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  • 09/06/2025
Veja o momento em que Cid confirma que Bolsonaro recebeu, leu e pediu alterações na minuta do golpe

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Transcrição
00:00O senhor confirma a integralidade, eu repito, de todos os depoimentos, tanto na Polícia
00:06Federal quanto no Supremo Tribunal Federal.
00:08Sim, senhor.
00:09No depoimento na Polícia Federal do dia 8 de agosto de 2023, o primeiro, a leva de
00:20primeiros depoimentos, 8 de agosto ou 6 de agosto?
00:2528 de agosto, perdão.
00:35Então, nesse primeiro depoimento do dia 28 de agosto, aqui o depoimento 3576708, o senhor
00:44aponta que o assunto, o tema, golpe de Estado, quebra da normalidade, decretação do Estado
00:52de exceção, Estado de sítio, a ideia da quebra da normalidade democrática era discutida
01:00no governo.
01:01O senhor aponta ainda a existência de três grupos distintos que discutiam esse assunto.
01:09Um, e aqui entre aspas, na nomenclatura do senhor, um bem conservador, de linha bem política,
01:17que aconselhava o então presidente, Jair Bolsonaro, a dizer para o povo, abre entre aspas também,
01:25para o povo sair da frente dos quartéis.
01:28Outro grupo, denominado pelo senhor de moderado, em que pese, disse o senhor no depoimento,
01:36entendesse, entre aspas, que o caminho que o Brasil estava indo estava errado, dizia que
01:44nada poderia ser feito diante do resultado das eleições.
01:49E um terceiro grupo, que também fora denominado pelo senhor de radical, esse estava tentando,
01:57abre aspas, entre aspas, estava tentando convencer o então presidente a fazer alguma coisa, um golpe.
02:03O senhor, assim, divide essas discussões que ocorriam no âmbito do governo e do palácio,
02:12nesses três grupos.
02:14E ainda diz que no grupo radical havia os menos radicais, que queriam achar, entre aspas,
02:23uma fraude nas urnas, e os radicais, que eram a favor de um braço armado,
02:30que gostariam, que estavam incentivando um golpe de Estado, que queriam que o presidente
02:37assinasse o decreto, que acredita que esperavam o presidente dar uma ordem, entre aspas,
02:46que acreditava esse grupo, que quando o presidente desse a ordem, ele teria o apoio do povo e dos
02:53CACs, e que esse mesmo grupo dos radicais, esse subgrupo radical-radical,
03:00romantizavam o artigo 142 da Constituição Federal como um fundamento para o golpe de Estado.
03:08Fecha aspas.
03:09O senhor confirma isso?
03:10Gostaria que o senhor explicasse essas discussões entre esses três grupos.
03:14Sim, senhor.
03:15Ministro, confirma todas as declarações, mas esses grupos não eram organizados,
03:20eram pessoas individualmente, cada um com a sua ideia, que se aproximava do presidente
03:24em momentos distintos, e cada um levando a sua ideia para ele.
03:28Então, era basicamente assim, mas não existia uma organização e nem existiam reuniões que
03:33esses grupos se reuniam para debater.
03:35Essa foi uma classificação do senhor, porque convivia diariamente lá.
03:41Para facilitar até o depoimento, mas esses grupos não eram organizados, não eram grupos
03:46de pessoas que iam juntos para falar com o presidente.
03:48individualmente, as pessoas iam lá, davam suas ideias, muitas vezes iam um, duas, três
03:53vezes, depois não apareciam mais.
03:57E esses grupos exatamente falavam isso que o senhor narrou?
04:01Sim, senhor.
04:01Tinham dos mais conservadores as mais radicais.
04:07O senhor também, nesse depoimento, antes disso, aqui entre os correus, o senhor identifica
04:14alguém que na sua classificação estava nesses grupos?
04:18Se o senhor quiser, eu, para facilitar, eu leio os correus.
04:24Correus Alexandre Ramagem.
04:26Não, senhor.
04:28Almir Garnier.
04:29Esse eu classifiquei no grupo dos mais radicais.
04:32Radical e naquela divisão, radical, radical.
04:35Sim, senhor.
04:36Anderson Gustavo Torres.
04:38Eu acho que nem entrou, se eu não estou enganado, acho que não entrou nessa divisão.
04:42Augusto Heleno Ribeiro Pereira.
04:44Também eu acho que não entrou na divisão.
04:45Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.
04:48Se eu não me engano, ele estava nos moderados.
04:51Walter Souza Braganeto.
04:53Ele também, eu acho que nesse momento, ele estava nos moderados.
04:57Obviamente, para que conste, não citei o nome do réu Jair Messias Bolsonaro, porque
05:01esses grupos pretendiam influenciar o réu Jair Messias Bolsonaro.
05:06obviamente, ele não fazia parte de nenhum desses grupos.
05:10Em relação ao correu Paulo Sérgio, o senhor diz que Jair Messias Bolsonaro queria uma atuação
05:20mais contundente do general Paulo Sérgio, em relação à comissão de transparência das
05:26eleições montada pelo Ministério da Defesa.
05:29Que Jair Bolsonaro queria que o documento produzido fosse duro.
05:33O senhor confirma isso?
05:34O senhor tem conhecimento que se após, e também consta aqui nos autos, o senhor tem conhecimento
05:48que após a realização das eleições, na verdade, o primeiro turno e depois o segundo
05:53turno, o hoje réu, então o ministro da Defesa, Paulo Sérgio, já estava com uma, com uma,
06:04não uma nota, com a conclusão feita, com o relatório da comissão feita e com reunião
06:11marcada para entrega no Tribunal Superior Eleitoral e depois desmarcou essa reunião porque foi
06:16pressionado pelo, então, o presidente Jair Messias Bolsonaro?
06:21Sim, senhor.
06:23O senhor sabe como foi essa pressão?
06:27Ministro, efetivamente, eu não sei se foi por ligação, se foi por conversa particular,
06:31mas essa pressão realmente existia.
06:33O general Paulo Sérgio, ele tinha uma conclusão desse documento, voltada por um lado mais técnico
06:40e se tinha a tendência de fazer algo voltado um pouco mais político.
06:44E acabou que, no final, chegou-se ao meio termo, que foi o documento que foi produzido e assinado.
06:57O senhor, ainda, em relação a essa questão, que, na verdade, consta não só no seu depoimento
07:04do dia 28 de 2023, mas também no seu depoimento aqui no Supremo Tribunal Federal, no dia 21 de novembro
07:12de 2024, o senhor tem conhecimento que, depois do relatório apresentado e da nota
07:20que o Tribunal Superior Eleitoral emitiu, dizendo que havia recebido o relatório do Ministério
07:29da Defesa, que tinha testado a lisura das eleições e a regularidade das urnas, o senhor
07:36tem conhecimento se o Correio Paulo Sérgio sofreu pressões para soltar uma segunda nota?
07:42Não me recordo, ministro.
07:45Essa segunda nota eu não me recordo.
07:47Eu creio que, depois que saiu a primeira, eu acho que, depois que foi entregue a versão
07:51oficial final, eu acho que não teve uma pressão para sair a segunda, não.
07:55Não me recordo.
07:56Aqui, vamos agora, a partir de meados de novembro de 2022, o senhor aponta que várias reuniões
08:19ocorreram para tratar exatamente dessa questão de como reverter o resultado das eleições.
08:26E que uma dessas pessoas que tratava desse assunto era um ex-assessor internacional do ex-presidente,
08:35o ex-assessor Felipe Martins, que vinha acompanhado de um jurista.
08:42E diz o senhor que foram mais de dois encontros dessas pessoas com o ex-presidente Jair Bolsonaro
08:47e, juntamente com esse jurista, eles apresentaram um documento ao presidente Jair Bolsonaro no
08:55Palácio do Alvorada.
08:56O senhor se recorda?
08:57Eu gostaria que o senhor explicasse como foi essa apresentação e do que se tratava
09:02o documento.
09:02Sim, senhor.
09:03Então, em termos de dados, não me lembro bem como foi, mas me parece que foi umas
09:08duas, no máximo três reuniões, talvez duas, em que foi levado esse documento ao presidente.
09:15O documento consistia de basicamente duas partes.
09:18A primeira parte eram os considerandos, eram 10, 11, 12 páginas, muito, muito robusto.
09:24Nesses considerandos, eles listavam, basicamente, as possíveis interferências, intervenções
09:30do STF e do TSE no governo Bolsonaro e nas próprias eleições e, no segundo, a parte
09:38entrava numa área mais jurídica, de estado de defesa, estado de sítio, prisão de autoridades
09:44e decretação de um conselho eleitoral, alguma coisa assim para refazer as eleições
09:52ou algo parecido.
09:54Esse documento, o senhor disse que previa a decretação de prisão de determinadas autoridades.
10:00Quais seriam as autoridades?
10:02Ministro, basicamente, vários ministros do STF, o presidente do Senado, acho que o presidente
10:09da Câmara não, mas eram de várias autoridades, assim, tanto do STF como do Legislativo.
10:18Também previa, o senhor disse, uma comissão eleitoral.
10:23Sim, senhor.
10:24Essa comissão eleitoral iria... qual seria a função dessa comissão eleitoral?
10:28Eu não me ative muito nos detalhes do documento, mas seria conduzir uma nova eleição, baseado
10:36numa eleição anulada.
10:38Então, seria para conduzir uma nova eleição após a eleição já realizada.
10:43Sim, senhor.
10:43O ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu e leu esse documento?
10:49Sim, senhor.
10:49Recebeu e leu.
10:51Ele fez algumas alterações no documento?
10:54Sim, senhor.
10:55Ele, de certa forma, enxugou o documento.
10:57Ele enxugou o documento, basicamente, retirando as autoridades das prisões.
11:05Somente o senhor ficaria como preso.
11:09O resto não...
11:12O resto foi conselhado no habeas corpus.
11:17O senhor teve ciência ainda do documento, quando o Felipe Martins apresentou ao colaborador,
11:26o documento, ele apresentou o documento impresso e de forma digital para que fossem feitas as alterações?
11:34Eu não estava na sala no momento que foram feitas as alterações.
11:38Depois, quando ele saiu, ele sentou do meu lado ali, que é ali que eu tive, que eu vi o documento.
11:42Ele quem, perdão?
11:43O Felipe Martins.
11:44Que aí você estava com as correções, ele estava com o computador para fazer essas alterações solicitadas pelo presidente.
11:51Então, o senhor teve acesso...
11:53Sim, senhor.
11:53Eu vi o documento.
11:55E o presidente, o de réu Jair Messias Bolsonaro, também teve.
11:58Sim, senhor.
11:59E o Felipe Martins, que levou esse documento.
12:02Sim, senhor.

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