de economia
19:16que nós entendemos
19:17que esse acordo
19:17traz.
19:18E um segundo
19:19fator
19:19que eu acho
19:20que às vezes
19:20é importante
19:21mencionar,
19:23é que o acordo
19:23também,
19:25ele pode
19:26trazer ganhos
19:26para as exportações
19:28dos bens industriais,
19:29então,
19:29para exportações
19:30que geram
19:30valor agregado.
19:32Quando nós
19:33destrinchamos
19:34essas listas
19:35grandes
19:35do acordo
19:36que foram
19:36negociadas,
19:38nós conseguimos
19:39ver que
19:39na oferta
19:40da União Europeia,
19:41aquilo que a União Europeia
19:42vai abrir
19:43para os países
19:44do Mercosul,
19:45há uma previsão
19:46quando nós
19:47olhamos a parte
19:48industrial
19:48de desgravar
19:50as tarifas
19:52em até 10 anos,
19:53esse é um período
19:54menor do que o Mercosul
19:55terá,
19:55o Mercosul terá
19:56até 15 anos,
19:57mas não é só,
19:58não para só por aí,
20:00desse 100%,
20:0280%
20:03são bens
20:05da indústria
20:05da transformação
20:06que entrariam,
20:07estariam,
20:08o Brasil
20:08poderia exportar
20:10desde o primeiro
20:11dia de entrada
20:12em vigor
20:13do acordo
20:13com uma tarifa
20:14zero.
20:15Então,
20:16há claros ganhos
20:17também para
20:18exportações
20:18industriais
20:19que o acordo
20:20traz,
20:20além daquelas
20:21que eu já
20:21mencionei
20:22em outras áreas.
20:24Ótimo.
20:25Agora,
20:25Costanza,
20:26nós estamos
20:26gravando esse programa
20:28na quarta-feira,
20:2919 de julho,
20:30e hoje,
20:32lá em Bruxelas,
20:33o Lula
20:33voltou a reclamar
20:35da questão
20:36do tal
20:37do protocolo
20:38adicional
20:38que a União Europeia
20:39mandou
20:40em março,
20:42a side letter,
20:44e fala-se ali
20:45que se voltar
20:47a aumentar
20:47o desmatamento,
20:49isso poderia ter
20:51sanções
20:52ou punições.
20:53E isso é o que
20:53o governo
20:54tem falado.
20:55O Lula,
20:56hoje até,
20:56ele disse que
20:57esse protocolo
20:58adicional
20:58é agressivo.
21:01Eu te pergunto,
21:02Constanza,
21:02esse protocolo
21:03adicional
21:04é de fato
21:06agressivo,
21:07ele inclui
21:07punições
21:08ao Brasil
21:09em caso
21:10de aumento
21:10do desmatamento,
21:11por exemplo?
21:14Rogério
21:14e Duda,
21:15nós não temos,
21:16esse é um exercício
21:17que é feito
21:18no âmbito
21:18governamental,
21:19então o setor
21:20privado,
21:21vamos dizer assim,
21:21acompanha
21:22de fora
21:23sem entrar,
21:24sem ter os detalhes
21:25das negociações
21:26no âmbito
21:27desse texto.
21:28Então,
21:29nós também,
21:29como vocês,
21:30e nos diálogos
21:31com o governo,
21:32acompanhamos
21:32as informações
21:33que são
21:34transmitidas,
21:35então também
21:36tem tido,
21:37vamos dizer assim,
21:38informações
21:39do lado europeu
21:40que ele não
21:41prevê sanções.
21:43Então,
21:43acho que
21:43o que é importante
21:45olhar
21:45é que esse instrumento,
21:48ele talvez,
21:49de uma maneira
21:50paradoxal,
21:51ele está criando,
21:52às vezes,
21:53umas preocupações
21:54adicionais
21:55no momento
21:56no qual
21:57nós contamos
21:58com uma administração
21:59que dá uma relevância,
22:01vamos dizer assim,
22:01muito grande
22:02desse tema
22:03e um governo
22:04que tem uma sintonia,
22:06sintonia que a indústria
22:07já tem com essa agenda
22:08de sustentabilidade
22:10desde sempre,
22:11que ela condiz
22:12com aquilo que são
22:13as demandas,
22:15vamos dizer assim,
22:15do lado da União Europeia.
22:18Então,
22:18nós entendemos
22:19que o importante
22:20é tentar se achar
22:21um equilíbrio,
22:22que, claro,
22:22as negociações
22:24e o estudo,
22:25a análise detalhada
22:27do conteúdo
22:27do acordo
22:28pelo novo governo,
22:30um exercício importante
22:31e legítimo,
22:32mas, como eu mencionei,
22:34nós estamos confiantes
22:35de que prevalecerá
22:37um senso,
22:37um sentido estratégico
22:39desse momento
22:40e de flexibilidade
22:42para não perder
22:43essa oportunidade.
22:45Agora,
22:45há um fator,
22:46às vezes,
22:47que tem complicado
22:48essa discussão,
22:52que é,
22:53obviamente,
22:53esse processo
22:54que a própria União Europeia
22:56vem,
22:56vamos dizer assim,
22:57desenvolvendo mais
22:58do que outros países
22:59de tentar achar
23:01de uma maneira
23:02unilateral
23:03um equilíbrio maior
23:05para problemas
23:06que são multilaterais
23:08entre comércio
23:09e sustentabilidade,
23:10seja no âmbito
23:11de desmatamento,
23:14seja no âmbito
23:15de mudança climática
23:17e descarbonização.
23:19Então,
23:19sem dúvidas,
23:20esse tem sido um fator
23:22que tem preocupado
23:23também a indústria,
23:25mas que não tem nos feito
23:26ter nenhuma dúvida
23:28de que,
23:29mesmo diante
23:29dessas mudanças,
23:31o Brasil
23:32e o Mercosul
23:33sempre estarão
23:33melhor posicionados
23:35com o acordo
23:36do que sem o acordo.
23:39Constante,
23:39agora,
23:40o que eu desprendi
23:40um pouco aí
23:41da sua resposta
23:42é que, enfim,
23:43sendo o Brasil,
23:44o atual governo hoje,
23:46preocupado, né,
23:47com o meio ambiente,
23:50não faz muito sentido
23:51estar tão preocupado
23:53também
23:53com supostas sanções
23:56em caso de aumento
23:57de desmatamento,
23:58certo?
23:58Esse é um governo
23:59que está dizendo
23:59que vai conter
24:00esse problema, né?
24:02Eu acho que
24:03o ponto é o seguinte,
24:05Duda,
24:05se trata de um,
24:07pelo que nós
24:08viemos acompanhando,
24:09se trata de um
24:10instrumento adicional
24:11que ele não reabre
24:14as negociações,
24:15então ele não muda
24:16o compromisso
24:17do que está no acordo.
24:18A intenção inicial
24:20desse instrumento
24:21foi reforçar
24:23compromissos
24:25no âmbito político
24:26de alto nível
24:27para áreas
24:28que são relevantes
24:30para a União Europeia
24:31e que até eu diria mais,
24:33se nós fomos fazer,
24:34vamos dizer assim,
24:35advogados do diabo,
24:37eles deixariam
24:37um compromisso
24:41a mais
24:42para que,
24:44mesmo diante
24:44de mudanças
24:45no âmbito brasileiro,
24:47esses aspectos
24:48de sustentabilidade
24:49e comércio
24:50sempre
24:50continuariam
24:53resguardados
24:54com um compromisso
24:55a mais.
24:56Então,
24:56o Brasil tem
24:57uma ambição
24:57muito grande
24:58nessa agenda
24:59de sustentabilidade
25:01e mudança climática
25:02e nós entendemos
25:04que ela deve,
25:05sim,
25:05fazer parte
25:06desses compromissos.
25:10Constância,
25:10a posição
25:11do presidente Lula,
25:14e eu diria
25:14que a posição histórica
25:15dos governos
25:16do PT,
25:17é no sentido
25:18de defender
25:19o protecionismo
25:21nas compras
25:22governamentais,
25:23nas compras
25:23que o governo
25:24faz,
25:24quer dizer,
25:25manter o governo
25:27comprando
25:28de indústrias
25:30brasileiras,
25:31de empresas
25:32brasileiras.
25:32Você acha
25:33que no âmbito
25:34desse acordo
25:35entre a União Europeia
25:38e o Mercosul
25:38faz sentido
25:39o Brasil
25:40defender o
25:40protecionismo
25:41ainda
25:41nas compras
25:43governamentais,
25:43Diego?
25:44Eu acho
25:45que a forma
25:46de olhar
25:47esses aspectos,
25:48Rogério,
25:49o primeiro
25:49é o uso
25:50do poder
25:51de compra
25:52que se aplica
25:54a essas questões
25:55de compras
25:56governamentais,
25:57ela é muito relevante
25:58e ela é muito relevante
25:59para a indústria
26:00também.
26:02Então,
26:02per se,
26:03é uma prioridade
26:04que ela deve
26:04ser mantida
26:06e que ela é procurada,
26:07vamos dizer assim,
26:08por qualquer governo
26:09e mais recentemente.
26:12Mas agora,
26:13isso é diferente
26:14a dizer
26:14que quando nós
26:15olhamos
26:16e nos debruçamos
26:17minuciosamente
26:18nos compromissos
26:20do capítulo
26:21de compras
26:22da União Europeia
26:23é de que elas
26:24não estejam
26:25preservadas.
26:26Então,
26:27a primeira questão
26:27em compras
26:28é entender
26:29que esses capítulos
26:31eles trazem
26:31compromissos
26:33de transparência
26:34e de estender,
26:36vamos dizer assim,
26:37alguns fornecimentos,
26:38abertura
26:39para participação
26:40de fornecimentos
26:41estrangeiros,
26:43no caso,
26:43empresas europeias.
26:45Agora,
26:45quando nós olhamos
26:46a realidade,
26:47o primeiro fator
26:48é que as empresas
26:49europeias,
26:50pelo grande nível
26:51de parceria,
26:52de investimento
26:53que os países
26:54da União Europeia
26:54têm no Brasil
26:55e no América do Sul,
26:57elas já estão
26:58estabelecidas
26:58muitas vezes
26:59e participam
27:00como empresas
27:01brasileiras
27:02nessas licitações.
27:04A segunda questão
27:05é que no capítulo
27:06de compras
27:07da União Europeia
27:08isso não se faz
27:09de uma maneira
27:10indiscriminada.
27:11Há diferentes
27:12camadas
27:13de triagem,
27:14vamos dizer assim,
27:15que são colocadas
27:17no capítulo
27:17para permitir
27:19ter,
27:19vamos dizer assim,
27:20essa preservação
27:21do uso
27:22de poder de compra
27:23do Estado.
27:24Primeiro fator
27:25relevante,
27:26no acordo
27:26de compras
27:26com a União Europeia
27:28só estão
27:29incluídas
27:30compras
27:31no âmbito
27:31federal
27:32de alguns
27:34ministérios
27:35e de alguns
27:36órgãos.
27:38Empresas estatais
27:39não estão
27:40incluídas,
27:41fundações
27:42também não
27:43estão
27:43incluídas,
27:44o âmbito
27:45estadual
27:45e municipal
27:46ele também
27:47não está
27:47incluído
27:48dentro dos
27:49compromissos.
27:50Uma segunda
27:50questão
27:51que é importante
27:52também considerar
27:53quando olhamos
27:54as questões
27:54técnicas
27:55é que não
27:56é para
27:56qualquer
27:56licitação,
27:58é para
27:58licitações
27:59que no caso
27:59de bens
28:00são além
28:01de 2,3
28:03bilhões
28:03e no caso
28:04de serviços
28:0455 bilhões.
28:06Então a gente
28:07está conversando
28:07falando de
28:08licitações
28:09de um universo
28:10que às vezes
28:11sem conhecimento
28:12técnico
28:13pode parecer
28:14muito amplo
28:15mas que quando
28:15nós nos
28:16debruçamos
28:16entendemos
28:17que não é
28:17o caso.
28:18E a terceira
28:20questão
28:20é que há
28:21uma série
28:21de exceções
28:22que foram
28:23incluídas
28:24e que
28:25nas quais
28:26como eu
28:26mencionei
28:27aqui é de
28:27pequena e
28:27meia empresa
28:28e outras
28:29que o Brasil
28:30incluiu
28:30nas quais
28:31o Brasil
28:32continuará
28:32tendo
28:33vamos dizer
28:34assim
28:34o seu
28:35uso
28:36de poder
28:36de compra.
28:37Agora
28:38também é importante
28:38considerar
28:39duas questões
28:40os acordos
28:41comerciais
28:42eles têm
28:44cada vez mais
28:44incluído
28:45capítulos
28:46de compras
28:47por quê?
28:47Porque é uma
28:48nova forma
28:49de internacionalização
28:50de participação
28:51de acesso
28:52ao mercado
28:53não só
28:54para empresas
28:54europeias
28:55sobretudo
28:55quando nós
28:56olhamos a proporção
28:57a dimensão
28:58do mercado
28:59de compras
28:59o mercado
29:00de compras
29:01ao qual
29:02as empresas
29:02brasileiras
29:03terão acesso
29:04é 13
29:05vezes maior
29:06do que
29:06quando nós
29:07olhamos a dimensão
29:08do mercado
29:09de compras
29:09públicas
29:10no Brasil
29:11Nossa
29:12ou seja
29:13se a gente
29:14abre
29:15as compras
29:17governamentais
29:18na Europa
29:18e no Mercosul
29:20as empresas
29:20brasileiras
29:21vão se beneficiar
29:22muito mais
29:22do que
29:23as europeias
29:23certo?
29:25Se olharmos
29:26tecnicamente
29:26os detalhes
29:27do acordo
29:27sim
29:28pela proporção
29:29do mercado
29:30pelo nível
29:31de sessões
29:32e de abertura
29:32que a União
29:33Europeia
29:33trouxe
29:34no seu capítulo
29:35que é maior
29:36do que o Brasil
29:36e o Mercosul
29:37e pelos tempos
29:39de desgravação
29:40porque no caso
29:40do Brasil
29:42haverá
29:42vamos dizer assim
29:43uma transição
29:45para chegar
29:45nesses valores
29:46de licitações
29:47que eu mencionei
29:48que ela é gradual
29:49Certo
29:51agora
29:52isso de falar
29:53de compras
29:54governamentais
29:55não é uma coisa
29:56meio
29:56retrógrada
29:58eu pergunto
29:59porque
29:59o Lula
30:00até falou
30:00as compras
30:02governamentais
30:03tem uma importância
30:04vital
30:05para desenvolver
30:07a nossa indústria
30:08e a infraestrutura
30:11brasileira
30:12mas
30:13para desenvolver
30:15a nossa base
30:16industrial
30:16ou fazer obras
30:18aqui
30:18não é muito
30:20mais negócio
30:21abrir o mercado
30:23e ter ali
30:24meio que regras
30:25segurança jurídica
30:28mas o Estado
30:29funcionando
30:30como um regulador
30:32do que
30:33como
30:33uma entidade
30:35que vai lá
30:35e promove
30:36o desenvolvimento
30:38da indústria
30:39eu entendo
30:43Duda
30:44que
30:44é preciso
30:46ter muito cuidado
30:47com esses olhares
30:48vamos dizer assim
30:49dicotômicos
30:50porque
30:50as compras
30:51elas são muito
30:52importantes
30:53para a indústria
30:54e elas continuam sendo
30:55eu acho que
30:55não é uma questão
30:56vintage
30:56que passa de moda
30:58que já foi
30:59o que protecionista
31:00percebe de maneira
31:01absoluta
31:02o que nós precisamos
31:03é começar a olhar
31:04em perspectiva
31:06e quando eu falo
31:07em perspectiva
31:07é que elas precisam
31:09ser negociadas
31:10de uma forma
31:10equilibrada
31:11e equilibrada
31:12não é sinônimo
31:13a perfeito
31:14se elas fossem
31:15exatamente
31:16como o Brasil
31:17ou outros países
31:18gostariam
31:19talvez elas nunca
31:20poderiam ser
31:21concluídas
31:21num acordo
31:22porque a gente
31:23estaria negociando
31:24com nós mesmos
31:25sozinhos
31:25para poder ter
31:26100% do que a gente
31:27quer
31:27então eu entendo
31:29que o olhar
31:30ele não precisa
31:31ser feito
31:31assim de uma maneira
31:32dicotômica
31:33se quer abrir
31:34disciplinas
31:35ou se é compras
31:36compras governamentais
31:38hoje fazem parte
31:40da forma
31:41de a participação
31:42melhor dito
31:43em compras governamentais
31:44o fornecimento
31:46faz parte
31:47do processo
31:48de internacionalização
31:50de exportação
31:51de bens e serviços
31:53das empresas
31:53no mundo
31:54por isso que
31:55elas vão tomando
31:57essa grande relevância
31:58agora o que é importante
32:00é que elas não tirem
32:02esse espaço
32:02de política pública
32:04que cada governo
32:05deseja
32:05legitimamente
32:07e acertadamente
32:08ter
32:09e esse é o caso
32:10na nossa visão
32:11do ponto de vista
32:12no acordo
32:13com a União Europeia
32:14com o equilíbrio
32:15geral que se atingiu
32:16que de novo
32:17menciono ali
32:18não é perfeito
32:19se não poderia
32:20fazer parte
32:20de um compromisso
32:21mas que ele está
32:22garantido
32:23com os diferentes
32:24elementos
32:25que nós encontramos
32:26na análise
32:27detalhada
32:28e minuciosa
32:29desse capítulo
32:30Muito bem
32:33Constância
32:33vai ter um
32:33período de adaptação
32:35para as empresas
32:36brasileiras
32:37uma vez que esse acordo
32:38seja assinado
32:39ele é de oito anos
32:40de quanto tempo
32:41se prevê
32:42esse período
32:43de adaptação?
32:44A forma de olhar
32:46essa questão
32:46do timing
32:47do tempo
32:48e do período
32:49uma primeira forma
32:50é que o acordo
32:52primeiro
32:52em primeiro lugar
32:53se ele for concluir
32:55ou tiver
32:55ele terá ainda
32:56um grande processo
32:57que nós
32:58tecnicamente
32:59nosso jargão
33:00chamamos de
33:01internacionalização
33:03internalização
33:04então assim
33:05ele tem várias
33:06etapas institucionais
33:07para ele poder
33:08entrar em vigor
33:09e ser aprovado
33:10essa é uma primeira
33:11forma de olhar
33:12a questão
33:13do tempo
33:13a segunda
33:14questão
33:14do tempo
33:15quando nós
33:16olhamos
33:16a desgravação
33:18tarifária
33:19vamos dizer assim
33:20é que o Brasil
33:21Mercosul
33:22conseguiu
33:23tempos maiores
33:24para essas
33:25desgravações
33:27para essa redução
33:28das tarifas
33:29para diferentes
33:30setores
33:31no caso
33:32da União Europeia
33:32como eu mencionei
33:33o máximo
33:34será até 10 anos
33:35mas
33:36a maior parte
33:37estará na entrada
33:38em vigor
33:39agora
33:39essa leitura
33:40pode ser feita
33:41de maneira inversa
33:42talvez
33:42no caso
33:43do Mercosul
33:44o Mercosul
33:45terá até 15 anos
33:46para desgravar
33:47reduzir as suas tarifas
33:49e não fará isso
33:50de uma maneira linear
33:51o que tecnicamente
33:53menciona assim
33:53para um setor
33:54não é todo o setor
33:56vai ter algumas
33:57partes dos setores
33:58alguns produtos
33:59específicos
34:00nos quais eu posso
34:01ter um tempo
34:02diferente
34:03do que
34:04no setor
34:04como um todo
34:05essa é a segunda
34:06questão
34:07para olhar
34:07do ponto de vista
34:08de tempo
34:10vamos dizer assim
34:11do acordo
34:11como um todo
34:12e a terceira
34:13questão específica
34:15e mais ligada
34:16a compras
34:17governamentais
34:18é que eu menciono
34:19o fator
34:20de o valor
34:21das licitações
34:22então
34:23essa abertura
34:24para fornecedores
34:26estrangeiros
34:27europeus
34:28no caso
34:28ela começará
34:30com um patamar
34:31de 2,3 bilhões
34:33no caso
34:33de bens
34:3455
34:34para serviços
34:36e conforme
34:37for passando
34:37o tempo
34:38ela vai
34:38reduzir
34:39esse valor
34:40mais
34:40vamos dizer assim
34:41após os oito
34:42anos
34:43entrar em vigor
34:44então a gente
34:44está falando
34:45de tempos
34:45vamos dizer assim
34:46consideráveis
34:47em termos
34:48de futuro
34:49e de dar
34:50essa possibilidade
34:52para que as
34:52empresas
34:53se adaptem
34:53não só
34:54na forma
34:55na ambição
34:56do que está
34:56no conteúdo
34:57mas também
34:58no tempo
34:58Constanza
35:00agora
35:01sendo otimista
35:02imaginando
35:04que o
35:04José Borrell
35:06está certo
35:07o acordo
35:08vai ser assinado
35:09esse ano
35:11então o Lula
35:12vai parar
35:13de criar problema
35:14com essa questão
35:15do protocolo
35:15adicional
35:16ou das compras
35:18governamentais
35:19assinou
35:20eu acho que
35:21ainda precisa
35:21da aprovação
35:22do congresso
35:23brasileiro
35:24certo
35:24você sabe
35:26como que
35:27como que está
35:28entre os
35:30parlamentares
35:31se existe
35:32aí uma boa
35:33vontade
35:34com esse acordo
35:35ou não
35:35dois comentários
35:38a sua pergunta
35:40a primeira
35:41é que a indústria
35:41não enxerga
35:42que você
35:44tentar obter
35:45o melhor ganho
35:47e equilíbrio
35:47do instrumento
35:48adicional
35:49seja uma questão
35:50de criar problemas
35:51pelo contrário
35:52nós entendemos
35:52que esse é um exercício
35:53legítimo
35:54que é importante
35:56que o Brasil
35:57o faça
35:58para tentar
35:58os ganhos
35:59o que nos
36:00preocupa
36:00é essa linha
36:01do tempo
36:02entre o equilíbrio
36:03até onde
36:03que eu estico
36:04a estratégia
36:05de negociação
36:06e até onde
36:06eu perco
36:07toda
36:07vamos dizer assim
36:08a oportunidade
36:10de poder
36:11concluir o acordo
36:12esse é o primeiro
36:13comentário
36:14compartilhando
36:15a perspectiva
36:16de indústria
36:17e o segundo
36:17o segundo comentário
36:18é que
36:19sem dúvidas
36:21o parlamento
36:22e o congresso
36:23brasileiro
36:24tendem a um papel
36:25muito
36:26muito relevante
36:27na aprovação
36:28se o acordo
36:30for concluído
36:31e é difícil
36:32ainda poder dizer
36:33em relação
36:34a qual que é o posicionamento
36:36primeiro porque
36:36há diferentes
36:37agendas
36:38hoje em dia
36:39que estão
36:40ocupando
36:41a lista
36:42de prioridades
36:43e questões
36:44estruturais
36:45do país
36:46que tem
36:46ocupado
36:47o congresso
36:48como reforma
36:49tributária
36:50e outros aspectos
36:51econômicos
36:51e fiscais
36:53porém
36:54nós conseguimos
36:55enxergar
36:57que há
36:57uma disponibilidade
36:59há uma abertura
37:00maior
37:00para essa agenda
37:01de comércio exterior
37:03da relevância
37:04da integração
37:05competitiva
37:06do Brasil
37:07nos fluxos
37:08de comércio
37:09e de investimento
37:10e com o trabalho
37:11que nós temos feito
37:12no âmbito
37:13do plano
37:13de retomada
37:14temos sentido
37:15uma
37:16vamos dizer assim
37:17uma receptividade
37:18muito positiva
37:20para essa agenda
37:21do ponto de vista
37:22do congresso
37:22mais alguma pergunta
37:26eu tenho
37:27a constância
37:28você foi muito clara
37:30em mostrar
37:31o que
37:32há um interesse
37:33então
37:33da CNI
37:35a indústria
37:36que isso
37:36então aí eu queria
37:37te perguntar isso
37:38quanto
37:40que a CNI
37:41representa
37:42da indústria
37:43brasileira
37:44é a indústria
37:45toda
37:46ou tem
37:46algum setor
37:47da indústria
37:47que não está
37:48representado
37:49na CNI
37:49como que é
37:50a CNI
37:52representa
37:53a indústria
37:53como um todo
37:54então
37:54todas as
37:55empresas
37:56do setor
37:58industrial
37:58que estão
37:59estabelecidas
38:00que são brasileiras
38:01elas são
38:01representadas
38:02pelo trabalho
38:03da CNI
38:04isso não quer dizer
38:05que quando nós
38:06olhamos
38:06sobretudo
38:07essa agenda
38:07de negociações
38:09que não
38:09possa haver
38:10preocupações
38:11ou interesses
38:12específicos
38:13de alguns
38:13setores
38:14mas nessa
38:15agenda
38:15de negociações
38:16a CNI
38:17vem mantendo
38:18vamos dizer assim
38:19um diálogo
38:19muito estreito
38:20que não é
38:21de hoje
38:22mas é
38:22desde o início
38:23da negociação
38:25do acordo
38:26para ir consolidando
38:28posições
38:28e poder refletir
38:30posições
38:30vamos dizer assim
38:31onde há consenso
38:33e talvez aqui
38:34um fator
38:34que é relevante
38:35mencionar
38:36é que a própria
38:37indústria brasileira
38:39ela evoluiu
38:40ao longo de
38:40claro
38:41já teve tantas
38:41vidas de negociação
38:43esse acordo
38:43mas ela mesma
38:45evoluiu
38:45em relação
38:46a sua posição
38:47e há
38:48talvez uns
38:49seis
38:50não
38:50oito anos
38:51atrás
38:52ela mesma
38:52começou a ter
38:53uma posição
38:53vamos dizer assim
38:55favorável
38:55ao andamento
38:56e a negociação
38:57desse acordo
38:58muito bem
39:01esta foi
39:02mais uma edição
39:03do Latitude
39:04nosso podcast
39:05de política internacional
39:06comércio internacional
39:08e diplomacia brasileira
39:09e nós conversamos
39:10com a Constança Negri
39:11que é gerente
39:12de comércio exterior
39:13da Confederação Nacional
39:14da Indústria
39:15a CNI
39:16Constança
39:16muito obrigado
39:17pela conversa
39:18foi super esclarecedora
39:20para a gente
39:20obrigada
39:22Rogério e Duda
39:23obrigada também
39:24pela paciência
39:24nos aspectos técnicos
39:26mas às vezes
39:26os detalhes
39:27fazem diferença
39:29quando nós
39:29olhamos temas
39:30tão importantes
39:31muito obrigado
39:32a gente agradece
39:33pelos esclarecimentos
39:35muito bem Duda
39:36é isso
39:37as palavras finais
39:38obrigado Constanza
39:39lembrando que
39:40o Latitude
39:41é sempre
39:43todos os sábados
39:44às seis da tarde
39:46no YouTube
39:47e em todas as
39:48plataformas de podcast
39:50curtam
39:50compartilhem
39:51espalhem a palavra
39:52do Latitude
39:53boa noite a todos
39:54tchau
39:55muito obrigado
39:56tchau Constanza
39:57tchau
39:57obrigada
39:58Tchau, tchau.
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