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  • 18/06/2025
Em entrevista exclusiva ao Correio, o técnico brasileiro Rogério Micale, que comandou a seleção olímpica do Egito por três anos, fala sobre o que o torcedor palmeirense deve esperar do Al Ahly, próximo adversário da equipe alviverde. Além disso, Micale falou sobre a Copa do Mundo de Clubes da FIFA, e sobre as comparações entre times brasileiros e times europeus que têm animado as discussões sobre o torneio.

Crédito: Marcos Paulo Lima/CB/D.A. Press
Capa: Andre Borges/Agência Brasília

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Transcrição
00:00O que é que o Palmeiras precisa se prevenir nesse duelo de amanhã contra o Alar?
00:05Bom, o Alar é uma equipe com muitos jogadores tecnicamente de boa qualidade.
00:13É um time que tem um conjunto muito bom, muitos jogadores jogando junto há muito tempo.
00:20Apesar que houve algumas contratações recentemente nessa janela, né?
00:25Tratar o Zizu, que é o principal jogador do Amalek.
00:30Inclusive, uma confusão, uma comoção no Egito por causa dessa contratação, né?
00:35Que o Zizu era referência do maior rival e houve a transferência para o Alar.
00:42Contrataram o Treze Rê.
00:44O Achu, eu acredito que não deva jogar pela sua lesão no último jogo.
00:51Acho que ele não...
00:52Acho que pelo que eu andei lendo, pode ser que ele passe por uma cirurgia.
00:56Mas é uma equipe muito forte, apesar de ter trocado o treinador.
01:02O treinador é novo para essa competição.
01:08O antigo treinador vinha de vários títulos conquistados.
01:13Houve uma oscilação recentemente no clube e houve a troca.
01:17O Palmeiras tem que ficar muito atento em relação a, nesse momento, a individualidade dos seus atletas, né?
01:24Porque estão ainda buscando uma nova forma de jogar com esse treinador que chegou recentemente, o espanhol.
01:31Mas é um time muito forte, é um time que tem jogadores de velocidade na frente, jogadores inteligentes na sua parte de meio de campo, que sabem jogar futebol, tem time do jogo, tempo e espaço.
01:47Então é um time encadido.
01:50O fato deles terem trocado de treinador, então, deve dificultar um pouquinho a tarefa dos analistas de desempenho e do próprio Abel Ferreira, né?
01:59Para decifrar como joga o time.
02:00É, na verdade, eles vão ter só a amostra do primeiro jogo, porque anterior, todas as amostras que tem referente às competições passadas eram com outro treinador.
02:14Inclusive, nos últimos jogos do campeonato egípcio, jogou com o Interino, um local que era auxiliar do clube, e aí conquistou uma arrancada importante, ganhou praticamente todos os jogos.
02:26E eu acredito que esse treinador também não se encontra mais no Ali, eu acredito.
02:34Então, é um treinador novo, ideias novas, adaptação dentro da própria competição.
02:40Então, talvez isso seja a maior dificuldade do Ali hoje.
02:44Quantos jogadores do Ali você comandou em algum momento?
02:49Ali eu comandei o Cuca, que é o lateral esquerdo, que tem idade para a Olímpica, né?
02:56Direto.
02:57Eu não consegui levar nenhum jogador do Ali para os Jogos Olímpicos.
03:02Isso foi o meu maior problema de não ter conquistado uma medalha, porque o maior time do Egito, eu não consegui levar...
03:10São os principais jogadores, são aqueles que servem a base do... O Ali é a base da seleção nacional, né?
03:18Com os estrangeiros.
03:19Mas a base nacional é o time do Ali.
03:22Então, essa foi a minha maior dificuldade nos Jogos Olímpicos.
03:26Eu contei só com o Ziz, que era dos Amalek, que agora se transferiu.
03:30E contei com o Nene, que jogava no Arsenal, hoje joga no time do Emirados.
03:36Então, a minha amostragem de jogadores, realmente...
03:41Eu tenho três jogadores, o goleiro, que hoje já...
03:44Ele não está nem no banco, porque o tanto titular e o reserva do Ali são selecionáveis também, né?
03:52Para a principal.
03:54E o lateral esquerdo, que ele não foi inscrito nessa competição.
03:59Então, de verdade, assim, eu tenho só o Cuca, que trabalhou comigo.
04:03Entendi.
04:03Micali, para terminar, eu queria te perguntar como é que você viu os brasileiros nessa primeira rodada da Copa do Mundo de clubes da FIFA?
04:14Uma novidade para todo mundo, né?
04:16Mas a gente já tem uma amostragem ainda do que produziram Palmeiras, Flamengo, Fluminense e Botafogo.
04:22Eu vi, assim, bons olhos.
04:26Eu acho que talvez esse modelo não vai se repetir nessa época do ano, porque vai haver uma cobrança muito forte da Europa em relação ao momento da competição.
04:39Porque aquilo que os sul-americanos passam durante todo o antigo torneio, os europeus estão experimentando agora.
04:48Que é o quê?
04:48Porque você está no período de férias e você tem que jogar uma competição como essa.
04:52Então, não me surpreende o Brasil estar indo bem, tão bem como está indo.
04:58Por quê?
04:58Porque o que acontece com nós, anteriormente, está acontecendo com os europeus.
05:05Só que eles vão chiar.
05:06Eles vão cobrar da UEFA.
05:08Eles vão cobrar da FIFA.
05:09Que essa época do ano é impossível para eles jogar.
05:12Só que para nós, a gente nunca fez essa cobrança.
05:15A gente ia com mais de 80 jogos no lombo, jogar contra os tops europeus.
05:23Porque agora, é o seguinte, eu considero os seis clubes na Europa que é muito difícil jogar contra.
05:29Entre eles, é o Madrid, o City, o Bayern de Munique, o Barcelona.
05:33Agora, nível de time como o Borussia Dortmund, por mais que tenha ido bem o ano anterior,
05:40eu acho que os times brasileiros ainda batem de frente.
05:43Eu acho que a gente tem condição de bater de frente vários times da Europa,
05:48porque o torcedor brasileiro, ele foi muito induzido que a gente é muito inferior ao futebol europeu.
05:56Só que a margem que eles têm, a amostragem que eles têm, é Barcelona, Real Madrid.
06:01E esses clubes, eles não fazem um time, eles fazem uma seleção do mundo.
06:06Porque eles contratam o melhor do Brasil, eles contratam o melhor da Croácia, eles contratam o melhor da Espanha.
06:12E aí, realmente, com esse poder e o financeiro, fica muito difícil a gente competir de igual para igual.
06:18E a amostragem que o brasileiro, nós aqui temos, é sempre quando a gente consegue enfrentar esses clubes no modelo antigo.
06:27Porque a gente já pegava semifinal ou final com um time desse que late.
06:34Agora não.
06:35Agora nós estamos vendo uma realidade muito mais próxima da gente.
06:39A gente está jogando contra o Borussia, a gente está vendo que não é esse bicho de sete cabeças.
06:45Nós estamos jogando contra, enfrentando times...
06:47O Palmeiras jogou contra o...
06:50O Porto.
06:51O time argentino jogou contra o Benfica e o jogo pau a pau.
06:57Porque esse nível de time europeu, eu acredito que nós temos condições de bater de frente.
07:04Ainda é acessível, né?
07:06Ainda é acessível.
07:07O que não é...
07:08O que não é acessível para a gente...
07:13E aí o torcedor brasileiro, até alguns da mídia, diminuíam muito o nosso futebol.
07:20É porque a nossa amostragem anteriormente era Barcelona, Real Madrid, porque era direto.
07:25Agora não.
07:26Agora a gente tem a oportunidade de mostrar que nós temos nível também para competir com os times de nível médio-alto.
07:37Nós conseguimos bater de frente.
07:38Então, essa competição, ela veio também para elucidar uma série de questionamentos que se tinha, que sem parâmetro.
07:49Ela trouxe parâmetro para a gente.
07:51Ela falou, pô, agora vamos jogar agora nas férias dos caras.
07:55Não mais nas nossas férias.
07:57Vamos ver como é que eles se comportam.
08:00Agora também nós vamos jogar contra times médio-alto.
08:03Vamos ver como é que a gente se comporta.
08:05Agora, é sempre difícil jogar contra Real Madrid.
08:09Não tem jeito.
08:11É time de outro que late.
08:13Então, foi bom para a gente ver, nós brasileiros, de forma geral, que a gente não é tão ruim assim como se pinta no Brasil.
08:22O futebol brasileiro, o treinador brasileiro, o jogador brasileiro, o jogador sul-americano.
08:28Não, espera aí.
08:29Existem os extras, claro.
08:31Por que é?
08:32Porque tem muito dinheiro.
08:33Nós não conseguimos competir.
08:36Agora, para terminar, Micali, que eu sei que você está ocupado aí.
08:41O Abel Ferreira, desculpa.
08:43O Xavi Alonso falou justamente isso que você está dizendo aí, né?
08:46O Xavi Alonso e o Bernardo Silva do Manchester City.
08:49Falei assim, cara, os times brasileiros estão jogando muita bola.
08:53Vai ser difícil e podem competir de igual para igual para disputar esse time.
08:57O Xavi Alonso, que acaba de assumir o Real Madrid.
08:58Para a gente que é do meio, a gente consegue contextualizar a coisa.
09:05Não é pegar só o resultado em si, nu, e falar que o europeu é muito melhor que a gente.
09:13Espera aí.
09:14Qual é o europeu?
09:16Em que momento está o sul-americano?
09:20Tem que contextualizar toda a situação para você ter uma análise mais concreta, mais profunda, não superficial.
09:28Ah, nós perdemos de 2 a 0 para o Real Madrid.
09:31Pô, mas espera aí.
09:33Nós estamos em férias, o Real Madrid é o melhor time do mundo.
09:36Eles têm poderio financeiro gigante.
09:40Ok, isso todo mundo sabe.
09:41Agora, vamos inverter o processo.
09:43Vamos ver como é que eles vão se sair na mesma circunstância que a gente vai competir com eles naquela época do ano.
09:50Agora, a gente já tem um contexto maior, melhor para a gente analisar.
09:55Eu acho que não é assim.
09:56A gente pinta o futebol sul-americano ainda como um patinho.
10:00A gente diminui demais, né?
10:03E eu trabalho muito tempo fora.
10:05Eu estou trabalhando há quatro anos e meio.
10:07Aí, Arábia Saudita, Emirados, agora no Egito.
10:10Eu vejo que eles não são assim com eles.
10:14Eles, o Egito não é assim com eles.
10:17Portugal não é assim com os seus.
10:20Vários lugares a gente vê que a forma de lidar com o futebol internamente é diferente do brasileiro,
10:27que tem potencial, mas se diminui demais perante os outros.
10:32Acha que aqui a gente está há anos luz atrás do futebol da Europa.
10:41Agora, tem uma coisa.
10:42O futebol está muito igual em qualquer área do mundo.
10:48Tirando da Austrália, que os caras ainda trabalham, ainda.
10:53Austrália ou Nova Zelândia?
10:54Nova Zelândia, né?
10:56É a Nova Zelândia.
10:58Porque o Emirados também é assim.
11:00Alguns clubes do Emirados, o futebol é a segunda profissão da pessoa.
11:07Ele primeiro tem outras coisas e ele joga futebol como segunda opção.
11:12Fora isso, está muito nivelado.
11:15O futebol está muito igual.
11:17Ninguém hoje, difícil você encarar um time e vai falar assim,
11:21esse time aí vai tomar de 10 como esse tomou, vai tomar de 5.
11:25Vai ser um goleiro.
11:26Pode acontecer?
11:26Pode.
11:27Isso é normal.
11:28Mas você vai ver algumas ideias, táticas, algum comportamento da equipe
11:33que mostra que não é bobo, não sabe jogar futebol.
11:38Não, não existe mais isso.
11:39Quem vai chegar mais longe, Mical, entre os brasileiros?
11:43Olha, ainda é cedo para falar.
11:46Eu acho que a gente precisa ter uma...
11:48Mas eu gosto muito da consistência.
11:52O Palmeiras talvez não seja um time que encante, mas ele é consistente.
11:57Ele é um jogo até um pouquinho pragmático,
12:00mas um jogo pragmático que mantém uma regularidade.
12:05Eu gostei ontem da apresentação do Fluminense.
12:08Eu acho que foi muito boa.
12:11Mas eu ainda quero ver mais um jogo.
12:15Mas eu coloco aí que eu ponho o Palmeiras como um time consistente
12:20para chegar aí um pouco mais longe.
12:26Tá bom, Mical, muito obrigado.
12:29Obrigado aí pelos ensinamentos sobre o Al-Arli do Egito.
12:33E vamos estar se dando para o Palmeiras, se dê bem.
12:36Vai ser um jogo de...
12:37Não vai ser um jogo fácil, não.
12:40Como eu falei, é a base da seleção do Egito.
12:43Então, o impeditivo agora, o Al-Arli,
12:47é essa questão da mudança do treinador.
12:49Então, ideias novas e em cima da competição
12:52pode atrapalhar um pouco.
12:54Mas tem valores ali que podem equilibrar o jogo.
12:58Então, vamos lá.
12:59Obrigado.

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