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  • 20/06/2025
Felipe Moura Brasil comenta a demissão de Luiz Henrique Mandetta do cargo de ministro da Saúde por Jair Bolsonaro e sua substituição por Nelson Teich. Assista.
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Transcrição
00:00Salve, salve! Sejam bem-vindos, leitores e espectadores de O Antagonista.
00:03Eu sou Felipe Moura Brasil e, nesta quinta-feira, 16 de abril de 2020,
00:07prevaleceu a inveja sentida pelo chefe mimado.
00:10Jair Bolsonaro, em vez de reconhecer que desdenhou do coronavírus,
00:14demitiu Luiz Henrique Mandetta do cargo de ministro da Saúde
00:17por não ter se curvado à sua estupidez durante a pandemia.
00:22E o bolsonarismo fritou e segue fritando nas redes sociais e em disparos de WhatsApp
00:26o Mandetta porque teme a sua popularidade, teme que ele seja um rival à altura na eleição de 2022.
00:34Ele que apareceu na última pesquisa do Atlas Político com avaliação positiva de 64%
00:39em primeiro lugar entre os integrantes do governo,
00:41enquanto Bolsonaro apareceu apenas na quarta posição com 39% atrás também de Sérgio Moro e de Paulo Guedes.
00:48O primo do Mandetta e deputado federal Fábio Trad escreveu que ser demitido deste governo,
00:53governo Bolsonaro, é ser absolvido pela história.
00:56E falou que a fritura do Mandetta é sórdida e patrocinada pelos lacaios de Bolsonaro.
01:02O que chamou a atenção nas duas coletivas, a do Mandetta e a do Bolsonaro,
01:06foi a diferença de postura, de semblante dos dois.
01:11O demitido saiu de cabeça erguida, altivo, até bem-humorado,
01:16falando bem da sua equipe, exaltando o trabalho de todos,
01:20mostrando o quanto aprendeu com eles, enquanto o presidente da república
01:24estava abatido, fraco, inseguro, demorando para falar cada palavra,
01:30sentindo que era um momento de tensão, de mudança,
01:34numa peça-chave nesse período de comoção nacional, período de muita sensibilidade.
01:40Estava nítido isso pela imagem, pelo comportamento do Bolsonaro,
01:44que foi alvo de panelaço mais uma vez durante o seu discurso,
01:48evidentemente transmitido por algumas emissoras.
01:51Alvo de panelaço no Rio de Janeiro, e aí vários bairros fizeram,
01:54como Barra, Tijuca, Leblon, Ipanema, Copacabana, Flamengo, Jacarepaguá,
01:58em Niterói também.
02:00Aqui em São Paulo, foi alvo de panelaço nos arredores da Avenida Paulista,
02:04Jardins, Bela Vista.
02:05Foi alvo em Higienópolis, Vila Madalena, Sumaré.
02:08Também teve panelaço em Taubaté, teve lá em Porto Alegre,
02:12teve relatos de panelaço no Rio Grande do Norte, em várias cidades,
02:15e tudo desde a notícia da demissão do Mandetta,
02:18e principalmente durante a fala do Bolsonaro.
02:21E o que ele falou?
02:22Eu chamei a atenção para alguns pontos durante a transmissão lá no meu Twitter.
02:27Estávamos praticamente voando no final do último trimestre,
02:31disse o Bolsonaro sobre o crescimento no final de 2019.
02:34A economia, segundo ele, estava indo muito bem antes da pandemia.
02:38Mas isso é quase uma gripezinha com sinal invertido,
02:42porque no último trimestre a economia cresceu só 0,5%
02:47na comparação com o trimestre anterior,
02:49embora o governo, claro, prefere dizer que houve o crescimento de 1,7%
02:54na comparação com o último trimestre de 2018.
02:57Mas se a gente pega o ano inteiro,
02:59o crescimento do PIB foi aquele PIBinho,
03:02como ficou apelidado, de 1,1% em 2019,
03:06o menor avanço em três anos.
03:08Em 2017 e 2018 havia crescido 1,3% em cada ano.
03:13E os investimentos também tiveram desaceleração mais forte,
03:17registrando aquela alta de 2,2%,
03:19enquanto em 2018 houve o salto de 3,9%.
03:24O Bolsonaro disse também que sempre falamos em vida e emprego.
03:28Se ele realmente tivesse sempre falado em vida,
03:32sempre essa palavra que ele usou nos seus últimos pronunciamentos,
03:35ele não precisava ficar repetindo ela o tempo todo.
03:38Então é claro que isso é uma mentira.
03:40Lembra que ele falou que há 40 dias eu falo da cloroquina,
03:44e não era há 40 dias coisa nenhuma?
03:47Naquela ocasião eu também ironizei,
03:49falando que há 40 dias ele falava,
03:52e aí fiz uma lista de expressões que ele usou de desdém ao coronavírus por data.
03:57Então ele falou nesse vírus aí, em 27 de fevereiro ainda,
04:01superdimensionado em 9 de março,
04:03muito mais fantasia, 10 de março,
04:06outras gripes mataram mais, 11 de março,
04:08neurose, histeria, 15 de março,
04:11não é tudo isso,
04:12apertar a mão do povo é um direito meu,
04:1416 de março, quer dizer,
04:15dia seguinte daquela manifestação que eu chamei de coronapalusa do domingo,
04:1915 de março,
04:20gripezinha no dia 20 de março,
04:23e repetiu na televisão no dia 24 de março,
04:27no seu primeiro pronunciamento,
04:28talvez o pior das autoridades no mundo,
04:32se botar capinha passa,
04:3421 de março,
04:35então não dá para dizer que ele sempre falou em vida,
04:39ele estava justamente desmerecendo a gravidade dessa pandemia.
04:44E o Bolsonaro posou de conciliador,
04:46falou não condeno, não recrimino,
04:48em relação ao Mandetta,
04:50citando as suas decisões como médico,
04:52como quem entende que ele estava tomando decisões de acordo com aquela especialidade,
04:57como se o Mandetta não tivesse pensado em nada além daquela especialidade,
05:02e o Bolsonaro sim,
05:04vangloriando-se da sua visão mais ampla de presidente,
05:07buscando, portanto, culpar o Mandetta pelos setores parados da economia,
05:12assim como fez em relação aos governadores.
05:15No fundo, a essa altura,
05:17com todas as declarações das autoridades médicas,
05:20o Bolsonaro já sabe que o isolamento social foi fundamental,
05:24pelo menos até aqui,
05:26e ainda é fundamental,
05:28pelo menos nas localidades onde a densidade demográfica é maior,
05:33como São Paulo, como Rio de Janeiro,
05:35inclusive naqueles lugares onde o sistema de saúde está tendo já problemas
05:38para absorver a demanda,
05:40como Manaus e Fortaleza.
05:41No fundo, ele já sabe que isso é necessário
05:44e que os governadores podem levar o crédito por isso,
05:47essa prudência que salva vidas.
05:50E aí ele já quer culpar os governadores para desgastá-los
05:53e pousar daquele que defende os empregos da população,
05:57principalmente da população de baixa renda.
06:00Então ele vai lá e tenta desgastar os governadores,
06:03eximindo-se, claro, sempre de qualquer responsabilidade
06:07pelas consequências das medidas restritivas.
06:10Agora, um planejamento,
06:12uma estratégia de relaxamento dessas medidas restritivas,
06:16é claro que o Bolsonaro não apresentou,
06:18ele simplesmente faz esse discurso,
06:20essa retórica como bravata,
06:22como narrativa que ele tenta emplacar
06:25com a ajuda da sua máquina de militância.
06:28O Nelson Taich,
06:29eu espero que seja assim,
06:31que se pronuncie o sobrenome do novo ministro da Saúde,
06:34afirmou que não fará nenhuma mudança radical no isolamento social.
06:39Ele disse que a primeira coisa é a parte do isolamento,
06:41não haverá nenhuma mudança radical.
06:43O que é fundamental hoje?
06:44Que a gente tenha informação cada vez melhor sobre cada ação que é tomada.
06:48Sem a informação sólida,
06:50começa a trabalhar cada decisão como se fosse tudo ou nada.
06:53É fundamental que a gente tenha informação para seguir nesse trabalho,
06:57para definir qual é o melhor tipo de isolamento.
07:00Então, ele falou, além disso, que era preciso conhecer a doença.
07:05Quer dizer, ele não tem ainda a informação suficiente,
07:09ele ainda não conhece a doença suficientemente.
07:12Eu não estou falando isso como uma recriminação da qualificação técnica dele.
07:17Ele é alguém que tem lá um currículo na área de saúde.
07:21Acontece que, se você não conhece a doença ainda,
07:24se você ainda precisa obter várias informações,
07:27inclusive sobre o impacto dela no país, no sistema de saúde,
07:31como é que você vai pedir o fim do confinamento,
07:36como o Bolsonaro pediu lá no dia 24 de março?
07:39Porque agora ele já saiu falando que eu acho que chegou a um limite.
07:43Para ele, o limite tinha chegado lá atrás.
07:45E imagina se o isolamento tivesse sido relaxado lá atrás.
07:50Então, é preciso colocar as coisas nos seus devidos lugares.
07:53Uma estratégia clara de relaxamento dessas medidas não foi apresentada.
07:57Apenas a retórica do Bolsonaro posando de defensor daqueles
08:01que, inevitavelmente, vão ser prejudicados
08:04em razão da preocupação com a preservação das suas próprias vidas.
08:08O Nelson Taiz encerrou o pronunciamento falando que existe um alinhamento completo
08:12com o presidente Jair Bolsonaro e a equipe do Ministério.
08:15Existe aqui um alinhamento completo entre mim, o presidente e todo o grupo do Ministério.
08:20Quer dizer, é a retórica esperada de, olha, estamos aqui preocupados com a economia também,
08:26não existe esse dilema, saúde e economia, vida e economia, tem que andar juntos,
08:32estão alinhados com o presidente da República.
08:34É essa retórica que era esperada do novo ministro,
08:38sem qualquer ação prática, sem qualquer apresentação de uma mudança em relação ao Mandetta.
08:44Por que eu estou dizendo isso?
08:45Porque isso só confirma que o incômodo do Bolsonaro era com a pessoa do Mandetta, principalmente.
08:53Bolsonaro tinha aquele ciúmezinho, tinha aquela invejinha do protagonismo alheio
08:58num momento de crise sobre a qual o Bolsonaro não entende, não tem conhecimento técnico.
09:03E está lá o Mandetta, que é um bom orador, é um político habilidoso,
09:07aparecendo todos os dias diante das câmeras, dando todas as informações coletadas no Ministério,
09:15com a sua equipe, com os estados, todos os dados que estão chegando dos outros países.
09:19Tudo isso fez com que a população conhecesse o Mandetta,
09:22quisesse acompanhar muitas vezes o seu discurso e o Bolsonaro ficasse em segundo plano.
09:28E agora tem um novo ministro que provavelmente vai aparecer menos do que o Mandetta,
09:32vai incomodar menos o Bolsonaro.
09:35Então, o ministro não apresentou nada de novo em relação às medidas do Mandetta,
09:42mas o Bolsonaro estava lá apresentando, portanto, essa mudança no seu governo.
09:47E ele disse, o Nelson Teixe, o que realmente a gente está fazendo aqui hoje
09:50é trabalhar para que toda a sociedade retome cada vez mais rápido uma vida normal.
09:54A gente trabalha pelo país e pela sociedade.
09:57É isso aí.
09:58Quer dizer, tudo isso é só discurso.
10:00Vamos trabalhar para retomar, vamos voltar à economia.
10:03É discurso, é retórica.
10:05É preciso ver quais serão realmente as medidas práticas.
10:09E em que tempo elas serão tomadas?
10:11Será que não seria igual a retomada proposta pelo Mandetta
10:16conforme a avaliação diária do impacto do coronavírus?
10:20Era simplesmente uma questão pessoal, para mim, fica cada vez mais claro.
10:24Nelson Teixe, numa entrevista ao SBT, também disse que vai elaborar uma política pública
10:29para testar em massa a população.
10:31Era um ponto importante, uma tecla que eu vinha batendo aqui.
10:34O que seria importante?
10:35O teste em massa não significa que você vai testar todo mundo.
10:39O importante é que você tenha uma política.
10:41Você pega todos esses recursos que você tem para ver qual teste eu faço, como faço.
10:46É bom o novo ministro deixar isso claro, porque o presidente, lembra?
10:50Ele está lá, mostrei no vídeo anterior, nas redes sociais, o Jair Carluxo Bolsonaro,
10:55falando que o Brasil tem só sete óbitos por milhão de habitantes,
10:58sem citar que o Brasil tem pouco menos de 300 testes por cada milhão de habitantes.
11:05296 testes.
11:07E os outros países têm milhares e milhares de testes por milhão de habitantes.
11:11Então o novo ministro está reconhecendo que o Brasil não está testando suficientemente.
11:15O problema é conseguir os kits de teste, é conseguir esse equipamento.
11:19O Brasil recebeu 500 mil kits para testes rápidos da China
11:23e estava procurando outras maneiras de produzir ou de comprar.
11:29Eu até fiz uma entrevista com um empreendedor lá de Santa Catarina
11:32que está produzindo esses testes em massa também.
11:35Está disponível aí no canal de O Antagonista.
11:38E o novo ministro da Saúde também comentou sobre essa incerteza
11:40a respeito do futuro da pandemia.
11:42Disse a gente não sabe quando isso vai acabar.
11:45A gripe espanhola teve três ondas, por exemplo.
11:47Não pode achar que na próxima esquina vai acabar.
11:49A gente vive nessa incerteza e insegurança de não saber quando isso acaba.
11:53Com o passar do tempo você vai ter mais testes, testes talvez mais baratos
11:57e assim conseguir melhorar cada vez mais a política.
12:00Quer dizer, o novo ministro está lá assumindo
12:03que não sabe muita coisa a respeito do que fazer ainda.
12:07Então, mais ou menos, o discurso do Mandetta,
12:13só que com um enfoque mais afinado com a retórica do Bolsonaro
12:18e sem expor, como já está se dizendo em Brasília,
12:21que o rei estava nu, que foi o que o Mandetta acabou fazendo
12:24porque era o momento de orientar a população para o isolamento social
12:28e o Bolsonaro, nos seus discursos e nas suas atitudes,
12:31dava a influência contrária, vamos dizer assim.
12:35O Nelson Tais, em um artigo publicado no LinkedIn no dia 2 de abril,
12:41ele elogiou a condução da crise do coronavírus no Brasil.
12:45Para vocês verem, é que isso só confirma o que eu estou falando.
12:48Ele defendeu a adoção de um isolamento estratégico
12:51e chamou de perfeita, perfeita,
12:53essa foi a palavra que ele usou,
12:55a condução da crise pelo Ministério da Saúde.
12:57Citou o exemplo da Coreia do Sul, que promoveu testes em massa
13:00e em nenhum momento mencionou a cloroquina,
13:04cujo uso, repito, é defendido pelo Jair Bolsonaro,
13:07que, aliás, depois disso tudo,
13:10acabou encontrando lá a imprensa em frente ao Palácio da Alvorada
13:13e falou que quem vai convencer os governadores é o povo.
13:15Está havendo manifestações por aí.
13:18No momento, o clima é de pânico.
13:19Com o tempo, o pessoal vai tomando consciência
13:22de que o problema está aí,
13:23como outras doenças existem,
13:25e nós temos de enfrentá-lo.
13:26Isso que o Bolsonaro falou, quer dizer,
13:28mais uma vez jogando com esse medo da população
13:33de ficar desempregado, de passar fome
13:35e posando daquele que está defendendo isso desde o início.
13:39Mesmo que isso, no início,
13:42que a economia não parasse de jeito nenhum,
13:45resultasse em mais contágio e em mais mortes.
13:48Ele omite essa parte e deixa essa parte
13:51para ser um problema cuidado pelos outros.
13:54O Bolsonaro também afirmou que o fim gradativo
13:56do isolamento social é o objetivo do Nelson Taixa.
13:59A decisão dessa forma de agir
14:00foi dos governadores e dos prefeitos.
14:02Mas agora, no Ministério da Saúde,
14:04esse é o nosso objetivo.
14:06O Brasil não tem como manter isso por muito tempo.
14:08Chegamos ao meu entender no limite.
14:10Essa é a declaração a qual eu me referi anteriormente.
14:13Então, esse é o cenário.
14:16Talvez pouca coisa tenha mudado,
14:18mas o discurso do ministro da Saúde
14:21vai contrariar menos o presidente da República,
14:26porque certamente é esse acerto que ele fez nos bastidores
14:28e ele conseguiu se livrar desse incômodo do Mandetta.
14:32Agora é preciso ver como é que a população brasileira
14:35vai reagir a isso tudo.
14:37Eu sou Felipe Moura Brasil
14:38e você acompanha tudo em antagonista.com
14:40e aqui no canal de YouTube,
14:42youtube.com.br
14:43ou antagonista.
14:44Até a próxima.

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