Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • 18/05/2025
.

Categoria

🥇
Esportes
Transcrição
00:00Raio Monteiro, sua pergunta pro Betão.
00:01Você falou, Betão, aí sobre essa campanha de 2005, até citou aí o Tevez, né?
00:06Queria saber um pouco de como foi jogar com um cara tão diferente como era, né?
00:11O Carlitos Tevez jogava muita bola, o argentino.
00:13Como era no dia a dia, como era o trato com ele.
00:15Porque era, de fato, um jogador muito diferente, né?
00:18Numa época que era muito difícil um jogador, assim, vir jogar no futebol brasileiro.
00:22Um cara que tinha espaço pra jogar na Europa.
00:25E depois disso aconteceu.
00:26O Tevez foi campeão da Champions League com o Manchester United, por exemplo.
00:29No time que tinha Cristiano Ronaldo, enfim, no time do Ferguson.
00:32Como foi jogar com o Carlitos Tevez e masquerando também o Corinthians naquela época.
00:36Como foi estar ao lado dessas estrelas no Corinthians?
00:41Bom, aparentemente vocês são bem jovens, né?
00:44Não sei que no ano de 2005, eu não sei nem imagino quantos anos vocês tinham.
00:47Não sei se vocês chegaram a acompanhar o dia a dia do Corinthians.
00:50Mas eu acho que fizeram, primeiramente, um julgamento muito duro com relação ao Tevez, sabe?
00:55A parte da imprensa, acho que pegou muito pesado com ele.
00:59No sentido que, assim, as pessoas achavam que ele era uma pessoa mascarada, que não
01:04queria falar com a imprensa, mas até conhecer a história do Tevez é muito pelo contrário.
01:09Ele é uma pessoa introvertida que passou por diversos problemas na vida que eu pude conhecer
01:13de perto, né?
01:14Eu fui na casa dele, conheci a família dele, enfim.
01:17Então fizeram esse julgamento com ele, porque ele veio com status, né?
01:21Óbvio que ele veio com status de grande contratação de estela, mas ele não vivia esse mundo que
01:27as pessoas colocaram ele, né?
01:29Então ele acabou meio que, não vou dizer se assustando, mas ele acabou tendo uma cobrança
01:34maior de participação do que realmente ele gostaria.
01:39Mas essa convivência com ele foi muito bacana.
01:42Eu tive que conquistar a confiança dele, na verdade, né?
01:45Porque eu lembro que ele chega no Corinthians, mais ou menos, a gente tava fazendo uma pré-temporada
01:50em Porto Feliz.
01:50E a concentração no quarto era ele e o Seba, né?
01:55Seba Domingues, que chegou junto com ele.
01:58E aí chegaram outros jogadores também na mesma época.
02:02E eu lembro que quando ele chegou no clube, ele ficava muito isolado, assim, né?
02:06Porque ele é introvertido, né?
02:08E depois que eu fui entender que é por causa da história de vida dele, né?
02:12E aí ele ficava muito isolado e eu sempre tive comigo o seguinte pensamento.
02:16Eu tenho que receber as pessoas no clube da maneira que eu gostaria que fosse recebido
02:20em qualquer clube que eu fosse atuar posteriormente.
02:23E aí eu lembro que ele tava no quarto, ficava no quarto, só saía pra treinar, só saía pra comer.
02:27E aí certa vez eu sempre, eu ia no quarto dele e às vezes o Seba tava lá, né?
02:33Eu tava sempre com fone de ouvido, sempre mexendo no computador.
02:37E aí eu comecei constantemente no quarto dele.
02:39Daí no início eu falava alguma coisa com ele e ele respondia só sim, não, né?
02:43Bem fechadão assim.
02:45E aí eu fui me aproximando cada vez mais, né?
02:47Do aquecimento, tava sempre junto com ele.
02:49E aí acho que ele começou a perceber que a minha aproximação não era por nenhuma questão, né?
02:53Era mais pra ele ficar à vontade, porque uma grande contratação, quanto mais a vontade ele se sentisse,
02:59melhor seria o desempenho dele e ajudar todo mundo, né?
03:02E aí eu fui ganhando essa confiança dele.
03:04Daí fizemos uma grande amizade aí.
03:07Como eu falei, fui pra casa dele na Argentina, no batismo da filha dele, que hoje já completou também 20 anos de idade aí.
03:16Jogamos contra lá na Europa também.
03:18Fui na casa dele em Manchester.
03:19Ainda mantemos esse contato.
03:22E jogar com um cara como o Teber, assim, é sem palavras.
03:25Porque, assim, ele era o camisa 10 do time.
03:27Acredito que o maior salário do time, só que ele jogava como se fosse um operário, né?
03:32Eu lembro que muitas vezes, assim, a bola chegava a ficar 3, 4 minutos lá no ataque,
03:38porque ele ficava dando carrinho em zagueiro, prendia a bola, dava respiro pra gente.
03:43Ele era um cara que muita gente não sabe.
03:44Ele brigava muito internamente para o benefício do grupo, né?
03:50Talvez pra imprensa não aparecia isso, mas o que ele fazia internamente é surreal, né?
03:55Vou até contar pra vocês aqui uma situação que aconteceu.
03:59Teve um jogo contra o Inter de Porto Alegre.
04:02Acho que vocês vão lembrar dessa partida.
04:04Do lance patídico do pênalti que o Fábio Costa fez no Tinga.
04:08Na concentração, a gente sempre concentrou junto.
04:10E aí o Kia vai na concentração.
04:12O Kia que era da MSI.
04:14Pra gente falar sobre premiação daquela partida, né?
04:18O famoso bicho.
04:20E aí o Kia fala assim, olha, o bicho vai ser tanto.
04:23Daí o Tevez perguntou, mas esse valor que você falou de premiação é pra cada um,
04:27assim, pra todos, vai receber o mesmo valor?
04:29Daí o Kia falou, não, não, não.
04:30Pra quem jogar é tanto, pra quem não jogar é tanto.
04:32Daí o Tevez falou assim, então não joga.
04:34Se não for igual pra todo mundo, eu não jogo.
04:37E aí o Kia ficou assim, ah, tal, né?
04:39Como assim?
04:40Não, se não for igual pra todo mundo, eu não jogo.
04:42E aí fez o que fez e a premiação foi igual pra todos.
04:46Então você vê que a grandeza do Tevez não é somente no campo.
04:48O que ele significava muito pra todos, dentro do vestiário, inclusive.
04:54Acho que é muito importante foi a passagem do Corinthians.
04:57Bom, muito legal saber essas histórias de bastidores.
05:00Um cara que é importante pro elenco, defendendo todo o resto também,
05:03pra que tenham os mesmos direitos.
05:05Muito legal mesmo.
05:05Agora, eu queria perguntar pra você, passando um pouco o tempo na sua passagem do Corinthians,
05:11você fala como um cara que era torcedor, veio a vestir a camisa do clube e conquistou um título importante.
05:18Teve o ano de 2002, com muitas conquistas do Corinthians também, da Copa do Brasil, do Rio-São Paulo,
05:22mas você não participa, né?
05:23Efetivamente.
05:24Tá ali, mas não disputa partidas.
05:27Em 2005, é o título do Campeonato Brasileiro.
05:30Como é que foi pra você essas duas situações?
05:33Em 2002, você acompanhado ali de perto um time vencedor,
05:36e em 2005, tá com a camisa do Corinthians e participando efetivamente
05:40de um título que o torcedor corintiano, claro, se orgulha até hoje.
05:43O ano de 2002, realmente, eu fiquei um torcedor dentro do clube, né?
05:49Eu era, praticamente, ele tava vivendo um sonho, vamos dizer assim,
05:53que eu subi pro Sonho em 2001, em 2002 eu tive uma lesão no começo do ano,
05:58mas não foi por causa disso que eu não joguei, porque vieram grandes jogadores,
06:01vieram grandes contratações, e realmente eu não tive espaço,
06:04acredito que mesmo em condições de jogo, não teria tanta oportunidade assim.
06:08Mas ali eu vivi ao lado de grandes jogadores, né?
06:11Vinha aquela máquina do Corinthians, de 2002, que a gente jogava por música,
06:16e aí eu consegui ter aquela sensação de acompanhar todas as conquistas,
06:21todos os títulos dentro do clube, né?
06:23E aí quando foi em 2003 que eu começo a jogar, realmente,
06:27uma sequência de jogos, 2004, daí 2005 foi o ano, realmente,
06:33que eu tive uma atuação...
06:362004 eu já tive a atuação completa no Campeonato Brasileiro,
06:38mas 2005 foi realmente o ano do nosso título, da coroação, do nosso trabalho,
06:43um ano que o Corinthians fez aquelas diversas contratações, né?
06:47Da MSI, enfim.
06:50Foi um campeonato também bem polêmico pela repetição dos jogos,
06:55mas você até passa um filme na sua cabeça,
06:58porque, como eu falei, a gente voltou a essa questão de você ser um torcedor em campo, né?
07:02E você consegue levantar um troféu vestindo a camisa do clube que você gosta,
07:08acho que não tem preços, né?
07:10E, por ironia do destino, naquela época a entrega do troféu foi feita numa festa,
07:16num evento, e o Tevez, que era o primeiro capitão,
07:19eu era o segundo capitão do time, ele chegou atrasado.
07:21E o troféu foi entregue pra mim e eu que tive que levantar o troféu.
07:24Então, acho que curou bastante ali esse início meu de carreira,
07:29essa conquista do Campeonato Brasileiro,
07:32que mesmo tendo aqui esses jogos repetidos, foi um campeonato bem difícil.
07:37Você mexe alguma coisa quando as pessoas falam sobre esse título?
07:40Porque muita coisa é falada que muda-se um pouco a narrativa,
07:44muda-se um pouco a história, até por provocação, rivalidade também,
07:47o torcedor do São Paulo, do Palmeiras, do Santos, vai falar
07:49Ah, mas o Campeonato de 2005 foi de certa maneira, foi mexido, não sei o quê.
07:53Porque, claro, que não tem nada a ver com o que aconteceu de fato.
07:57Mas te mexe um pouco quando o pessoal vem falar do seu título brasileiro de 2005?
08:01Nem um pouco, porque nós vencemos no campo.
08:04Voltou o jogo, a gente venceu no campo.
08:06Se tivesse venceu no Paduí, na moedinha,
08:10aí poderia ser uma questão assim de falar.
08:12Mas é normal, sempre quem perde, quem se sente prejudicado,
08:16vai questionar e vai querer tirar o mérito de quem venceu.
08:19Mas não mexe nem um pouco.
08:21Guilherme Nápoles, sua pergunta para o Betão.
08:24Betão, a gente tem falado aqui do seu sentimento,
08:26também como torcedor do Corinthians dentro de campo,
08:29e você viveu esse auge quando você é campeão brasileiro.
08:31Mas, em contrapartida, você também viveu o momento mais trágico
08:35para um torcedor de futebol, que é ver o seu time rebaixado,
08:37e você estava dentro de campo.
08:38Inclusive, é uma das imagens mais marcantes do rebaixamento,
08:41você chorando bastante.
08:42Eu queria que você contasse um pouco desse marco negativo
08:47na história do Corinthians,
08:48o rebaixamento do ano de 2007,
08:51tudo o que aconteceu naquele ano.
08:52E você já citou algumas vezes
08:53que o Corinthians não começou a cair naquele ano,
08:55começou a cair também um pouco antes.
08:58Eu queria que você falasse um pouquinho dessa situação.
09:00Claro, claro.
09:01Eu escrevo para você novamente essa história toda,
09:04porque é uma opinião que eu tenho formada,
09:06de quem viveu lá dentro.
09:08O que eu acho?
09:09Nenhum rebaixamento acontece do dia para a noite.
09:12Ah, o time foi formado no começo do ano,
09:15no final do ano ele caiu,
09:16porque aquele ano foi um ano desastroso.
09:19Eu acredito que todo rebaixamento tem uma construção
09:21de vários atos desastrosos,
09:25que vai culminar em algum momento,
09:27vai acontecer aquele rebaixamento.
09:29E no Corinthians, do meu ponto de vista,
09:31eu posso estar errado, vale discussão, vale opinião,
09:34ele começa a ter essa destruição,
09:39da questão do rebaixamento,
09:41encaminhar para o rebaixamento,
09:42em 2003,
09:44quando o Corinthians,
09:46se não me engano,
09:47foi quando foi eliminado na Libertadores,
09:49contra o River Plate, em 2003,
09:51e aí começa a sair diversos jogadores,
09:55sendo que o Corinthians estava com um elenco bom
09:56naquele ano de 2003, né?
09:58E aí começa a sair diversos jogadores,
10:00começa a ter mudanças na direção do clube,
10:03e aí todo ano que se passava,
10:05se vocês forem pegar aí as informações,
10:08o Corinthians montava um elenco novo, né?
10:11Então, chega no final de 2003,
10:13montou um elenco de 2004.
10:15Daí chegaram, sei lá,
10:17eu lembro que chegou um pacotão para o Paulistão,
10:19acho que eram 11 jogadores que chegaram, né?
10:21Fábio Costa,
10:21Dianinho,
10:22Julinho,
10:22de Nelson,
10:24Rafael Silva,
10:25chegou assim um monte,
10:26fez uma apresentação de um monte de jogadores,
10:28aí o Corinthians quase cai no Paulistão de 2004, né?
10:33Foi um ano bem conturbado,
10:35e aí termina o ano de 2004,
10:37eu chego o Tite, né?
10:38Naquela,
10:39naquele momento brasileiro,
10:41a gente consegue quase uma classificação para Libertadores.
10:44Aí chega no final de 2004,
10:45sai todo mundo,
10:46e volta o outro time da MSI.
10:50E aí faz aquele ano bom, né?
10:52Campeão,
10:52daí chega no final de 2005,
10:54sai todo mundo e monta um outro time.
10:56Aí acaba 2006,
10:57sai todo mundo e monta um outro time, né?
11:00Em 2007,
11:01foi o time que o Corinthians optou por fazer contratações
11:04de jogadores,
11:06de revelações, né?
11:07Que eu acho que isso é um fator a mais, né?
11:09Porque o Corinthians contratou muitas revelações
11:11de campeonatos estaduais naquele ano,
11:14e colocou tudo junto.
11:16Eu acho que daí foi um dos problemas também,
11:18porque assim,
11:18você sair de um time que não está acostumado com pressão
11:23e colocar um time grande,
11:25você faz isso com o jogador,
11:27ele consegue se adaptar.
11:28Mas quando você pega um monte de jogadores
11:30e faz essa questão,
11:32fica uma pressão grande, né?
11:34Então,
11:34então eu acho que essas mudanças de elenco,
11:39isso mexeu muito com a questão dos rebaixamentos,
11:42só que eu digo mais,
11:43aí eu vou para a parte da diretoria também, né?
11:45Cada ano, praticamente,
11:46a gente tinha mudanças ali na gestão do clube,
11:49seja de dirigente,
11:50seja de gestão do futebol,
11:53enfim,
11:53teve muitas mudanças,
11:55e aí acabou culminando o nosso rebaixamento de 2007.
11:58E aí agora falando do meu sentimento,
12:00essa imagem que você fala,
12:02que é a minha entrada no túnel ali após o jogo,
12:04no antigo Estádio Olímpico,
12:08aquilo ali não é...
12:09Algumas pessoas fazem uma leitura equivocada
12:12daquela imagem,
12:12aquela imagem ali não é de...
12:15Não o choro que você fala assim,
12:18ah, está chorando,
12:18está escondendo o rosto, né?
12:21Não.
12:21Ali foi um sentimento que eu tive
12:23de incapacidade
12:24de não conseguir ajudar o meu time do coração
12:27a se manter na divisão, sabe?
12:29Então eu fiquei com um sentimento de impotência,
12:32de incredulidade ali, né?
12:34De...
12:35Que a gente está vivendo aquele momento.
12:36Não vou tampar meu rosto aqui
12:38para ninguém me ver,
12:39para me esconder,
12:39nada disso.
12:40Eu nunca fui até o jogador de se esconder
12:41em momento algum,
12:43dos momentos mais difíceis
12:43que eu não sempre estava dando serviço.
12:45Então foi mais com essa combinação
12:47do jogador com o torcedor, sabe?
12:49Falei, cara,
12:50não consegui evitar esse rebaixamento.
12:53Só que depois que você vai refletindo,
12:55você sabe que um rebaixamento
12:57não depende somente da sua pessoa, né?
12:59Mas naquele momento foi essa expressão
13:02da imagem.

Recomendado