Forró das Minas mostra a importância de se ter mais bandas femininas
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NotíciasTranscrição
00:00Qual é a conexão que vocês têm com outros movimentos femininos de forró pelo país?
00:06Quem que vai falar?
00:09Olha, o que eu percebo é que paralelo ao forró das minas,
00:14vários outros movimentos foram surgindo.
00:16No Rio de Janeiro tem grupos de mulheres que a gente conhece também,
00:20no Nordeste também.
00:21A gente fez uma conexão com as meninas que vieram lá do Piauí,
00:25que elas tocaram num evento nosso.
00:27Como é que é mesmo o nome delas?
00:28Eu e a Pá, antes do forró das minas, a gente já tinha também uma banda de mulheres.
00:34O forró das minas.
00:35Então é um movimento que vem surgindo em coletivo e acontecendo comitantemente.
00:44Na estância Brasil.
00:47Mas eu acho que o mais importante é esses movimentos.
00:51A gente perceber eles acontecendo e a gente se olhar e se conversar.
00:57e se conectar.
01:00E uma dar voz para a outra.
01:01Porque a luta é constante.
01:04Mas se eu não tenho minha mana para falar comigo quando eu falo
01:10estou me sentindo tal.
01:12E não tenho minha mana aqui que fala
01:13isso acontece comigo também, isso também acontece comigo.
01:17A luta não reverbera.
01:18Então eu acho que o mais importante é justamente a gente estar conseguindo se olhar,
01:22se identificar.
01:25E justamente é esse processo de identificação que é muito importante
01:31para que outras mulheres também, inclusive,
01:34deem sequência.
01:35na televisão, na rua, no metrô, em diversos lugares que sejam,
01:41no banheiro que sejam.
01:43Mas tem uma mulher fazendo música lá.
01:45Eu tenho em quem me espelhar.
01:47Sim.
01:47E não achar que estou sozinha, que estou muito diferente, que estou...
01:53Porque é preciso coragem para atuar no mundo,
01:58para fazer a mudança, a diferença e etc.
02:02Eu acho que quando juntas,
02:04e se olhando, se identificando,
02:06eu acho que esse é o mais forte.
02:08Reverbera, eu acho que reverbera.
02:10Não é exatamente sobre pioneirismo,
02:12mas sobre essa pegar e...
02:15Pegar pela mão, vem junto comigo.
02:16Pegar juntas, né?
02:17E irmos nos identificando por aí, Brasil, mundo afora.
02:21E conectar, abrir espaços.
02:23Eu acho só importante também falar que,
02:25junto com isso que a Flor está trazendo,
02:27é um movimento que acontece em outros gêneros da música também.
02:30Porque, por exemplo, eu não toco só forró,
02:32toco música instrumental,
02:34a Flor toca samba.
02:36Cada uma aqui tem um outro percurso.
02:38E esse movimento das mulheres está acontecendo também
02:41no samba, na música instrumental,
02:44em outros gêneros, na cultura popular.
02:46E eu acho que os movimentos,
02:48enquanto cada pessoa, sujeito mulher aqui,
02:51eles vão se conectando,
02:53justamente com relação a isso que a Flor está falando,
02:56das mulheres terem as mesmas questões
03:00de invisibilidade,
03:02ao mesmo tempo de ganhar um protagonismo,
03:04de ao mesmo tempo dar a mão para aquela outra
03:06que está ali achando que está sozinha.
03:09Então, acho que vai para além do gênero musical.
03:12É isso que eu queria chamar a atenção,
03:13de um movimento histórico das mulheres,
03:16enquanto artistas, enquanto musicistas,
03:19e que tem ganhado força em vários âmbitos.
03:22Ocupando os espaços que antes os homens não deixavam vocês ocuparem.
03:26Para não ficar, sabe, tipo assim,
03:28circunscrito a uma discussão de forró,
03:31onde só acontece isso no forró.
03:33Não acontece só no forró, né?
03:34É uma coisa que acontece na sociedade.