Sintomas do câncer de ovário podem ser confundidos com outras doenças, por isso, mulheres devem ficar atentas e procurar orientação médica.
--------------------------------------
🎙️ Assista aos nossos podcasts em
http://tribunaonline.com.br/podcasts
📰 Assine A Tribuna aqui
https://atribunadigital.com.br/assinatura/
💻 Fique bem informado com as notícias do Brasil e do Mundo aqui
https://tribunaonline.com.br
--------------------------------------
🎙️ Assista aos nossos podcasts em
http://tribunaonline.com.br/podcasts
📰 Assine A Tribuna aqui
https://atribunadigital.com.br/assinatura/
💻 Fique bem informado com as notícias do Brasil e do Mundo aqui
https://tribunaonline.com.br
Categoria
🗞
NotíciasTranscrição
00:00Olha, agora a gente fala de uma doença silenciosa e de difícil diagnóstico, o câncer de ovário.
00:07Os sintomas geralmente são confundidos com doenças gástricas e as mulheres precisam ficar atentas.
00:14Se descoberta no início, a chance de cura é de 90%.
00:18Em 2025, o Brasil deve registrar mais de 7 mil novos casos de câncer de ovário,
00:26segundo o Instituto Nacional de Câncer, uma doença silenciosa com sintomas que passam despercebidos
00:34e que pode demorar para ser descoberta, assim como foi com a Roberta.
00:39Ah, não é nada do intestino, não é nada gástrico e até que a dor foi aumentando, aumentando.
00:45E aí quando foi início de novembro de 2019, a dor já estava muito insuportável, dificuldade de respirar e eu fui novamente para o hospital.
00:53Fizeram a nova ressonância e já constataram que aquele pequeno derrame pleural, eu já estava com 80% de derrame pleural,
01:00tive que ficar internada para fazer a drenagem desse líquido, daí fizeram a biópsia.
01:06E aí esses 14 dias chegou então o resultado da biópsia com o resultado do câncer de ovário metastático já avançado, né?
01:14Grau 4 e quando eu recebi essa notícia foi, assim, eu, na verdade eu fiquei sem reação.
01:21O médico simplesmente me deu a notícia e eu parei naquele momento, o meu mundo parou.
01:26O câncer de ovário é difícil de diagnosticar.
01:29Sintomas como dor abdominal, inchaço e cansaço podem ser confundidos com problemas digestivos.
01:36Eu comecei a sentir realmente um inchaçozinho, um desconforto como se fossem gases e procurei um gasto.
01:44E aí ele me informou que, ah não, é normal, bebe mais água, come mais fibra, que foi o que eu fiz.
01:49E aí os sintomas, eles iam e voltavam, esse desconforto.
01:53Hoje, aos 42 anos, Roberta já passou por três cirurgias e três períodos de quimioterapia.
02:00Com muita fé e determinação, ela enfrentou uma doença que, para muitos, ainda é desconhecida.
02:07Eu tentei, ao máximo, sabe, levar de uma forma mais suave, para que não pesasse tanto nem para mim e nem para minha família, né?
02:17Para o meu filho também.
02:19Após a retirada dos ovários, útero e outros órgãos, Roberta segue em tratamento.
02:24Com um sorriso no rosto e com uma saúde estável, usando as redes sociais como ferramenta para se comunicar com mulheres
02:32que estão passando pelo mesmo que ela já passou.
02:36Um momento de dificuldade que se transformou em força para ajudar ao próximo.
02:41Fui para as redes sociais também, falei da minha história, depois eu contei um pouco mais da minha história,
02:46tentei falar um pouco mais do que eu vinha fazendo também para poder me recuperar, para poder melhorar a minha saúde.
02:52E eu fui percebendo que algumas pessoas entravam em contato comigo e falaram,
02:57olha, Roberta, eu também fiz isso, olha, você me ajudou, olha, recebi uma medicação que fulano não precisava
03:05e você fez essa ponte e eu consegui.
03:09Então, quando eu fui me envolvendo um pouco mais com esse assunto, foi trazendo benefício para mim,
03:15para outras pessoas, que isso me ajudava muito também a me recuperar.
03:19Olha, que bom, né, gente? Exatamente, essa recuperação é importante.
03:25Vamos entender melhor sobre a doença com a oncologista, a doutora Virginia Autoessessa.
03:30Doutora, muito boa tarde, obrigado por estar aqui.
03:32Boa tarde, Jorge.
03:33Doutora, vamos entender os sintomas silenciosos do câncer de ovário?
03:37Como você mesmo disse, a Roberta também, realmente são sintomas silenciosos,
03:42porque são alterações gerais, um empachamento, comeu, achou que comeu mais do que está habituada
03:50e fica com aquele estômago cheio, ou uma dificuldade de ir ao banheiro,
03:54uma dor, um desconforto abdominal.
03:56No início é assim.
03:58Então, a pessoa pensa em várias coisas, não pensa em câncer, né?
04:02Então, são sintomas inespecíficos.
04:04Existem, assim, principais fatores de risco? O que a gente pode pontuar?
04:09Em relação ao fator de risco, além daqueles que a gente já conhece,
04:13como sedentarismo, obesidade, tabagismo, abuso de álcool,
04:19existem os fatores associados a alterações genéticas,
04:23que eles são bem fortes para o câncer de ovário,
04:26que são as mutações, não só do gene BRCA, que ficou famoso por causa da Angelina Jolie,
04:31mas em outros genes também que podem ter alterações que aumentam a chance de ter o câncer de ovário.
04:38Então, o câncer de ovário é uma doença que tem essa proximidade,
04:41essa relação com mutações genéticas.
04:43Embora isso não seja tão frequente, isso é marcante, né?
04:47Tanto que a gente tem que estudar essa parte de mutação em todo paciente que tem câncer de ovário.
04:52Agora, sobre faixa etária, doutora, tem uma maior incidência?
04:55Olha, os cânceres de ovário, eles acontecem mais em pacientes mais idosos.
05:01O ano passado, 2024, o Hospital Santa Rita teve pacientes de 20 anos até 89 anos
05:07com diagnóstico de câncer de ovário.
05:09E a maior parte desses diagnósticos foram em pacientes maiores de 60 anos.
05:13E isso condiz com a literatura mundial, né?
05:16Não foi só no Santa Rita, o mundo inteiro, o Brasil e o mundo,
05:19tem mais câncer de ovário em pacientes com mais de 60 anos.
05:23Agora, de que forma a reposição hormonal pode aumentar risco de câncer ou não?
05:30Na verdade, na paciente pós-menopausa, o uso indiscriminado de reposição de hormônio pode aumentar.
05:41Mas, por exemplo, nas pacientes que usam anticoncepcional, pacientes pré-menopausa,
05:46o uso do anticoncepcional pode, inclusive, diminuir o risco de câncer de ovário.
05:51É porque são populações diferentes, né?
05:54A pós-menopausa, com o uso indiscriminado de reposição de hormônio, pode, sim, aumentar o risco,
06:03até porque alguns tumores expressam o receptor de hormônio como a mama, como o câncer de mama.
06:08Agora, vamos falar agora da detecção precoce da doença, né?
06:13O que a ciência traz pra gente sobre essa busca?
06:17Olha, Jorge, isso é um grande desafio, porque o câncer de ovário, a imensa maioria, 70%, a imensa maioria dos casos,
06:27a gente acaba detectando em estadios 3 e 4, que são estadios mais avançados.
06:32E isso acontece porque os sintomas iniciais, como a gente começou conversando, eles são inespecíficos.
06:37Então, muitas vezes, quando a paciente busca ajuda, ela já tem uma doença muito avançada.
06:43Pra detectar precocemente, nós ainda temos que aprender uma maneira de fazer isso. Por quê?
06:49Porque nós não temos um exame de rastreamento populacional, como a gente tem com a mamografia no câncer de mama.
06:55Não existe esse exame. Ah, se você fizer, por exemplo, muito comum, as pacientes acham, me perguntam,
07:00doutora, eu fiz preventivo, eu tô protegida do câncer de ovário?
07:04Não, de forma alguma. O preventivo, o Papa Nicolau, ele é um exame que avalia o colo do útero, ele não vê os ovários.
07:11A coleta do preventivo não chega nem próxima do ovário, né, anatomicamente falando.
07:17Então, não, a gente não tem ainda um exame que a gente consiga detectar a população de maneira global.
07:24Então, a detecção precoce ainda é um grande desafio.
07:27O que a gente orienta as pacientes, e eu faço pra minha vida, oriento as pessoas a fazerem, é sentir o algo diferente, não protele.
07:36Busque ajuda, busque o ginecologista, vá ao posto de saúde, vá ao médico da família ou ao ginecologista pra investigar o que tá acontecendo.
07:43Vamos relembrar o que seria esse algo diferente no corpo, então?
07:47Então, é, aumento do volume abdominal, desconforto, comeu, não sentiu bem, isso persistente, né?
07:54Você comeu um dia, não sentiu bem, não tem tanto problema, mas se você, repetidas vezes, tem se alimentado e sentido empachamento,
08:04aquele estômago cheio, ou começa a perder o apetite, ou tá mais fraca, tá sem energia, as coisas que, o seu dia a dia tá ficando diferente,
08:13alterou o cocô, sabe? Tudo isso pode ser indiretamente alteração associada a câncer de ovário e outras doenças também.
08:20É, quem tem alguém na família que já teve o câncer de ovário, tem uma disposição, predisposição maior de ter a doença?
08:28Essa pergunta é extremamente importante, porque, como eu falei, o câncer de ovário, uma parcela dele tem a associação com mutações genéticas,
08:36e essas mutações a gente herda de pais pra filhos, entendeu?
08:41Então, sim, quem tem histórico familiar de câncer de ovário, precisa acender todas as lanterninhas, buscar ajuda, falar com o médico,
08:49olha, minha mãe, minha avó teve câncer de ovário, isso é muito importante, porque isso vai guiar o rastreamento daquela paciente,
08:56fazer com que ela seja olhada e cuidada de uma maneira diferente, e, às vezes, até ir numa geneticista pra estudar a história daquela família.
09:05Ok, doutora Virginia, muito obrigado pelos esclarecimentos.
09:08Na disposição.
09:09Até a próxima.
09:11Tchau.