Na várzea amazônica, agroindústria opera com sistema inédito de energia

O Liberal

Em Gurupá (PA), na Ilha das Cinzas, que integra o arquipélago do Marajó, uma agroindústria comunitária entrou para a história ao iniciar suas operações com sistema fotovoltaico off-grid comandado por baterias, em maio de 2025. No vídeo, Francisco Malheiros (ATAIC), Daniel Godinho (WEG) e Angela Pinhati (Natura) explicam como a parceria entre comunidade, setor privado e tecnologia está transformando a economia extrativista da região.  REPORTAGEM: Gabriel da Mota IMAGENS: Gabriel da Mota (especial para O Liberal) / @aguiadroneimagensaereas / Natura / WEG

Transcript

00:00A logística, de fato, foi um desafio à parte neste projeto.

00:03Nós contamos com o apoio de um parceiro fundamental, a W Energy,

00:08que realizou todo o transporte, se encarregou de toda a logística

00:12e também da instalação de todos os equipamentos para que isso fosse possível.

00:17Nós estamos falando de um movimento de toneladas de equipamentos

00:20desde Santa Catarina até chegarem aqui, de fato, na TAIC, na comunidade, na agroindústria.

00:28E, além do desafio das distâncias, a complexidade de se movimentar

00:33esses equipamentos pesados justamente em áreas de várzea.

00:36Então, foram desenvolvidas algumas soluções criativas para o transporte,

00:40tanto nos barcos, as placas fotovoltaicas vêm montadas,

00:44tanto nos barcos quanto para fazer o transporte dos barcos para dentro da agroindústria.

00:50Então, isso só para ilustrar a complexidade dessa operação,

00:53mas uma operação que nossos parceiros conseguiram completar, concluir,

00:58com muita competência.

01:01A primeira característica que nos chamou a atenção nesse belíssimo projeto

01:05foi a dimensão social dele.

01:08Nós estamos falando de uma comunidade organizada,

01:11de uma comunidade séria, que trabalha há 20 anos,

01:14com uma outra empresa muito séria, que é a Natura,

01:17e nós nos sentimos muito motivados, em primeiro lugar,

01:20a trabalhar para melhorar a vida dessas pessoas,

01:22para, com a agroindústria, trazer mais renda e mais desenvolvimento socioeconômico.

01:28A partir dessa premissa, a WEG enxergou também nesse projeto

01:31a possibilidade de agregar uma solução sustentável.

01:35Então, nós trouxemos os equipamentos fotovoltaicos,

01:39com geração de energia, com armazenamento de energia em baterias,

01:44para que nós pudéssemos garantir que todo esse empoderamento da comunidade

01:49ocorresse de forma também sustentável.

01:53Primeiro que eu acho que a COP30 é muito importante para nós brasileiros,

01:57e para um lugar tão simbólico, que é Belém,

02:01parte da floresta amazônica,

02:03onde a gente traz soluções baseadas na natureza,

02:07como um veículo, um caminho para a transição climática.

02:12Então, eu acho isso super importante.

02:14Para a Natura, muito relevante,

02:15seguro que estaremos nessa agenda.

02:18Faz 25 anos que a gente atua na região,

02:21com mais de 45 comunidades,

02:23que hoje englobam mais de 11 mil famílias,

02:27e a gente também tem mais de 45 ativos.

02:30E há exemplos da associação que a gente tem hoje,

02:33que está inaugurando aqui a agroindústria,

02:36em parceria com a WEG,

02:39trazendo uma solução de energia solar

02:41para uma região que é isolada,

02:43que se fizéssemos a indústria antes,

02:46ela rodaria em geração a diesel,

02:48em gerador a diesel.

02:50E hoje a gente traz uma energia limpa,

02:53mostrando que é possível a gente

02:56transformar desafio socioambiental

02:58em uma oportunidade de negócio,

03:00trazendo a transição energética justa para todos,

03:05e implementando a renda das pessoas dessa comunidade.

03:08Então, sem dúvidas, eu acho que vai ser um projeto também

03:12que a gente vai ter muito orgulho

03:14de compartilhar na foto como um exemplo possível.

03:18A TAIQ continua um trabalho que já realiza

03:21ao longo dos 10 anos,

03:23só que agora com um diferencial.

03:25Agora, ao invés da gente comprar semente

03:27e vender semente,

03:28a gente vai comprar semente

03:29e vai vender óleos e manteiga.

03:32Ou seja, vamos processar essa matéria-prima, né?

03:35E aí, dentro desse processo,

03:38surgem outras oportunidades.

03:39Surge bem a pesquisa,

03:41vem o desenvolvimento,

03:42quem sabe já fazer algum produto

03:44a partir do óleo, a partir da manteiga, né?

03:46Esses são projetos futuros.

03:48Mas, de início, a gente continua

03:50com a nossa rede de fornecedores

03:52que são as famílias,

03:54continua com o fornecedor,

03:55que é os compradores, que é a Natura,

03:57a WEG, nessa parte de suporte energético.

04:00E a Embrapa sempre junto ali,

04:02com pesquisa, a universidade, com pesquisa,

04:04que é nisso que a gente vai melhorando

04:06o nosso desempenho, né?

04:07Através das pesquisas.

04:08E hoje, a gente está direcionando

04:10as nossas pesquisas

04:11para as matérias-primas

04:13que estamos trabalhando.

04:15Por exemplo, a gente já tem pesquisa

04:16de doutorado na área do Murumuru,

04:18da Ucuba,

04:19para entender como é que é

04:20o desempenho dela na natureza.

04:24Quantos quilos dá um cacho,

04:25se crescer,

04:26quanto tempo leva para germinar.

04:28Ou seja, entender essa matéria-prima

04:30é importante,

04:30porque, a partir daí,

04:32a gente define estratégias

04:34de manejo, de cuidado, né?

04:36Para orientar até boas práticas em campo.

04:39Mas não tem estudo sobre isso.

04:41Então, a gente está apoiando estudos,

04:43desde germinação,

04:45de densidade,

04:47de pragas e polinizadores.

04:49Ou seja, toda uma rede de informação

04:51que logo, logo a gente vai ter

04:52e que vão nos orientar

04:54a como proceder

04:55com atividade,

04:57com segurança e com sustentabilidade

04:59cada vez mais.

05:00Legenda Adriana Zanotto

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