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  • 24/05/2025
Transcrição
00:00E a inteligência artificial já faz parte das nossas vidas, mesmo que muitas pessoas não se deem conta disso.
00:08Além de facilitar algumas tarefas rotineiras, a ferramenta deve transformar também o mercado de trabalho.
00:16Um dos possíveis efeitos desse avanço é a eliminação de certas profissões.
00:21E por outro lado também, a criação de outros postos de trabalho.
00:26E isso gera uma importante discussão.
00:29A IA deveria fazer parte do currículo escolar?
00:33O Olhar Digital recebe agora ao vivo Marcos Oliveira, que é professor titular do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
00:46Vamos aqui receber o Marcos para conversar um pouquinho sobre esse assunto conosco.
00:52Olá, muito boa noite Marcos. Bem-vindo ao Olhar Digital News.
00:56Boa noite Marisa, boa noite Comunidade do Olhar Digital.
01:00Um prazer estar aqui com vocês.
01:02Muitíssimo obrigada pelo seu tempo Marcos.
01:05Eu queria começar falando com você, que você escreveu um artigo, recente aliás, sobre esse tema.
01:12A pergunta é, por que as IAs devem estar na grade curricular dos jovens brasileiros, na sua opinião?
01:18As inteligências artificiais são ferramentas que surgiram e que estão presentes na nossa contemporaneidade e vão transformar a nossa realidade de mundo como a gente viveu até então.
01:33E nada mais importante do que apresentar essa nova ferramenta para as novas gerações, de forma que elas possam se capacitar da melhor maneira possível para o mercado de trabalho que já está em transformação.
01:47O Fórum Econômico Mundial publicou um trabalho recente mostrando que cerca de 85 milhões de postos de trabalho vão ser extintos e vão ser substituídos por cerca de 97 milhões de novos postos de trabalho.
01:59A questão é que quem vai estar à frente nessa nova corrida do trabalho?
02:05São os jovens que vão estar capacitados para essa nova realidade.
02:10Então, nada mais necessário do que capacitar os jovens através do ensino das inteligências artificiais nas escolas.
02:17Agora, Marcos, essa inserção, digamos assim, da inteligência artificial no ensino,
02:22seria voltada mais para a programação em si ou para o uso consciente da tecnologia ou até um mix de ambos?
02:31Eu acredito que um pouco a mistura dos dois pontos, mas especialmente o uso consciente.
02:37E aí eu acho que a reflexão que precisa ser feita é considerar que as ferramentas de inteligência artificial, elas não são neutras.
02:44E elas, na verdade, correm o sério risco de amplificar ainda mais as desigualdades sociais que nós observamos hoje, especialmente no país.
02:53E esse é um debate que, inclusive, estudiosos na área de tecnologia já vêm levantando.
02:59Então, é importante saber fazer o uso consciente das inteligências artificiais,
03:05de modo a que prepare essa juventude dos riscos, não só das oportunidades, mas dos riscos do uso dessas ferramentas,
03:14no sentido de reconhecer que elas podem falhar e elas podem ter um viés.
03:20E eu acho que esse é um ponto importante, o viés que as inteligências artificiais geram.
03:25Esse é o risco.
03:27Agora, Marcos, você mencionou a diferença.
03:31E o Brasil, ele tem uma característica muito específica, não é?
03:35De um lado, a gente tem uma educação extremamente estruturada, existem unidades de ensino de ponta.
03:42E, por outro lado, nós temos unidades, às vezes, públicas, que têm dificuldade até de reter os alunos.
03:48Como que essa inserção no currículo escolar da inteligência artificial seria possível em um cenário tão complexo como o Brasil?
03:58Excelente pergunta, Marisa.
04:00Isso reflete um ponto na questão anterior, a desigualdade existente no país.
04:06Nós temos escolas de ponta, que têm toda a infraestrutura necessária e preparada para treinar os seus alunos da melhor maneira possível.
04:14E nós temos escolas onde mal a energia elétrica tem.
04:21Quer dizer, como se resolve isso?
04:24A inteligência artificial não vai resolver essa desigualdade.
04:29E aí, a solução, ao meu ver, passa por uma reestruturação do financiamento, principalmente no ensino público das escolas, a nível municipal, estadual e federal.
04:40Quer dizer, é necessário que essa redução das desigualdades entre as instituições de ensino ocorra.
04:48Porque, se não, as desigualdades vão ser ainda maiores.
04:53Quer dizer, mesmo os jovens de uma instituição de ensino privada, que talvez não tenha tantas condições, ainda assim ele vai conseguir se beneficiar.
05:01Quer dizer, que dirá uma escola que não tem acesso à internet, não tem acesso à energia elétrica, condições elementares.
05:08Então, é necessário um plano de Estado.
05:13Não um plano de governo, mas um plano de Estado do desenvolvimento, do financiamento e do apoio da educação em todos os níveis.
05:21Com certeza. Educação é fundamental, não é?
05:24Mas agora, Marcos, até para finalizar.
05:28E já no campo de profissão, no mercado de trabalho, embora a inteligência artificial já esteja presente no nosso dia a dia,
05:37você diria que no mercado de trabalho, aquela pessoa que não tem conhecimento ou tem pouca familiaridade com o IA,
05:45já está atrasado nos dias de hoje ou ainda é um movimento recente?
05:51Olha, eu acho que no Brasil ainda nem tanto, porque nós temos um lag, um tempo de absorção das tecnologias até aqui,
06:06especialmente considerando de novo as nossas dimensões continentais, a enorme desigualdade que o país enfrenta historicamente.
06:13Então, mas sem dúvida, eu diria que nos próximos anos, nos poucos anos à frente, a gente vai ver uma revolução em todos os níveis.
06:22Então, o jovem que entra hoje no ensino médio, no ensino fundamental, é mais do que necessário ele ser letrado nas ferramentas de inteligência artificial.
06:33Porque na hora que ele se formar, seja no ensino médio, no nível técnico, seja no nível superior,
06:39o mercado de trabalho que ele vai encontrar vai ser outro.
06:43A gente já começa a ver isso em pequena escala, né?
06:47Hoje, mas daqui a cinco anos, eu não tenho dúvida de que a gente vai ter uma revolução.
06:53E aí esses jovens têm que estar minimamente preparados para encarar essa realidade.
06:58Competir com o algoritmo e não mais competir com o ser humano, né?
07:01Esse é o desafio.
07:03Pois é, pois é. E é uma mudança bastante grande, onde inclusive o próprio aluno, enquanto não tem essa infraestrutura,
07:11precisa sim se interessar por essas novas tecnologias que estão chegando, não só como entretenimento, lazer, enfim,
07:18mas para até conhecimento pessoal, para até melhorar o seu conhecimento e até ter uma inserção melhor no trabalho.
07:25Então, também depende da pessoa, não é, Marcos?
07:28Certamente. E aí, Marisa, acho que esse é um ponto fundamental nessa discussão.
07:35É o espírito crítico, que é muito difícil de se desenvolver.
07:40Uma pessoa que não tem a capacidade de saber discernir uma informação, uma fake news de uma informação correta,
07:52ela não vai saber o que fazer, o conhecimento que vai ser gerado ali pela inteligência artificial.
07:59Então, o risco de informações de fake news serem geradas por esses algoritmos é gigantesco.
08:07E esse, desenvolver o espírito crítico para que a pessoa possa saber diferenciar aquilo que é uma notícia falsa daquilo que não é,
08:16no meu entender, é um desafio central dentro dessa discussão.
08:21A gente precisa treinar os alunos em todos os níveis para discernir, desenvolver o espírito crítico.
08:28E isso cabe a nós, nós, professores.
08:32Tá certo. Bom, vamos torcer para que essa mentalidade coletiva se consolide
08:38e a gente consiga atingir esse ponto positivo da tecnologia no nosso dia a dia.
08:43Tá aí a participação de Marcos Oliveira, que é professor titular do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis,
08:51da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
08:53Marcos, muitíssimo obrigada pela sua participação e espero encontrá-lo em outros momentos.
08:59Obrigado, Marisa. É um prazer e estou disponível a outras participações. Obrigado.
09:05Obrigada a você. Boa noite.
09:07Boa noite.
09:08É isso aí, pessoal. Tá aí. É um cenário que está, que já está aí, não é nem futuro, não é?
09:13É um cenário que já está aí presente. É sempre importante.
09:17Ontem mesmo nós falamos sobre carreira, sobre profissões, sobre inteligência artificial.
09:22Pois é, pessoal. Depende, sim, de todo um sistema, mas depende também de nós, das pessoas,
09:27quererem se interessarem por aprender coisas novas e evoluir, não é?
09:32Então, vamos lá.

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