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  • 25/05/2025
Imagens de câmeras corporais divulgadas nesta sexta-feira (23) revelam que dois policiais militares de São Paulo manipularam a cena da morte do jovem Gabriel Ferreira Messias da Silva, de 18 anos, assassinado durante uma abordagem na zona leste da capital, em novembro de 2024.

Gabriel, que trabalhava como entregador por aplicativo, foi baleado por policiais na Vila Císper, próximo ao cruzamento das ruas Belém Santos e Colônia Leopoldina. Segundo os vídeos, os disparos ocorreram enquanto os policiais ainda estavam dentro da viatura. Após ser atingido, caído no chão e desarmado, Gabriel implorou por ajuda:

“Sou trabalhador, senhor. Para que fazer isso comigo, meu Deus? Me ajuda, por favor.”

Apesar disso, no boletim de ocorrência, os PMs alegaram que o jovem havia sacado uma arma após cair da moto. As imagens, no entanto, desmentem a versão.

Câmera desviada e arma plantada
Em determinado momento do vídeo, um dos policiais orienta o outro: “Vira, vira, vira”, e a câmera é apontada para uma parede, o que, segundo a Defensoria Pública, configura uma tentativa de desviar a gravação. Ainda assim, as imagens mostram o sargento Ivo Florentino dos Santos chutando uma arma no chão, para posicioná-la próxima ao corpo de Gabriel — uma possível tentativa de forjar uma justificativa para o uso letal da força.

Repercussão e investigações
O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde, ironicamente, a mãe de Gabriel trabalha como recepcionista. A Defensoria Pública já havia apontado as inconsistências no boletim e encaminhou o material ao Ministério Público, que solicitou o afastamento dos dois policiais envolvidos: o sargento Ivo Florentino e o cabo Ailton Severo do Nascimento.

O Tribunal de Justiça de São Paulo atendeu ao pedido, destacando a necessidade de aprofundar as investigações diante das evidências de manipulação da cena do crime e possível fraude processual.

“As imagens sugerem a ausência de arma nas mãos da vítima no momento do disparo, além de indícios de possível manipulação da cena”, afirma a promotoria.

A Polícia Civil investiga o caso sob sigilo.

Contexto
A divulgação do caso ocorre semanas após o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar um acordo que permite que as câmeras corporais da Polícia Militar de São Paulo deixem de gravar de forma contínua. A decisão foi celebrada pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas tem sido criticada por entidades de direitos humanos. Segundo a Defensoria, em 68% das ocorrências registradas pelas câmeras corporais na PM paulista, há obstáculos para esclarecer os fatos.

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Transcrição
00:00Não sou bandido não, meu irmão, não.
00:03Não, não sou trabalhador, senhor.
00:07Pra ter escrito pra mim, não.
00:12Me ajuda, senhor, por favor.
00:14Essa moto é bem, ó, filho?
00:15É não, é não, senhor.
00:18Se é bem, não, me ajuda, por favor, senhor.
00:20Caquete, caquete, caquete, caquete.
00:30Nossa, que
00:46a moto.
00:47Que a moto.
00:53Bora, bora, bora, bora, bora, bora, bora, bora, bora, bora.
00:56Bora, caralho.
01:00Uma coisa aí, mano?
01:18Ouviu?
01:19Quer ver hoje?
01:21É uma moto BO, só muito pequeno.
01:26BO?
01:30Olha aqui, perto do carro.

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