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  • 19/06/2025
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Notícias
Transcrição
00:00Olá antagonistas, vocês pediram, ele está aqui, candidato independente à presidência da república,
00:09temos aí instaurado um governo zumbi de Michel Temer, que está aí nesse cai, não cai,
00:16um grupo de juristas, na verdade vários grupos diferentes de juristas lançaram o nome dele,
00:21Modesto Carvalhosa, que é um dos maiores especialistas, não só no Brasil, mas também no exterior,
00:27em combate à corrupção, decidiu se lançar candidato à presidência da república.
00:34Primeiro quero dizer que é um prazer ter o senhor aqui conosco na TV Antagonista.
00:38É um prazer, Madeline, estar aqui.
00:40Eu sou uma grande admiradora da sua produção acadêmica.
00:44Obrigado, obrigado.
00:45E me intriga muito o seguinte, por que um homem com a sua produção acadêmica,
00:50o reconhecimento que o senhor tem no exterior, assumiria aos 85 anos de idade a tarefa de levar essa nau desgovernada adiante?
01:02É, a questão é o seguinte, eu estava, um grupo de amigos meus, o Helio Bicudo, Flávio Berraimbar e José Carlos Dias,
01:11acharam que nós íamos participar juntamente com jovens advogados que estavam lá presentes nesse dia, na última quinta-feira,
01:21no sentido de mostrar ao Congresso que a sociedade civil está alerta e está querendo participar da política,
01:29inclusive para desalojar esses partidos que estão lá, esses deputados, esses senadores,
01:35esses pessoal, esses políticos profissionais que estão numa posição hoje de realmente domínio do país,
01:43sem qualquer relação com a sociedade civil, completamente apartados do país, divorciados do país,
01:48tratando apenas da sua autopreservação e dos seus assuntos criminais, de corrupção,
01:56e que ali estão isolados num bunker quase que de organizações criminosas,
02:02que os partidos viraram organizações criminosas, de certa maneira,
02:06para se defenderem e aproveitarem agora a eleição indireta para reforçar, através do acordão que eles estão fazendo,
02:14ou a anistia geral deles próprios, ou, no mínimo, refugiar os ex-presidentes,
02:21que estão implicados também nessa questão toda, dentro do foro privilegiado.
02:27Então, o que se tentou com esse convite quase que irresistível,
02:35é de mostrar que a sociedade civil, a partir de agora, está disposta e vai participar da política,
02:42fora dos partidos, com candidatos próprios, com candidatos a bolso,
02:47com candidatos que possam realmente levar a uma renovação completa dos quadros políticos no Brasil.
02:54O senhor não é um sonhador nem inocente, e quem lhe apoia também não é.
03:02O doutor Hélio Bicudo e o doutor José Carlos Dias conhecem as entranhas da política com maestria.
03:08O senhor acha que essa candidatura tem realmente chance,
03:12dado que nós estamos num momento em que todas as raposas da política estão tentando se salvar da maneira que podem?
03:19É, realmente você vê essa reunião entre o Fernando Henrique, o Lula e o Sarney,
03:27só faltou o Collor, não é? O Collor não foi convidado?
03:30Nossa, o Sarney participou por esse cargo, a gente não sabe.
03:32Para criar realmente esse grande acordo em que todo mundo, realmente, vamos passar a limpo,
03:40o país passar a limpo, eles próprios.
03:43Então, você vê que a população não admite mais isso e aqueles que têm, como o Hélio Bicudo,
03:51o Zé Cardizio, o Flávio e todos os jovens advogados que estão entusiasmados com essa ideia,
03:57mostrar que realmente nós não nos conformamos com isso.
04:01O eleitorado brasileiro, a sociedade civil brasileira não quer mais essa gente,
04:06não quer mais esses partidos também.
04:08Daí a ideia de que, a partir de agora, nós vamos realmente nos mobilizar,
04:13não só para essa eleição indireta, dizer que nós queremos uma candidatura da sociedade civil,
04:19fora do conciliabo deles lá,
04:23e também preparar quadros para serem candidatos a deputados, senadores,
04:30presidente da república, governador, na próxima eleição de 2018.
04:38Quer dizer, a sociedade civil agora não apenas está indignada,
04:42ela está com vontade de agir também, e participar também.
04:45Chega só de indignação.
04:47Queremos a ação também.
04:48A gente está num momento em que as pessoas estão abrindo mão dos seus projetos pessoais
04:55em prol de participar desse espírito público, porque durante muito tempo,
05:00verdade seja dita, nas famílias que se dizem, vamos, aquele velho clichê, pessoas de bem,
05:07quando um filho falava, eu vou entrar para a política, era uma coisa de morte para a família.
05:11Ninguém queria que um filho entrasse para a política.
05:14Era uma vergonha.
05:15As pessoas não queriam, achavam que era um meio sujo.
05:18Existe alguma maneira de se reverter isso?
05:21Ou ainda continua meio que sendo uma vergonha um filho entrar na política?
05:24O caso é o seguinte, toda crise, como essa crise já prolongada que nós temos de vários anos,
05:31levou a uma politização da sociedade brasileira como jamais houve.
05:35E eu vejo isso na minha casa.
05:38Todo mundo está politizado, todo mundo está indignado, como eu falei,
05:43todo mundo está querendo participar, está querendo expelir esse pessoal de lá,
05:48não quer mais corruptos mandando no Brasil, e realmente está querendo participar.
05:53Acabou isso.
05:54Quer dizer, hoje nós temos uma politização da sociedade brasileira que eu acho que é absoluta, total,
06:01independentemente de classes sociais, de ser de bem, ou de ser de bem, quer dizer, burguês.
06:07Quer dizer, hoje também as classes trabalhadoras, todo mundo, a classe média,
06:12está em massa interessada na política,
06:15e com projetos de como sair dessa situação de ser dominada por gente que é absolutamente desclassificada,
06:23no ponto de vista não só político, mas no ponto de vista pessoal,
06:27pelo envolvimento em todas essas atividades de corrupção que os partidos e os parlamentares,
06:34em grande parte, estão envolvidos.
06:36Parece, para a gente sempre, que é algo tão entranhado na política brasileira que nunca a gente vai conseguir tirar.
06:50O senhor acha que existe mesmo a possibilidade real desse governo Michel Temer cair
06:56e da gente conseguir emplacar um governo que seja do jeito que a sociedade brasileira sonha, honesto?
07:04Porque é o seguinte, aí, Madeleine, nós temos um fenômeno mundial,
07:12pelo menos um novo mundo ocidental, claro,
07:15em que a cidadania, a sociedade não admite mais os partidos, não quer mais saber de partido.
07:23Os partidos políticos são necessários, é claro, para organizar todas o parlamento,
07:29o poder legislativo e o próprio presidente e tudo,
07:34mas a população não quer mais desses partidos selecionais que estão aí.
07:39Absolutamente, as pessoas querem votar em grupos, em movimentos,
07:46que possam trazer renovação.
07:49Por exemplo, na França, agora nós tivemos a eleição do Emmanuel Macron,
07:53fora dos partidos, ele inventou lá um tal de movimento Amarche,
07:59em marcha, e sem partido nenhum foi eleito presidente da república,
08:05tendo a maior qualificação pessoal possível, não sendo um aventureiro,
08:10não sendo um salvador da pátria, não sendo um demagogo,
08:13um homem discretíssimo, está certo?
08:16Teve a consagração da população francesa com mais de 60% dos votos,
08:21porque realmente não pertencia aos partidos que estão completamente esclerosados,
08:26que têm aqueles donos dos partidos, que ninguém aguenta mais.
08:30Isso no mundo inteiro e aí no Brasil também.
08:32Ninguém aguenta mais esses partidos.
08:34Esses partidos no Brasil, além de estarem completamente dominados
08:38por velhas lideranças, oligarquias protocráticas, etc.,
08:44que não deixam nem sequer a renovação dentro dos próprios guardas deles,
08:47esses partidos estão comprometidos com a corrupção.
08:50Não todos, só uma meia dúzia, o resto, todos ganharam dinheiro na corrupção.
08:57Milhões de reais foram entregues diretamente aos partidos.
09:03Então, a população, além de não querer mais os políticos velhos,
09:07as estruturas velhas, nesse século XXI,
09:10tanto na Europa como se vê aqui no Brasil e na América Latina,
09:13realmente, no caso brasileiro, você tem partidos comprometidos com a corrupção,
09:18coisa que não acontece na Europa, por exemplo, não é o caso, vamos dizer, francês.
09:23Mas, mesmo assim, ninguém mais quer saber de partido.
09:26O senhor assumiria, vamos dizer, um governo de transição?
09:30Com que tipo de compromisso?
09:31O que seria possível fazer num período tão curto?
09:35Qual seria o seu compromisso?
09:37Por que o senhor assumiria esse tipo de missão?
09:38O compromisso seria, mais ou menos assim, quase que sanitário, não?
09:43Ou seja, de cara, ou seja, você não tem realmente que assumir um poder desse,
09:52não sendo uma obsessão muito clara de que não pode haver mais esse tipo de fisiologismo
09:59que ocorreria, no caso, vai ocorrer, se for eleito algum deles lá, na eleição de 2018.
10:08Quer dizer, o fisiologismo selvagem que vai ocorrer nessa eleição de 2018 é uma coisa inacreditável.
10:15A repartição de cargos, de verbas, de dinheiro por fora, marketing clandestino,
10:23uma série de coisas terríveis que vão ocorrer nessa eleição,
10:27porque eles estão desmascarados, os políticos.
10:30Eles não vão ter nenhum pejo de fazer da presidente da república
10:36uma maneira, realmente, de se manterem, de se salvarem das formas mais horríveis possíveis.
10:44Então, o importante numa candidatura da sociedade civil,
10:47com um candidato civil, seria fazer com que essa eleição fosse feita com a maior calma,
10:54não houvesse distribuição sórdida de cargos para todos, milhares de cargos de confiança
11:01para esse pessoal todo, e que não houvesse verbas clandestinas para ninguém,
11:07que houvesse, obviamente, uma campanha eleitoral correta, decente,
11:11aí o Tribunal Superior Eleitoral tem que ser convocado para isso,
11:15no sentido de levar a possibilidade da sociedade civil participar disso,
11:21incentivar candidatos que sejam acolhidos,
11:26permitir que realmente o Pacto de São José, que admite que qualquer candidato
11:31se apresente com avulso, não precisa participar de partido nenhum,
11:35não precisa ser filiado a partido nenhum,
11:37candidatos avulso, candidatos que venham dos movimentos sociais,
11:40movimentos civis, como é o caso do Macron na França,
11:43que foi do movimento civil que ele veio,
11:46que haja, portanto, nova configuração de núcleos de eleição fora desse partido,
11:55portanto, uma presidência da República que pudesse levar esse equilíbrio
11:59dessa passagem, seria uma coisa muito importante para trazer novamente
12:05a população brasileira, o eleitorado brasileiro para a política.
12:09O Pacto de São José da Costa Rica é um tratado internacional importante
12:15que o Brasil assinou, parece que mais da metade não está regulamentado,
12:20que a gente teria, toda vez que algum problema surge,
12:24a gente remete ao Pacto de São José, não só nessa questão eleitoral,
12:28mas em diversas outras de garantias de direitos dos brasileiros.
12:33Mas a gente tem aí uma questão que é essa,
12:35e a outra questão que é a constitucional.
12:38O senhor tem defendido uma nova Constituição.
12:40Eu vou falar para o senhor, eu olho assim algumas personalidades do Congresso,
12:45eu falo, meu Deus, desse cidadão eu não compraria um carro usado,
12:48eu vou pôr a Constituição do meu país na mão dele.
12:52Como é que seria isso?
12:53Bom, a questão é a seguinte, nós temos que a proposta nossa,
12:57que é uma proposta muito importante, tem inclusive um programa dentro dessa proposta,
13:03seria aproveitar a lei 9.708, de 98, 709, para que haja um plebiscito,
13:13nesse plebiscito, os eleitores seriam convidados a dizer se querem uma Constituição congressual
13:22ou uma Constituição independente, autônoma, formada, vamos dizer, por 100 pessoas ou menos,
13:31que pudessem propor fora dos quadros políticos, não sendo políticos,
13:35não sendo elegíveis para nenhum cargo político durante oito anos depois da Constituinte,
13:40que pudesse realmente trazer um projeto que também seria submetido a um referendo posterior,
13:49tudo conforme a lei, e que permitisse, portanto, que houvesse uma nova carta constitucional
13:57que não tivesse nenhuma presença dos interesses do pessoal, desses donos do poder
14:04que nós temos aqui, infelizmente, dominando ainda o país.
14:07Então, essa ideia seria no sentido de que haveria uma Constituinte independente,
14:14e o sentido de ser uma Constituinte autônoma, uma Constituinte fora do Congresso Nacional,
14:19é um requisito fundamental para se fazer uma Constituinte realmente boa,
14:23porque há muitos projetos de Constituinte aí, no próprio Congresso há vários projetos
14:30de fazer uma nova Constituinte, o próprio PTB quer fazer uma Constituinte,
14:34há vários senadores propondo uma Constituinte, todo mundo está percebendo que a Constituição de 88 acabou,
14:40quer dizer, ela está tão deformada, ela criou no Brasil dois setores, duas classes sociais,
14:47classe do setor privado, que é o que teve 14 milhões de demissionados,
14:51e empresas pequenas, microempresas médias pequenas e grandes completamente esfaceladas,
14:59e o setor público não houve nenhuma demissão, o setor público não sofreu nenhuma demissão,
15:05são 14 milhões de desempregados no setor privado, o setor público tem todos os privilégios,
15:11e isso a Constituição de 88 fez, nós temos que fazer uma reestruturação do Estado,
15:16uma modificação estrutural do Estado no Brasil, de uma maneira radical,
15:20só pode ser feito isso de uma forma de uma Constituinte independente,
15:24não pode ser com o Congresso, com o pessoal do Congresso que quer,
15:28como políticos profissionais que são, que continue tudo como está,
15:32os privilégios que tem.
15:33Mas nesse momento, professor, o senhor tem mais experiência que eu nessas coisas,
15:37um momento assim de ruptura, o senhor acha que é o ideal para que seja feito esse tipo de reforma?
15:44Bom, mas a reforma só pode ser feita em momentos de ruptura,
15:47não é que o momento é de ruptura, como você falou,
15:51mas realmente nós temos hoje uma ruptura total,
15:55primeiro entre a sociedade brasileira e os donos do poder, como eu falei, entendeu?
16:00Quer dizer, o pessoal do Congresso, o pessoal da presidência,
16:04completamente afastado da sociedade, para dizer que essa eleição indireta,
16:07eles não estão consultando ninguém, eles estão fazendo entre eles lá os jogos deles,
16:10para conseguir ver quem é que pode mais destruir a Lava Jato,
16:15quem pode mais fazer anistia, quem pode mais levar para o foro privilegiado, etc.
16:20Então, esse distanciamento que nós temos hoje no Brasil tem que acabar.
16:25Então, nós temos que fazer com que a participação da sociedade se faça
16:31através de uma modificação, inclusive, da Constituição que permitiria.
16:34Isso só no momento de ruptura.
16:37Não se faz Constituição nova, a não ser em momentos de crise.
16:41O momento de crise é que é a Constituição nova.
16:44Veja o caso da França, por exemplo,
16:47em que, quando houve a Guerra da Argélia,
16:50passaram da Quarta para a Quinta República,
16:52mediante uma Constituição inteiramente nova.
16:54Não houve nenhuma ruptura do sistema democrático.
16:58O Estado Democrático de Direito, na França, continuou,
17:01mas mudaram uma Constituição que completamente levava aquela baderna geral
17:07na França do pós-guerra para uma nova Constituição
17:11dentro do próprio momento de ruptura, nem sem ser um momento revolucionário.
17:17Então, esse momento que ainda nós temos as instituições,
17:20vamos dizer, funcionando, mal, mas funcionando,
17:24é o momento de fazer essa modificação.
17:27É o momento certo agora.
17:28Agora que é o momento de fazer.
17:30Professor, para a gente finalizar,
17:32eu queria perguntar para o senhor uma coisa,
17:34que é uma dúvida que me surge toda vez em que eu olho o quadro político,
17:38que é onde estão as pessoas com o espírito público.
17:43Porque me dá a impressão que nós sufocamos,
17:47durante um longo período, o espírito público nas pessoas,
17:51seja por meio das práticas educacionais,
17:54seja por meio da política, na forma como ela foi exercida,
17:57da relação do Estado com as empresas.
18:01Quem tinha espírito público foi sistematicamente sufocado.
18:05ficaram alguns heróis da resistência.
18:09Como é que essas pessoas vão se reagrupar novamente?
18:11Porque o que nós vemos no poder público é tudo, menos espírito público.
18:15E aí você tem uma questão muito interessante, que é o seguinte,
18:20essa falta de espírito público domina de tal maneira as instituições no Brasil
18:24que você, por exemplo, tem muitos deputados, muito não,
18:28um punhado de deputados e alguns senadores também,
18:32que têm espírito público, está certo?
18:35Que estão lá no Congresso, que foram eleitos, têm um grande espírito público,
18:37completamente abafados, acho que não podem nem entrar dentro do Congresso.
18:41Pode nem falar.
18:42Não podem nem falar, acho que não tem nem...
18:43Se for lá no horário, na lista para fazer oratória,
18:47acho que não deixam, entendeu?
18:49Ou é o karaokê, ele fala para ninguém ouvir.
18:52Exatamente.
18:52Então, você veja o horror que ficou a política no Brasil,
18:57que pessoas decentes dentro do Congresso Nacional
19:02não tem nenhuma voz, não tem nenhuma voz.
19:06São absolutamente zumbis, são fantasmas dentro daquilo.
19:10Não fazem par de comissão nenhuma, não fazem par de liderança nenhuma,
19:16fazem par de decisão nenhuma, nada.
19:18Então, isso dentro do Congresso, imagina fora, está certo?
19:21Quer dizer, essa questão do espírito público foi completamente desmoralizada.
19:28Agora, o que acontece?
19:30Você tem, por outro lado, no Brasil,
19:35milhares de pessoas capazes de participar da política.
19:39E você tem centros de excelência no Brasil,
19:42centenas e centenas de centros de excelência,
19:44dentro e fora da universidade,
19:46fora da universidade,
19:47e que são independentes,
19:49que pensam no Brasil,
19:51que sabem sobre políticas públicas no Brasil,
19:54que têm noção perfeita
19:56do que deveria ser feito ou não ser feito,
19:58no sentido do serviço público,
20:01das instituições políticas propriamente ditas,
20:03as políticas devem ser adotadas.
20:05Há uma preocupação geral no Brasil sobre isso.
20:08E você tem uma massa crítica,
20:09como se fala em termos universitários,
20:12enorme no Brasil,
20:13contribuições fantásticas,
20:15inclusive em questão de reforma constitucional,
20:18existem estudos profundos sobre isso,
20:22tudo isso perdido,
20:23porque não há nenhum prestígio,
20:26nenhuma absorção de todo esse estudo,
20:30de todo esse pensamento,
20:31essa reflexão,
20:32essa percepção por parte do poder.
20:34O poder legislativo não absorve nada disso,
20:37só fisiologismo,
20:39só ocupação de cargos para pilhar dinheiro.
20:41Então, você tem 22 mil cargos no governo federal,
20:46em que os deputados, senadores, etc.,
20:49eram ministros,
20:50nomeiam para o jeito de ir lá pilhar dinheiro,
20:52pegar dinheiro,
20:52fazer corrupção.
20:54Esse é o Brasil.
20:56Acabar com esse negócio de cargo de confiança,
20:58não ser ministro,
20:59não tem só de serviço público,
21:01gente concursada que pode ocupar cargo público.
21:04Que negócio de cargo de confiança,
21:06esse, 22 mil,
21:07o jeito que não tem a menor ideia
21:09do que eles vão fazer lá dentro,
21:10a não ser furtar e roubar.
21:11Mas não sei,
21:12eu já ocupei cargo comissionado,
21:15não enriqueci com isso,
21:17e tive também uma experiência
21:18de que muitos que estavam ali
21:21em cargos concursados,
21:24achavam que eram donos dos seus cargos,
21:26e não tinham espírito público.
21:28Também tem esse problema.
21:30Porque aí quem trabalha para o cidadão?
21:32Eu tinha uma noção de trabalhar para o cidadão
21:35e não enriquecer?
21:36Você podia ter até algumas pessoas,
21:39podem ter,
21:39mas você não vai negar
21:41de que os cargos públicos
21:43que são distribuídos
21:44a partir desses dois mil,
21:47não sei quanto aqui,
21:48nos últimos anos no Brasil,
21:50foram todos para apelhar dinheiro.
21:52Ou não foram?
21:53Sim.
21:53Mas não quer dizer que os concursados
21:56também sejam uma coisa maravilhosa.
21:57Não, os concursados é outro problema.
21:59É outro problema, Adelaine,
22:01é o seguinte,
22:02a questão da estabilidade
22:05é a questão fundamental
22:07que nós temos no serviço público.
22:08Não pode haver estabilidade no público.
22:11Se você tem estabilidade no serviço público,
22:14o que acontece?
22:15Você vai ali exercer um poder.
22:17Você não vai exercer um trabalho.
22:20Porque você, veja,
22:21eu falei,
22:21quer dizer,
22:2214 milhões de desempregados
22:23não tem nenhum serviço público.
22:25Por quê?
22:25Porque eles têm estabilidade.
22:27Como eles têm estabilidade
22:28no trabalho deles,
22:29eles vão ali exercer
22:31o pequeno poder,
22:32o pequeno poder deles
22:33em qualquer setor,
22:35que acaba também
22:36por impedirem as coisas,
22:37por perversamente
22:39atrapalharem
22:40a cidadania
22:42na legítima reivindicação
22:44dos seus direitos
22:45e tudo mais,
22:46dos serviços
22:47que devem ser prestados,
22:48acaba também
22:48levando um pouco
22:49para a corrupção
22:50em muitos setores.
22:52Então,
22:52a estabilidade
22:53é o núcleo
22:55que nós temos
22:56que desbaratar.
22:58É a razão
22:59da não prestação
23:01de nenhum serviço público
23:02no Brasil.
23:03Coleta-se tudo,
23:04coleta-se milhões,
23:0535% do PIB,
23:07está certo?
23:08Imposto.
23:08Não há um serviço público
23:09de saúde,
23:10serviço de educação,
23:11serviço de transporte,
23:12serviço de habitação,
23:13serviço de saneamento básico.
23:14Não tem nada.
23:15Por quê?
23:16Eu sou estável.
23:17Eu e o rei Luiz XIV
23:19somos estáveis.
23:21Entendeu?
23:22Só vamos realmente
23:23sair do carro
23:24quando nos aposentarmos
23:25e logo,
23:26ou em brevemente,
23:27com salário absoluto
23:29com remuneração
23:31igual a quando trabalhavam
23:33e tal.
23:34É uma coisa
23:35que tem que acabar.
23:36Não pode haver
23:37estabilidade
23:39no serviço público,
23:40a não ser
23:41na questão
23:42do poder judiciário,
23:44do Ministério Público,
23:45nas Forças Armadas.
23:47Fora disso,
23:48tem que ser um funcionário
23:49como qualquer,
23:50pode ser despedido
23:51se não funcionar.
23:52Então,
23:53essa é a razão
23:54que você está apresentando
23:54com toda oportunidade,
23:56no sentido
23:57de que há necessidade
23:59de uma Constituição nova
24:01para tratar
24:02todos esses assuntos,
24:03não só
24:04da reestruturação
24:05política no Brasil,
24:06mas da reestruturação
24:06também do serviço público
24:08no Brasil.
24:09Eu preciso fazer
24:10uma última pergunta
24:11porque no chat
24:12da gente na TV Antagonista,
24:14todo mundo perguntou
24:15o seguinte,
24:16da sua produção acadêmica
24:18sobre corrupção,
24:20essa relação
24:21entre empreiteiras e estados,
24:22entre grandes empresas
24:23e estados.
24:24O senhor acha
24:25que daria para implantar
24:26performance bonds
24:27aqui no Brasil
24:29numa presidência tampão?
24:32Eu não sei,
24:32existe um projeto
24:37que eu redi,
24:40inclusive,
24:41que foi apresentado
24:43pelo senador Cássio Cunha Lima,
24:46no sentido de implantação
24:48da performance bonds
24:49no Brasil,
24:50ou seja,
24:50seguro de obra
24:51de 100% do valor
24:53da obra
24:54que está absolutamente
24:55tratado dentro desse projeto
24:58que está no Senado Federal.
25:00Portanto,
25:01existe toda já
25:02um caminho
25:04percorrido
25:05para que aí
25:06seja implantado
25:07essa forma
25:08de quebrar
25:09a interlocução
25:10entre os agentes públicos
25:13e os empreiteiros.
25:14Ou seja,
25:15entra uma seguradora
25:17no meio
25:17que tem interesse
25:19na obra,
25:20interesse que a obra
25:21se dê no preço
25:22marcado,
25:23na qualidade
25:24do trabalho
25:25e no prazo
25:26para que ela não seja
25:28responsável
25:29pelo pagamento
25:30das infrações
25:31e das quebras
25:32do contrato.
25:33Isto é uma implantação
25:35que foi feita
25:35nos Estados Unidos
25:36há pouco tempo.
25:37Foi desde
25:38recente,
25:401894,
25:41que nos Estados Unidos
25:42funciona a performance bond.
25:43não há nos Estados Unidos
25:45nenhum escândalo
25:46sobre obras públicas
25:47porque tem lá
25:48a seguradora
25:50que fica fiscalizando
25:51no escritório
25:52para ver se as contas
25:54estão realmente
25:55em ordem,
25:58se os recebimentos
25:58foram feitos
25:59para comprar material,
26:01para pagar a mão de obra,
26:02tem fiscal de obra
26:04para não haver medição
26:05toda fraudada.
26:06No Brasil,
26:07todas as medições
26:08são fraudadas.
26:09O DINIT,
26:10por exemplo,
26:11é um organismo,
26:13a Lava Jato
26:13não foi para a DINIT.
26:14Se for para o DINIT,
26:15teria ficado louca,
26:16entendeu?
26:17Porque todos os projetos
26:18são fraudados.
26:19Todas as medições
26:20são fraudadas,
26:21está certo?
26:21Tudo é falso,
26:23porque não tem
26:25um performance bond
26:26no Brasil.
26:27Você não tem
26:27uma corretora,
26:28uma seguradora
26:29que vai lá
26:30e diga,
26:30olha aqui,
26:31essa medição
26:32tem que ser correta,
26:33não pode ser medição,
26:33não pode fazer
26:34fazer um quilômetro
26:35e medir 20,
26:36tipo ferrovia
26:38norte-sul,
26:39transposição
26:39do Rio de São Francisco,
26:41tudo feito,
26:42absolutamente faz
26:43e desfaz,
26:44gastam dez vezes
26:45o valor,
26:46entendeu?
26:47Porque isso é um sistema
26:48consagrado
26:49há sempre 20 anos
26:51e que no Brasil
26:53agora tem um projeto
26:54de lei que espero
26:55que votem
26:56e que seja aceito.
26:58Tem vários estados
26:59também tentando fazer,
27:00enfim,
27:01isso é um assunto
27:02que movimenta
27:03aí todo mundo
27:04e eu recebi aqui ele,
27:06que vocês queriam ver,
27:07se lançou
27:08aos 85 anos
27:10de idade
27:10candidato à presidência
27:11da república,
27:13um ato de coragem,
27:14jurista consagrado
27:16no Brasil,
27:16no exterior,
27:17um dos nomes
27:18que tem maior entendimento
27:20em combate à corrupção,
27:22em leis efetivas
27:22de combate à corrupção,
27:25doutor Modesto Carvalhosa,
27:26que eu tenho o prazer
27:27de receber aqui
27:28na TV Antagonista.
27:29Muito obrigada,
27:30viu,
27:30por ter vindo,
27:31doutor.
27:32Obrigada.
27:33Eu que agradeço,
27:33eu que agradeço.
27:33Eu que agradeço.
27:34Obrigada.
27:35Obrigada.
27:36Obrigada.

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