- anteontem
O arquiteto Norair Chahinian e do historiador Heitor Loureiro falam sobre a crise armênia no Azerbaijão e o medo de um novo genocídio.
Assista à conversa na íntegra: https://youtu.be/31lAk4GyYbU
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NotíciasTranscrição
00:00Essa palavra genocídio é muito interessante, genocídio, quer dizer, é um extermínio genético.
00:06Essa palavra foi cunhada, inclusive, por um historiador de origem judia para explicar o Holocausto.
00:13Então, na década de 40, durante realmente o Holocausto, o Rafael Lemkin faz todo o estudo dele,
00:22baseado no genocídio armênio, para explicar o que estava em marcha com os judeus durante a Segunda Guerra.
00:30Isso a gente está falando de 30 anos depois do genocídio dos armênios na Primeira Guerra.
00:35Então, nesse lapso de tempo, foi que a sociedade moderna evoluiu para chegar nesse termo genocídio.
00:42E os armênios são tidos como o primeiro genocídio dos tempos modernos.
00:47Essa palavra genocídio está muito em voga agora com essa questão dos genomanos.
00:53E é até bom falar mais dessa questão para a gente comparar.
00:56Por que se fala de genocídio no caso armênio?
01:01Quer dizer, tem intencionalidade?
01:05O que se provou ali desse encadeamento da ordem até que ela aconteça?
01:11Olha, a ideia que o Heitor explicou muito bem, do povo, que é diferente do que está regendo o império.
01:19Então, o armênio era uma minoria, era a força econômica e intelectual.
01:24Era a maior minoria, né?
01:26Era a maior minoria, tinha uma diferença religiosa e, principalmente, um conflito muito grande de interesses.
01:33A Armênia começava a ter movimentos de independência.
01:37O Império Russo também já dava sinal de fraqueza.
01:40Era um momento de terremoto nas grandes estruturas.
01:43Então, tinha um movimento dos nacionalistas armênios de separação começando.
01:48E aí, eles sentindo esse complexo de fatores, eles criam um plano.
01:53E aí, talvez, a semelhança com a comparação, talvez, com a questão atual dos Yanomamis.
01:59Quer dizer, os armênios, primeiro, os homens aptos a servir o exército,
02:04eles foram retirados das suas cidades e vilarejos para servir o Império Otomano durante a Primeira Guerra.
02:11Só que, para isso, eles não podiam usar armas, eles foram desarmados.
02:15Quando eles se deram conta, eles não foram servir, eles foram fazer serviços, né?
02:19Forçados em situações praticamente terminais, né?
02:24O que acontece?
02:25Os vilarejos e as cidades ficam sem a defesa das armas e dos homens em idade de lutar.
02:31Mulheres, crianças e idosos.
02:34Segunda página do plano.
02:36Planos de deportação rumo à morte, ao deserto.
02:40Então, eram caravanas de que eles estavam justificando uma realocação de populações,
02:48mas que, na verdade, era um desvio de uma população para a morte.
02:52Então, eram dias andando no deserto, escoltados por soldados otomanos,
02:59que, em algum momento, deixavam os curdos virem,
03:02ou outros membros do exército assassinarem, violarem, estuprarem,
03:08todos aqueles crimes bárbaros do genocídio, né?
03:12E muitos foram morrendo de fome, essa turma não era alimentada.
03:16E assim foi por alguns anos, né?
03:191915 é o ano que os armênios consideram o ano-chave,
03:23porque teve um gatilho esse plano.
03:26Esse plano, assim como tiraram os homens, eles tiraram de Istambul,
03:30que era a grande capital econômica e intelectual,
03:33eles tiraram 250 armênios, na calada da noite, 23 para 24 de abril,
03:39das suas casas.
03:41Poetas, políticos, grandes empresários, eclesiásticos,
03:46quer dizer, pessoas-chave da comunidade armênia,
03:50eles colocam num trem, que foi o trem da morte, o trem da deportação.
03:54Então, eles tiram toda a inteligência, toda a intelectualidade,
03:58tiram os homens dos vilarejos, a força de luta,
04:01aos poucos eles vão minando qualquer possível tentativa de resistência
04:05ou de reunificação.
04:06Era o contexto da Segunda e da Primeira Guerra,
04:08então era muito difícil, né?
04:10As notícias corriam com outro tempo.
04:13E desses 2 milhões e meio, quase que 1 milhão e meio foram exterminados.
04:18Então, numericamente, o genocídio armênio foi muito nocivo
04:23e deixou o povo armênio muito próximo da extinção, né?
04:26Então, assim, quem sobreviveu?
04:29Alguns desses órfãos de caravana,
04:31alguns que ficaram em Istambul,
04:34e poucos que chegaram em Alepo ou Beirute,
04:37que já eram fora do Império Otomano, eram vilayets, né?
04:41O Império Otomano era dividido em províncias, né?
04:44E essas províncias, já no âmbito da Primeira Guerra,
04:46tinham passado a ser protetorados franceses ou ingleses.
04:49Então, conseguiram escapar e recomeçar do zero.
04:53Então, a diáspora foi formada por órfãos do genocídio
04:57e alguns conseguiram cruzar para o Império Russo, né?
05:00Que naquele momento, em 1917 e 1918,
05:03estava em formação a União Soviética.
05:06E foi um momento muito chave para os armênios,
05:09aí o Heitor pode contextualizar melhor,
05:12de 1917 a 1921, né?
05:14Os tratados, o fim da Primeira Guerra,
05:17o estabelecimento da União Soviética e das repúblicas, né?
05:21Eu acho que aí entra um pouco no assunto de hoje, né?
05:24Nessa questão do Artsakh.
05:26Queria só fazer um parênteses ainda na questão do genocídio.
05:31Como estávamos comentando, há uma ferida aberta até hoje, né?
05:34Porque o Estado da Turquia, o sucessor do Império Otomano,
05:37desde 1923, não aceita de modo algum.
05:40Não reconhece.
05:40Alegra que não houve intencionalidade,
05:42que era uma situação de guerra, etc.
05:44E há uma questão diplomaticamente difícil também,
05:47porque os Estados Unidos só foram reconhecer
05:50o que aconteceu na Armênia como genocídio dois anos atrás.
05:53Biden fez um discurso reconhecendo...
05:55Usando o termo genocídio.
05:56Usando o termo genocídio.
05:58Passando a emenda final ali.
06:00Exato.
06:00Então, como é que vocês veem a situação na Turquia atual
06:04com um governo como o do Erdogan,
06:07que parece muito pouco propenso a...
06:09Com esse governo, eu acho que é impossível.
06:12E você foi para a Turquia, né?
06:13Eu, assim, passei alguns anos a trabalho na Turquia,
06:19na minha pesquisa pessoal de fotografia e arquitetura,
06:23porque como filho e neto da diáspora,
06:26essa questão do genocídio para mim era um pouco inconclusa.
06:30Eu não conseguia ficar só com a versão da gente que saiu.
06:34Eu quis ir lá e conhecê-los e passar um tempo
06:36tentando entender essa sociedade turca atual
06:40e como eles lidam com essa questão do passado.
06:43Enfim, foi um percurso de alguns anos,
06:46quase quatro anos entre idas e vindas.
06:48E hoje, o que eu posso dizer,
06:51que você falou do governo,
06:53esse governo, da forma como ele está estruturado,
06:55a gente tem que falar que o ditador é o Erdogan.
06:57O Erdogan é uma pessoa...
06:59É um autocrata.
07:01Um autocrata centralizador, né?
07:03Ele está no poder desde 99
07:04e pelo jeito quer ficar mais tempo, né?
07:09Ele tem uma política negacionista, né?
07:13E realmente ele não tem brecha para se falar de genocídio.
07:16Inclusive, eles têm um artigo, né, Heitor, o 301,
07:19um artigo do Código Penal turco, né?
07:22Que você não pode nem falar de genocídio
07:25porque você está insultando o Estado turco.
07:28Então, assim, muitos jornalistas...
07:30Cabe dizer que a Turquia hoje é um dos países
07:32com a pior liberdade de imprensa.
07:34O Azerbaijão ainda é pior, né?
07:36Mas tem vários jornalistas que tentaram levar esse tema adiante
07:40e um jornalista armênio, inclusive, foi assassinado em 2007.
07:44Eles viram também depois que essa política
07:46não ia adiantar porque no dia seguinte
07:48eram 500 mil turcos nas ruas
07:50e aí não eram armênios, eram todas as minorias.
07:54Porque as minorias se identificam, né?
07:55Hoje os armênios têm uma identificação com os curdos,
08:00com os movimentos de gênero,
08:01com os movimentos dos Iesdis, né?
08:04Que é um outro povo que a gente fala bem pouco, né?
08:07Que ainda habita aí alguma região da Turquia.
08:09Então, as minorias se juntaram contra a repressão, né?
08:12Do Erdogan, que depois de 2016,
08:16daquele golpe contra golpe,
08:18ele fecha mais ainda as portas
08:20e deixa a coisa ainda mais complicada
08:22para quem vive lá, né?
08:24Norei, você foi para a Turquia.
08:26Como é que a população vê a questão do genocídio?
08:29Então, existe todo um contexto da educação,
08:34e aí das escolas, né?
08:35Dos planos de educação,
08:37de negacionismo e de inversão dos papéis.
08:41Então, não foi o genocídio,
08:42era um contexto de guerra,
08:44os dois tiveram matanças,
08:48mas que o armênio era o invasor,
08:51o armênio era o infiel.
08:54Então, a história é contada de uma outra forma,
08:56no plano legal, né?
08:58Isso aí dizendo em bibliografia,
08:59em planos pedagógicos,
09:02mas hoje em dia,
09:03a coisa transcende a sala de aula, né?
09:06Então, tem toda uma nova geração
09:08que foi buscar a informação.
09:11Então, eu me deparei com várias pessoas
09:14que realmente reconhecem o genocídio
09:17e que, enfim, aí já entra um pouco
09:20num lado um pouco mais pessoal,
09:22mas na minha pesquisa fotográfica, né?
09:25Era muito interessante,
09:26porque quando eles descobriam que eu era armênio,
09:29eles tinham vontade de me ajudar em dobro.
09:31Não todos, obviamente, mas boa parte,
09:34porque como a gente cresceu com raiva
09:36ou com ódio dos turcos,
09:38os turcos cresceram com uma culpa, né?
09:40A nova geração tem essa questão da culpa.
09:43Eles falam, bom, talvez meu avô,
09:44meu bisavô se portou mal.
09:45A relação dos alemães mais jovens
09:48após a Segunda Guerra com o avô,
09:50o pai nazista, né?
09:51Então, assim, tem essa coisa, né?
09:52Da solidariedade com a causa,
09:56mas é num âmbito pequeno,
09:58num âmbito ainda embrionário.
10:00Embrionário, vamos dizer assim.
10:02Interpessoal, digamos.
10:03Os curdos têm um papel interessante nessa história, né?
10:07Porque os curdos, à época do genocídio,
10:09também habitavam esse mesmo território.
10:12Eles também são autóctones, né?
10:14São dessa região.
10:15E eles foram usados pelos turcos como,
10:18olha, vocês vão, fazem o serviço sujo,
10:21eliminem esses infiéis,
10:23e vocês vão ter a possibilidade
10:24da criação de um Estado curdo,
10:26que é o grande pleito deles, né?
10:30Mas depois acontece que os turcos
10:33passaram a fazer um genocídio com os curdos, né?
10:36Tiveram vários episódios na década de 30
10:38e até bem pouco tempo atrás,
10:40década de 70,
10:41aí entra um pouco a questão da guerrilha,
10:43mas hoje os curdos souberam se organizar
10:45como partido político.
10:46Então, se existe um caminho legal hoje
10:49para se falar de genocídio
10:51é através da política.
10:53E a política hoje é através dos curtos,
10:55que tem um partido,
10:56inclusive tem alguns deputados armênios
10:58que fazem parte desse partido
11:00e que estão hoje no Congresso
11:01e que tentam, de alguma forma,
11:04dialogar, mas é difícil.
11:06O Heitor também esteve na Turquia
11:07e tem relação com estudiosos, né?
11:10Historiadores.
11:11Seria legal falar a versão dos historiadores.
11:14Tem uma coisa, voltando à sua pergunta original,
11:16que genocídio não é só uma palavra.
11:19Ela é criada por um jurista
11:21já para ser transformada,
11:22já para ser usada em Nuremberg
11:24e não acontece.
11:25Ela é usada em Nuremberg incidentalmente,
11:27mas não há a imputação do crime de genocídio.
11:29Ninguém é condenado por genocídio.
11:31Ninguém é condenado,
11:32são condenados por crimes contra a humanidade.
11:34Que conceito criado para se referir
11:36ao genocídio armênio
11:37durante o contexto do genocídio armênio
11:39pelo Império Russo.
11:41O Império Russo fala
11:41que os otomanos serão julgados
11:43por crimes contra a humanidade e a civilização.
11:46Tinha cidade de civilização,
11:47civilização cristã, etc.
11:48Então, o Rafael Lemeckin,
11:51que é esse jurista que o Norai comentou,
11:53ele consegue em 1948,
11:55no dia 9 de dezembro de 1948,
11:56portanto, um dia antes da proclamação
11:59da Declaração Universal de Direitos Humanos,
12:02ele consegue fazer com que seja aprovada na ONU
12:04uma convenção para punição e prevenção
12:06do crime de genocídio.
12:08Então, aí, há a tipificação de genocídio
12:10como crime no direito internacional.
12:13E é o crime dos crimes,
12:14chamado por um jurista muito importante
12:16na área do direito internacional,
12:17o crime dos crimes.
12:18Então, quando se fala em genocídio,
12:20a gente está falando em duas coisas.
12:21Primeiro, no fenômeno sociológico ou histórico
12:25que sempre houve na história da humanidade.
12:28Desde Troia, se vocês quiserem.
12:30Certo?
12:30Segundo, a gente está falando
12:31de um crime do direito internacional.
12:34E aí que a coisa fica um pouco mais complicada.
12:36porque imputar que algo é genocídio
12:40e reconhecer algo como genocídio
12:42vai ocasionar numa punição e numa reparação.
12:47E se isso acontece ao caso armênio,
12:50se se reconhece que o que houve
12:52com os armênios otomanos é genocídio,
12:54porque muitos turcos,
12:55mesmo do ponto de vista da academia
12:56ou do Estado,
12:57até reconhecem que houve massacres,
12:59matanças,
13:00mas não que foi intencional deliberada
13:02para exterminar um grupo nacional,
13:04étnico e religioso todo em parte.
13:06Então, assim,
13:08aconteceram coisas,
13:09mas não foi genocídio.
13:11Porque isso vai criar
13:12uma expectativa de reparação.
13:14Seja do Estado armênio,
13:16que pode acontecer,
13:17afinal de contas também tem os tratados
13:19que a gente pode conversar sobre.
13:20A armênia era para ser muito maior
13:21do que ela de fato é hoje.
13:22Ela é um sexto do que era para ser.
13:24E aí tem o Tratado Sévre,
13:25que é o Tratado Pós-Primera Guerra.
13:26Esse tratado é jogado no lixo
13:27e é construído um novo tratado,
13:28que é o de Lozani,
13:29que é o que dá hoje
13:30as fronteiras da Turquia atual.
13:32Com exceção ali da Ratay, na Síria, né?
13:33Ah, é, a península que passou em 89.
13:37E isso até linkando no caso dos Yanomami.
13:39Porque quando se fala em genocídio,
13:41ainda mais pós a experiência do Holocausto,
13:43da Shoah,
13:45cria-se uma expectativa de memória.
13:46Ou seja, você chamar algo de genocídio,
13:48na hora já cria um rótulo de
13:50isso é ruim,
13:51nós temos que punir,
13:52nós temos que reparar.
13:54Inclusive, se me permite,
13:55o único caso de genocídio
13:56na história do Brasil,
13:57uma coordenação por genocídio,
13:58foi contra os Yanomami.
14:00O massacre de Hashimun em 92.
14:02Ou seja,
14:03criar,
14:05rotular algo de genocídio
14:06não é apenas
14:07chamar algo de genocídio,
14:09é criar essa expectativa de memória,
14:10por um lado,
14:11e essa reparação
14:12que tem que ser feita
14:13no plano jurídico do outro.
14:15Então, por isso que a Turquia,
14:16no ano que faz 100 anos,
14:18da República da Turquia,
14:20ainda nega o genocídio armênio,
14:21porque isso
14:22infere que
14:24a República da Turquia
14:26foi construída
14:27sob as bases do genocídio,
14:29certo?
14:29E que isso pode
14:30ensejar reparações
14:31de estados
14:32vizinhos
14:33ou de povos
14:34que vivem dentro da Turquia
14:35desde então,
14:36porque um armênio
14:37que vive em Istambul
14:38hoje,
14:38ele não apareceu lá,
14:39ele está lá
14:40há mil anos.
14:42É a terra dele,
14:43assim como é a terra
14:43dos turcos também,
14:44dos gregos,
14:45etc.
14:45Então, tem uma série
14:47de...
14:48A gente não está aqui
14:48discutindo filigrana,
14:49sabe?
14:50Pratitudes,
14:50assim,
14:50ah, por que essa palavra,
14:51por que não outra?
14:52Muitas vezes é dessa forma
14:53que a gente vê no debate nacional,
14:54né?
14:55Mas esse caso é um caso,
14:56assim,
14:56de manual,
14:57como a gente fala,
14:58né?
14:59Textbook.
14:59Textbook.
15:01Por que genocídio?
15:02Por que é tão importante
15:03chamar o genocídio armênio
15:04de genocídio?
15:06E por que é uma movimentação
15:07que o Biden fez?
15:07Ok, tem a agenda dele,
15:09Kamala Harris na Califórnia,
15:10Nancy Pelosi,
15:11Samantha Power,
15:12todo o pessoal ali
15:13que tem os democratas
15:14na Califórnia,
15:14é um peso muito grande
15:15e em Massachusetts,
15:16ok,
15:17mas por que é tão importante
15:18o que ele fez?
15:19E por que esse reconhecimento
15:20americano é tão importante?
15:21O que esse reconhecimento
15:22ele vai ensejar,
15:24com o seu apoio
15:25da OTAN,
15:26que é na Turquia?
15:27Então, também,
15:27isso é muito interessante
15:28para a gente manter
15:29no macro, né?
15:30É, porque, assim,
15:31são mais de 100 anos
15:32que passaram do genocídio,
15:33mas, ao mesmo tempo,
15:34é um tempo que não passa,
15:35é um passado que não passa,
15:36é um crime que não prescreve.
15:37Não tem prescrição.
15:38E é algo que impacta
15:39não só os sobreviventes,
15:41os descendentes sobreviventes,
15:42que estão pelo mundo afora,
15:46mas também a existência
15:47e a sobrevivência
15:48da República da Armênia.
15:49E também dos armênios
15:50da Turquia enquanto armênios,
15:51não enquanto turcos.
15:54São cidadãos turcos,
15:54claro,
15:55mas na possibilidade
15:56de manter a sua identidade
15:58e a sua ancestralidade armênia.
16:00No caso dos curdos,
16:01curdos,
16:02que eram,
16:02como o Norais disse,
16:04não podia falar curdo
16:07durante o século XX.
16:08Curdo da montanha.
16:09Isso é algo muito curioso,
16:11porque o Batatúrquio,
16:12quando ele cria
16:13a República da Turquia,
16:14ele fala,
16:14não existem curdos,
16:15existem turcos das montanhas.
16:16É como a gente fala,
16:17não tem Yanomamis,
16:18tem brasileiros da floresta.
16:20Óbvio que são cidadãos brasileiros,
16:22mas tem a sua ancestralidade,
16:24identidade.
16:25Especificidade.
16:25Sim,
16:26que tem que ser respeitada
16:26como tal.
16:27E aí a gente tem
16:28várias discussões e tal,
16:29mas isso é muito curioso.
16:32Como que esse crime,
16:33ele tem um impacto
16:35supra-geracional,
16:37ele perpassa séculos,
16:39se não for reconhecido
16:41até então,
16:42e mais,
16:43ele enseja outros crimes
16:44da mesma ordem.
16:47Muito se fala
16:48de como que o genocídio armênio
16:49foi um espelho
16:49para o holocausto,
16:50na medida em que vários
16:51Império Otomano e Império Alemão
16:53eram aliados à Primeira Guerra,
16:54vários tenentes e capitães
16:56do Império Alemão
16:57serviram no Império Otomano
16:58e depois eram generais nazistas.
16:59O próprio Hitler,
17:00quando assume
17:01no discurso,
17:02num dos discursos dele,
17:03ele,
17:04em 1933,
17:04se eu não me engano,
17:05ele cita os armênios
17:07de uma forma exemplar
17:09do que ele ia fazer
17:10com os judeus.
17:11E ele fala
17:11e quem se lembra
17:12dos armênios?
17:13Tinha um passado
17:14de 18 anos.
17:15É uma passagem,
17:16nove dias antes
17:16de invadir a Polônia,
17:17ele faz um discurso
17:18para mobilizar as tropas
17:19e a última linha
17:20do discurso é
17:21afinal,
17:22quem se lembra
17:22dos armênios?
17:23Afinal,
17:23quem se lembra
17:23dos armênios?
17:24Inclusive,
17:24o Quaritadiz Moussadar
17:25era um livro
17:26que foi achado
17:26no gueto de Varsóvia,
17:27que é um livro
17:28que conta a resistência
17:29dos armênios e tal.
17:30Os armênios tiveram
17:31muita resistência
17:32durante o genocídio.
17:34Inclusive,
17:35período de guerra,
17:36genocídio,
17:37isso também é textbook.
17:39Segunda Guerra Mundial,
17:40genocídio.
17:41Guerra da Bosa,
17:41Guerra da Nauiguslava,
17:42genocídio.
17:43E como que
17:44o Império Otomano,
17:46aquela criação
17:47do primeiro genocídio
17:48do século XX
17:48ou o primeiro genocídio
17:49moderno,
17:49se preferirem,
17:50como que ele vai criando
17:51estruturas genocidas
17:52que, de certa maneira,
17:54são aplicadas até hoje?
17:55Sobretudo no aspecto
17:56da negação.
17:58Porque, ok,
17:58o Holocausto,
17:59mas o Holocausto
17:59teve julgamento,
18:00teve condenação,
18:01a gente pode discutir
18:02também nazismo,
18:03negacionismo, ok,
18:04mas teve
18:05alguma espécie
18:07de fechamento
18:08ou de reconhecimento
18:08internacional,
18:09inclusive o Estado de Israel
18:10vem nessa esteira,
18:12ao que aconteceu
18:12com os judeus.
18:13No caso dos armênios,
18:14não.
18:15Então,
18:15a negação que se faz
18:17ao genocídio armênio
18:17é muito importante
18:18porque nós entendemos
18:20que,
18:21nós pesquisadores,
18:22que a negação
18:23não é um aspecto
18:24posterior ao genocídio,
18:25ela é parte do genocídio.
18:27Ele é planejado,
18:28executado e negado.
18:29Enquanto a negação
18:30ao genocídio.
18:31Então,
18:32isso é importante
18:32para a gente entender
18:33os diversos crimes
18:34contra a humanidade.
18:34do genocídio.
18:36Do genocídio.
18:36Do genocídio.
18:37Do genocídio.
18:37Do genocídio.
18:38Do genocídio.
18:38Do genocídio.
18:39Do genocídio.
18:39Do genocídio.
18:39Do genocídio.
18:40Do genocídio.
18:40Do genocídio.
18:40Do genocídio.
18:40Do genocídio.
18:40Do genocídio.
18:40Do genocídio.
18:41Do genocídio.
18:41Do genocídio.
18:41Do genocídio.
18:42Do genocídio.
18:42Do genocídio.
18:42Do genocídio.
18:43Do genocídio.
18:43Do genocídio.
18:43Do genocídio.
18:43Do genocídio.
18:44Do genocídio.
18:44Obrigado.
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