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  • 23/05/2025
Encontro de Lideranças Femininas Tempo de Mulher 2025

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Transcrição
00:00E o Tempo de Mulher é o maior encontro de lideranças femininas da América Latina, idealizado pela jornalista Ana Paula Padrão e tem o Terra como parceiro de mídia mais uma vez.
00:10A quinta edição será realizada no dia 7 de junho de 2025 no WTC Event Center, em São Paulo, reunindo mulheres em cargos de liderança executivas, se levam empreendedoras e profissionais em ascensão.
00:23O evento conta com dois palcos simultâneos, palestras, painéis, entrevistas e uma área dedicada exclusivamente ao networking, criando assim um espaço de troca, de inspiração e conexão entre participantes e especialistas.
00:36E a gente tem o prazer de conversar agora ao vivo aqui no estúdio com a própria Ana Paula.
00:42Ana Paula, muito obrigado pela sua participação aqui, pela sua presença.
00:45Imagina, uma alegria estar aqui com você.
00:47Uma alegria toda nossa.
00:48Conta pra gente um pouco, assim, bom, você tem uma trajetória muito bem sucedida no jornalismo, como apresentadora de televisão e como empreendedora também.
00:57O que que levou você a visualizar, a imaginar um evento como esse de lideranças femininas como o Tempo de Mulher?
01:05Teve um momento exato em que eu pensei nisso, Cazé, e essa pergunta é ótima porque me dá a oportunidade de contar uma história que eu nunca contei.
01:12Eu faço eventos desde 2009, 2010, sempre pra mulheres.
01:18Então eu levo mulheres pro palco pra que elas inspirem outras mulheres na plateia.
01:23E ali em 2010, 11, 12, 13, eu botava no palco, eu trazia, eu convidava pro palco, inclusive gente de fora, mulheres de outros países,
01:34expoentes da liderança feminina em outros lugares, porque no Brasil eram pouquíssimas as presidentes de empresas mulheres.
01:42Mas pouquíssimas, tipo assim...
01:45Contava na mão.
01:46Numa mão.
01:47E eram quase todas herdeiras.
01:49Então eu tinha um palco de diretoras de empresa, obviamente, de mulheres que tinham alguma intimidade com o assunto empoderamento, liderança feminina.
02:00Mulheres que tinham escrito livros ou que tinham protagonizado grandes histórias no mundo.
02:04Então eu trouxe mulheres do continente africano, que tinham ganhado prêmios importantes por uma atuação na defesa de mulheres.
02:13Mulheres europeias, mulheres da Ásia Central, enfim, americanas, que tinham relevância no assunto.
02:21Mas aqui no Brasil era muito difícil porque esses points não existiam.
02:25Corta.
02:27Eu voltei a fazer eventos.
02:28Eu parei porque o Masterchef entrou na minha vida, os primeiros três anos, enfim, eu tive muito trabalho, uma loucura com aquilo.
02:35Voltei a fazer eventos ali por 2016, 2017.
02:39E eu olhei e falei, opa, não são mais três, quatro.
02:44Eu estava dirigindo a revista Cláudia na época, da Editora Abril.
02:48E eu olhei e disse, nossa, tem muita mulher presidente.
02:51Eu fiz uma lista de 35 mulheres presidentes de empresa em 2017.
02:57Eu falei, vou fazer um evento só com mulheres presidentes de empresa no palco.
03:01Convidei, as 35, 33 aceitaram.
03:04E as outras duas não iam estar em São Paulo naquele dia, estavam viajando.
03:09E eu falei, dá um palco maravilhoso.
03:11E foi um sucesso o evento, porque a gente provou que, se não em termos percentuais, pelo menos em termos absolutos, a gente já tinha conseguido caminhar bastante ali de 2010 até 2017.
03:24E agora o número é tão grande que elas não cabem mais num palco só.
03:27A gente tem dois palcos, eu acho que ano que vem a gente vai precisar ir para três palcos.
03:31Eu sei que tem muito para fazer ainda, o caminho é bastante longo, mas eu comemoro cada vitória.
03:37Cada vez que, de um ano para o outro, a gente cresce muito o número de mulheres presidentes de empresa para levar para o palco e para inspirar outras mulheres, é motivo de comemoração para mim.
03:47Ah, com certeza. E o público que vai participar disso?
03:50O que ele pode esperar dessa quinta edição em termos de formato, da programação?
03:54Quais são os grandes destaques que você nos indicaria agora?
03:59Olha, em primeiro lugar, a gente tem o melhor line-up dessas edições todas.
04:06A gente está na quinta edição neste formato e eu nunca tive tanta gente incrível no palco, tanta mulher potente, como eu vou ter nessa edição.
04:16Talvez porque o mercado realmente tenha girado bastante de um ano para cá, muitas mulheres trocaram de posições e muitas posições que não eram ocupadas por mulheres passaram a ser...
04:28O palco está muito florido, está muito bonito, está muito potente e tem muito valor, muito peso.
04:35Então, a gente vai abrir, por exemplo, o primeiro palco, que é o primeiro que abre às nove da manhã e vai ser às nove da manhã em ponto.
04:43Você está vendo isso aí?
04:45Ó, acelere, chega cedo, credenciamento abre...
04:47Se programa, se programa, porque a gente abre com a Luísa Helena Trajano.
04:51Uau!
04:51Logo depois da Luísa Helena, eu tenho um painel...
04:53Ela é incrível, inspiradora, maravilhosa...
04:57No palco é um show.
04:58Ano passado, ela não foi porque ela estava numa viagem e esse ano eu falei, não, então você vai...
05:03Eu mesma vou entrevistar ela, então vou abrir uma entrevista com ela.
05:06E logo depois a gente tem um painel muito potente de mulheres que passaram mais de 20 anos no mercado de trabalho e que vão discutir agora a transição de carreira.
05:17E eu estou achando que elas estão sendo muito estratégicas nessa transição e é por isso que eu quero fazer um painel só com elas.
05:23Mas a gente tem a presidente da Coca-Cola no Brasil, a gente tem presidentes de empresas muito grandes.
05:31Presidentes da Microsoft, sim, são muitas mulheres incríveis, são quase 40, então eu não consigo contar todas aqui.
05:40Os painéis estão muito bons, muito legais e esse ano a gente está sem espaço praticamente para a quantidade de ativações.
05:47Então, claro, você tem um conteúdo muito rico dentro dos palcos, mas sai ali na hora do almoço, no intervalinho, para dar uma olhada nas ativações,
05:56porque os parceiros desse ano estão entregando presentes muito maravilhosos, está muito alegre o evento, sabe?
06:04Então, acho que vale muito a pena estar nessa edição.
06:07Compartilhar as experiências é uma coisa muito poderosa, né?
06:09Muito.
06:10Porque muitas vezes a gente está vivendo uma determinada situação e você não sabe que outras pessoas vivem isso também.
06:16Você começou aqui a nossa conversa falando que você começou a fazer...
06:20Quando você começou a fazer os eventos lá atrás, você conseguia contar numa única mão o número de presidentes, né?
06:26De mulheres, presidentes de empresas.
06:28Mas naquela época você já era uma empreendedora, você também, né?
06:32Eu queria entender, queria que você pudesse compartilhar qual foi a vivência que você teve como sendo uma mulher e empreendedora,
06:38que tipo de preconceito e desafio você encontrou pela frente, mas do ponto de vista prático, né?
06:42Porque às vezes a gente fica falando, ah, não, aconteceu isso, eu vivi não sei o quê, não sei o que lá.
06:46Você sabe, Cássia, que quando eu entrei no jornalismo, e foi a minha primeira profissão e eu considero a minha origem e o meu DNA até hoje,
06:56eu entrei num lugar que eu considerava muito confortável.
07:02Porque eu olhava pra frente e eu via que tinha muitas mulheres colunistas de economia, de política,
07:08posições importantes, secretárias de redação, das mídias que eu via na minha frente.
07:14Então eu achava que era um ambiente completamente livre de machismo, de preconceito.
07:20Eu comecei a perceber que nenhum ambiente é livre de machismo, de preconceito, se tá dentro do Brasil,
07:27portanto reflete a cultura do brasileiro, quando eu comecei a olhar pra cima.
07:31Claro que ali tinha muita mulher, mas sobe um andar, não tem.
07:35Nas mesas onde se tomam grandes decisões, você não tem mulheres ainda na mídia, não tem.
07:45O Brasil é feito por mídias que são muito familiares, né?
07:50Em alguns países já tá mudando, o mercado tá comprando essas grandes mídias,
07:57mas no Brasil ainda são mídias muito familiares, controladas por acionistas homens.
08:01Então, quando chega no espaço de poder pra valer, você percebe que não tem homem.
08:07E isso cascateia na organização.
08:09E agora não tô falando só de grupos de mídia, mas de grupos de maneira geral.
08:14Você tem muito pouco poder para a mulher na hora de decidir.
08:20E decidir é o quê?
08:21Tá sentada em algum lugar e tem uma caneta e tem um orçamento.
08:23Porque não adianta ter cargo bonito se não tem dinheiro pra executar,
08:28se não tem caneta pra assinar embaixo.
08:29Então, eu pessoalmente comecei a reagir muito cedo a isso.
08:36Eu nunca me deixei muito sofrer o preconceito.
08:40Eu identificava e eu chutava a canela antes disso acontecer comigo.
08:44De verdade.
08:45Eu sou muito prática, sabe?
08:48Você é direta nessa hora, você fala mesmo.
08:50Muito direta.
08:51Eu prefiro que as pessoas tenham medo de mim.
08:53Ficam com medo de mim.
08:54Ficam com medo de vocês.
08:55Eu tenho uma fama de brava.
08:57Eu tenho fama de brava.
08:59E aí, enfim, eu prefiro que a fama chegue antes de mim e que eu não receba o preconceito.
09:06Eu sei que não é a melhor maneira de viver.
09:08Eu não digo pras meninas fazerem isso.
09:10Eu acho que todo mundo devia viver com conforto e exercitando a própria personalidade numa boa.
09:16Cadão, tem seu estilo também, né?
09:17Mas eu sou de uma época em que você tinha que brigar muito pra chegar lá.
09:22Principalmente sendo mulher e sabendo que o seu exemplo ia só até o nível de gerência média.
09:29Porque dali pra cima não tinha mais ninguém.
09:32Quando chegava no lugar, eu imagino que você deve ter enfrentado piadinhas, brincadeiras, olhares de resga, sabe?
09:40Uma certa desconfiança ou uma tentativa de deslegitimar a sua capacidade.
09:46Olha, o Congresso Nacional não é o lugar mais poroso do mundo pra mulheres.
09:55Então, a minha postura sempre foi a de chegar pra uma fonte de informação, fosse ela um parlamentar ou um ministro de Estado e tal.
10:05E manter uma distância muito regulamentar durante as primeiras três ou quatro conversas.
10:12Pra conseguir entender que território eu tava tateando e a que ponto essa relação poderia chegar a uma relação de confiança suficiente pra que ele fosse minha fonte de informação
10:24e que eu fosse uma jornalista confiável pra ele.
10:27Então, demora mais esse contato porque você não chega numa fonte importante de informação, numa autoridade, sendo ele um homem,
10:37da mesma maneira que você chegaria numa mulher. E não tinha mulher na época, né? Eram todos homens.
10:43Então, eu entendi esse princípio e reagi a ele.
10:49É bom? Não é bom.
10:51É o que eu digo, assim, a gente atrasa um pouco o nosso crescimento, inclusive profissional,
10:56porque a gente tem que tomar uma série de medidas preventivas ao preconceito, ao assédio, à discriminação, sabe?
11:04Foi o que eu fiz a minha vida inteira, então eu fui uma pessoa muito blindada a esse tipo de coisa,
11:10mas eu achei que era assim que eu ia sobreviver e que eu ia conseguir chegar ao lugar.
11:15Deu certo, floresceu e tá inspirando.
11:17Deu, mas eu trabalho muito pra que quem tem 30 anos não precise fazer isso hoje.
11:22Que as mulheres de 30 possam ser observadas da mesma maneira que os homens de 30 são observados.
11:29pra que a gente não precise se prevenir antes de sofrer o preconceito, ou de sofrer o assédio, ou de sofrer a discriminação.
11:39Eu acho que não é assim que a gente conduz uma carreira.
11:44E é por isso que eu montei um hub de inovação e de cursos pra mulheres,
11:51pra formar lideranças femininas que saibam que isso existe,
11:55mas que não tenham que reagir a isso o tempo todo.
11:58Então, a gente já tem muita armadilha nas corporações, né?
12:02A imensa maioria das mensagens passadas numa corporação não tá escrita em lugar nenhum.
12:07A gente tem que compreender com a antena que a gente vai desenvolvendo pro mundo corporativo.
12:12Se a gente ainda tem que tomar cuidado porque a gente é mulher, é muito mais difícil.
12:17E é mesmo.
12:18Mas eu trabalho pra que fique menos difícil.
12:21Eu faço eventos como o Tempo de Mulher, eu faço escolas como a Conqueruna,
12:25pra que a gente não tenha que fazer isso para sempre.
12:27Você citou esse mecanismo que você utilizou ali em determinada parte da sua carreira
12:32de construir uma distância, né?
12:35Uma distância confortável pra você conseguir avaliar o território e entender
12:39como é que aquela pessoa também, como aquela pessoa estava te vendo
12:42pra você, enfim, assumir a estratégia ou desenvolver a estratégia que você ia seguir.
12:46Como, nos tempos de hoje, redes sociais, Instagram, que as pessoas postam tudo,
12:52desde o café da manhã até escovar os dentes, até sair, tô indo na reunião,
12:57mas também tá indo no show, tá indo na praia.
12:59Como construir esse espaço de segurança pra evitar algum tipo de assédio,
13:09não sei se essa seria a palavra, ou de alguma discriminação mais forte, né?
13:13Olha, Cazé, ainda bem que ficou diferente.
13:17Eu acho que as redes sociais, obviamente, nos expõem muito mais como indivíduos
13:21e a gente divide muito mais do que a vida profissional.
13:26Hoje a gente divide tudo, né?
13:28Divide a intimidade até a limites que eu...
13:31Questionáveis.
13:32Eu acho, pra mim, pelo menos, são.
13:33Mas, enfim.
13:35Mas, por outro lado, a gente disseminou o poder individual de uma pessoa
13:39ter a voz dela colocada e ouvida.
13:42E eu acho que isso é muito importante.
13:44E, a partir desse processo, a gente conseguiu fazer com que grupos
13:50que são minoritários ou que são minorizados tivessem voz como não tinham antes.
13:57Antes a gente só conseguia falar através de uma mídia.
14:01O cidadão não tinha voz se ele não fosse entrevistado numa rádio,
14:05se a reportagem sobre a história dele não fosse contada numa TV.
14:09Ele não tinha voz pública.
14:12Hoje você tem voz pública.
14:14Você acabou de entrevistar uma moça que fez uma denúncia
14:17porque foi demitida por usar as tranças afro no cabelo.
14:21É um absurdo?
14:22É um absurdo.
14:24Muitas outras viveram isso sem poder comunicar esse preconceito,
14:29essa discriminação no trabalho.
14:30Não tinha um canal pra você postar na área.
14:33Porque não tinha um canal pra isso, né?
14:33Então, o que a gente vê hoje é a formação de núcleos muito importantes
14:38de vozes de mulheres pretas, que são realmente as mais discriminadas,
14:42porque a gente vive num país onde, obviamente, brancos têm portas mais abertas.
14:47Para os pretos a coisa é muito mais difícil.
14:50E as mulheres pretas estão lá embaixo, são as que ganham menos,
14:53são as que têm mais dificuldade.
14:55E você vê vozes pretas muito potentes hoje nas redes sociais.
14:58E eu acho isso muito importante.
15:00Então, a defesa é anterior ao ataque.
15:06Eu acho que você tem que usar esse mecanismo,
15:08foi muito bem usado pelos grupos minorizados,
15:12de constranger a pessoa que poderia exagerar
15:18ou manifestar um tipo de preconceito contra você,
15:22antes que ele aconteça.
15:23Porque a gente aprende com a punição.
15:28Se não tivesse lei, muito provavelmente as pessoas exagerariam
15:35ou não conseguiriam conviver socialmente.
15:37O constrangimento é um instrumento importantíssimo, né?
15:40Eu acho.
15:40Porque você faz isso até num grupo de amigos.
15:42Ô, o que você está fazendo aí?
15:43Você está louco?
15:44E se a gente tivesse mais aliados homens, as coisas seriam muito mais fáceis.
15:47Isso que a gente ia chegar a ter.
15:48Eu queria chegar a esse ponto dos aliados homens.
15:51Como é que você está fazendo para trazer os homens mais para perto?
15:54Os homens estão conseguindo se abrir nesse sentido
15:57ou estão se sentindo ameaçados por essa mulher nova, empoderada,
16:00que está chegando aqui e eventualmente vai tomar o poder, o lugar deles?
16:03Os mais velhos certamente se sentem muito intimidados
16:07e se sentem muito aflitos com a situação dos papéis sociais
16:10já não serem mais tão rígidos como eram nos anos 50, né?
16:15O homem era o provedor, o homem saía de casa,
16:18o homem tinha status social, o homem tinha o glamour do trabalho.
16:22E aquele que não conseguia isso era um perdedor.
16:25Então você tinha selos sociais muito mais explícitos do que a gente tem hoje.
16:29Sempre relacionado com o provedor, né?
16:31Sempre relacionado com o provedor e com a mulher que era a que ficava em casa
16:35e cuidava da educação dos filhos e de estabelecer uma dinâmica de segurança e carinho.
16:42E o troféu, e o troféu do homem, né? Para desfilar, para...
16:45Em muitos casos, era de verdade.
16:48Eu acredito em relações boas de verdade em qualquer época da nossa história.
16:53Mas os papéis sociais eram muito fixos.
16:56Ele sabia o que tinha que fazer para ser bem-sucedido
16:58e ela sabia o que tinha que fazer para ser bem-sucedida.
17:01Quando a mulher sai de casa para trabalhar, o movimento de mudança foi dela.
17:06E isso provocou uma série de questões sociais que a gente está resolvendo agora.
17:11Eu acho que os meninos mais novos já estão sendo educados por mães que trabalham.
17:14E mães que trabalham e que constroem carreira, que têm ambição profissional,
17:21ensinam para os filhos, até pelo exemplo, que isso não é um atributo masculino.
17:27Ambição não é uma característica masculina.
17:30Não está no DNA do homem ser ambicioso e o da mulher ser domesticável.
17:36Nós somos iguais, exatamente iguais.
17:39O que existe é uma socialização que durante muito tempo
17:42levou os homens para fora de casa e as mulheres para dentro de casa.
17:46E não está escrito em lugar nenhum, mas quando você cresce em uma sociedade
17:49e percebe que a expectativa social em torno de você
17:53é que você seja pacata, cordata, dócil, cuidadora,
17:58resolvedora de situações domésticas difíceis,
18:01é isso que você tenta fazer para ser aprovada.
18:03Porque todo mundo quer aprovação.
18:05Todo mundo quer carinho.
18:06Todo mundo quer ser querido.
18:08E é por isso que um homem, quando não consegue prover,
18:10quando não consegue trazer o suficiente para dentro de casa,
18:14quando ganha menos do que uma mulher,
18:17se sente humilhado, se sente pequeno.
18:20Porque a expectativa social em torno dele
18:22é a de que ele seja um vitorioso da porta de casa para fora.
18:25Sim, envergonhado também.
18:27Exato.
18:27E os homens não conversam com outros homens.
18:30Eles não conseguem falar das suas dificuldades.
18:32Eu não sei, você está dizendo isso.
18:34Eu acredito na sua palavra, eu não sou homem.
18:36Mas enfim, eu acho que a gente vai conseguir certamente trazer mais aliados
18:42nas próximas gerações, que são gerações que estão vendo mamãe e papai trabalhando
18:47e estão começando a considerar isso normal.
18:50Eles não vão escolher uma mulher com a expectativa de que ela fique dentro de casa apenas.
18:55Eu acho que vai existir mais respeito porque a vida está nos empurrando para isso.
19:01Mas eu ainda acho muito importante que a gente tenha espaços
19:04onde as mulheres possam falar sobre isso.
19:07Porque como nós fomos as que ficamos dentro de casa
19:12e isso nos isolou umas das outras,
19:15enquanto os homens faziam acordos, faziam networking,
19:18faziam acordos pré-reunião para chegar na reunião com tudo ok, acertadinho,
19:22a gente ficava sozinha em casa.
19:24Isso nos impediu de conversar umas com as outras,
19:26como a gente fazia antigamente lá nas tribos.
19:30E voltar a conversar, expor a sua dor à outra
19:34e perceber que a outra tem exatamente a mesma dor que você,
19:37fazer rede de mulheres, sabe, ainda é muito importante.
19:41Porque esse networking feminino precisa ser incentivado para acontecer.
19:45A gente acumula muita função, a gente não tem tempo de marcar com amigas
19:49para falar de coisas que importam a todas nós.
19:52Então, uma outra função, tanto de fazer eventos como o Tempo de Mulher,
19:57quanto de estabelecer outras redes de networking importantes,
20:01como eu faço em Conqueruna, para mim ainda é muito importante.
20:05Mas eu espero ser a última geração fazendo isso, viu?
20:08Eu espero que a próxima não precise mais disso,
20:09porque vai se tornar natural entre as mulheres.
20:12Bom, a gente está falando de vários assuntos diferentes,
20:14mas todos eles estão conectados, estão interligados.
20:16E basicamente a gente está falando dessa busca de equidade, né?
20:20Entre os homens e as mulheres.
20:22O futuro?
20:23Bom, a gente falou lá no começo, contava em uma das mãos
20:27o número de presidentes mulheres das empresas no Brasil.
20:30Agora já são mais de 300, são algumas centenas.
20:32Como é que você está imaginando o futuro do próprio Tempo de Mulher?
20:38Muda muito você ter exemplo.
20:43Então, quando você tem muitas mulheres presidentes de empresa,
20:47outras mulheres que estão no meio da carreira acreditam que é possível chegar lá.
20:50Quando você tem muitas apresentadoras de televisão pretas,
20:56uma menina preta acredita que pode chegar lá.
20:59Você precisa fazer exemplos para que as coisas sejam possíveis no plano do sonho para alguém.
21:06Porque o sonho te leva a algum lugar se você colocar planejamento nesse sonho.
21:11Mas precisa também de mudança cultural.
21:15A gente percebe no Brasil que as empresas que são 100% brasileiras
21:19não têm, nas 10 prioridades do líder, do CEO, do presidente da empresa,
21:25diversidade, inclusão e uma carreira, programas de conforto
21:31para a carreira feminina se desenvolver.
21:34Em empresas multinacionais, isso é um pouco mais fácil
21:37porque, em geral, elas seguem diretrizes das suas matrizes.
21:41Isso mudou agora com o Trump.
21:43Exatamente.
21:44Eu estou falando até um pouco...
21:45Pré Trump.
21:46Mas as europeias ainda seguem muito fazendo assim.
21:49Com certeza.
21:49A gente percebe a diferença das europeias e das americanas.
21:51E na Alps tem a Úrsula também, né?
21:53Aquele exemplo maravilhoso de liderança e tal, que é incrível.
21:55E tem várias medidas de governo em muitos países
21:59que igualam a questão de homens e mulheres no trabalho.
22:04Por exemplo, em alguns países do norte da Europa,
22:08já é possível que a licença maternidade seja um bloco que pode ser tirado
22:14ou pelo homem, ou pela mulher, ou pelos dois, dividido.
22:17Olha, você tem um ano de licença maternidade.
22:19A mulher tira os primeiros três meses, que é onde a matração é muito importante,
22:23e depois eles seguem na licença maternidade, ela volta a trabalhar
22:26se eles decidirem que a carreira dela está fazendo mais sentido nesse momento.
22:30Então, tem uma série de coisas que empurram isso para frente
22:34e a gente ainda vai ter que brigar muito por elas no Brasil.
22:36A gente ainda não tem toda a legislação adequada,
22:39a gente ainda não tem uma cultura empresarial forte para o trabalho da mulher
22:44e a gente ainda não tem, dentro das mulheres que trabalham,
22:49a segurança suficiente para saber que pode construir uma carreira,
22:55que isso não é um empecilho para que ela tenha uma vida pessoal importante,
23:00estabeleça uma relação bonita o suficiente para gerar uma família.
23:05É um ou outro, como é que eu construo uma carreira,
23:10como é que eu me sinto segura, será que as minhas equipes vão acreditar em mim,
23:14será que eu tenho densidade para ser líder.
23:18Sabe que cultura no mundo, e tem dois mil anos de história ou mais,
23:23sobre nós, de subalternalização, de inferiorização,
23:29e isso fica grudado na gente.
23:31Então, precisa falar muito ainda sobre isso,
23:34para que seja uma coisa natural a ambição dentro da mulher.
23:38Ela desejar e ela colocar e ir construindo isso aos poucos, sabe?
23:43Uma pedrinha depois da outra, mas construa.
23:46Você falou coisas muito importantes, como sonhar, a importância de sonhar,
23:49a importância de você planejar, depois que você sonhou, visualizar.
23:54Então, as mulheres estão sonhando participar do evento.
23:58E precisam se planejar, porque vai começar na hora, a Paula já falou.
24:01Ainda dá tempo? Como é que faz para conseguir os ingressos?
24:04Onde é que elas podem ver toda a programação?
24:06Olha, eu sugiro muito que elas entrem no tempodemulher.com.br,
24:12que é o nosso site, onde elas vão conseguir ver todas as confirmadas,
24:15e são muitas confirmadas, presidentes e vice-presidentes de empresa.
24:20E ali mesmo, elas têm o link para a inscrição, que é no Simpla.
24:24A gente, hoje à tarde, eu estava fazendo contagem de ingressos lá.
24:27Eu acho que a gente ainda tem uns 45 ingressos, pelo que é...
24:31Uau, pouquíssimo.
24:32Está cheio, é casa cheia.
24:33Bem pouco, bem pouco, casa cheia.
24:34Corre, corre.
24:35Não, ano passado, uma semana antes do evento,
24:37meu telefone tocava o dia inteiro.
24:39Ai, mas o ingresso...
24:39Falei, amigo, acabou.
24:41Eu não sou...
24:42E eu não posso brigar depois com os bombeiros e dizer,
24:44ai, mais 10, não cabe, gente, não dá.
24:47Então, tempodemulher.com.br é a melhor maneira de direcionar.
24:51Você vai entrar ali, você vai ver a maravilha que está esse line-up.
24:55Eu estou tão orgulhosa, estou muito feliz.
24:58E ali você já tem o link para a inscrição, para a compra de ingressos,
25:03que vai te levar para o Simpla, que é onde os ingressos são vendidos.
25:06Sensacional.
25:06E o Terra vai transmitir o evento inteiro, os dois palcos no dia.
25:11E no dia anterior eu vou dar todas as informações para você que tem certeza que não pode ir,
25:16ou porque não está em São Paulo, ou porque tem alguma coisa no dia.
25:19Assiste ao vivo no dia e nos dias subsequentes também vai estar lá gravado,
25:24porque o nosso parceiro Terra está entregando isso para a gente.
25:26Com certeza.
25:27Muito obrigado pela sua presença.
25:29Eu te agradeço, casinha.
25:29Parabéns pelo seu trabalho.
25:30A gente deseja, do fundo do coração, que esse trabalho não seja mais necessário daqui a um tempo,
25:34como você mesmo falou, porque as estruturas estão sendo construídas,
25:38as estruturas estão sendo montadas.
25:40E vamos trazer os homens também para ajudar nisso,
25:42porque essa equidade é mais importante do que tudo.

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