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  • 21/05/2025
Dona Graça, uma catadora de latinhas sofrida, porém valente e orgulhosa, tenta sustentar 13 filhos e o marido desempregado, além de fazer todas as funções de uma dona de casa.

Categoria

😹
Diversão
Transcrição
00:00O Moço é sorridente, hein? Quer fazer caridade, hein?
00:06E com um carrão desse vem coisa boa, né, mãe?
00:08Ele tá sendo aí, a gente quer dar 100 real, quer ver?
00:11Ô, ele quer contribuir com 100 real?
00:12Não, nada disso muito melhor que isso, olha só.
00:15Roupa pra toda a sua família, tá aí, ó.
00:17Por quê? Tá vendo uma renou aqui? Olha aqui, tá faltando alguma coisa em nós?
00:21Não, desculpa, não foi isso que eu quis dizer, não, só tô fazendo uma caridade.
00:24Então você vai avaliar bem pra ver os dados ultimamente da população, tá bom?
00:29Que hoje em dia não tem mais gente pobre, agora nós é classe média baixíssima.
00:34Bom, se for assim, então é melhor doar pra outras pessoas, me dá aqui, por favor.
00:37Não, não, não, tá precisando de pano de chão, porque usar no meu corpo eu não uso,
00:42porque eu não vou pegar energia de ninguém e não vou pegar 60, tá bom?
00:45Vem, amorzinho, vem, amor da mãe.
00:48Na parede de casa não tem resfaco, na geladeira ela não tem o que comer.
00:54É na caixinha que ela guarda suas roupas, mas tem o iPhone dividido no carnetsofo.
00:59usa, vaca, é Calvin Klein, doce cabana, cavaleiro e muito mais.
01:04Mas na carteira, tem nada não, ela é metida, mas não tem nenhum do pão.
01:09Manda te ligar, toda me quer, fala, fala, fala que tá bem, tu quer saber o que não é.
01:14Manda te ligar, comigo não, quer ser rainha, tô tendo a nossa intenção.
01:19Mãe, você sabia que essas roupas daqui que o homem deu pra gente no sinal não tem nem ruim?
01:34Eu vi até roupa de grife aqui.
01:37Nossa, é de grife, mas tá cheia de fuga, eu tô todo me coçando, até a minha macaca.
01:40Ué, o bar do canário tá fechado?
01:43Ah, com a Sueli também, né? Aquela mulher rapa e sonha, deve ter deixado o canário de cueca.
01:48Ai, meu sonho, vou com o canário de cueca.
01:50Nossa, tá necessitada mesmo, né?
01:53É, a Sueli até que fez um estrago aí, mas tem coisa pior, viu?
01:57Tô fazendo uma auditoria aí, ó, o canário tá todo enrolado com as contas,
02:01mas eu vou botar aí o bar todo no jeito, tá?
02:03Você vai ter que prender a Sueli dentro de casa, né, Pará?
02:05E teu pai também, que vive nesse bar, dia desse que a gente tava fazendo sexo,
02:09ele me chamou de canário e falou, chupa minha língua, canário.
02:12Que horror!
02:13É, que horror mesmo.
02:14Tem outra pessoa aqui na comunidade que tá com uma conta quilométrica.
02:19É, vamos pra casa que eu tenho que botar água no feijão pra gente sentir nele.
02:21Não, mãe, peraí, agora que ele vai falar o nome do caloteiro, eu quero ouvir, fala.
02:25No caso, caloteira.
02:27Sério?
02:27E ela tem pelo nome de graça.
02:29É, graça é um nome comum, tem graça pra cacete, né, pombora?
02:32É você mesmo, dona Graça, deixa ser descarada.
02:35Que carulha, Pará!
02:37Ô mãe, dá um topo de um lado na cara dele que eu tô do...
02:39Víti, calma que tu raivada não favorece tua cara.
02:43E tu vai deixar de valer um monte de mentira na tua rata e tu não vai fazer nada?
02:46Não é mentira.
02:47Não entendi.
02:48Não é mentira.
02:49Mas não sei o que é dela.
02:50Não é mentira, cão!
02:53Desce, ô, ô, pará, filho.
02:55Será que a gente não pode ver isso lá dentro?
02:57Não, quatro paredes, que aí a Geralda não vai ouvir.
02:59Se Geralda me emburrecer, eu pego ela e desfrega a cara dela no muro de chapisco, hein?
03:04Deixa eu terminar meu balanço aqui, depois eu apareço lá, tá?
03:07Tá, Pará, só queria te dizer que você tá com uma beleza tão efêmera.
03:11Você tá com uma pele viçosa, né?
03:14Ô mãe, é impressão minha ou tu tá paparicando ele?
03:18Tô paparicando ele.
03:19Vem.
03:20Ai, eu não aguento, uma raia.
03:30Ô mãe, mãe, mãe, explica essa história direito.
03:33Tem muita coisa errada nessa história.
03:35Quero falar disso, tudo bom, filhos?
03:36Tudo bom, querido.
03:37Como é que você tá?
03:38Oi, filha, cadê o piruzinho?
03:41Sabe uma coisa que tá muito errada nessa história?
03:46É esse lanche minguado.
03:48Olha esse suco, mãe.
03:49Corante, ralo, que não dá nem pra saber qual é o sabor.
03:52É, mas já tem cor, tu não quer ter sabor?
03:55Eu imagino, imagino.
03:57Ó, age imaginação pra comer esse pão com pão aqui, olha aqui.
03:59Tá reclamando pra ir trabalhar?
04:01Pra comprar um requeijão?
04:02Ah, porra!
04:06Cês só sabem reclamar, hein?
04:09Olha aqui, hein?
04:12Olha aqui, a geladeira tá pra vocês, pra vocês se divertirem na geladeira.
04:16Tá igual vocês gostam da boate.
04:18É só fumaça e luz.
04:21Eu nem gosto de boate, nunca consigo pegar ninguém.
04:24Claro, porque pra você é baile de carnaval, que vai mascarada.
04:27Porra.
04:29Já?
04:30Ih, deve ser eu parar, hein?
04:31O que que esse homem quer, será?
04:33O que que ele quer?
04:34Parar de dívidas passadas.
04:36Dívidas passadas não movem moinhos.
04:42Aí, graça.
04:44Tudo bom, para?
04:44Tudo bom.
04:45Senta-te aqui, senta-te.
04:47Sai, sai, sai, sai.
04:48Senta, senta, por favor, viu?
04:51Tá, dá licença aí.
04:52Fica à vontade, senta, relaxa, homem.
04:55Assim foi Moisés com cajado, Mateus, versículo 7.
04:59Ó, vamos direto ao assunto aí.
05:01Eu não tenho boas notícias pra vocês, infelizmente.
05:04Eu descobri outra conta sua e a sua dívida aumentou um bocado.
05:07Ah, meu irmão, Moacir que bebe, minha mãe que vai pagar a dívida dos outros, meu irmão.
05:12É, mas essa dívida aqui é dela mesmo.
05:14A dívida do Moacir é fichinha de eu tiver.
05:16Eu também fiquei bobo.
05:17Na dívida da sua mãe aí, tem queijo, salame, é...
05:22Camisinhas.
05:24Eu não sei se vou fazer a mão, mas eu gosto de estar prevenida.
05:26Meu nome é graça, a prevenida.
05:28Caraca, meu irmão!
05:30Como é que eu não vi essa parada?
05:31Crata, debaixo do colchão.
05:32Eu vi no programa, eu vi, tava falando aquele fogão da Altas Hora.
05:37Aí a Ana Rickman chegou e falou, ó, coloca assim.
05:40O terapeuta falou, você tem que fazer o seu auto-mimo.
05:42É o meu auto-mimo, botei debaixo do colchão.
05:44É, mano?
05:45E a Ana Rickman te falou que botar embaixo do colchão as coisas estragam?
05:48Pois é, melhor, porque se deixar na geladeira, acaba.
05:53Ó, ó, ó, aqui, eu não quero nem saber quem vai pagar essa dívida, tá?
05:56Mas essa dívida tem que estar quitada antes do fim da minha auditoria, tá?
06:00Dá teu jeito, tá?
06:01Eita, marretão, meu irmão!
06:03É, ô!
06:03Ai, que tesão nesse homem.
06:06Olha aqui, quer saber um negócio?
06:09Quanto é que tá valendo o rim aí no mercado negro na clínica clandestina?
06:11Não venha com chantagem sentimental que a gente não vai se comover, não.
06:15É chantagem, não, quero vender meu rim mesmo.
06:17Fala, meu irmão, tu comprou tudo aquilo e não dividiu com a gente, brother.
06:21Que não dividir?
06:21Que não dividir com vocês, dividir com os insetos, que tava cheio de rato barato, dividir com eles, pelo menos.
06:25Que nojo, irmão!
06:26Olha só, eu vou ligar pro meu pai e vou falar com ele, ele com certeza tem uma solução pra tudo.
06:30Teu pai?
06:31Teu pai?
06:31Teu pai não tem dinheiro pra nada?
06:33Teu pai na nossa noite de nubes, ele falou, pula aqui atrás que eu não tenho dinheiro da passagem.
06:36Ah, dá porra, Rick.
06:38Olha aqui, o importante é a gente ver.
06:41Esfia só!
06:42O importante é ter uma luz no fim do túnel, espia só!
06:46Desde que não seja nem da ambulância, nem da polícia, né?
06:51Ó, tu vira...
06:53Eu tô errado?
06:56Não, tu não tá de estudo errado, não.
06:59Agora tu vira essa boca pra lá, hein?
07:02O que que é isso?
07:04Ela tá fazendo justão ditado.
07:05Eu peço autorização aqui pra entrar na sua residência.
07:21Eu, o repórter do povo!
07:25Quem é?
07:26Quem é?
07:26É...
07:27Adriana Esteves.
07:28Igual, igual, igual, igual, igual!
07:32Eu tenho uma novidade pra contar, cês tão afim?
07:34Tá, é a luz do fim do túnel.
07:34É dinheiro, fala.
07:35É, não deixa de ser, né, mãe?
07:36Se eu jogar no meu canal, isso aqui vai bombar.
07:38O quê?
07:38Canal?
07:39É.
07:39Ah, então dá a notícia mais como o William Bonner, que eu adoro quando faz o Bonner.
07:43Pode, pode.
07:43Faz, faz, faz!
07:44Imita!
07:45Imita!
07:46Imita!
07:47Imita!
07:47Imita!
07:48Imita!
07:49Vai, vai, vai, faz o Bonner.
07:49Eu não vi que imita o William Bonner, brother.
07:51Eu queria pegar a gargatinha assim, só falando...
07:52Boa noite, boa noite, boa noite.
07:56Para de graça, Marraia!
07:58Gente, silêncio, faz-me!
07:59Para, vai, faz o Bonner.
08:01Boa noite.
08:02Está começando o Jornal da Dona Graça, o único jornal que a gente assiste aqui em casa.
08:07Até o meu nome já lê nada, né?
08:08Eu não assisto o jornal mesmo, não é porque eu sou alienada, não.
08:11É porque no jornal você tem desgraça, eu não quero desgraça.
08:13O Brasil que eu quero é o Brasil com amor.
08:15Com suas furas.
08:16Entendeu?
08:17Perdão, vamos continuar aqui.
08:18Vamos às notícias.
08:19Eu, Miki, acabo de arrumar um bico em uma organização beneficente que está de olho na nossa comunidade.
08:27Não acredito, Miki.
08:29É essa a notícia bombarde que tu tinha que dar, que tu arrumou um bico?
08:32Jamais no bico, Bruna.
08:33Briti, não mete o bico quando não é chamada, ô safada.
08:36Vai lá, Miki, vai, você não arruma o meu canal, vou estar no roletrando, vai.
08:38Não, mas tem notícia boa, sim.
08:40Vai notícia boa, fala.
08:41Eles ajudam as famílias necessitadas e praticamente adotam essas famílias.
08:46Adorei, adorei isso.
08:47Eu não aguentei mais porque a notícia é boa, não para por aí, não.
08:49Eu disse que a senhora é pedinte, tem 13 filhos, eles adoraram e estão vindo pra cá.
08:56Gostou, dona Graça?
08:57Eu adorei, adorei.
08:58Uma boa noite.
08:59Boa noite.
09:00Amigo, você é raza, cara.
09:02Olha, olha, sinceramente, filho, você é o filho predileto que a mamãe e a mamãe estava inspirada quando tu fez.
09:06E quando me fez?
09:08Eu estava virada no Jiraya.
09:10Aí, aí, eu sempre tive vontade de conhecer esses malucos de apertar a mão de um milionário.
09:14Não vai apertar a mão de um milionário, não.
09:15Para apertar, tem que passar álcool gel.
09:17É mesmo?
09:17Porque eles não têm anticorpo e não pegam a bactéria fácil.
09:20Ó, eu vou mudar meu nome.
09:22Meu nome vai ser Desgraça.
09:24Tu vai ver.
09:26Maravilhoso.
09:27É maravilhoso.
09:28Olha aqui, vai lá no Pará e faz um negócio.
09:31Acalma o coração dele e fala que eu vou pagar, tá?
09:33Tá.
09:33Faz um oral pra ele.
09:34Tá.
09:35O oral que eu digo é falar com carinho, ué.
09:38Ah, droga.
09:39Deixa de ser vagabunda, hein.
09:41Pode deixar que eu vou fazer o depósito, com certeza.
09:46Não, hoje mesmo.
09:48Vou fazer um TED.
09:50Ok, valeu.
09:51Obrigado, um abraço.
09:55Pera aí que eu tô reconhecendo essa carinha.
09:58Pera aí.
09:59Você é aquela garota mal educada do sinal.
10:01É você mesmo.
10:02Pera aí que tu fala comigo, tá?
10:03Seu Sem Graça.
10:04E tu que deu roupa cheia de pulga pra minha família.
10:06Ah, é?
10:07Mas você tá usando as roupinhas que eu dei pra você, né?
10:10Aqui, ó.
10:10Essa roupa tudo que eu fiz a doação, aí.
10:12É de grife.
10:12Eu uso até com pulga.
10:13Aham.
10:14Você e a sua mãe sabe o que vocês são?
10:16São duas pobretonas deslumbradas.
10:18E tu é um marrento, sabia?
10:20Te olhando de perto assim.
10:21Tu até tem pose de rico, mas tua cara é de pobre mesmo.
10:24É?
10:25Pois sabe pra você que eu sou assessor de um homem poderoso, tá?
10:28Ah, pobre Matão.
10:29Coitado.
10:29Quer dizer que eu e a minha mãe nascemos empreendedoras.
10:31É, empreendedor.
10:32É, sim, empreendedor.
10:33Nós temos um patrão.
10:34Tu podia dormir sem essa.
10:35Ai!
10:36Olha lá.
10:37Faz respeito comigo aqui, hein?
10:38Que barraco é esse aqui na minha área?
10:40De qual tu tá parando?
10:41O cara de que tem um monte na favera?
10:44Ô, Brite.
10:45Tu tá precisando de ajuda, Brite?
10:46Ai, tô.
10:47Me apoio.
10:48Tá bom.
10:48Tá vendo que isso aqui só tem encrenqueiro mesmo, sabe?
10:50Aliás, esse lugar aqui podia mudar de nome, né?
10:53Podia se chamar Deu Rune.
10:55Ah, vai.
10:55Fui.
10:56Vai.
10:56Então vai.
10:57Falei, meu perigo.
10:58Sabe por quem tá lidando?
10:59Ah.
10:59Parar, foi bom te encontrar.
11:02Minha mãe falou que vai pagar a dívida contigo.
11:04E, ó, não vai ser com o dinheiro que ela ganha do governo, não.
11:06Vai ser cash.
11:07Boa notícia, hein, Brite.
11:09Ó, tô confiando, hein, Brite.
11:12Menino, pode desconfiar que a parada da minha mãe segura.
11:15É?
11:15Segura?
11:16Uhum.
11:17Segura.
11:17Seguinte, vai começar a encenação.
11:24Vamos começar a experimentar e ensaiar a cara de pobre, tá bom?
11:27Tá, então a gente segura no carão pra ele liberar um cheque do talão, é isso?
11:30Isso.
11:30Gente, marca o cheque, que transo antigo, o cheque.
11:34E olha lá.
11:34Ô, se concentra, se concentra na encenação, tá bom?
11:37Que você é nosso ponto forte.
11:39Sério?
11:39Sério, porque você não precisa nem encenar, só olhar pra tua cara da pena.
11:43Carato!
11:43Bom, mãe, eu não queria melar a tua parada aí, não, mas a parada é a seguinte,
11:47tem um bando de pobre aqui na comunidade, tu acha que a gente vai ser escolhido?
11:49É.
11:49Para de negatividade, Marraia.
11:51Já chega que a gente tá negativo lá no Pará.
11:53É isso, para de negatividade, hein.
11:55A gente não vai ser considerada a família mais pobre pela ONU, tu vai ver.
11:59E eu tive uma ideia, espera aqui que eu peguei um negócio pra vocês.
12:02O que você pegou, mãe?
12:02É uma mão na roda, aguenta.
12:04Meu Deus do céu, o que será que é?
12:06Aguenta.
12:07Aguenta, hein.
12:11Aqui.
12:12Mãe, você não tá pensando no que a gente tá pensando, o que você tá pensando que
12:15vai fazer, né?
12:15Filho, ó, quando você vem a comida, eu vou tacar pipoca doce com leite condensado,
12:19que eu sou igual a ele safadão.
12:20Eu faço gostoso, me dá pão em leite condensado.
12:24Olha aqui, quem se habilita, sentar na cadeira?
12:26E eu não vou sentar nisso aí, não.
12:27Eles me conhecem, né, mãe?
12:28Ah, eu também sou autotaxi, ninguém vai engolir esse caô, não, brother.
12:31Ah, já vi que sopa pra mim.
12:35Tá sensitiva, hein, Brite?
12:37Quem vai me empurrar?
12:39Quem vai empurrar é o desnutrido do Michael.
12:40Tá magro, tá chupado.
12:41Vambora, amarrar, é aqui, ó, aqui, embrulha aqui o pé da mamãe, eu quero varizinho
12:46na outra perna também, vai.
12:48É...
12:48Vamo lá, vamo lá, vai lá, pega a televisão, não pode ter nada aqui, vai.
12:51TV, os homens, pega a TV, os homens.
12:53Eu, eu, eu...
12:53Aqui, ar, tem, ar, tem, ar.
12:55Caralho, brother.
12:56Eu falei, eu falei, vai os homens, não sei o que tu foi.
13:00Sabe, sabe que tu não pode, sabe que tu não sabe.
13:02Rompeu meu ciático todo.
13:04Mão de Deus.
13:07Vambora, hein.
13:08Vambora, hein.
13:09Ô, mãe.
13:10É sério que a gente vai ficar sem TV, pô, é o mínimo de tecnologia.
13:13É, a gente tá trabalhando igual o pênis do Mocê, é o mínimo do mínimo.
13:17Vambora, meu Deus do céu, eu quero tudo, tudo, tudo, me passa tudo de vocês.
13:19Tudo de valor, tudo de valor, tudo de valor, vambora, tudo de valor.
13:22Pega o meu óculos de grife.
13:24Tá, óculos de grife, vambora, vem.
13:26Cadê?
13:26É o capacete, brother.
13:27Capacete, vambora.
13:28Vou ter que dar meu celular com os meus aplicativos de pegação, tudo.
13:32É.
13:33Vai fazer agora a pecação com Deus, tá?
13:35É fé.
13:36No teu caso, só com muita fé.
13:38Tá bom?
13:39Mais ninguém pra dar nada?
13:40Mais ninguém?
13:41Você.
13:41Falta ela.
13:42É?
13:43É mesmo.
13:44Todo mundo já deu tudo e tu não vai dar nada, não?
13:47Tá, eu tinha feito uma compra com a Kelly,
13:50é, pra quando eu tivesse um pouco mais de condição pra dar uma turbinada,
13:53que eu tava achando meu sei com pouca fartura.
13:56Meu Deus.
13:57Caraca, brother, é uma...
13:59Olha que gruda.
14:00Meu Deus.
14:01Ovo de Páscoa.
14:03Ah, eu tô percebendo aí que tá geral deprimido, tá rindo de nervoso já, né, brother?
14:07Aham, tá tudo...
14:07É, isso mesmo.
14:08Deprimido é ótimo.
14:09Que é isso que importa pra essa encenação.
14:12É a depressão.
14:13É todo mundo pra baixo.
14:13Bem down, down, down, bem down, down.
14:15Eu conversei com muita gente na comunidade, mas ainda não encontrei a família ideal.
14:28O senhor não encontrou, mas encontrará, porque eu tenho certeza que vai ser uma família de muita sorte,
14:34porque eu conheço muito bem o seu lema, né, doutor?
14:36É, o seu problema é o meu problema.
14:39Exatamente.
14:40Exatamente.
14:41Aquele rapaz, o Mickey, disse que a família vive em condições muito precárias.
14:46A mãe tem 13 filhos.
14:4813 filhos.
14:48E é pedinte.
14:50Com licença.
14:51Por gentileza, sabe dizer se estamos próximos à residência da Dona Graça?
14:56Estamos sim, claro.
14:57Essa é a porta aí, aí na frente.
14:59Ah, o senhor vive aqui na comunidade?
15:04Recebe informação das pessoas?
15:05Você sabe informação e dinheiro.
15:07Ah, que ótimo.
15:09Como é que o senhor definiria a Dona Graça?
15:12Ih, endividada até o talo.
15:15Ah, muito bem.
15:15A sua informação foi muito importante.
15:18Muito obrigado.
15:19De nada.
15:19Ah, Túlio, eu sabia que estava esquecendo alguma coisa.
15:22O cheque simbólico da nossa instituição.
15:25Se a minha intuição estiver certa, a família da Dona Graça vai ser a escolhida.
15:31Pode deixar que eu pego o cheque pro senhor.
15:33Eu tô trazendo aí um minutinho, tá bom?
15:34Ótimo.
15:36Aí, mãe, a gente tem que usar essas roupas mesmo?
15:38É, eu não tô gostando.
15:39Eu tô detecendo.
15:40Eu preferi estar usando um top.
15:41Tu para com isso, hein, mãe?
15:43Que em terra de cego quem tem um olho tá fazendo a diferentona, hein?
15:46Olha, mãe, eu vou te falar.
15:48Eu não peguei as pulgas, mas tô entarada aqui nessa cadeira, eu consigo nem mexer.
15:52Claro, tem uma anca larga, entrou e talou.
15:55Minha anca já vinha essa anca.
15:56Meu Deus, chegou.
15:57Olha aqui.
15:58Partiu agora, tá?
15:59Nós temos necessidade especial.
16:00Todo mundo.
16:01A mamãe não enxerga direito, tá?
16:06Ó, a mamãe vai abrir a porta.
16:07Vai abrir a porta, ó.
16:08Para aí, cara.
16:10Para.
16:12Interpreta quando começar.
16:13Ah, tá.
16:16Dona Graça.
16:18Oi, doutor Abreu.
16:21Eu não sabia que a senhora também era deficiente visual.
16:25É, eu tenho necessidade especial em tudo na vida, tudo.
16:27Até tem necessidade especial também na fase oral, sabe, doutor Abreu?
16:32É, na verdade, na verdade, é necessidade especial oral, porque eu também não consigo falar direito português, né, se fala errado.
16:40Mas eu tô sentindo que vai rolar uma amizade muito forte entre mim e você, que é a coisa do meus problemas, teus problemas.
16:46Isso.
16:47Eu também sou um homem de muitos pressentimentos, Dona Graça.
16:51Onde está o seu marido?
16:52A última vez que soube notícias, foi na RJTV.
16:56Ele tava no churrasco, em Xerém, pegando donativo junto com o Zé Capagodino.
17:01O Zé Capagodino é um ciclo.
17:04Ô, mãe, mãe, vem cá.
17:06O quê?
17:06Mãe, vem cá.
17:07Oi?
17:07Mãe, pelo amor de Deus, isso não vai dar certo.
17:10Cala a boca.
17:11Essa daqui é minha filha, a Brite.
17:13A Brite? Não, a Brite.
17:14Essa daqui é a Brite, tá?
17:16Ela vem com necessidade especial, principalmente na cara.
17:21Né?
17:22E aí tem meus outros filhos, esse aqui é o Maico.
17:24Olá, eu sou o Maico Marrone Jackson.
17:27Aí tem o meu outro filho, que é o Mickey.
17:28Essa daqui é minha filha double face, é a Marraia.
17:31Ó, lavei a mão com o sabão de coco.
17:33Tá relax, hein?
17:34É, muito prazer.
17:35Prazer.
17:36Tudo bom?
17:36Tudo bem.
17:37Isso aí.
17:38Dia novo, campainha, meu Deus do céu.
17:40Maico, abre lá a porta, faz favor.
17:41Tá, eu vou abrindo.
17:42Lava com a Brite, lava.
17:43Deve ser o meu assessor, ele que cuida das questões financeiras.
17:47Ah, da financeira, ele é.
17:48Ah, que bom, hein?
17:49Então a gente tem que tratar ele bem, né?
17:51Não pelo dinheiro, por ser seu assessor, né?
17:53Espia lá pra ver se ele é gatinho.
17:55Tá.
17:55Ah, meu Deus.
18:00É impressão minha ou a garota na cadeira de rodas deu um chute na porta?
18:06Ela...
18:06Ela deu o quê?
18:08Um chute?
18:09Sim.
18:10Não, não.
18:11É espasmo.
18:12Espasmo.
18:13Espasmo.
18:14Espasmo.
18:15Olha, eu cheguei a te enxergar.
18:17Foi dublado.
18:18Doutor, quer conhecer o fundo ali?
18:23Isso, isso.
18:24Vai conhecer o fundo.
18:25Sim, vamos.
18:25Lá tem uma vista linda, que tem um balão assim, preto.
18:29Esse é o nosso Rio Negro.
18:30Por aqui, não sabe?
18:31Com licença.
18:32Vai lá, vai com Deus.
18:33Por aqui, por favor.
18:35Tá dando merda, mãe.
18:36Quem é, mãe?
18:37O que tá acontecendo?
18:38Pelo amor de Deus.
18:40Tu não tá entendendo o que tá acontecendo.
18:41Sabe quem é o assessor desse homem?
18:43Quem é?
18:43É o cara do sinal e ele tá ali na porta.
18:46Fui, deu.
18:49Quem é esse homem, Blit?
18:50Mike, é o homem que a gente escurachora no sinal e ele não pode ver nem minha cara,
18:53nem a cara da mãe.
18:54Meu Deus do céu.
18:55E a gente vai lá.
18:56Ai, meu Deus do céu.
18:56Ai, meu Deus do céu.
18:57Ai, meu Deus do céu.
18:57Ai, meu Deus do céu.
18:59Eu não sei.
19:00Tenho uma ideia, mãe.
19:01Meu Deus do céu, eu não sei.
19:03Já sei, já sei.
19:04Blit, vamos correr pro banheiro.
19:05Banheiro.
19:06Pobre sempre tem dor de barriga.
19:07Vai, vai.
19:08Eu vou atender.
19:08Traz a cadeira, vai.
19:09Eu vou levar.
19:12Silêncio aí dentro.
19:13Psss.
19:16Alelu.
19:17Muito bom.
19:18Opa, tudo bem?
19:19Olá.
19:20Eu sou o Túlio, sou assessor lá do doutor Abreu.
19:24Tudo bem?
19:24Nossa, que assessor demais.
19:26Alelu, hein?
19:27Você deve ter ouvido falar de mim aí, né?
19:29Ah, várias vezes.
19:30Aceita um suco, é ralo de corante.
19:35Coco verde.
19:36Opa, muito bom.
19:38Esse calorão que tá fazendo vale qualquer coisa, né?
19:40Tá calor, né?
19:41É.
19:42Pera aí, onde é que você arranjou essa roupa?
19:43É, não, menino, essa roupa a gente conseguiu no lixão aqui perto de cá.
19:47Ah, mas é a cara daquelas duas malucas jogar a roupa no lixão.
19:50A roupa que eu doei.
19:51Duas doidas, sabe?
19:52Duas malucas.
19:53O que é isso aí?
19:53Que barulho é isso?
19:54Esse barulho é infiltração.
19:56Entendi.
19:57E vem cá, aí o doutor Abreu, cadê ele?
19:59O doutor Abreu, ele foi conhecer as dependências da casa, né?
20:02Na verdade, as dependências da caridade alheia, porque aqui é tudo doado, sabe, moço?
20:07Na verdade, vocês estão no osso mesmo, né?
20:09Porque esse aqui, o negócio tá ruim aqui, não tem nada, não tem televisão, não tem rádio.
20:14Nada.
20:14Quer dizer, vem cá, por favor, onde é que é o banheiro?
20:16Precisa...
20:17Opa, que isso?
20:18Tem alguma coisa aí dentro.
20:19É infiltração.
20:20A infiltração?
20:21É infiltração viva, né?
20:23Ela faz barba, aí de repente...
20:24Se eu te conto, você fica louco.
20:26Mas você quer usar o banheiro?
20:27Quero usar o banheiro.
20:28Tem uma moitinha lá fora.
20:29Uma moitinha?
20:31E o papel higiênico é orgânico.
20:32Ah, é?
20:33Espada de São Jorge.
20:34É, né?
20:35Não vai precisar não, que é o número um só, então...
20:37Não, não me interessa o que você vai fazer.
20:39Você não toca, não precisa tocar.
20:40Faz isso não, faz isso não.
20:41Vai lá, Gatinho.
20:42Não se perca ali na moita.
20:45Rápido, rápido, rápido.
20:46Meu Deus, que poder...
20:55Meu Deus, seu, Britinho.
20:57Tinha que ter problema de gás agora, tá bem, Britinho?
20:59Ai, mãe, desculpa, eu fiquei nervosa.
21:01Nossa, mas acho que a Ana vai te cuidar como arma química.
21:04Mãe, pelo amor de Deus, mãe.
21:05Pelo amor de Deus, eu fico eu.
21:07Pelo amor de Deus.
21:08O que a gente vai fazer, mãe?
21:09Mãe, o que a gente faz agora?
21:10A gente tem que sumir, mãe.
21:11Eu acho também.
21:12Dona Graça, depois do que os seus filhos me mostraram, eu não tenho mais dúvidas.
21:21Daqui pra frente, os seus problemas são meus problemas.
21:25Ô, doutor Abril, me dá um abraço.
21:28Mãe, pra cá.
21:29Ah, desculpa, eu não tava vendo.
21:31Ah, doutor Abril, caramba, eu acho que essa frase é a mais bonita que eu já escutei, né?
21:35Só tem uma frase mais bonita que essa.
21:37Sim, qual?
21:37Tem faga na creche.
21:38Muito bem ponderado.
21:43A pessoa que tocou a campainha era meu assessor?
21:46Quem é?
21:46Tocou?
21:46Não ouviu.
21:48Ah, mas que maravilha.
21:49Ele deixou o cheque simbólico.
21:51Ai, o cheque, graças a Deus.
21:54Ele é todo seu.
21:58Caramba!
22:02Podemos tirar uma foto?
22:04Tira aqui com a amarraia, faz com ela, faz.
22:06Faz com ela que eu tenho que sair.
22:08Pode deixar, pode deixar.
22:09Pô, seu Abril, meu parça agora, não?
22:11Tá, tá bom.
22:12É, vamos lá pra dentro.
22:14Doutor Abril, que bom ver.
22:17Ei, cara, o que que essas duas estão fazendo aqui, hein?
22:21Ué, você já se conhece?
22:24Olha, infelizmente, eu conheço essas duas figuras aqui, sabe?
22:30Foram aquelas que eu doei as roupas lá na rua, elas ficaram me xingando e ainda ficaram
22:34fazendo uma banana quando o sinal abriu.
22:35Claro, tu deu roupa com pulga pra gente.
22:38O quê?
22:38Gente.
22:39Foi mesmo?
22:40Você, você deu roupas com pulgas pra uma deficiente visual e uma paraplégica?
22:46Que mesmo?
22:47Que deficiente visual, que paraplégica?
22:49Isso aí tem mais saúde que nós dois juntos.
22:51Olha, a porta tá aqui, gente.
22:53Queria saber se a porta tá aqui.
22:54Graças a Deus que todo mundo já sabe de tudo que eu não vou tá arrumando as carinduras
22:58naquela cadeira.
22:59Tô falando família de maluco, só tem doido aqui, ó.
23:01Peraí, peraí, peraí.
23:03Estou zonzo.
23:04Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui?
23:07Milagre.
23:08É, na verdade foi milagre dos pão.
23:12Sim, foi o milagre dos pão.
23:14Porque a Brite comeu um pão tão forte que ela fermentou por dentro que o gás dela
23:18fez ela andar e eu enxergar.
23:21Peraí, agora acabou meu bico.
23:23Tá, acabou o bico dele.
23:25É, ô, doutor Abril, desculpa, tá?
23:27A minha mãe é uma pessoa maravilhosa, só tem que acreditar.
23:30Pessoas maravilhosas não mentem.
23:33Depende, se você for para a dívida, mente sim.
23:35Mas quem sou eu para julgar uma mulher que teve a coragem de ter 13 filhos e batalha
23:41todos os dias por eles, não é?
23:42É verdade.
23:43Tá mais do que perdoada.
23:45Esse perdão, ele vem com um cheque ou sem um cheque?
23:48Que cheque, ó.
23:49Por favor, vamos embora, Túlio.
23:51Vamos embora, vamos embora.
23:52Isso aqui, é isso mesmo.
23:54Tá aqui, né?
23:54Isso aqui, meu irmão.
23:55Ah, tem um presentinho para vocês, ó.
23:57Aqui, ó.
23:58Tu tá maluco, irmão?
23:59O que é?
24:05Calma, Marraia.
24:06Como é que tu vai pagar o Pará?
24:12É, eu já sei, vamos.
24:14Leva essa cadeira pra mim, por favor.
24:16Muita, me carrega agora.
24:17Pra onde?
24:18De vingança.
24:19Vai lá pra fora.
24:20Vai na frente, mãe.
24:21Vai na frente.
24:22Vai.
24:22Pararati bum, pararati bum.
24:25Eu vou.
24:26Eu vou.
24:27Eu vou.
24:27Eu vou.
24:28Eu vou.
24:29Eu vou.
24:30Pagar o Pará.
24:31Eu vou.
24:32Pararati bum, pararati bum.
24:34Eu vou.
24:35Tchurim, pum, fai.
24:36Aê, dona Graça.
24:37Essa comitiva toda é pra assistir a senhora quitando a sua dívida?
24:40É, inclusive queria saber até quando tá a minha conta.
24:42Tá aqui, ó.
24:43Na hora.
24:43Tá aí.
24:43Tá.
24:44Maior prazer.
24:45Tá.
24:45Aqui vê pra mamãe que a mamãe tá sem óculos só no instante.
24:47É, 3,99.
24:493,99.
24:50É.
24:51Então, é, aqui tá a cadeira, tá?
24:54Cadeira de roda a partir de 10,39,90.
24:58Eu disse 10,39,90.
25:01Mas é só amanhã.
25:02Que é isso aí?
25:03O que é que eu vou fazer com a cadeira de roda dessa?
25:04Com a cadeira eu não sei, mas comigo você pode fazer o que quiser parar.
25:08Ah, querida, aproveita.
25:11Valeu, Pará.
25:12Ai, mãe, nada a ver.
25:13Eu tenho que ficar com o dente preto.
25:14Eu tô uó.
25:15Olha aqui.
25:18Olha, eu tô rindo.
25:20Tá parecendo uma palhaça.
25:21Só.
25:22Em terra de endividado, o ó é uau.
25:27Ai, chega, né?
25:28Eu tô andando sozinha na cadeira.
25:32O que é que é isso?
25:32Eu só cheguei.
25:33Eu tô e eu tô...
25:34Com a casa vira.
25:35Com o Siene conspira.
25:36Pra despertar inveja a lei, eu tenho um tom.
25:40Se não gosta, senta e chora.
25:44Hoje eu tô a fim de incomodar.
25:46Tchau, tchau

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