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  • 01/06/2025
O professor da Temple University, na Filadélfia (EUA), Lucas Martins concedeu entrevista exclusiva ao Jornal Jovem Pan e analisou a atual política migratória do governo norte-americano. O presidente Donald Trump foi autorizado pela Justiça dos Estados Unidos a revogar o visto de mais de 500 mil imigrantes residentes no país. A decisão da Suprema Corte dos EUA abriu o caminho para a deportação em massa. “Logisticamente falando, é muito difícil fazer a deportação de um grupo tão expressivo para nações que ficam próximas aos Estados Unidos”, avaliou Martins.

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Transcrição
00:00Eu quero conversar agora com o professor Lucas Martins, da Temple University, na Filadélvia.
00:05Professor, seja muito bem-vindo, prazer recebê-lo aqui.
00:07Primeiro, eu quero ouvir a tua análise sobre essa retirada do visto
00:12que foi dado durante uma política adotada por Joe Biden a mais de 500 mil imigrantes,
00:19principalmente de países que, de alguma forma, vivem situações de bastante vulnerabilidade aqui na América.
00:25Como é que o senhor avalia a possibilidade de haver uma reversão disso agora na justiça,
00:31ou seja, de se proibir novamente a retirada desse visto e o quanto isso poderia gerar uma crise humanitária?
00:38Boa noite.
00:41Boa noite, Evandro. Boa noite a você e a todos que nos acompanham aqui pela Jovem Pan.
00:47Veja só, primeiro nos atentemos ao número que se trata dessa reportagem, dessa notícia.
00:54Estamos falando aí de 500 mil imigrantes que foram afetados por essa decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos.
01:01Até logisticamente falando, é muito difícil você fazer uma deportação de um grupo tão expressivo
01:08para nações que ficam próximas dos Estados Unidos.
01:12Estamos falando do Haiti, da Venezuela, Nicarágua, Cuba.
01:15Mas a forma como isso acontecerá logisticamente será bastante difícil.
01:20Então, não dá para dizer que essa deportação acontecerá de maneira imediata.
01:26E lembramos também que esse programa de acolhimento que foi concedido pelo governo Joe Biden
01:32tem relação também com a situação vivida por grande parte desses imigrantes nos seus países.
01:39Afinal, nós estamos falando de nações que vivem situações delicadas na área de direitos humanos.
01:47E essa deportação também pode afetar os Estados Unidos na medida em que esses imigrantes,
01:53com suas autorizações especiais, eles também podiam trabalhar, ter os seus negócios,
01:59eram empreendedores e acabarão por retirar também o seu investimento nos Estados Unidos.
02:06Os Estados Unidos, aqueles que trabalhavam em empresas, deixarão de trabalhar.
02:11E com isso, nós teremos também nas regiões em que eles residem, principalmente na Flórida,
02:17que ali é muito próximo, por exemplo, à ilha de Cuba, por exemplo,
02:21nós teremos situações em que teremos aumento de inflação, por exemplo,
02:26pelo fato de que esses trabalhadores não estarão mais ali
02:29e haverá mais dificuldade para encontrar pessoas que ocupem os mesmos espaços.
02:35Por isso que isso afeta não só a vida do imigrante,
02:38mas também tem o potencial de afetar a vida americana através da inflação
02:43e também da saída de um contingente bastante expressivo de pessoas
02:48que também são investidoras e também têm os seus negócios instalados nos Estados Unidos.
02:53Professor, o senhor acha que a chance de haver um recurso na Suprema Corte
02:57para derrubar essa decisão é grande?
03:03Derrubar a decisão é algo bem delicado de se considerar pela composição da Suprema Corte.
03:10Hoje a Suprema Corte tem uma maioria conservadora.
03:14E não é à toa que recentemente Donald Trump, por exemplo,
03:17me fez uma declaração a respeito do feriado que nós chamamos aqui de Memorial Day,
03:22que é um feriado dedicado à vida das pessoas militares, veteranos,
03:27que faleceram e também perderam suas vidas durante guerras americanas,
03:32ele fez uma declaração bastante interessante na medida em que ele dizia
03:37que o principal entrave às suas políticas era exatamente o sistema judiciário americano,
03:42mas fez uma ressalva, uma ressalva dizendo que a Suprema Corte era a instância que poderia ajudá-lo,
03:50que poderia defender aquilo que ele considerava correto como política pública para os Estados Unidos.
03:57E é por isso, considerando essa característica conservadora da Suprema Corte,
04:02que é muito difícil de se pensar que um recurso possa alterar a situação atual.
04:07Agora, professor, o senhor falou das consequências econômicas caso essas mais de 500 mil pessoas sejam deportadas.
04:16Há as consequências econômicas também por causa do tarifácio imposto por Trump,
04:21que faz já com que muitas empresas reclamem do aumento dos custos
04:25e também esse aumento que recairia sobre a própria população.
04:30Em que momento que haveria uma reação, então, nesse caso puxada pela economia,
04:35de medidas que Trump bradou durante a campanha eleitoral e tenta colocar em prática agora,
04:42mas que prejudicaria os próprios americanos?
04:47Sem dúvida. Pensamos, por exemplo, na questão da própria imigração,
04:51a característica presente nos Estados Unidos a respeito dos imigrantes,
04:56onde normalmente eles trabalham, principalmente quando nós falamos desses imigrantes
05:00que são indocumentados, por exemplo, que trabalham na indústria da construção civil,
05:06na indústria de restaurantes, geralmente há uma dificuldade por parte desses empresários
05:12de encontrar pessoas para empregar nessas indústrias.
05:17E na medida em que há todo um movimento político de deportações,
05:23logicamente que essas indústrias afetadas por essas políticas reagirão naturalmente,
05:31até porque elas serão as primeiras a receberem o impacto dessas medidas,
05:37principalmente agora com a chegada do verão americano,
05:40as indústrias de hotéis, restaurantes,
05:43dependem muito dessa mão de obra que agora passa a ser pressionada pelo governo
05:49para ser deportada, por exemplo.
05:52E pensando também no impacto das medidas tarifárias,
05:57hipertarifáceos, hipertarfações,
06:01isso já se imagina que vai trazer ainda mais inflação para os americanos,
06:07na medida em que, por mais que hoje os Estados Unidos estejam,
06:11na pessoa de Donald Trump, lutando exatamente para reconstruir a indústria americana,
06:18a força da indústria que existia ali no início do século XX
06:22e que deixou de existir principalmente pelo movimento da globalização nos anos 2000,
06:29esse é um processo muito longo, vai ser muito difícil para os americanos,
06:33em apenas quatro anos de governo Trump,
06:35recuperarem a sua pujança industrial para reverterem situações que vivem neste momento.
06:42E é por isso que essas estruturas,
06:45esses pensamentos, ações do governo Trump,
06:49trarão sim mais inflação e por isso que são bastante críticas,
06:54no sentido de afetar diretamente a vida do consumidor americano
06:59e da classe média americana,
07:00que foi fundamental na coalizão que elegeu Donald Trump em 2024.
07:05Professor, há pouco nós falávamos também da saída de Elon Musk,
07:09o bilionário Elon Musk, que integrou o governo Trump,
07:12houve um anúncio também, muita festa do partido,
07:15no momento em que ele foi colocado no cargo,
07:18e agora, pouco tempo depois, ele sai dizendo que cumpriu o papel dele,
07:22que o papel dele seria ali de 120 dias de governo,
07:25embora lá atrás isso não tivesse ficado muito claro.
07:28Como é que o senhor avalia, digamos assim,
07:31a atuação de Elon Musk até aqui
07:33e os motivos que levaram à saída dele?
07:35Bem, se há alguém que ficou extremamente satisfeito
07:42com a saída de Elon Musk oficialmente do governo americano
07:46é o acionista da empresa Tesla, por exemplo,
07:49que ficou bastante satisfeito com a ideia de que Elon Musk
07:52vai retomar as suas atividades em tempo integral
07:56nas suas empresas.
07:57Afinal, a empresa Tesla caminhava para, mais uma vez,
08:02pelo segundo ano consecutivo,
08:04uma queda de suas vendas,
08:06e na última quinta-feira, por exemplo,
08:08nós tivemos um aumento de 2% nas ações da empresa Tesla.
08:13Isso mostra o quanto aquele acionista precisava ver
08:18uma notícia positiva como essa,
08:20o retorno de Elon Musk para as suas empresas.
08:23Agora, do ponto de vista político,
08:24isso não mostra que há qualquer tipo de rusga com o governo Trump,
08:29a saída dele não representa absolutamente nada.
08:33O trabalho do Doge continua e continuará,
08:37independentemente da presença oficialmente de Elon Musk ou não,
08:40a política de Donald Trump de cortar investimentos
08:45e os gastos federais em áreas consideradas como, por exemplo,
08:49política externa, trabalhos e projetos de paz no exterior,
08:55fundos humanitários, projetos de pesquisa,
08:59todos esses grupos serão continuamente afetados pela gestão Trump,
09:05independentemente da presença ou não de Elon Musk.
09:07Há um ponto político também que vale a pena nós comentarmos,
09:12que é a respeito do compromisso agora de Elon Musk também de reduzir,
09:17e essa foi uma mensagem para os acionistas da Tesla,
09:21que ele reduzirá o seu investimento com causas políticas.
09:26Isso não vai representar um grande impacto na vida do Donald Trump,
09:30que nós sabemos muito bem que,
09:32na medida em que, eventualmente, o Partido Republicano for afetado,
09:37ou estiver em risco político em qualquer eleição presidencial,
09:42ou mesmo para o Congresso,
09:43nós sabemos que Elon Musk tomará medidas necessitárias
09:48através de investimentos importantes,
09:50por isso que não há nenhuma mudança evidente
09:53a partir da saída dele do governo,
09:55tudo continua como está.
09:57Professor, só para a gente arrematar a nossa conversa
09:59de outro assunto que nós trouxemos também em reportagem
10:01antes do senhor entrar aqui conosco ao vivo,
10:03os Estados Unidos, eles podem, de fato, influenciar
10:07ou, digamos, penalizar, sancionar a atuação
10:11de um ministro do Supremo Brasileiro?
10:13A prerrogativa americana é sempre de pensar no sentido
10:20de proteger os seus interesses, os interesses do Estado americano,
10:25e é, de fato, algo que acontece em outros cenários,
10:30digamos assim, sanções a autoridades de outros Estados,
10:34Estados considerados orçistas, a realidade americana,
10:38como, por exemplo, autoridades russas, até mesmo, né,
10:42durante o governo do Biden, autoridades do governo da Venezuela.
10:46O que nós temos agora com o Donald Trump é exatamente o que eu gosto
10:50de chamar de revolução, na medida que essas medidas passam a afetar
10:55afetar de Estados que, tradicionalmente, não estavam na mira dos Estados Unidos,
10:59pelo menos da forma como estão, por exemplo, a China, a própria Rússia,
11:03a própria Venezuela, ou mesmo Cuba, neste cenário.
11:08E por isso que nós observamos historicamente que isso é algo
11:11que os Estados Unidos têm feito em relação a autoridades,
11:14mas agora, com essa política até ideológica por parte do Donald Trump,
11:19de ter um pensamento, né, que vê a proximidade com relação às suas ideias
11:26como algo importante da sua política externa,
11:29ele, logicamente, vai se utilizar de algo que faz parte da política externa americana,
11:35que é a sanção a autoridades estrangeiras,
11:37mas, dessa vez, com um viés um pouco mais ideológico
11:40do que nós, normalmente, já tivemos.
11:43Conversamos com o professor Lucas Martins, da Temple University.
11:47Professor, obrigado pelo bate-papo conosco, ótimo fim de semana.
11:52Obrigado.
11:54Até mais.

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