- 24/06/2025
Alta da Selic pode impactar decisões de consumo e investimentos.
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NotíciasTranscrição
00:00O Banco Central subiu a taxa de juros para 15% ao ano, é o maior patamar em quase 20 anos.
00:06Você com certeza já ouviu essa frase aqui que eu falei agora, né?
00:10A gente tem falado muito do aumento da taxa Selic, essa decisão foi tomada para tentar controlar a inflação,
00:16mas ela afeta também diretamente o nosso bolso.
00:19Com os juros mais altos fica mais caro pegar um empréstimo bancário, fica mais caro comprar um carro.
00:25Você que estava querendo trocar seu carro, hein?
00:27E comprar casa, então, quem tem um sonho aí da casa própria para entrar no financiamento, fica mais complicado também.
00:35Agora, gente, por outro lado, o dinheiro que a gente investe, você tem um dinheirinho guardado aí, pode render mais nesse cenário.
00:43Mas será que vale a pena deixar o dinheiro na poupança ou com a taxa assim alta tem opções melhores?
00:49Vamos entender melhor todos esses questionamentos com o super economista Ricardo Paixão, especialista no assunto que vai ajudar a gente.
00:57Bom dia, Ricardo.
00:59Bom dia, Bruna. Bom dia a todos que nos assistem.
01:02Ricardo, então vamos lá. Quando a gente fala dessa taxa Selic em 15%, maior patamar em 20 anos, na prática, para quem está assistindo,
01:11o que isso significa para o bolso de quem está assistindo a gente?
01:14Então, primeiro, é importante a gente pontuar que a taxa de juros Selic, Selic é uma sigla, né?
01:19Sistema de Liquidação e Custódia.
01:20Ela é controlada pelo governo via Banco Central, é o governo que tem reuniões periódicas através do seu comitê de política monetária e altera essa taxa.
01:29O governo, ele usa isso para remunerar os títulos públicos, que é uma forma do governo se financiar.
01:35Esses títulos públicos, né? Eles são, nós chamamos assim, são indexados a Selic, é que o governo capta a poupança de nós, das famílias, a gente chama de agentes econômicos.
01:45Capta a poupança e paga por utilizar os nossos recursos, né? Através desses títulos, né?
01:51Então, assim, o governo tem um propósito que ele quer controlar a inflação.
01:56Para controlar a inflação, o que o governo faz? Ele faz uma desaceleração na economia, aumenta a taxa de juros, sinaliza para o mercado, né, que ele está elevando a taxa de juros,
02:07e isso faz com que o crédito tenha uma tendência a ficar mais caro.
02:12Crédito ficando mais caro, tem esse efeito de desaceleração.
02:17Porque o consumidor vai ver, é o que você falou, aquele financiamento, né?
02:21Não vai caber no meu orçamento, então eu vou deixar para mais para frente, né?
02:25O crédito ficando mais caro, ele impacta tanto o consumidor, nós no dia a dia, como o empresário também.
02:31Às vezes o empresário quer abrir uma filial em outra cidade.
02:34Só que com isso, o custo do crédito vai ficar mais caro para ele também.
02:38Ele pode deixar de fazer esse projeto mais para frente.
02:41E isso é uma sinalização negativa, por quê?
02:44Porque o empresário, ele contrata, ele gera emprego, gera renda.
02:48Se ele vai frear alguns projetos, são menos empregos e menos renda para a população.
02:55Por isso que a gente fala, olha, a tendência da economia, que a gente quer com a economia que ela cresça.
03:00Por quê?
03:00Se o empresário abre uma filial, ele vai contratar mais pessoas, ou paga hora extra,
03:04gera um ciclo virtuoso, que nós chamamos, fazendo a economia crescer e é bom para todo mundo.
03:09Essa desaceleração tem um impacto negativo, por quê?
03:13São menos empregos gerados, menos renda e reduz o consumo.
03:17E a nossa economia, ela tem uma tendência a crescer via consumo das famílias.
03:22Quando você tem uma redução do consumo, a nossa economia fica meio que estagnada e isso é ruim para todos.
03:27Então, gente, Ricardo, quando muita gente está assistindo, a gente tem um sonho de mudar de apartamento
03:34ou de sair do aluguel e ir para casa própria. Vamos usar o exemplo do imóvel aí.
03:40Esse não seria o melhor momento, porque você vai cair num financiamento de X,
03:45você vai acabar no fim desse financiamento pagando muito mais, né?
03:49Sem dúvida, né?
03:50Nossa economia tem uma tendência a ter uma média de juros bastante elevada.
03:55Então, a gente já parte do princípio que nossas taxas já estão elevadas.
03:59O governo com essa política, na verdade o Banco Central, né?
04:02Ele com essa política de elevar a taxa de juros, faz com que o financiamento fique mais caro.
04:07De automóveis, né? De imóveis também.
04:10E isso assim, a orientação para a pessoa que está pensando em trocar de veículo,
04:15adquirir um imóvel e tal, não é o momento mais adequado.
04:19Até porque aquele financiamento, aquelas parcelas, né?
04:23Que muitas das vezes a gente não tem recurso para comprar à vista aquele bem, né?
04:26Que é de alto valor. Então, a gente vai parcelar.
04:29Esse parcelamento vai ficar o quê? Vai pesar um pouco mais o nosso orçamento.
04:34E isso pode gerar impactos para a pessoa. Por quê?
04:36O financiamento de um veículo é um financiamento de longo prazo.
04:3948 parcelas, 60 parcelas em algum momento.
04:42Financiamento de um imóvel, jura 25 anos, 30 anos financiando.
04:46Então, vai comprometer o seu orçamento durante um longo período.
04:49Então, é hora de fazer conta, né?
04:51De você pensar bem, né?
04:53E se você puder adiar isso daí, esperar um momento onde a taxa de juros esteja um pouquinho mais baixa,
04:59é a melhor opção que se pode fazer.
05:01Sempre fazendo conta.
05:02E sempre a orientação, né?
05:04A pessoa que, às vezes, a pessoa não tem conhecimento técnico, né?
05:07É a pessoa que não entende muito bem disso.
05:10Procura um especialista, né?
05:12Pode até procurar o nosso Conselho Regional de Economia.
05:14Só dá um Google lá que as pessoas acham e vai disponibilizar uma economista para dar orientação.
05:18E, dependendo da dúvida, pode ser até gratuito.
05:21Olha só que legal, gente.
05:22Conselho Regional de Economia.
05:23Isso.
05:24Você pode buscar essa orientação.
05:25Se você me permite, Bruna, é um órgão, é uma autarquia federal, um órgão público,
05:30que está aberto para a sociedade também.
05:32Lá tem os economistas que são registrados.
05:34E é só buscar lá, eu queria uma orientação, tal, que a gente vai designar um economista
05:38que pode estar te ajudando para aqueles que não têm tanto conhecimento técnico.
05:42Que bacana esse serviço que você está dando para a gente, Ricardo.
05:45Agora, olha só, a gente falou aí de bens maiores, né?
05:48A gente troca de automóvel, de casa.
05:51Mas, no dia a dia, essa taxa mais alta influencia, por exemplo, quando eu vou ao supermercado,
05:57comprar ali, fazer a compra do mês, tem influência?
06:00Juros do cartão de crédito, naquela comprinha que eu gosto de fazer ali da roupa no fim do mês,
06:06influencia?
06:08Então, vamos iniciar pelo cartão de crédito, né?
06:10Que é uma ferramenta importante, desde que a gente consiga utilizar com inteligência, né?
06:16Então, o cartão de crédito, ele tem uma taxa de juros, uma das maiores taxas de juros do mercado.
06:21Em torno de 450% ao ano.
06:23É uma taxa muito elevada.
06:25Então, o ideal, primeiro, quando a taxa Selic se eleva,
06:28a tendência é que os juros do mercado também aumentem um pouco, né?
06:32Essa é uma tendência.
06:34Até porque na economia não é uma ciência exata, né?
06:36É uma ciência social aplicada.
06:38Então, o que acontece?
06:39A tendência é que vai se elevar um pouquinho mais.
06:41E se você compra no cartão de crédito, tem que ter muito controle.
06:44E eu recomendo até para as pessoas, faça uma análise, uma reflexão.
06:49Se você consegue comprar, primeiro, um limite baixo no cartão de crédito, né?
06:53Essa é a orientação.
06:54Ninguém precisa ter um limite de 10 mil.
06:56Isso incentiva você a consumir mais.
06:58Comprar só aquilo que você precisa e pagar o valor total da fatura até a data de vencimento.
07:03Aí você consegue utilizar.
07:04Quando você descontrola um pouquinho no consumo do cartão de crédito,
07:08você pode ter dificuldade de pagar e vai estar incidindo os juros,
07:12principalmente nesse momento onde a taxa está se elevando.
07:15Com isso, uma dívida pequena pode se transformar em uma dívida impagável
07:19num curto espaço de tempo.
07:21Então, assim, o impacto dos juros para todo mundo, né?
07:24Tanto no cartão de crédito, tanto no supermercado como você bem colocou.
07:28Por quê?
07:28Porque para o comerciante também, ele se utilizar de uma linha de crédito,
07:32ele vai pagar um custo maior.
07:34E ele vai, muitas das vezes, repassar ou 100% desse custo no preço final do produto
07:40ou parte desse aumento, ele passa no preço final do produto.
07:44Então, acaba que aqueles produtos, se isso continuar durando algum tempo,
07:49vão se elevar também devido ao custo do crédito mais caro.
07:52O efeito é realmente muito ruim para a economia, né?
07:55Para praticamente todos os agentes econômicos.
07:57Perfeito.
07:58Chegou aqui muitas...
07:59Chegando muitas perguntas.
08:00Eu vou ler a pergunta aqui da minha chará.
08:02A Bruna Campos, ela é de Vila Velha, obrigada, tá?
08:05Ah, não, perdão, é o Bruno, meu chará.
08:07Bruno, obrigada pela participação.
08:09Ele quer saber, Ricardo, o que seria uma taxa de juros ideal?
08:13Então, a pergunta é extremamente interessante, tá?
08:17Nós não temos uma taxa ideal, até porque, como eu bem coloquei,
08:20nossa economia, a economia não é uma ciência exata.
08:24Ela é uma ciência social aplicada.
08:25O que a gente pretende é o quê?
08:27Diante daquela conjuntura, a gente tem as taxas que são mais compatíveis para aquele momento.
08:33Para a nossa economia crescer, gerar emprego, gerar renda,
08:37nossa economia tem que crescer em torno de 3,5%, 4% ao ano.
08:41Isso aí é o crescimento da economia.
08:43Isso é viabilizado com uma taxa de juros menor,
08:46porque para a economia crescer, o empresário tem que investir,
08:49ele tem que executar projetos, e com isso ele vai gerar emprego e renda, tá?
08:53Então, a tendência da nossa taxa é o quê?
08:56Ela tem uma trajetória de queda.
08:58O que a gente quer é uma taxa menor do que 15%, como está atualmente.
09:02Ela reduzir para 12%, para 10%, para 8%, ela vai designar essa trajetória.
09:07Só que aí, enquanto ela for diminuindo, por isso que não tem taxa ideal,
09:11o governo tem que observar o seguinte, olha, olha a inflação,
09:14que é um outro fenômeno que também impacta no cidadão.
09:17Se com essa redução a inflação aumentar,
09:19aí o governo tem que controlar essa queda para não fazer com que uma queda brusca na taxa de juros
09:26provoque um efeito inflacionário que corrói o poder de compra do cidadão.
09:30Na prática, o que é esse efeito da inflação que a gente está colocando?
09:34É você comprar com o mesmo valor, cada vez menos quantidade de mercadoria.
09:39Você vai para o supermercado, vai comprar menos, porque a inflação corrói o poder de compra.
09:42A gente fala que o nosso dinheiro está perdendo valor, né?
09:44Exatamente. Então, assim, os juros têm que diminuir, pode diminuir para 10%, 8% e tal,
09:50só que isso não pode cair para você pensar assim,
09:54ah, uma taxa de 3%, 4% é o ideal?
09:56Não, porque tem que ver que efeito que essa redução vai provocar na economia,
10:01principalmente na inflação, entendeu?
10:03Se ela estiver provocando uma alta na inflação, a taxa vai ter que aumentar um pouquinho.
10:07Então, o governo fica meio que controlando, monitorando aquilo ali.
10:11O que a gente pode atentar para a pergunta é que, do nível que está,
10:18ela está muito elevada e está prejudicando a economia.
10:20Ela tem que se reduzir mais um pouco.
10:22Mas não tem faixa ideal, taxa ideal, não,
10:27porque isso depende muito das características particulares da economia de cada país.
10:30Perfeito. Ricardo, nosso tempo está quase acabando,
10:32mas dá tempo da gente explicar para quem está em casa.
10:35Esse momento, para quem tem um dinheirinho guardado,
10:38às vezes a pessoa tem ali suado o dinheirinho,
10:41que deixa numa poupança,
10:43dá para a pessoa se beneficiar desse momento, então,
10:46e tirar o dinheiro da poupança e investir em algum outro lugar?
10:49Vai render mais o dinheiro dela?
10:50Sem dúvida.
10:51Primeiro, eu queria colocar rapidamente que a poupança,
10:53ela não é um produto financeiro para a pessoa ter altas rentabilidades.
10:58A poupança é um mecanismo para garantir,
11:00principalmente para aquela pessoa mais humilde,
11:02aquele pequeno poupador,
11:03é uma proteção contra os efeitos da inflação.
11:07Esse é o papel da poupança.
11:08Por isso que a sua rentabilidade gina em torno de 6%.
11:11É muito pequenininha.
11:12Quem quer investir tem que buscar outros produtos,
11:15como LCI, LCA, CDB,
11:18são alguns produtos.
11:19E a gente sempre orienta.
11:21Ao invés de você investir em um produto apenas,
11:23você monta uma carteira de investimento.
11:26A carteira é um conjunto de produtos.
11:27Tem algumas instituições financeiras que montam essa carteira.
11:31Então, a gente sempre recomenda para que eles utilizem isso
11:34e procurem uma orientação técnica para montar essa carteira.
11:37Ricardo Paixão, economista,
11:38dando uma aula para a gente aqui de economia,
11:41para a gente tentar se sair bem aí nesse momento,
11:44que está difícil para todo mundo.
11:46Muito obrigada pela participação e até a próxima.
11:49Esse assunto é extenso, tem um monte de perguntas,
11:50a gente poderia ficar aqui o dia inteiro.
11:52Até uma próxima, Ricardo.
11:54Valeu, obrigada pela participação.
11:57Tchau, tchau.
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