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No Papo Saudável desta semana, o neurologista Dr. Leandro Teles revela em detalhes sobre seu livro chamado Desafios do Cérebro. Na obra, ele explica sobre desafios que muitas pessoas enfrentam voltados para a saúde mental como ansiedade, esgotamento profissional, e distúrbio do sono.

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Transcrição
00:00E para passar esse assunto alíquo, e quem sabe ajudar muitas pessoas que sofram com esses problemas,
00:11eu tenho o prazer de receber o neurologista doutor Leandro Telles.
00:17Doutor Leandro Telles, prazer em receber, autor desse belíssimo livro, Os Nossos Desafios do Cérebro.
00:25Esse livro, Os Novos Desafios do Cérebro, é um livro que cada capítulo é sobre um desafio moderno.
00:31Então a gente fala sobre ansiedade, depressão, esgotamento profissional, distúrbio de sono,
00:36todos os sintomas e as doenças que a gente tem visto com mais intensidade na atualidade.
00:42Bom, vamos lá. O que é ansiedade?
00:45Ansiedade é um conjunto de modificações. Então todo mundo, saudável ou não, tem um pouco de ansiedade.
00:51É um conjunto de alterações que antecedem o estresse. Então é aquela coisa antecipada.
00:57A pessoa tem sintomas psicológicos, sintomas físicos e sintomas intelectuais.
01:02Ela pode sentir um pouco de medo, de insegurança, de tensão. Ela se volta um pouquinho para o futuro.
01:07Fisicamente ela pode sentir o coração palpitando, um pouquinho de falta de ar, tontura.
01:13Todo mundo tem isso de vez em quando, Márcio.
01:14Só que algumas pessoas têm isso de forma muito mais intensa, mais significativa e de maneira mais ocasional,
01:22diante de inimigos mais leves. Aí é doença, transtorno de ansiedade, muito comum.
01:27A ansiedade, então, em certo ponto, ela pode nos fazer bem, né?
01:30Porque, por exemplo, se eu tenho uma reunião e eu ficar um pouco ansioso, me preparar e tal,
01:36até certo ponto ela vai, enfim, ser um sinalzinho ali para que eu entre mais alerta, que eu performe melhor.
01:44Quando que a ansiedade passa a ser um problema?
01:46A colocação é perfeita. A ansiedade, ela é um presente da evolução e é algo normalmente bom.
01:52Quando ela é com um tamanho ok e quando ela está diante de um alvo.
01:57Aquele alvo, ele vai ganhar um foco, um protagonismo.
02:00Então, antes de um esporte, antes de uma prova, de uma entrevista, é natural eu me sentir um pouco ansioso.
02:06O corpo, ele se prepara para lutar, para fugir.
02:08Então, essa ansiedade, ela é benéfica.
02:11Mas, em alguns casos, e no Brasil, quase 10% da população tem doença, ansiedade.
02:17É quando esses sintomas que eu falei, físicos e emocionais, acontecem ou diante de nada ou desproporcional ao que está acontecendo.
02:25Eu estou na minha casa assistindo um programa de televisão, de repente eu tenho um medo, uma insegurança, uma tensão, palpitação.
02:32Então, síndrome do pânico, fobias, aquela pessoa que tem medo de falar ou se expor ou de fazer um contato social.
02:40Então, a ansiedade, quando ela está fora de hora ou quando ela é muito prolongada e intensa, ela pode ser uma patologia.
02:48Perceba que não é ter ou não ter, é a quantidade de sintomas e a situação que deu origem.
02:52Então, quando a gente tem esses dados, assim, o Brasil é o país mais ansioso do mundo.
02:57Quase 10% da população tem ansiedade.
02:59Está falando dessa ansiedade que já traz um prejuízo?
03:03Exatamente.
03:04Quando a gente fala 10% da população tem ansiedade, essa ansiedade é a ansiedade patológica, é doença.
03:11É aquela pessoa que tem mais dias no mês ansiosos ou que tem crises mais fortes.
03:16A gente tem vários cenários ali.
03:18O TAG, ansiedade generalizada, o pânico, as fobias.
03:22Então, se somar tudo, dá 10%.
03:23Porque se fosse pensar quantos brasileiros têm ansiedade normal, 100%.
03:29Na verdade, todo mundo tem que ter um pouco de ansiedade.
03:33Diante do que vale a pena, seria até uma doença não ter.
03:36Aquela pessoa que tem uma frieza diante de tudo.
03:39Não.
03:39A ansiedade, ela acaba também antecipando um pouco do prazer.
03:43Quando eu vou fazer uma viagem, por exemplo, é legal programar, pensar.
03:47Eu vim aqui para fazer o programa com você, eu fiquei um pouco ansioso no caminho.
03:50É uma antecipação.
03:52Você já meio que pensa, tal, como vai ser.
03:54Exatamente.
03:55Mas tem que ter um nível.
03:56Acima disso, a ansiedade, ela te paralisa.
03:59Ela gera um medo, uma fobia.
04:01E aí eu começo a me esquivar.
04:02Eu evito aquela situação para não passar mal.
04:06Ou aquilo é tão intenso em mim que me atrapalha.
04:09Essa pessoa pode ficar irritada, impaciente.
04:12Pode prejudicar o sono.
04:13Isso que eu ia falar.
04:14As pessoas têm relatado que têm dormido pior.
04:1872% dos brasileiros relatam que têm um sono insuficiente ou, enfim, de má qualidade.
04:23E a grande maioria delas relatam que elas são muito ansiosas e a cabeça não para de pensar.
04:30A ansiedade atrapalha muito o sono?
04:32Atrapalha muito.
04:33A ansiedade é muito relacionada à vigília, ao acordado.
04:37Quando a gente está ansioso, a gente libera mais cortisol, mais adrenalina.
04:40A gente fica mais vidrado, mais tenso.
04:42O sono é o contrário disso.
04:44Para um sono de qualidade, eu tenho que estar relaxado.
04:46Minha mente não pode estar focada com os problemas do dia anterior, nem muito focada nos problemas do dia seguinte.
04:53Senão, eu vou ficando pensando, ruminando, reverberando.
04:56À noite, é muito importante quem tem muita ansiedade se preparar mais para o sono.
05:01Afastar-se dos problemas do trabalho, fazer uma atividade de transição entre o dia pesado e a noite de sono.
05:08Diminuir a luz, ter uma alimentação menos estimulante, mais calma.
05:12Às vezes, ouvir uma música, cuidado com o excesso de luz, cuidado com a tensão, de levar ao trabalho.
05:18O problema é que hoje o celular vai com a gente e o celular, ele liga muito, ele não desliga.
05:25A gente vai se envolvendo, se envolvendo.
05:27E aí, quem é muito ansioso, tem dificuldade em pegar no sono, tem dificuldade em manter o sono, acorda mais de madrugada.
05:33E, às vezes, quando acorda, acorda pensando já.
05:36Então, cuidado, porque o corpo é meio camaleão.
05:38Se você oferecer guerra para ele de dia, ele não vai desligar à noite.
05:42Então, um dos primeiros sintomas da ansiedade é a má qualidade de sono.
05:46Agora, você falou de ir se preparando para dormir, isso é interessante, né?
05:50Porque a gente não tem um botão no nosso corpo, assim, vou desligar e em um segundo eu durmo.
05:56Tem essa fase de transição, né?
05:58Total.
05:59Isso talvez seja a dica mais preciosa para as pessoas que estão acompanhando essa matéria.
06:04A gente fala, ah, o sono não veio, não é o sono que tem que vir.
06:06Eu tenho que ir em direção ao sono.
06:07Eu tenho que induzir.
06:09Isso.
06:10É uma coisa de proposital.
06:12Hoje em dia, porque hoje em dia o sol não se põe mais, a gente tem luz elétrica.
06:16Hoje em dia as coisas não se acalmam naturalmente como antigamente.
06:20Então, a gente precisa ajudar.
06:21A gente precisa diminuir um pouco, a gente precisa se dedicar.
06:23Então, é uma massagem, um relaxamento, uma oração, uma música mais calma.
06:28Os televisores ficam cada vez maiores, os quartos menores.
06:31O celular acaba levando muita energia.
06:34A melatonina não consegue subir porque a iluminação não cai.
06:39Então, a gente precisa agora cuidar do sono.
06:41A gente é meio que...
06:43Eu falo que a gente é um Robin Hood às avessas.
06:45A gente rouba do sono para dar para a vigília.
06:48Então, a gente acorda cada vez mais cedo porque trabalha longe.
06:51E dorme cada vez mais tarde porque a vida fica espremida à noite.
06:56A gente trabalha de dia e a gente tem a noite para viver, para assistir uma série, um filme, para ler.
07:01Só que daí a gente quer viver e a gente rouba do sono.
07:04Rouba um pouquinho aqui, um pouquinho ali.
07:06Só que esse sono é muito precioso e ele tem que estar entre dois dias.
07:09Então, a gente começa a roubar e daqui a pouco a gente começa a dormir seis horas, cinco horas, seis horas e meia.
07:14E dorme também sem qualidade, em ambientes tumultuados, com a cabeça a mil.
07:18Isso não é legal porque a médio e longo prazo o sono é mais importante do que a vigília.
07:23Ele já tem só um terço do tempo.
07:26Roubar do sono e dar para a vigília não é fazer um bom negócio.
07:30Não é uma boa troca.
07:31Não é.
07:31Eu quero a sua opinião sobre a atividade física em relação a esses quadros de ansiedade, autoestima e melhorar o humor.
07:39Absolutamente fundamental.
07:41Uma verdade absoluta em todos os estudos em depressão e ansiedade.
07:46A atividade física regular, principalmente se ela estiver envolta também com prazer, com socialização.
07:52Então, a escolha é muito pessoal.
07:55Ela está associada com a ação antidepressiva, a ação anti-ansiedade e uma ação reguladora de sono.
08:00Isso é direto pela atividade física, ganho muscular, pela questão cardiovascular, pelas substâncias que são eliminadas na atividade física.
08:08Mas também indiretamente.
08:10Quem faz exercício também tem uma melhora na autoestima, tem uma melhora no grau de inflamação sistêmica, que está associada também a doenças em saúde mental.
08:19O controle do peso também tem uma ação positiva no sono.
08:23A gente sempre recomenda uma atividade física regular, pelo menos ali 7,80, 200, 240 minutos por semana.
08:31Preferencialmente de manhã até o começo da noite.
08:34Algumas pessoas, quando fazem atividade física muito tarde, podem se sentir um pouco mais ligados.
08:39Isso pode atrapalhar o início do sono.
08:41Não é com todo mundo que isso acontece.
08:43E é muito importante entender que a atividade física, ela não é só a atividade formal, da academia, do esporte.
08:50É simplesmente colocar movimento nas suas atividades do dia a dia.
08:55Isso, ele é diretamente relacionado com a sua saúde emocional.
08:59Eu digo mais, também com a sua saúde intelectual.
09:01Você melhora a criatividade, a atenção, memória e se protege.
09:05Aprendizagem.
09:06Aprendizado.
09:07Produz novos neurônios.
09:08Exatamente.
09:09Hoje a gente olha o sistema músculo-esquelético muito mais do que um sistema de movimento.
09:15Mas é um sistema metabólico, endócrino, hormonal, que leva a uma profunda proteção do sistema nervoso central.
09:24Então, em qualquer idade, nunca é cedo demais, nem tarde demais, fazer músculo, perder gordura e se movimentar de maneira regular, isso está associado a muita, muita saúde.
09:35É a principal farmácia e mais importante do que a maioria dos remédios que a gente tem hoje na farmácia.
09:40E você tocou nesse ponto interessante da atividade física, né?
09:43Às vezes a pessoa tem uma dificuldade para dormir, ela faz a atividade física.
09:49Isso não significa que eu fiz a atividade física hoje e hoje já vou dormir bem.
09:54Mas esse benefício, ele acaba vindo com essa prática regular que você falou.
09:58E aí tem um outro ponto que você tocou também, que é da atividade física muito próxima ao horário de dormir.
10:05Se for uma atividade física muito intensa, com muita liberação de adrenalina, por exemplo, o pessoal vai jogar uma peladinha.
10:12Pô, é grita e vai, disputa e corre e libera adrenalina.
10:16Normal, né? Que demore ali uma hora e meia, duas horas para a temperatura baixar.
10:21Exatamente. Por isso tem que tomar cuidado.
10:23As pessoas que estudam de sono precisam fazer exercício físico regular um pouquinho mais cedo.
10:27Próximo da hora de dormir, é melhor uma atividade mais leve.
10:30Um alongamento, uma massagem, então alguma coisa, uma meditação.
10:35É aquela coisa de desligar um pouco o cérebro.
10:37E você falou uma coisa muito importante.
10:39A atividade física, ela tem um benefício a médio e longo prazo.
10:42Então coloca a atividade, não espere uma melhora do humor imediato.
10:47Aliás, o próprio corpo vai dar sinais de que não quer se exercitar.
10:51Dor muscular.
10:52Então você vai na manha.
10:53Vai aumentando devagarzinho, sempre com uma assessoria de um educador físico.
10:58Então vai colocar isso e vai se perceber que em alguns meses você vai melhorar.
11:02E é curioso que você perdendo também massa gorda e ganhando massa muscular, você melhora
11:07a pineia do sono, diminui ronco.
11:11E se você associar isso a uma redução de tabagismo e de álcool à noite, porque muita
11:15gente bebe um alquinho para dormir.
11:17Você melhora mais ainda a qualidade do sono e começa a perceber que o seu sono é mais
11:21reparador.
11:22Você acorda se sentindo mais descansado.
11:25É uma ação silenciosa do exercício.
11:28Perceba que a gente até brinca que você começa a dormir quando você acorda.
11:31Quando você acorda e escolhe uma atividade física de manhã, você já está ajudando
11:36o seu sono na noite.
11:37Na noite.
11:38E aí a gente vai falar um pouco do burnout, que também é outra situação que está
11:42muito recorrente no Brasil.
11:43mais de 30% das pessoas relata algum tipo de problema nesse sentido.
11:50Eu fui dar uma palestra numa empresa e a moça do RH virou para mim e falou assim, eu
11:58sou diretora de RH há 27 anos aqui.
12:02A gente nunca teve tanto programa voltado para a saúde da mente.
12:07A gente nunca teve tanto programa de benefício para os nossos funcionários.
12:12Hoje a gente tem cerca de 40 programas, sendo que quase 50% relacionado à saúde da mente.
12:20Porém, é a segunda maior causa de afastamento e nunca foi tão alta a causa de afastamento
12:27que são as doenças da mente.
12:29E aí eu fiz uma pergunta para ela.
12:31Ela falou que trabalha aqui há 27 anos.
12:35Há 27 anos, as condições de trabalho nessa empresa eram melhores ou piores do que hoje?
12:41Ela falou, muito melhor, muito piores.
12:43Hoje é muito melhor.
12:45Falei, quando você entrou, tinha algum programa de benefício, principalmente voltado para a saúde da mente?
12:51Ela falou, não, zero.
12:53Aí eu falei, você não vê um paradoxo aí?
12:56Quer dizer, hoje vocês têm uma condição de trabalho melhor?
13:00Uma série de atividades para que o funcionário cuide da saúde mental?
13:05E mesmo assim a saúde tem piorado?
13:08Eu falei, é verdade.
13:08Eu não tinha pensado nisso.
13:10Aí eu falei, você já parou para pensar que o problema não está aqui nessas oito horas que ele passa aqui?
13:16Que é todo o estilo de vida dele?
13:18Que é ele estar conectado o tempo inteiro?
13:21Que, enfim...
13:22E aí eu queria que você abordasse isso.
13:24Porque, invariavelmente, as empresas têm condições melhores de trabalho.
13:28Mais o burnout aumenta.
13:31Isso é uma colocação perfeita.
13:33O burnout é um termo que a gente não pode banalizar.
13:36Existe o processo de burnout, que é o esgotamento baseado no estresse ocupacional.
13:40Aquela pessoa que passa tanto estresse ocupacional que ela tem um colapso.
13:44Um colapso emocional, com sintomas ansiosos, meio depressivos relacionados ao trabalho.
13:49Ela tem um colapso intelectual, cognitivo.
13:51Não consegue mais produzir.
13:52Um colapso físico associado junto a uma grande insatisfação, uma falta de realização profissional.
14:00Então, esse processo existe, mas ele é pontual em algumas situações.
14:05Nesse processo, quando ele existe, o burnout, existem camadas.
14:10Existem questões individuais, que dependem de quem é a pessoa, qual é a genética dela,
14:15que tipo de abdicações ela fez, qual é o estilo de vida, qual o grau de expectativa.
14:19Existe o aspecto da empresa, o quão insalubre é aquela empresa emocionalmente.
14:25Cargo horário, modelos, projeções, comunicação.
14:28E até um outro nível, que é um nível de lei, trabalhista e tal.
14:31Então, o processo do burnout existe, mas existe um pouco de banalização.
14:36E realmente, a gente tem uma geração onde o grau de expectativa é elevado.
14:40Então, é muito comum um certo desbalanço entre o que eu espero ganhar e como eu devo trabalhar
14:46e como é na verdade.
14:47Toda relação de trabalho, ela é estressante.
14:51É impossível um trabalho que não estresse.
14:53Se não chamava lazer, né?
14:54Se não, porque a pessoa recebe, ela vende o tempo dela.
14:57É óbvio que, de vez em quando, tem prazer, tem propósito, mas são atividades repetitivas.
15:03Tem sempre um interesse, ou do cliente, ou do chefe, ou do consumidor.
15:08Então, algum estresse, ele existe.
15:11Para algumas pessoas, isso descamba para um problema de saúde mental.
15:13E aí, é importante dar o termo burnout para criar um vínculo entre a ocorrência daquele paciente e o trabalho.
15:21Para que ele seja afastado, readaptado e que haja uma proteção como uma doença relacionada ao trabalho.
15:29Mas, às vezes, a gente chama de burnout e não é.
15:31É um quadro de ansiedade, é um quadro de depressão que não tem nada a ver com o profissional.
15:36Ou que, simplesmente, é um quadro de desgaste, porque a pessoa está fora de fase, de eixo, ou com outros problemas.
15:43Por isso que o profissional médico, ele é muito importante.
15:46Se você jogar no TikTok, no Google, no chat GPT, você vai se identificar muito com os sintomas de burnout.
15:54Mas lembrar que o burnout, ele é um sintoma final.
15:57O que a gente tem, às vezes, antes disso, é o estresse descompensado.
16:02E aí, a gente precisa fazer uma proteção.
16:03E aí, a pessoa, quando também é meio fora da caixinha, ou está, num momento, fora da caixinha,
16:08enfim, aí eu vou trazer ali, às vezes, uma característica genética,
16:16que não consegue administrar, às vezes, uma pressão que é normal para a grande maioria das pessoas.
16:20Mas aquela pessoa, por uma questão ou de momento de vida, que eu falei de estar fora da caixinha, sei lá,
16:27ela acaba colocando um hiperfoco nessa história que, na verdade, você tem outras questões,
16:35que podem ser genéticas ou de outros problemas da vida.
16:38Isso pode acontecer?
16:39Pode.
16:40Por isso que eu falei que o burnout, ele não pode ser um termo que te isente, né?
16:45Falar, estou passando por um burnout, tua minha empresa é terrível.
16:48Calma.
16:49Às vezes, sim.
16:50Às vezes, é um problema sempre sendo empresa, que é insalubre ali.
16:52Mas, às vezes, é uma dificuldade entre condições individuais e questões ambientais.
16:58Então, é importante a gente entender, sim.
17:00No processo de burnout, com definição médica, é muito comum a pessoa já ter um padrão de workaholic
17:07ou de trabalhar de forma viciada ou excessiva.
17:12Às vezes, já tem um estilo de vida que não é saudável.
17:16Às vezes, já com substâncias, com álcool, não faz exercício físico.
17:20Perceba que existe um contexto, né?
17:23Onde a empresa é uma das coisas, mas tem a pessoa e o momento.
17:28E a gente tem que separar o joio do trigo.
17:30O burnout tem o vínculo com relação ao trabalho, mas outras coisas que parecem muito burnout,
17:35às vezes, são distúrbios de sono, quadros de ansiedade, quadros de depressão.
17:40E o trabalho entra, às vezes, na seara geral daquela pessoa, né?
17:44Uma das coisas que eu acredito e falo muito.
17:47Você falou duas vezes aqui.
17:48Você falou multitarefa e agora você falou fazer uma coisa de cada vez.
17:53Eu falo o seguinte.
17:54A gente não é multitarefa.
17:57O nosso cérebro, ele alterna a atenção.
18:01Então, eu dou sempre o exemplo do cara que está dirigindo.
18:04Então, ele está dirigindo.
18:05É o foco dele, é a atividade dele.
18:08Mas ele acha que está tudo sob controle.
18:12Aí, ele vai mandar uma mensagem de texto.
18:15Então, ele alterna a atenção.
18:16Aí, dali a pouco, o sinal abriu, alguém buzinou, porque ele alternou a atenção.
18:20E sempre que a gente tem celular, tem não sei o quê, pá, pá, pá,
18:26todo mundo tentando fisgar a nossa atenção,
18:30a gente começa a ficar alternando a atenção de vários estímulos,
18:35na minha opinião, isso sobrecarrega muito o cérebro.
18:38Então, essa dica que você deu de tentar fazer uma coisa de cada vez é uma coisa que eu trouxe para a minha vida.
18:43Isso é uma percepção minha ou realmente isso pode funcionar?
18:48Isso pode funcionar e funciona muito.
18:50Quando a gente está no multitarefa, a gente está em uma forma falsa.
18:54É uma falsa multitarefa.
18:56O cérebro está fazendo uma força absurda para intercalar.
18:59Ele vai rodar uma coisa em segundo plano, meio num piloto automático.
19:02Então, o cérebro, ele até pode dar conta, se for uma coisa muito simples.
19:07Mas ele vai cansar demais, ele vai ter impacto emocional.
19:10Vai aumentar o número de erros, né?
19:12O número de erros.
19:12Então, você vai fazer mais coisa com menos qualidade.
19:16Como aquele malabarista que está rodando mais bolas ou mais pratos,
19:21ele vai começar a derrubar pratos.
19:23E o boleto chega na forma de depressão, de ansiedade, de fadiga, cansaço, soro não reparador.
19:30O cérebro, o cérebro, ele fala que aquilo está equivocado.
19:33Fazer uma coisa de cada vez seria o melhor dos mundos.
19:36Qualidade alta, algo que você...
19:38Então, comer, come, pensando, mastigando.
19:42Eu vou assistir uma série, então vamos assistir uma série.
19:45Agora, cuidado, porque a nossa atenção hoje é o ativo mais precioso.
19:49O cara está assistindo série no celular, pô.
19:52Olha que loucura.
19:53Às vezes, um negocinho pequeno e a série já quer a nossa atenção.
19:56Então, ela já vem um gancho.
19:58Então, cuidado.
19:59Eu vou dar uma olhadinha na rede social e lá eu fico um tempo.
20:02Ou eu vou jogar um joguinho e eu fico preso.
20:04Essa questão da dopamina rápida, fácil, que sequestra o cérebro,
20:09ele rouba uma coisa que a gente não tem, que é tempo.
20:12E a segunda coisa que a gente não tem é energia.
20:15Não dá tempo para tudo, nem energia para tudo.
20:18Alguma coisa vai dançar.
20:20Então, fazer uma coisa de cada vez, principalmente aquilo que você quer excelência,
20:24ou aquilo que te faz bem, é uma dica preciosa.
20:27Você vai perceber que o seu cérebro vai começar a rodar melhor.
20:31Porque senão ele vai bugar.
20:32Você empilhou.
20:33Tem hora que não tem jeito, que as coisas acontecem ao mesmo tempo.
20:37Mas, na média, dá para a gente desligar uma rede social, fazer uma atividade,
20:42criar anteparos para que tudo não tenha que passar pela gente,
20:46recusar projetos que não vão te agregar.
20:49A gente vai ter que entender que o cobertor é curto.
20:51Olha, eu falei de energia e tempo, mas a gente também não tem dinheiro para tudo.
20:55Então, são três variáveis que a gente tem que escolher na vida.
20:59Porque fazer as coisas rapidamente em multitarefa,
21:01significa também não memorizar com clareza.
21:05A gente tem a impressão que o ano passou rápido,
21:07a gente não fixou nada.
21:08Na verdade, é que a gente não teve densidade multissensorial.
21:12Fazer tudo e fez tudo muito superficialmente.
21:15Percebe que a gente perde a única coisa que a gente tem,
21:18que é a memória e a vivência.
21:20A vivência depende de uma intensidade, de uma profundidade que é multissensorial.
21:25E depende que as coisas estejam no foco da nossa atenção.
21:28É, e é isso.
21:30Acho que só com a maturidade,
21:33às vezes, algumas pessoas nem com a maturidade,
21:36a gente vai entender que a gente não vai fazer tudo,
21:38não vai saber de tudo,
21:39que você tem que fazer escolhas.
21:41Porque senão o seu cérebro não vai dar conta disso,
21:44o seu tempo é limitado.
21:46E essa coisa de você querer fazer tudo, abraçar o mundo,
21:49fica tudo muito superficial e vem essa sensação que você falou.
21:52Nossa, como o ano passou rápido.
21:54Mas será que é porque você também me ocupou demais fazendo essas coisas?
21:57E aí a última pergunta que eu queria te fazer,
21:59você falou de fazer pausa,
22:01de arrumar alguma coisa que te relaxe e tal.
22:03E claro, para cada um é uma atividade.
22:07Um momento para mim, do dia, que faz toda a diferença,
22:14é o momento que eu fico com os cachorros.
22:17É que eu dou a desligada,
22:19obviamente você está com o cachorro, você não está com o celular,
22:21você não está com nada, você tem esse afeto.
22:22Como importante é cada um descobrir aquilo que te faz desligar
22:28e colocar isso no cotidiano?
22:31Eu acho que essa é a grande arte da vida, né?
22:33A gente olhar e perceber no hall de atividades,
22:36sei lá, para que santo eu rezo,
22:38para que música eu escuto.
22:40E isso vai mudando com a idade.
22:42Mas uma dica que eu acho legal,
22:44é assim, em vez de ficar inventando uma coisa muito nova,
22:46a gente que já é adulto,
22:49uma dica que eu faço assim,
22:50pensa no seu passado,
22:52em coisas que você gostava de fazer
22:54quando você era adolescente ou jovem,
22:57sei lá, eu gostava de dançar, eu gostava de cantar,
22:59eu gostava de jogar vôlei ou xadrez.
23:03Porque na vida adulta,
23:04a minha intenção é que a gente vai abdicando dessas coisas,
23:07em prol de carreira, de outras atividades,
23:11e a gente esquece depois de fazer o caminho de volta.
23:14Então muitas das coisas que a gente gosta de fazer,
23:15já estão com a gente.
23:17A gente já tinha esse projeto.
23:19Então olha para trás as coisas que você abdicou,
23:21deixou de fazer.
23:22E aí você vai ter que investir.
23:24Investir tempo,
23:25às vezes até um pouco de dinheiro,
23:27mas você vai ter que entrar de novo nisso.
23:29Quantas pessoas que depois da maturidade
23:31voltam a fazer um esporte,
23:33voltam a fazer uma atividade de lazer,
23:35ou uma atividade artística,
23:37ou uma atividade religiosa.
23:38E aquilo que te faz bem
23:39é a coisa mais importante da vida.
23:41Tem que ter.
23:42É o seu protagonismo.
23:44Ali eu sou protagonista.
23:44Uma coisa que só importa a mim,
23:46que só faz bem a mim,
23:47é isso que é o que é mais valioso.
23:50Porque isso não só vai me fazer feliz naquele momento,
23:52mas vai me habilitar
23:53para eu fazer todo o resto.
23:55Que é ser um bom pai,
23:56ser um bom esposo,
23:57um bom médico,
23:59um bom sei lá o quê.
24:00Então,
24:00é muito importante esse tempo,
24:02essa energia.
24:03Hoje,
24:03a gente olha o bolo da vida
24:05e o nosso pedaço é muito pequeno.
24:07Então a gente precisa aumentar
24:07esse pedacinho do bolo e comer logo.
24:09Porque não vai dar tempo
24:10de comer lá na frente, não.
24:11boa.
24:11Boa.
24:12Boa.
24:13Boa.
24:33Boa.

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