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Cofundadora da Grená e CEO da Nossa Praia falam sobre inclusão diante das políticas atuais

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00:00Estamos aqui no Estratégicamente, direto do evento Tempo de Mulher e eu tenho a honra de receber mais duas convidadas incríveis que eu admiro, que eu acompanho o trabalho de perto, que é Dilma Campos, senhor da nossa praia, obrigada por estar com a gente.
00:14Delícia a gente estar junto, né?
00:16Delícia de encontro, né? Essa oportunidade que esse evento dá pra gente.
00:19Esse encontro e esse evento, ele é muito especial, né, Dri? Eu sempre fico pensando assim, quando eu venho pra ele, você sabe que eu já venho emocionada, assim, não é um evento que eu venho, assim, tensa, né?
00:33Embora a gente tenha muita coisa pra fazer, mas eu venho sempre muito emocionada, porque eu acho que a troca, ela é tão despida de qualquer barreira, que é sempre muito bom estar aqui.
00:46É uma delícia. Ano passado a gente teve a honra de falar com você, hoje mais uma vez eu quero apresentar também a Adriana Ferreira, que é cofundadora da Grenar Comunicação, e eu conheço o trabalho dela mais de perto ainda, da Galápagos Newsmaking, né, que você faz um trabalho lindo lá também de impacto, e é sobre isso já que eu quero começar o nosso papo falando de impacto, né?
01:05Em que momento, porque eu acho que essa carreira no impacto, nem sei se a gente pode dizer carreira no impacto, mas esse movimento das mulheres, né, principalmente no impacto, ela não é uma coisa, tipo, de muito tempo atrás, né?
01:18Antigamente as carreiras você pensava em entregar pras empresas, não do terceiro setor, de resultado, de performance, de você crescer, era uma coisa muito também egóica, né?
01:27E hoje a gente vê mulheres como vocês pensando em compartilhar, né? Isso é muito bonito e importante. Como é que vocês fizeram essa virada de propósito, né, num mercado que não era assim há alguns anos atrás?
01:39Quando você fala, né, o nosso mercado, o jornalismo. Bom, primeiramente, bom dia, boa tarde, boa noite, né? Obrigada pelo convite, é um prazer pra mim, quando eu entrei aqui, dei de cara com a Dilma, foi assim, já uma alegria imensa, porque sou muito fã das duas.
01:55Bom, como você disse, em nenhuma área existia esse tipo de discussão, seja ligado à presença de mulheres em cargos de direção, né, ou criando políticas voltadas para as mulheres, né, que tá dentro do escopo do que a gente discute muito aqui no Tempo de Mulher,
02:17Mas também não existia absolutamente nada voltado à diversidade e o jornalismo, como todas as outras empresas, né, assim, replicava e é um pouco também um retrato de uma sociedade que é uma sociedade ainda muito machista, muito racista, né, estruturalmente falando.
02:40Pra mim, acho que isso aconteceu, essa virada começou a acontecer quando eu passei a trabalhar nas revistas femininas em 2017, 2016, na verdade, primeiro eu trabalhei na revista Vogue e depois eu passei a trabalhar na revista Marie Claire, onde eu fiquei de 2017 a 2022.
02:57E coincidiu com um período que eu acho que tá acontecendo muitas coisas, em 2013 começaram as manifestações aqui no Brasil e já começaram algumas manifestações ligadas, né, a temas que nos dizem respeito.
03:13Então, eu me lembro, por exemplo, da Marcha das Vadias, a primeira vez que eu ouvi falar da Marcha das Vadias também foi uma surpresa, né, aí teve a Marcha das Margaridas, a Marcha das Mulheres Negras.
03:23E, em paralelo a isso, eu acho que tem um contexto social e político por trás, que é o contexto da criação de cotas em universidades, né, das ações afirmativas, tanto em universidade quanto no serviço público, que passou a ter mais pessoas negras.
03:40E essas pessoas negras todas, elas passaram a demandar informação, produto, serviço, e eu cheguei nas revistas femininas justamente nesse momento.
03:53Então, foi, eu fui ali provocada pelo movimento que vinha das ruas e que batia no jornalismo numa coisa das mulheres não se verem.
04:05E sendo assim, e é muito, né, quando eu falo sobre isso, pra mim também foi um despertar, porque eu sou uma mulher negra, de pele clara, periférica,
04:15que nunca, jamais me vi representada nas revistas ou na grande imprensa, né, e lidava com todas as questões que a gente lida, né,
04:27sendo jornalista vindo de outros lugares que não aqueles, né, do estereótipo pré-estabelecido na grande imprensa, mas que não me tocava disso.
04:37Então foram vários os movimentos, acho que teve um movimento, acho que teve um movimento comercial, porque naquele momento
04:45as revistas femininas passavam por uma dificuldade muito grande de ter anunciantes em especial de beleza,
04:51esses anunciantes todos tinham migrado pras redes sociais, pras plataformas digitais, e nas plataformas digitais existiam
05:01uma, as influenciadoras padrão, entre muitas aspas, mas existiam um boom de influenciadoras mulheres negras, né,
05:08que estavam ali, eu me lembro que em 2017, por exemplo, no Google, a busca por cabelo crespo tinha aumentado 300%, né,
05:16então, e isso não batia nas redações, né, quando eu cheguei na revista Marie Claire, por exemplo, a primeira coisa que eu fiz
05:22foi falar, a partir de agora, todas as pautas que a gente foi fazer no digital, eu era responsável pelo digital,
05:28e também pela editoria de cultura, mas em especial ali pra dar a cara digital da revista e também
05:34as plataformas Instagram, né, eu falei, a gente vai ter mulheres negras de diversos tons de pele,
05:42a gente vai ter mulheres asiáticas com diversos, diversos feições diferentes, porque mulheres asiáticas não são todas iguais,
05:51e a gente no Brasil tem chinesa, tem coreana, tem descendente de japonesa, a gente vai ter mulheres gordas,
05:58né, e aí foi ampliando pra mulheres trans e tal, a gente foi entrando nesse momento, por quê?
06:03Porque não era só, né, eu me lembro muito daquele livro Americaná, da Shimamanda,
06:08que a personagem, ela tem um momento ali que ela, pra mostrar pro namorado que não existia diversidade
06:14nas revistas femininas, ela pega uma pilha de revistas femininas e começa a mostrar pra ele,
06:18olha, tá vendo essa sugestão de batom? Essa sugestão de batom não serve pra minha boca,
06:23tá vendo essa sugestão de sombra? Fora a propaganda, que não tinha mesmo, né?
06:26Mas mulher negra também não casava, mulher negra não fazia sexo, mulher negra não fazia exercício,
06:32as mulheres negras só apareciam nas revistas femininas na história de superação, né?
06:38Então era, ai, a história de superação e tal.
06:41Então, foi um exercício, tanto pra, porque eu tava ali impregnada, né, dos padrões,
06:48a gente entra, eu entrei na, comecei a trabalhar na grande imprensa em 2000, né, num grande jornal.
06:55E todos esses padrões a gente carregava.
06:58Então, eu acho que foi esse o primeiro momento, assim, de transformação e virada da carreira também.
07:04Que deu pra juntar a fome com a vontade de comer, assim, né?
07:06Você tinha um momento que o mercado tava começando a se preocupar, se incomodar com o que tava acontecendo ali na sede,
07:11se incomodar no sentido de se mobilizar, se afetar pelo que tava acontecendo.
07:15E aí você tava numa posição em que você poderia decidir...
07:18Eu podia colocar, decidir e implementar esse tipo de mudança, exatamente.
07:23Em resposta a tudo que você viveu ao longo dos anos também nessas coberturas.
07:27Dilma, como é que foi pra você a chegada no modelo de impacto?
07:30Bom, o modelo de impacto pra mim vem 2010, ali, finalzinho de 2009.
07:37Eu, no mercado corporativo, diretora de um grande grupo de comunicação,
07:41grupo de comunicação de mais de 20 agências,
07:44onde eu era a única diretora mulher e negra.
07:47Não tinha nem um homem negro neste lugar, né?
07:51Nesse lugar da hierarquia.
07:53E foi um ano que eu falei, gente, pera um pouquinho.
07:56Deixa eu olhar pra trás, pra olhar pro futuro um pouquinho.
07:59Porque eu acho que a gente precisa ver o que que se passou pra gente olhar pra frente.
08:04E o que eu reparei foi justamente que eu não tinha crescido.
08:09Todo mundo que tinha começado comigo nesse lugar já tava como vice-presidente, como presidente,
08:16alçando voos muito maiores e eu ali presa no próprio racismo estrutural, né?
08:22Na estrutura.
08:23E eu entendi que eu não ia conseguir evoluir.
08:26E aí eu tenho a grande ideia de falar, olha, eu acho que o próximo passo pra eu dar aqui,
08:31já que eu não consigo evoluir, até porque minha filha tava pequena, tava ali com 5, 6 anos,
08:38eu quero mostrar que ela pode estar em qualquer lugar no futuro.
08:43E aí eu peço demissão e vou empreender.
08:45E aí o primeiro movimento que eu faço empreendedor tem o nome de D, de Dilma, só o D, Magrela.
08:54Então que era um pouco ideias em movimento, era inspirado na bicicleta.
09:00E aí nesse momento eu comecei a entender que a sustentabilidade tava dentro,
09:07a questão da diversidade de gênero tava dentro, a questão da diversidade racial tava dentro.
09:13Tava tudo ali.
09:15Eu só não tinha juntado todas as pontas.
09:19Então eu faço esse primeiro movimento empreendedor,
09:22aonde eu queria já começar a falar de cidades inteligentes.
09:26Gente, 15 anos atrás, né?
09:28A gente não falava sobre isso.
09:29A gente nem falava que o Brasil é um pouco mais de liberdade, sim.
09:34Mas a gente não discutia o quanto o racismo estrutural era arraigado aqui no Brasil, né?
09:40Era de uma estrutura que a gente não conseguiria quebrar as pontes.
09:45Parecia uma química que qualquer valência alterada ali naquele movimento não quebrava aquelas pontes.
09:52E aí eu passo desse primeiro mercado empreendedor pra um segundo movimento empreendedor,
09:59mas muito pensando assim, quando eu fizer esse movimento empreendedor,
10:02que eles entenderem que eu estou nesse lugar de vice-presidência,
10:06o mercado corporativo vai me chamar de volta, né?
10:10Porque se eu era um talento a reter, eu posso voltar pro mercado corporativo.
10:16Só que eu engato num outro movimento empreendedor,
10:20que já é com a criação da nossa praia,
10:23aonde a nossa praia vem pra dizer que ela é baseada em diversidade.
10:29Mas não só a diversidade de gênero, racial, mas na diversidade de ideias.
10:36Pra colocar, de fato, essa diversidade que gera impacto social dentro do negócio.
10:45E aí, quando a gente começa a falar sobre isso,
10:47não existia um nome ali de comunicação que a gente pudesse pensar,
10:52que surge um pouquinho depois como marketing regenerativo,
10:56que é um lugar aonde a verba que você tem da empresa é utilizada,
11:04mas que a geração de impacto está intrínseca ao negócio.
11:10Que é muito do que eu vejo o futuro, né?
11:13E é muito do que eu imagino esse futuro.
11:15Então, quando a gente fala, assim, de cenários futuros,
11:19do futuro de onde a gente está,
11:21pra mim é justamente isso.
11:23Não é você pensar em criar um negócio e que esse negócio seja sustentável ambientalmente.
11:27Não.
11:28Mas fazer qualquer mudança partindo desse lugar
11:32que o propósito de valor de um novo negócio ou de um novo produto
11:37não é mais uma proposta de valor.
11:40É um propósito de valor, né?
11:43É criar negócios e estar neste lugar específico da sustentabilidade.
11:49que é quando ela nasce intrínseca ao negócio.
11:53Então, isso pra mim, ele me encantava,
11:56porque eu nunca acreditei que a gente só falar de um tema ou de outro
12:00fosse suficiente e viável economicamente para as empresas.
12:07Mas quando a gente falar disso, dentro do chamado ESG,
12:12que é uma sigla financeira, a gente não pode se esquecer disso,
12:17ESG não é uma sigla política, não é uma sigla social,
12:21ela é uma sigla financeira, ela nasceu neste ambiente financeiro.
12:27Era justamente entender que ele está intrínseco ao negócio.
12:31E ele intrínseco ao negócio, a gente tinha formas de mudar,
12:37de interagir, de arbitrar muito mais positivamente dentro das empresas
12:43do que quando ele estava separado.
12:47E aí, esse pra mim foi o movimento da virada,
12:50quando eu achei que eu não evoluía.
12:53E aí, pensar numa coisa há 15 anos atrás e de 15 anos atrás pra cá,
13:00que de fato fizesse sentido no futuro.
13:04Nossa, olha que coincidência das histórias, assim,
13:07tempo, timing, 15 anos, da 14 anos de 2013 pra cá,
13:10então mais ou menos na mesma época.
13:12As duas sentiram que tinham tudo ali,
13:14mas faltou uma oportunidade, seja externa,
13:17um insight de vocês colocarem em ação esses planos, né?
13:21E aí eu queria, a gente olhou um pouco o passado,
13:2315 anos se passaram, o evento hoje traz um dos motes do evento,
13:27é esse criar futuros melhores para as nossas.
13:31Qual é a perspectiva de futuro que vocês têm, né?
13:33Nesses trabalhos, né?
13:35Cada uma em sua área, mas que é um trabalho que no fim
13:37olha pra essa diversidade, olha pra esse sustentável, né?
13:40Então qual que é a perspectiva de futuro que vocês têm?
13:43Um momento também que o mundo tá meio assim, esquisito,
13:46a gente avançou tanto em 15 anos,
13:48de repente parece que alguém coloca uma mão na nossa frente e fala,
13:50peraí, que vocês não vão, no mesmo ritmo,
13:52vocês não vão crescer tanto, não.
13:54Como é que vocês estão percebendo esse momento
13:57e a perspectiva de futuro para o impacto?
14:00Olha, eu entendo a gente agora ali numa conversa, né?
14:04Pré falando sobre dados que são utilizados,
14:08dados científicos utilizados para desenvolvimento de produtos e projetos
14:12que se baseiam unicamente na anatomia masculina
14:16e a grande maioria é assim mesmo, né?
14:19E aí num determinado momento a Sarah Bush,
14:22Vitz, que é CEO do Flow, mencionou ali, né?
14:25O presidente dos Estados Unidos e tal,
14:27e essa tentativa de acabar com o SG, né?
14:31Que vem repercutindo aqui de alguma maneira nas empresas, né?
14:34Em especial aquelas empresas que têm um link internacional.
14:40Eu sinceramente posso estar sendo assim muito inocente.
14:44Eu entendo que tá realmente acontecendo.
14:46Eu vejo, porque óbvio, eu lido com projetos que o patrocínio ou o apoio
14:53diminuiu ou desapareceu por conta dessas políticas,
14:57mas eu não acredito que um país como o Brasil,
15:00onde primeiro a maioria é negra,
15:04depois existe essa desigualdade social tremenda,
15:08possa se espelhar numa política como a dos Estados Unidos, né?
15:12Eu acho que os Estados Unidos não dá pra, né?
15:15A gente...
15:16Então, alguma coisa de muito ruim vai acontecer
15:19se as empresas passarem a não ter mais os programas de equidade,
15:24seja ela racial, de gênero, social, enfim.
15:28Acho que a nossa realidade não suporta isso.
15:30Acho que a gente precisa...
15:31A gente ainda, inclusive, tá muito no início
15:33dessas ações, desses programas.
15:36Um dia me perguntaram,
15:37quanto tempo você acha, falando sobre as cotas em universidades, né?
15:41Cotas que não só são raciais.
15:43Tem cotas para quilombolas, tem outras...
15:46Inclusive, hoje em dia, se estuda até ter cotas para pessoas trans.
15:50Porque as pessoas trans, elas abandonam o estudo
15:52porque elas são expulsas.
15:54Basicamente, já ali no ginásio,
15:55quando começam a fazer, né?
15:57Aquele momento da transição de gênero no ginásio, no ensino médio.
16:01E eu falei, eu falei, olha,
16:03acho que a gente tem que ter cota de universidade
16:04mesmo tempo que a gente teve escravidão no Brasil.
16:06300 anos, pra chegar num mínimo, né?
16:09De igualdade.
16:11Mas, falando a partir do meu trabalho,
16:13você mencionou a Jornada Galápagos.
16:15Então, assim, eu acredito muito nesses...
16:18A Jornada Galápagos é um projeto que investe em jovens,
16:23não tão jovens assim, jornalistas,
16:25mas em formar e trazer pra trocas
16:30jornalistas que são fora do eixo Rio-São Paulo,
16:33em especial do Norte e Nordeste,
16:35que passam 12 dias ali numa imersão em contato com jornalistas
16:40da grande imprensa, da imprensa independente,
16:43falando sobre temáticas que têm a ver com uma transformação no jornalismo.
16:47Então, passa para...
16:49Desde a seleção das pessoas que vêm pra São Paulo,
16:53que consideram aspectos interseccionais.
16:56Então, quando a gente faz o processo de seleção,
16:59a gente considera sim raça, sim classe, sim gênero e a região, né?
17:04De onde vem.
17:05Porque a gente entende que as pessoas do Sudeste
17:07têm mais oportunidades na mídia em geral.
17:10E região também a diversidade, né?
17:12E região também a diversidade.
17:13Traz outros elementos que a gente ignora aqui.
17:16Exatamente.
17:16Eu ouço, por exemplo, vocês que trabalham em televisão,
17:19você deve ter passado por coisas semelhantes,
17:21eu ouço, por exemplo, jornalistas do Nordeste
17:23dizer que tem muita dificuldade de trabalhar em TV
17:26por causa do sotaque, né?
17:28E o Brasil é um continente, é um país continental,
17:31onde cada lugar tem um sotaque diferente,
17:33como se nós, paulistanos, não tivéssemos sotaque, né?
17:36Fôssemos isentos de sotaque
17:37ou o sotaque carioca fosse geral, né?
17:39Então, passa por esse olhar para quem vai participar
17:43e também passa por um olhar
17:46de como tratar alguns temas do jornalismo.
17:49Então, a Dilma falou do ESG,
17:52eu acho que o ESG é um chapéu muito bom, assim,
17:55para a gente trazer para todas as áreas.
17:57Então, o jornalismo.
17:58Como o jornalismo trata hoje a cobertura de gênero?
18:01Como o jornalismo trata a cobertura racial?
18:05Não é só ficar naquela superfície de
18:07que precisamos ter mulheres pretas na capa da revista.
18:09Não, é muito mais profundo, né?
18:13Acho que ter mulheres pretas na capa da revista
18:15é a propaganda, né?
18:18Você tratar essas temáticas raciais
18:21no dia a dia do jornalismo
18:22ou a temática de gênero...
18:24Vou dar um exemplo.
18:26Hoje, os portais de notícias destacam muito
18:29feminicídio, né?
18:31A cobertura de violência contra a mulher,
18:34que é muito importante tratar.
18:35Mas é preciso pensar muito
18:37em como essa cobertura é feita.
18:39Porque não adianta só você botar ali
18:41o feminicídio para caçar clique.
18:43Tragédia traz clique.
18:46Como é que você está tratando esse tema
18:47dentro da publicação e tal?
18:49Então, eu acho que a minha atuação,
18:51pensando em futuro, vai muito nisso, né?
18:54De como a comunicação, em geral,
18:56quando eu falo do jornalismo,
18:57acho que hoje em dia não dá para ficar só no jornalismo,
18:59porque a gente também trata disso
19:02na propaganda, com os criadores.
19:06Trata, passa ali por todas essas siglas do ESG,
19:10na base mesmo, né?
19:12De como vai apurar, quais são as fontes.
19:15Quem você está ouvindo para fazer as reportagens?
19:17E quais perguntas você está fazendo, né?
19:18Quais perguntas você está fazendo?
19:20Que permita subjetividade, humanidade
19:23para essas pessoas diversas que você traz, né?
19:26Exatamente, exatamente.
19:27Acho que passa por tudo isso.
19:29Ai, muito bom.
19:30Dilma?
19:32Olha, eu sempre falo que
19:34o mundo, normalmente,
19:37ele entra na tendência, né?
19:38E a gente sabe que contra...
19:40Toda tendência, né?
19:42Gera uma contra-tendência,
19:44seja para um lado ou para o outro.
19:47E aí as pessoas sempre me perguntam isso.
19:48A UESG acabou nas empresas.
19:51Eu falei, é, é.
19:54Qual empresa que, quando manda para mim,
19:57me pedindo as minhas informações,
19:59tirou todas as perguntas de ESG?
20:02Eu não conheço.
20:04Isso significa que, se caiu para eles,
20:07deveriam tirar as perguntas.
20:09Não deveriam mais me perguntar.
20:11Você está monitorando as suas emissões de CO2, né?
20:16De gases de carbono.
20:17Você está monitorando
20:21quanto você gasta de energia?
20:23Você usa fonte de energia renovável?
20:27Você tem projeto de impacto?
20:29O que você faz dentro da sua empresa
20:31para empoderar mulheres?
20:34Como que vocês tratam a questão racial?
20:37Isso está na informação
20:39que as grandes empresas te pedem,
20:41e eu respondo isso ali no Being Partners
20:44todos os dias e cada dia
20:46para uma grande empresa.
20:48Então, quando eu vejo esse movimento
20:50que aqui fala uma coisa
20:52na superfície,
20:54mas que profundamente
20:55continua te solicitando
20:58as mesmas informações,
21:00a minha primeira pergunta é
21:02será que se eu colocar
21:03não faço, não faço, não faço e não faço,
21:06eles chamariam essa empresa
21:08que não está fazendo nada?
21:10Essa aqui é a perfeita, né?
21:12Ela está no...
21:12Você entendeu?
21:13Ela está na trend.
21:14Não, não chamariam.
21:16Então, se eles não chamariam,
21:18significa que sim,
21:20há um retrocesso do movimento.
21:23Quando você olha o movimento,
21:26principalmente de comunicação,
21:28de fake news,
21:29mas há um avanço do movimento
21:31quando diz assim,
21:32se você não tiver as respostas certas,
21:35eu não vou chamá-lo para trabalhar.
21:37E eu também tenho visto isso
21:40e para um outro lugar,
21:42quando se junta no ESG,
21:44que é o lugar da governança,
21:46que é quando isso vira cultura,
21:48que é quando vira valor, né?
21:51E aí, quando vira cultura
21:52e vira valor,
21:54você não está mais discutindo
21:55se tem que ter mais mulher ou não.
21:57Tem que ter.
21:58Você não está mais discutindo
21:59o que você faz pelo racial.
22:01Você tem que fazer.
22:02E isso é um movimento
22:03muito à frente, né?
22:07Para algumas empresas,
22:08e eu vejo várias empresas
22:10fazendo isso ao longo do tempo.
22:12Então, quando você vê
22:13empresas que se declaram não,
22:15você também vê grandes empresas
22:17declarando o sim
22:18e afirmando o sim.
22:21Então, quando eu olho isso
22:22com esse movimento,
22:23eu tenho uma certeza
22:24que este movimento
22:26não vai parar.
22:28Que por mais que
22:29nas vozes ele possa
22:31retroceder nesse momento,
22:33ele está numa camada
22:34que está avançando.
22:36Porque ninguém tirou isso
22:38das perguntas
22:39que eles fazem para você.
22:41Então, essa responsabilidade
22:43e maior,
22:44a corresponsabilidade
22:46dos ecossistemas formados
22:48por cada uma dessas empresas,
22:51e as pesquisas dizem isso,
22:52quando você fala assim,
22:55o que você aguarda
22:56de mudança
22:57e quem você espera
22:59que faça essa ação
23:00de mudança para o futuro?
23:02Em 53%,
23:04a população diz,
23:06são as empresas
23:06que farão este movimento
23:09do futuro.
23:1053% da população
23:12atribui esta mudança
23:14às empresas
23:15e não aos governos.
23:17óbvio que tem
23:19a porcentagem maior
23:20de 37%
23:21para os governos
23:22e daí,
23:24por várias outras
23:25questões,
23:26complementam-se
23:27esse 100%
23:28de porcentagem.
23:29Então, a gente entende
23:30que as empresas
23:31têm que dialogar
23:32neste lugar.
23:33A gente entende
23:34que as pessoas
23:34têm que dialogar
23:35com responsabilidade.
23:38A gente entende
23:39que a geração
23:40Z
23:40e a geração
23:42alfa
23:43em 58%
23:45querem comprar
23:46de quem tem
23:46atitudes sustentadas.
23:48É nesse ponto
23:49que eu ia chegar,
23:50porque a resposta
23:50das duas
23:51é muito positiva,
23:53são boas notícias
23:54que vocês trazem
23:54de quem está respirando
23:55e que está dentro
23:57das empresas
23:57conversando com as marcas
23:59e aí,
23:59esse olhar
24:00para a nova geração,
24:01já para a gente
24:02ir encaminhando também
24:02para o fim do nosso papo,
24:04a gente olhou para o futuro
24:05e essa nova geração Z,
24:07ela vem realmente
24:08para nos deixar otimistas,
24:10para transformar.
24:11Existe,
24:12quando a gente fala
24:12de geração Z,
24:12também parece
24:13que é quem são
24:14e como vivem,
24:14de onde vem.
24:17Mas vocês,
24:18tem gente que fala
24:19eles não querem nada
24:19com nada,
24:20a gente fala
24:20não,
24:21é a mais comprometida
24:22que vem pensando,
24:23como que vocês
24:24que estão nessas trocas,
24:26você muito perto
24:26da juventude também,
24:28como é que vocês sentem?
24:29Vem coisa boa por aí,
24:31a gente pode daqui a pouco
24:32ficar tranquilo
24:33porque eles vão fazer
24:33boas coisas
24:34e continuar o legado
24:36de quem como você
24:37está lutando tanto?
24:39Olha,
24:40só fazer um complemento
24:42no que a Dilma falou
24:43anteriormente,
24:43que eu acho importante,
24:44porque assim,
24:45essa coisa de acabar
24:46com as políticas
24:46de inclusão,
24:50quando a gente pega,
24:52assim,
24:52eu trabalho muito
24:55com dados,
24:56falando em dados,
24:57e assim,
24:57todos os relatórios
24:58de McKinsey,
25:00de fórum social e tal,
25:02é provado por A mais B
25:04que as empresas
25:05que tem ali no quartil superior
25:06maior diversidade,
25:08mais mulheres e tal,
25:09são as que tem
25:09maior faturamento,
25:10então, sinceramente,
25:11eu não acho que as empresas
25:13vão voltar atrás nisso,
25:14né,
25:15porque tem uma,
25:16são diversos os fatores
25:18de incremento, né,
25:20inovação,
25:21exatamente.
25:22O potencial de inovação,
25:25ele está dentro
25:26do pensamento diverso.
25:28Exatamente.
25:29E aí, né,
25:30trazendo para a juventude,
25:31é aquilo,
25:32quando eu estava ali
25:34na, né,
25:35na frente de uma revista
25:36feminina,
25:37eu pensava,
25:38bom,
25:39tem algum problema aqui,
25:40eu não estou falando
25:41se a,
25:41mais de 50%
25:43da população
25:43são mulheres,
25:44desses,
25:45dessas,
25:46mais de 50%
25:47da população
25:47de mulheres,
25:48a maior parte
25:49são mulheres negras
25:50e elas não estão
25:51comprando a revista
25:52porque elas não se veem
25:53representadas,
25:54o problema é da revista,
25:55não é delas, né,
25:56porque a revista
25:57está perdendo tudo isso
25:58aqui de,
25:59de,
26:00de público,
26:02né,
26:02leitor que paga
26:03para ler
26:03e que os anunciantes
26:05têm interesse,
26:05os anunciantes,
26:06o mercado da beleza
26:07foi mais esperto
26:08e mais rápido
26:10em sacar isso
26:11do que a imprensa
26:13brasileira,
26:13por exemplo,
26:14né,
26:14que demorou um pouco mais.
26:16Sobre a juventude
26:17é a mesma coisa, né,
26:18quando eu trago,
26:19eu trabalho com esses
26:20jovens jornalistas,
26:22eu,
26:22eu tenho que trazer eles,
26:24eu tenho que ouvi-los
26:25porque eles são
26:27o público leitor
26:28também.
26:29Se eu não estou falando
26:30com essa juventude,
26:31com essa geração Z,
26:33com quem eu vou falar
26:34daqui a pouco?
26:35Porque eu me lembro
26:36quando eu trabalhava
26:36em jornal público,
26:37o público médio, né,
26:39nas pesquisas eram
26:40homens brancos
26:42advogados
26:42com mais de 50 anos.
26:43Bom,
26:44esses homens brancos
26:45advogados com mais de 50 anos,
26:46agora,
26:47depois de 25 anos,
26:48eles estão,
26:48alguns muitos morreram,
26:50né,
26:50e eles estão velhos.
26:52Então,
26:52quem é que vai ler,
26:54né?
26:54Eu preciso focar nessa galera.
26:56Essa geração Z,
26:57eu acho assim,
26:58a gente também não pode colocar
26:59toda a responsabilidade
27:01do mundo
27:01nas costas
27:02dessa geração
27:04que passou
27:04dois anos
27:05trancado dentro de casa
27:06com pandemia,
27:07vivendo todas as aflições,
27:09dificuldades da pandemia
27:10nos anos mais difíceis
27:12que eles tiveram.
27:14Então,
27:14é uma geração
27:15que tem uma fragilidade
27:17também que a gente
27:18tem que lidar, né?
27:19Então,
27:19quando falam,
27:20ah,
27:20eles não são comprometidos
27:21e tal,
27:22eu vejo essa fragilidade,
27:23uma fragilidade
27:24de quem foi pego ali,
27:26ao mesmo tempo
27:26que eles têm
27:27uma ansiedade
27:27de fazer as coisas
27:28pelo mesmo motivo,
27:30por esse período
27:32de pandemia
27:32que eles viveram.
27:34Mas eu sinto
27:34uma geração comprometida,
27:36eu sinto uma geração
27:37aberta a,
27:39por exemplo,
27:39a gente falava,
27:40ah,
27:40na imprensa,
27:41o papel acabou.
27:42Eles adoram ver,
27:43eles adoram papel,
27:45eles adoram livro,
27:46eles adoram revista
27:47e eles complementam.
27:49Então,
27:49eu acho que é um complemento.
27:51Acho que tem uma coisa
27:52intergeracional,
27:53pela primeira vez
27:53a gente está em cinco gerações
27:55no mercado de trabalho
27:56juntas, né?
27:57Então,
27:57a gente tem os boomers,
27:58a geração X,
27:59que é a nossa,
28:00a gente tem os millennials,
28:02a gente tem a geração Z
28:03e daqui a pouco
28:04a alfa vai chegar,
28:06a alfa vai estar aí,
28:07entendeu?
28:08Eu acho que a gente
28:08tem que encarar
28:09como uma troca
28:10sem preconceitos, né?
28:11Tanto,
28:12existe muito
28:13esse preconceito
28:13geracional ainda,
28:15tanto das mais velhas
28:16com os mais novos
28:17quanto dos mais novos
28:18com os mais velhos,
28:19né?
28:20É vice-versa,
28:21mas a gente tem
28:22a aprender,
28:23acho que realmente
28:24é um momento
28:25muito interessante
28:26de troca, né?
28:28E troca
28:28que a gente tem
28:29que pensar também,
28:30porque a geração Z
28:32a gente não pode também
28:33encarar como uma geração única,
28:35né?
28:35Também,
28:36porque se a gente
28:36focar na geração Z
28:37dos privilégios,
28:38a gente está ignorando
28:39a geração Z
28:40da diversidade,
28:41da inclusão
28:42que a gente tem
28:43que tratar também
28:43e os interesses
28:44são diferentes.
28:45Então,
28:46acho que da nossa parte
28:47das pessoas,
28:48né?
28:48Da geração X,
28:50derrubar esses vieses
28:52todos geracionais,
28:54construir essa troca
28:56com essa geração
28:57e trazer o que,
28:58entender o que é interesse
29:01dessa galera, né?
29:02O que está interessando
29:03essa galera?
29:04E, ao mesmo tempo,
29:05compartilhar a experiência
29:07sem o, né?
29:10Tom professoral.
29:11Exatamente.
29:12Exatamente.
29:13A gente não manda
29:15em nada,
29:16nem na vida da gente.
29:19Nada.
29:19Nada.
29:20Nada.
29:21Ah, eu agradeço tanto
29:22de poder ouvir vocês.
29:24Tenho certeza que a nossa audiência
29:25também, né?
29:26Está junto,
29:26está trocando.
29:27Mandem comentários no vídeo.
29:29E, muito obrigada.
29:30Vamos aproveitar esse evento,
29:31então,
29:31ouvir mais, né?
29:32Tantas executivas,
29:33tantas pessoas inspiradoras
29:34como vocês que estão falando aí.
29:35Obrigada, meninas.
29:37Obrigada.
29:37Obrigadíssima.
29:38Uma delícia de conversa.
29:39Foi demais, como sempre.
29:41Obrigada.
29:41Até mais.
29:43Obrigada.
29:44Obrigada.
29:45Obrigada.
29:46Obrigada.
29:47Obrigada.

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